Fanfics Brasil - Capitulo 6 (PARTE 1) (Dulce) Invisível(adaptada)

Fanfic: Invisível(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 6 (PARTE 1) (Dulce)

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Quando giro a chave, ouço a gargalhada de Christian através da porta fechada. Dou uma última olhada em Christopher, que destranca a própria porta. Ele me dá um rápido aceno antes de desaparecer no apartamento. Engulo um suspiro, e meu coração fica apertado agora que ele se foi.
Meu amigo. Mais que um amigo. Minha esperança de algo iminente.
Minha mão fica apoiada na maçaneta da porta enquanto enfrento a vontade de correr atrás de Christopher e roubar mais uma hora a sós com ele. Percebo que nunca voltei realmente ao edifício. Ainda estou lá fora no parque, jogando desejos para o anjo. Desejos de que a metrópole me ofereça a vida que andei pedindo em segredo. A fonte de anjo fornece um local perfeito para os desejos que você teme admitir ter escondido a sete chaves, mesmo nos minutos sombrios antes de dormir, quando seu coração se abre como uma flor que desabrocha à noite. Portanto, é muito mais difícil esconder seus desejos.
Mas, ao ficar parada ao lado de Christopher em uma floresta tranquila e íntima, qualidades que eu pensava serem impossíveis nesta cidade, meus desejos transbordaram, e não tive escolha senão colocá-los aos pés do anjo, na esperança de obter sua compaixão.
Eu queria ainda estar ao lado dele, caminhando no parque como se fôssemos as duas únicas almas a explorar regiões ocultas. Mas é tarde e Christian vai ficar preocupado se eu não aparecer. Afasto a lembrança insistente do dia e giro a maçaneta.
Jogo as chaves em uma caixa ainda cheia à entrada. Muitas caixas idênticas ocupam nosso apartamento em diversas pilhas, de acordo com o cômodo que o conteúdo teoricamente vai ocupar. Teoricamente porque os objetos precisam ser retirados das caixas e postos de volta à função original, como abajures ou obras de arte. Teoricamente porque minha mãe e Christian obviamente estão esperando que eu tire as coisas das caixas, afinal sou eu quem fica o dia inteiro sozinha em casa, mas a suposição deles me irrita. É chato ser a única cuja vida está parada, a única obrigada a suportar o peso grudento do calor do verão até o outono, quando a escola vai me puxar de novo para o ciclo regular da vida.
Chuto a caixa, mas meu humor fica mais leve quando me deparo com a ideia de que esvaziar as caixas é um jeito de passar mais tempo a sós com Christopher. Quase dou meiavolta e saio correndo, mas engasgo um pouco quando percebo que, na verdade, queria sair correndo até o apartamento dele para pedir que me ajudasse a tirar nossos lençóis extras das caixas no dia seguinte. O grito de Christian impede minha retirada eufórica.


— Ei, estranha!
Giro, abandonando meu impulso e voltando à sala de estar para descobrir que Christian está agachado feito um gato nas costas do sofá. Tem um garoto que não conheço ao seu lado. Meu irmão havia me chamado para a sala, mas não sou eu a estranha ali. Quando dou o primeiro passo, o rosto do garoto novo se ergue, aberto e sorridente, mas quando ele me vê, se fecha feito uma caixa de origami.
— Hã... oi. — Tento sorrir para o estranho, mas ele evita meus olhos.
Dulce escorrega da posição empoleirada para se ajeitar ao lado do garoto cauteloso.
— Sean, esta é minha irmã... — Ele olha para mim e torce a boca. — Como é que você se chama atualmente?
— Ma... ah, tanto faz, só me chame de Dulce. — Estou cansada de ficar lembrando a todo mundo que queria mudar meu nome no minuto em que nos mudamos: ambos representantes de uma mudança vital para nossa sobrevivência. Eu posso ser Dulce pelo bem do desembaraço, mas juro para mim mesma que sempre serei Ma no papel. O sorriso torto de Christian fica maior.
— Quanta classe. Sean, esta é Dulce. Ou pelo menos por enquanto.
— Pirralho — digo e me jogo numa poltrona ao lado de Sean. No instante que minha bunda toca o estofado, ele se encolhe, como se fosse uma tartaruga e o sofá fosse o casco no qual estivesse tentando se esconder. Ele resmunga alguma coisa. Presumo que seja “oi”.
— Prazer em conhecê-lo também. — Meu tom de voz é mais agudo do que deveria, mas estou aborrecida por Sean agir como se eu estivesse invadindo seu espaço quando ele é quem está sentado no meu sofá. Christian me fuzila com o olhar.
— Sean mora no 5C — diz meu irmão. — Dois andares acima, uma porta para o lado. A gente está sempre se esbarrando ao pegar a correspondência, aí pensei que seria legal conhecer um dos vizinhos. Ele dá um daqueles sorrisos que só-o-Christian-sabe-dar, e Sean se estica um pouco.
— Vocês dois iam ser bons amigos. — Christian assumiu a cena e agora a dirige com a habilidade de um profissional. — Começamos a conversar porque ele estava carregando isto por aí. — Somente agora percebo o gibi na mão que Christian sacode para mim. As páginas balançando fazem Sean se encolher, e eu gosto um pouco mais dele. Ele tira a edição das mãos descuidadas de Christian.
— Fábulas. — Esboço outro sorriso para Sean. — É uma boa. A Vertigo faz um monte de coisas interessantes.


