Fanfic: Invisível(adaptada) | Tema: Vondy
Eu não deveria estar aqui. Nunca fiz isso. Esse é o tipo de coisa que, acredito, pessoas desesperadas, egocêntricas fazem. Não quero ser uma dessas pessoas.
Mas estou aborrecida e frustrada... e estou solitária. Tenho andado solitária há algum tempo. É isso que acontece quando retribui cada “Ei, Liz” com um olhar hostil, esperando uma piada à sua custa. Acompanhado por socos de verdade.
A maior parte dos meus amigos desapareceu durante o último ano. Quando começaram os rumores sobre Christian, os “amigos”, que não eram amigos de verdade, sumiram com a força de uma avalanche. Isso não foi nenhuma surpresa.
O lento afastamento das poucas pessoas em quem eu realmente confiava foi o que magoou mais. Algumas das minhas melhores amigas tentaram continuar leais, mas, no fim, tive de afastá-las e observá-las flutuar para longe de mim. Eu não conseguia suportar os olhares de pena, mesmo quando tinham boa intenção, nem os telefonemas de solidariedade. Eu não queria compaixão. Queria que as pessoas ficassem furiosas tal como eu estava.
Quando meus amigos se foram, fiquei mais próxima de Laurie e de minha mãe. E depois que aquilo aconteceu, só da minha mãe, enquanto íamos e voltávamos do hospital para casa e, durante esse tempo, tramávamos nossa fuga. Mas não tínhamos feito muito além de planejar uma fuga. No fim das contas, nosso refúgio me deixa sozinha na maior parte do tempo. Minha mãe está no trabalho. Laurie está na escola de verão porque, depois que aquilo aconteceu, ele perdeu as últimas oito semanas de aula. Os dois parecem bem contentes.
Minha mãe sempre usou o vício em trabalho para lidar com o estresse. Christian jura que, mesmo depois de uma semana de aula, tem certeza de que dois terços dos colegas são dez vezes mais gays que ele. Não tenho ideia de como ele fez essas contas. Imagino que a alegria por ficar preso na escola de verão seja menos por causa da relativa gayzice dos colegas e mais sobre a) o fato de o ar-condicionado da escola funcionar de verdade, ao passo que o minúsculo aparelho de janela do nosso apartamento passa mais tempo fazendo barulho que refrigerando e b) ao contrário dos métodos punitivos da escola de verão no local onde morávamos, Laurie está frequentando um programa para garotos com inclinação artística. Música, teatro, literatura, esse tipo de coisa — e está adorando. Se não fosse pelo fato de ter ficado deitado de costas, engessado dos pés à cabeça, e depois ter de se recuperar, provavelmente ficaria satisfeito por ter perdido o ano letivo, pois isso significava agora estar matriculado na própria versão de Hogwarts.
Eu meio que desejava poder acompanhá-lo. O programa da escola de artes visuais é muito bom e, sem dúvida, me ajudaria a criar meu portfólio. Mas minha mãe não pode bancar nós dois, e eu tinha terminado o ano letivo — fuzilando as pessoas com o olhar e com as mãos quase sempre em punho.
Exatamente do mesmo jeito que estão agora. Percebo que não estou diante da porta de Christopher apenas porque estou solitária. Fiz o que minha mãe queria. Fui educada. Tentei “fazer amizade” como uma pessoa normal faria. Até ofereci limonada, o néctar-que-evitaataques-de-calor (e daí que eu não tinha limonada?) para dar início às negociações de nossa nova amizade. Mas Christopher saiu correndo e me deixou balbuciando para Christian sobre um garoto que eu tinha conhecido no corredor, fato que depois me rendeu muitas horas de tormento-de-irmão-caçula sobre meu namorado invisível. E é culpa de Christopher. Estou aqui porque estou frustrada e não tenho com quem gritar.
Leva uma eternidade para ele abrir a porta. Quando finalmente vejo seu rosto, a boca está repuxando como se ele estivesse com medo, preocupado ou aborrecido. Qualquer que fosse o sentimento, não era nada bom. Não que eu esperasse que ele fosse ficar radiante em me ver. Obviamente, tem me evitado, e isso só desgasta ainda mais meus nervos já esgotados. Abro a boca para gritar, mas minha voz fica presa no meio da garganta. Em vez disso, o que sai é um grasnado ridículo. Um som sem graça e triste. Isso o faz sorrir. Depois encarar o chão. Tento de novo. Dessa vez, consigo um “Ei”. Ele murmura alguma coisa. Não dá para ouvir, mas imagino que seja um cumprimento, porque ele é humano.
