Fanfics Brasil - Capitulo 5 (PARTE 2) (Christopher) Invisível(adaptada)

Fanfic: Invisível(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 5 (PARTE 2) (Christopher)

10 visualizações Denunciar


Um dia estava chovendo, e ela carregava um guarda-chuva vermelho. Talvez eu o tenha visto apenas uma vez, mas foi marcante, por isso agora sempre a associo ao guarda-chuva vermelho-vivo. Sabe como se faz isso? Como se criam estigmas para pessoas estranhas ou para pessoas que acaba de conhecer? Tipo, ele é o cara com o espaço entre os dentes. Ou aquela é a mulher da bolsa roxa. Ela é a ruiva com o guarda-chuva vermelho. Tudo o mais é só especulação.


— E você especula com frequência?
É como se ela estivesse me perguntando se eu respirava com frequência.
— O tempo todo! — digo, talvez com ênfase demais. — Quero dizer, há muitas vidas ao nosso redor. Como não especular?
Dá para ver que Dulce gostou da brincadeira. Ela aponta para um homem corpulento num banco, que come um donut.
— Que tal ele?
— Gastroenterologista. A segunda mulher acaba de largá-lo. Ele ronca.
— E ela? — Dulce aponta para uma adolescente piriguete que está ouvindo música com o som no máximo enquanto olha de cara feia para o telefone.
— Espiã russa. Muito, muito, muito disfarçada. Ela olha as bandas favoritas dos agentes da CIA no Facebook e informa de volta à Mãe Rússia.
— Aquele garoto de fraternidade ali?
— Poeta premiado do estado do Wyoming, mais conhecido por seus hinos sobre o amor entre caubóis e seus cavalos.
— Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja relincho enquanto dure?
— Você conhece!
Ela meneia a cabeça um pouco para a esquerda.
— E aquela mulher com quatro filhos?
— Atriz da Broadway. Está fazendo laboratório para o papel de uma mulher com quatro filhos. Está descobrindo muita coisa, porque a amante lésbica não a deixa nem ter um bichinho.
— E que tal esta garota?
Complicado. Ela está apontando para si.
— Essa garota? Parece ser nova na cidade. Mas isso não a assusta; isso a anima. Ela quer ver tudo. E, sim, também é parte da máfia de Minnesota. Os mafiosos estão em guerra por causa de queijo.
— Isso é em Wisconsin.
— Quero dizer, eles estão em guerra para decidir qual das cidades gêmeas nasceu primeiro.
— Uau. Ouvir você é como olhar em um espelho.
A mulher com quatro filhos está olhando de cara feia para nós agora, como se seu radar materno estivesse sintonizado em garotas que falam alto demais consigo mesmas em locais públicos.


— Vem, tem uma coisa que quero te mostrar — digo e saio correndo.
Chegamos à trilha que passa pela concha acústica e leva ao Bethesda Terrace. As árvores de centenas de anos protegem nossos passos e nos guiam para mais adiante. É um dos meus locais favoritos em Nova York, onde a natureza desenha uma abóbada sobre todos os pensamentos da cidade e deixa você com uma sensação profunda de folhas e luz, na qual as pessoas passam e o mundo permanece. Eu corro, e ela me acompanha. Pulo os degraus até a Bethesda Fountain, e ela está bem ao meu lado. A estátua de anjo nos saúda, impressionante em sua paz, grandiosa em sua base. A água da fonte faz uma mesura para ela enquanto os músicos a fazem vibrar com melodias. Atrás dela, casais remam seus barcos. Além deles, as árvores se espalham livremente.
Dulce nunca esteve aqui. Isso fica claro em sua expressão. Já vi esse olhar nas pessoas, que perdem o fôlego por causa da admiração. Quero dizer a ela que é apenas a primeira vez, que vai ter uma segunda, uma terceira e uma quarta. Que virá aqui dia após dia, ano após ano. Porque foi isso que fiz. E a sensação de estar aqui, de estar no turbilhão da cidade, não diminui.
— Isso é incrível — diz ela.
— É, não é? — diz um cara a poucos centímetros dela. Imagina que ela esteja falando com ele. E pelo modo como olha, dá para notar que quer continuar conversando.
— Tem mais — digo a ela. Estico a mão para pegar a dela e então me lembro de que não, eu não deveria tentar isso. Não deveria fazer isso. A mão dela só vai ficar flutuando no ar de modo ridículo, com todo mundo percebendo.
Eu a conduzo para longe dos turistas e músicos, e do anjo que preside tudo isso. Eu a levo até a ponte de madeira, para dentro da mata, para dentro do silêncio. Chegamos ao Ramble, onde o parque resiste à paisagem e se transforma em um grande emaranhado de trilhas secretas. Em cinquenta passos, você pode fugir da cidade, do mundo.
Dulce percebe a mudança.
— É aqui que todos os serial killers se encontram? — pergunta ela.
— Só às quartas-feiras — respondo. — Estamos seguros.
As árvores se fecham, e por causa disso, sinto que podemos nos abrir mais. Não tenho de me preocupar em como isso parece para qualquer outra pessoa.
— Então embora eu tenha percebido facilmente sua ligação com a máfia de Minnesota — digo —, imagino que minhas especulações tenham deixado passar uma coisa ou outra. Se importa de preencher as lacunas?