Ele meio que retribui o sorriso, então murmura alguma coisa ao mesmo tempo que levanta rapidamente do sofá e caminha até a porta. Christian o acompanha, e ouço quando meu irmão se despede; a porta abre e fecha.
— O que foi aquilo? — pergunto. Christian dá meia-volta até a sala e se deita bem esticado no sofá.
— O que foi aquilo? — repete Christian.
— Por que ele saiu tão de repente? — Fiquei me perguntando se eu tinha deixado uma primeira impressão tão ruim assim.
— Ele pediu desculpas e disse que tinha de ir jantar — diz Christian. — Não ouviu?
Não ouvi nada do que Sean disse e fiquei imaginando como Laurie já havia sintonizado na linguagem secreta de murmúrios do nosso vizinho do andar de cima. Mas esse é o dom de Christian: ele conquista as pessoas. Embora nem sempre.
— Fofo, né? — Christian fita o teto, mas capto o brilho em seus olhos e sinto um nó no estômago.
Não me lembro da fofura. É difícil me lembrar de alguma coisa sobre Sean. Acho que tem cabelo preto e é magro, mas não esquelético. Ele estava ocupado demais tentando se fundir ao nosso sofá para eu ter uma boa percepção da sua aparência.
— E ele gosta de ler — completa Christian. — Tem pontos extras aí. Acho que vou esperar pelo carteiro com um pouco mais de frequência...
— Para com isso, Christian — digo. — Você ao menos sabe se ele é...
Tento me segurar, mas é tarde demais. O rubor eufórico nas bochechas de Christian desaparece. Ele senta muito ereto, tirando as pernas do sofá, e me encara.
Minha garganta está se fechando, mas me esforço para dizer alguma coisa.
— Eu não quis dizer... desculpe. — Não quero ter esse tipo de reflexo de golpes baixos.
Eu me odeio quando deixo o medo levar a melhor sobre mim. Reajo feito um cão que apanhou; sempre que vejo uma vassoura, me encolho e rosno. Ele me deixa imersa na poça de culpa por mais um minuto silencioso.
— Desculpe — digo mais uma vez.
— Esquece.
A porta do apartamento se abre com uma pancada. Christian e eu damos um pulo. Minha mãe entra na sala aos tropeços.
— Cheguei! E trouxe o jantar! — Ela ergue as bolsas de quentinha do restaurante chinês. Pelo visto, comprou o restaurante inteiro. Christian assobia e se joga em cima da minha mãe. Espalhamos caixas de papelão no assoalho da sala de estar. Ela pede desculpas por nunca estar presente, mas parece radiante de um jeito que dá para notar que adora o novo emprego. Christian fala sobre a escola, e, quando menciona Sean, eu pisco para ele, provocando. Ele me oferece um sorriso, e sei que estou perdoada. Quando eles perguntam sobre meu dia, peço desculpas por não ter desempacotado as coisas e digo que fui explorar o parque. Não menciono Christopher. Algo que ele disse no parque ainda está correndo em minhas veias,