— Então...
Ele murmura novamente. Minha raiva recomeça a crescer.
— Esse é seu lance, certo?
A pergunta atrai seu olhar. Forço um sorriso e completo:
— A falta de educação?
Ele arregala os olhos, o que considero muito satisfatório.
— Não — diz ele. Nada mais, apenas “não”.
Olhamos um para o outro. Está ficando realmente constrangedor.
— O que você quer? — pergunta ele.
— Explique para mim de que forma isso não é rude — digo.
Ele dá um suspiro, profundo e estranhamente extenuado para esta hora do dia. Talvez sofra de insônia.
— Você tem razão. Desculpe.
Eu não esperava isso. Esperava que fosse gritar comigo ou bater a porta na minha cara.
— Gostaria de entrar? — Ele fala como se tivesse acabado de perguntar se eu precisava de uma doação de medula óssea.
De repente, me sinto desconfortável. Por que vim aqui mesmo? Percebo que estava esperando uma discussão em voz alta na porta, que terminaria comigo voltando para meu apartamento batendo os pés e passando a tarde xingando o fato de as outras pessoas serem totalmente horríveis. Agora tenho uma escolha: posso ser a mal-educada e a doida, porque afinal apareci do nada à porta dele, ou posso aceitar o convite.
— OK. — Passo por ele quando recua. O apartamento é frio, quase gelado, e esfrego os braços para acabar com os súbitos calafrios.
Dá para ver no mesmo instante que o apartamento é mais bonito que o nosso. A estrutura é idêntica, mas nossa casa está cheia de caixas de papelão e uma bagunça de móveis. Minha mãe me deixou responsável pela organização do apartamento, o que significa que isso ainda não aconteceu. Acho que ela estava tentando ser legal ao me deixar decidir qual seria a aparência do nosso novo apartamento, mas é difícil ficar animada desempacotando coisas, e ainda estamos vivendo como se tivéssemos chegado ontem em Manhattan.
Este apartamento é arrumado, para não dizer que tem pouca mobília. Qual é a palavra? Utilitário. Eba — vocabulário. Imagino que seu quarto tenha um pouco mais de personalidade. O hall de entrada e a sala de estar são rigorosamente adultos. Não importa quem tenha decorado, a pessoa estava profundamente comprometida com a organização e um estilo indiferente. Um dos pais, ou os dois, também deve morar no apartamento, mas, no momento, somos os únicos aqui.
— Posso te oferecer alguma coisa?
Tenho um sobressalto com a pergunta. Sua voz está mais calma agora, mais clara.
— Hã, claro.
— Limonada. — Ele esboça um sorriso, como se tivesse feito uma piada.
Quero olhar para ele de cara feia, mas apenas meneio a cabeça.
— Se você tiver.
— Fique à vontade. — Ele aponta para o sofá e observa o movimento da própria mão como se tivesse feito um gesto secreto, simbólico.
Autor(a): leticialsvondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 31
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juhcunha Postado em 17/02/2015 - 00:54:41
eu gostei mais o problema e que se alguem um dia vai ver ele pra mim um dia ela vai quebra a madiçao e eles vao ter filinhos e todos vao pode ver a familia deles!
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juhcunha Postado em 08/02/2015 - 22:25:58
Ai meu deus me diz que no final vai fica tudo bem e todos vao ver ele!
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juhcunha Postado em 20/01/2015 - 21:43:13
poxa nimguem pode mais ver ele que triste! posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:49:50
Nao to entedendo mais nada agora todo mundo pode ver ele ou mais nimguem? posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:48:45
desculpa nao ter comentado eu estava sem tempo tava uma locura aqui e casa ok!
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juhcunha Postado em 13/01/2015 - 17:37:36
cooitada da dul! o que sera que o ucker vai fazer!
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juhcunha Postado em 05/01/2015 - 23:48:56
a cada capitulo eu fico mais maluca por mais!
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juhcunha Postado em 30/12/2014 - 03:03:36
o que sera que o christopher vai fazer meu deus que curiosidade
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juhcunha Postado em 27/12/2014 - 21:39:04
Que bizarro essas maldicoes! Esse avo do ucker e muito ruim
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juhcunha Postado em 15/12/2014 - 01:13:16
nao se proculpa posta assim que pode gata