— Ah, sou apenas uma garota simples — diz ela, e sorri com sarcasmo —, que simplesmente complica tudo o que toca. Sou um Midas às avessas. Tudo que toco vira um drama. Ou, pelo menos, é isso o que meus abre-aspas-amigos-fecha-aspas lá no abreaspas-antigo-lar-fecha-aspas diriam. Nunca provei comida tailandesa e só tarde na minha vida foi que descobri, para meu constrangimento, que tailandesa se escrevia com S e não com Z. Quando estava na quinta série, fiquei temporariamente obcecada com tatuagens, a ponto de precisarem esconder todas as minhas canetinhas. Participei do coro por três anos para acompanhar meus abre-aspas-amigos-fecha-aspas, e jamais cantei uma única nota. Mas me tornei boa em dublagem. Isso deixa Laurie com inveja, porque se alguém deveria ser a drag queen da família, esse alguém é ele. Mas não acho que ele realmente goste de drags. Não acho que já tenha perguntado isso a ele.
Chegamos a um banco escondido, com uma placa de latão. DEDICADO À GRACE E A ARNOLD GOLBER EM HOMENAGEM À SUA GENEROSIDADE.
Acho que Dulce vai se sentar, mas, em vez disso, simplesmente para e lê a placa, depois caminha mais um pouco antes de parar e olhar para mim.
— Acredito que isso preencha as lacunas para você — diz ela. — Agora tenho de especular sobre você também?
— Claro, vá em frente.
Ela olha para mim com uma expressão séria durante muito tempo. É assustador. Não estou acostumado a esse tipo de exame minucioso. Não sei que expressão fazer nem qual postura assumir.
— Desculpe — diz ela. — Me distraí por um instante com todas as suas vidas
passadas. Deixe eu me concentrar. Ela me olha por mais tempo. Sorri.
— Você lê muito, não tenho dúvida sobre isso. Pode ter lido Mulherzinhas, mas não gostou o suficiente para ler Um colégio diferente. Está tudo bem; te perdoo. Talvez você seja um fanboy de Twain. Ou de Vonnegut. Bem no fundo do seu coração, tem uma parte que acredita em Nárnia, na Fantástica Fábrica de Chocolate e nos Cavaleiros da Távola Redonda. Talvez não no Jardim Secreto, mas também te perdoo por isso. Estou esquentando?
— Fervendo — respondo.
— Excelente. Tenho a sensação de que talvez você também gostasse de matemática, especialmente como uma metáfora. Costumava tocar um instrumento... será violino? Você tem cara de violinista. Mas desistiu. Tinha de treinar demais. E ficar muito tempo fechado em casa. Você gosta deste parque... mas isso não é uma especulação porque já foi demonstrado. Claro, aqui é onde traz todas as garotas. Neste exato lugar. E todas sempre adoram.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): leticialsvondy

Este autor(a) escreve mais 15 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

— Adoram?Ela faz que sim com a cabeça.— É a atmosfera dos serial killers. É afrodisíaca.— Tipo as ostras.— Uau. Acho que é o primeiro cara com quem já dei uma volta que sabia o que era afrodisíaco. Isso por si só já é afrodisíaco.Eu deveria ter uma resposta para isso, ma ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 31



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • juhcunha Postado em 17/02/2015 - 00:54:41

    eu gostei mais o problema e que se alguem um dia vai ver ele pra mim um dia ela vai quebra a madiçao e eles vao ter filinhos e todos vao pode ver a familia deles!

  • juhcunha Postado em 08/02/2015 - 22:25:58

    Ai meu deus me diz que no final vai fica tudo bem e todos vao ver ele!

  • juhcunha Postado em 20/01/2015 - 21:43:13

    poxa nimguem pode mais ver ele que triste! posta mais!

  • juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:49:50

    Nao to entedendo mais nada agora todo mundo pode ver ele ou mais nimguem? posta mais!

  • juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:48:45

    desculpa nao ter comentado eu estava sem tempo tava uma locura aqui e casa ok!

  • juhcunha Postado em 13/01/2015 - 17:37:36

    cooitada da dul! o que sera que o ucker vai fazer!

  • juhcunha Postado em 05/01/2015 - 23:48:56

    a cada capitulo eu fico mais maluca por mais!

  • juhcunha Postado em 30/12/2014 - 03:03:36

    o que sera que o christopher vai fazer meu deus que curiosidade

  • juhcunha Postado em 27/12/2014 - 21:39:04

    Que bizarro essas maldicoes! Esse avo do ucker e muito ruim

  • juhcunha Postado em 15/12/2014 - 01:13:16

    nao se proculpa posta assim que pode gata


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais