Fanfic: Virgem por acaso [Terminada]

Terminada a exibição, Annie pegou o lugar em frente ao sofá e sorriu para cada um deles. Disse:

— Como vocês todos sabem, uma descrição palavra por palavra da última hora vai ser gravada diligentemente em meu diário. E, sempre que me sentir triste, vou ler a transcrição de novo e de novo. Sou grata por tudo o que vocês disseram para mim. Significa muito. Aqui. — Ela bateu no coração.

— Anda logo, Annie — disse Christian.

— Sim, já vou chegar lá — disse ela. — Christian, por mais que eu adorasse ser a foda de masturbação para um exército de fracassados babacas, por que você não sai do meu apartamento imediatamente?

Sem muito protesto, o rei da sacanagem saiu. Mas primeiro ele pegou seus papéis, rasgou-os em pedaços e jogou-os nela. Limpando os pedaços de papel, Annie se virou para o ex-namorado.

— Rodrigo, o que nós vivemos foi bom. Suspeito que você veio aqui por um senso de responsabilidade comigo. Agora você só é responsável por Idit. Boa sorte e adeus.

Rodrigo saiu.

— Jorge — disse ela, virando-se na direção do elegante garoto de programa. — Vou ficar com o seu cartão. Você pode ter notícias minhas.

— Vou ter de cobrar o preço cheio — alertou ele.

— Você não está a trabalho para revelá-lo aqui — disse ela, apertando sua mão em despedida.

Annie sorriu para Maite, que estava recostada na parede perto da coleção de bolsas.

— Jamais vou esquecer como foi beijar uma mulher, Maite. Foi suave e doce e bom. Mas não acho que queira fazer de novo. Sobre a oferta de trabalho, você saberá, mas meus instintos me dizem que preciso de uma folga por um tempo. Pelo menos alguns meses.

Maite assentiu, acenou e disse adeus.

E aí ficaram três.

— Marcos — disse Annie, colocando a mão em seu ombro. — Conheço umas quinze mulheres que absolutamente adorariam você. Posso dar a algumas delas o seu telefone? — O belo homem peludo ainda era um bom partido. Mas Annie estava procurando um tipo diferente.

Ele saiu.

Olhando de Alfonso para Ucker, Annie soube o que tinha de fazer.

— Alfonso — disse ela. — Por que você não espera por mim no quarto? Preciso falar com Ucker a sós.

Alfonso encarou-a, confuso. Ela disse:

— É ali — e apontou.

Ele superou a surpresa e saiu apressado. Quando ele saiu, Ucker disse:

— Como você pode ficar com esse qualquer no meu lugar?

— Ele não é um qualquer — disse ela.

Depois de beijar Alfonso na noite anterior, Annie tinha tido certeza de sua hombridade. Ela também tinha ficado impressionada com o domínio dele no teclado. Além disso, Annie estava extasiada pela idéia de começar do zero com um homem que não tinha muita bagagem e que não sabia nada sobre ela. Ucker, por outro lado, sabia tudo. Não apenas detalhes como livros, filmes, comida favorita, estação, designers de sapatos. Ele sabia todos os segredos e histórias de Annie — e ela sabia as dele.

Onde estaria o mistério? Ela queria descobrir alguém, e ser descoberta. Ser uma virgem no sentido emocional. Ela jamais seria novidade para Ucker. Nem ele para ela.

— Não sei se acredito no que você disse sobre se casar e ter filhos — disse ela.

Ele sorriu para ela.

— Também não sei se eu mesmo acredito.

— Se nós tivermos que ficar juntos para sempre, não deveríamos tomar essa decisão assim.

— Eu sei, eu sei — disse ele.

— Você realmente vai deixar o Alfonso ser o seu namorado?

— Não sei. — Coisas estranhas aconteceram, pensou.

— Almoço na quinta? — perguntou ele.

— Com certeza.

Annie deu um abraço forte em Ucker e ele saiu.

Ela trancou a porta e andou vagarosamente até o quarto. Alfonso estava sentado na beira da cama. Ela se sentou perto dele e eles se beijaram. Despreocupados, mas com urgência, tão de tirar o fôlego como na noite anterior. Ele enganchou um braço em torno do pescoço dela, o outro em torno da sua cintura, e a apertou tão forte, que ela praticamente ficou atrás dele. Enquanto beijava sua orelha, ele disse:

— Que história é essa de revirginização?

Ela explicou brevemente a situação a ele. Ele escutou com atenção, olhando diretamente para ela. Seus olhos eram um milagre — os mais esverdeados que ela jamais vira. Se beijaram novamente.

Annie se sentiu rolando abaixo pela montanha para dentro do esquecimento erótico. Ele definitivamente a excitava, poderosamente. Mas ela poderia amar Alfonso?

Enquanto ele a segurava, ainda mais apertado do que antes, Annie teve um brilho cegante de percepção. Ocorreu a ela que talvez ela pudesse. Amá-lo. Algum dia, no futuro não tão distante (nem tão funesto).

— A gente pode tirar a roupa? — perguntou Alfonso. — Desrevirginizar você?

Annie piscou e disse:

— Por que tanta pressa? Temos todo o tempo do mundo.

FIM