movimentando-se em ritmo perfeito com as batidas do meu coração. “Fico com você.” Eu quero isso. Não estou pronta para deixar mais ninguém chegar perto. Por isso, fico em silêncio enquanto Christian e mamãe dão uma ideia geral sobre suas vidas. Não conversamos sobre Minnesota. Não conversamos sobre papai. E, em algum lugar entre guiozas e porco mu shu, nos tornamos uma família por algumas horas.
Passa da meia-noite, mas não consigo dormir depois de descobrir que o mapo tofu de Nova York é muito mais apimentado que a versão de Minnesota. Apesar da barriga reclamando, não me importo de ficar acordada e sozinha no quarto. Nosso apartamento está em silêncio, mas ainda dá para ouvir a cidade, viva e ativa, na rua abaixo. Pensei que a ausência de silêncio fosse ser umas das coisas que me incomodaria em Manhattan, mas gosto do zumbido constante da humanidade. Faz lembrar um relógio que nunca precisa de corda; suas engrenagens sempre estão girando, sempre acompanham o ritmo da vida, movendo-se tal como deveriam.
Também não me aborreço por perder o sono porque estou pensando em Christopher. Fico deitada, olhando para o teto acima da cama onde preguei um mapa celeste que comprei no planetário de Chicago durante as férias da família, quando tinha 10 anos. Mas não estou olhando para as estrelas como costumo fazer quando tento encontrar um jeito de dormir.
Estou rebobinando meu dia, revivendo o parque, o toque frio de Stephen que me aquece inteira, o timbre da voz reduzindo minha ansiedade em relação à pouca familiaridade do meu novo lar. Foi o melhor dia que já tive. Quero estar lá de novo, de novo e de novo.
Viro para o lado, estendo a mão para baixo da cama e pego a caixa de material de pintura. Foram as primeiras coisas que desempacotei. Antes das roupas, antes dos travesseiros. Remexo nos pincéis, tubos de tinta e caixas de pastel. Se não consigo dormir, ao menos posso guardar o dia da melhor maneira que conheço. Meu primeiro pensamento é que aquarelas são o meio perfeito para isso. As cores borradas, que se dissolvem umas nas outras, combinariam com a instabilidade entre nós. Mas quero sentir o peso do carvão na minha mão quando toco na folha e traçar linhas que vão se transformar em um rosto que já memorizei. Que memorizei sem nem precisar pensar.
Vou até a escrivaninha e pego um bloco de desenhos. Ajeito-me na cama, esfrego o dedo sobre o toque de camurça do pedaço de carvão, retiro um e começo a desenhar.



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Autor(a): leticialsvondy

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Desenho durante horas e não me lembro de ter adormecido. Acordo quando a luz entra no quarto. Estou esparramada na cama, as folhas do papel pesado espalhadas ao redor. Meus dedos estão manchados de carvão, mas eu devia ter sonhado antes de ter a chance de desenhar Christopher ou o parque. Todas as folhas à minha volta estão e ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 31



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  • juhcunha Postado em 17/02/2015 - 00:54:41

    eu gostei mais o problema e que se alguem um dia vai ver ele pra mim um dia ela vai quebra a madiçao e eles vao ter filinhos e todos vao pode ver a familia deles!

  • juhcunha Postado em 08/02/2015 - 22:25:58

    Ai meu deus me diz que no final vai fica tudo bem e todos vao ver ele!

  • juhcunha Postado em 20/01/2015 - 21:43:13

    poxa nimguem pode mais ver ele que triste! posta mais!

  • juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:49:50

    Nao to entedendo mais nada agora todo mundo pode ver ele ou mais nimguem? posta mais!

  • juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:48:45

    desculpa nao ter comentado eu estava sem tempo tava uma locura aqui e casa ok!

  • juhcunha Postado em 13/01/2015 - 17:37:36

    cooitada da dul! o que sera que o ucker vai fazer!

  • juhcunha Postado em 05/01/2015 - 23:48:56

    a cada capitulo eu fico mais maluca por mais!

  • juhcunha Postado em 30/12/2014 - 03:03:36

    o que sera que o christopher vai fazer meu deus que curiosidade

  • juhcunha Postado em 27/12/2014 - 21:39:04

    Que bizarro essas maldicoes! Esse avo do ucker e muito ruim

  • juhcunha Postado em 15/12/2014 - 01:13:16

    nao se proculpa posta assim que pode gata


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