Fanfic: Invisível(adaptada) | Tema: Vondy
Como sou mt boa vou postar mais um pra vcs
jessicadulyucker: ta aí gatenhaa!!!
gabys_vondys2: kkk vc é demais amoree!!! postado gatenhaa!!
Está cada vez mais difícil me concentrar quando fico perto dela. Se me concentro muito, em cuidar dela, em matar minha curiosidade, me esqueço do meu corpo. E desapareço nos meus pensamentos a seu respeito.
Não é um problema que eu já tenha experimentado: escapar da própria história por tempo suficiente para fazer parte da história de outra pessoa; nunca fui tentado a isso.
Com meus pais, sempre havia conhecimento do que estava se passando. Todas as interações deles para comigo eram limitadas ao fato de eu ser o que era. Todas as nossas conversas eram, de algum modo, a meu respeito. Mas com Dulce, perco esse limite.
Meus pensamentos estão livres para pensar apenas nela. Mas se meus pensamentos vão muito longe, e meu corpo, deixado por conta própria, perde a capacidade de tocar, de segurar, de permanecer. Tenho de aprender a ter consciência dela e consciência de mim ao mesmo tempo. Sou tão novato nessa coisa toda e desconfio profundamente de que isso seja o que as outras pessoas chamam de amor. Volto ao apartamento dela uma hora depois, após conseguir exercitar meu foco, praticar minha concentração.
Felizmente, ela me deixa entrar de novo. Felizmente, o irmão e a mãe ainda não voltaram. Ela andou descontando a raiva e a confusão nas caixas. Tem um brilho de suor na pele, e o quarto é um assombro de pilhas e coisas espalhadas.
— O que foi aquilo? — pergunta ela.
— Quero que a gente acelere as coisas — digo a ela. — Mas a gente precisa ir devagar. Ela me examina.
— Por quê?
Se não posso contar a verdade, posso ao menos contar uma verdade.
— Porque eu nunca fiz isso.
— Nunca?
— Não. Nunca.
— Nenhuma ex malvada?
— Ex nenhuma, pode acreditar. Nem malvada nem outra coisa.
— Por quê?
Balanço a cabeça.
— Simplesmente não aconteceu.
Não posso dizer que ela é a primeira pessoa pela qual já senti alguma coisa. Não é. Mas, ao mesmo tempo, não posso dizer que é a primeira pessoa pela qual já senti alguma coisa e que sabe de fato que existo. Porque ela é. E, sem dúvida, isso a assustaria.
— Não pode simplesmente ir embora — diz ela. — Se um momento dá errado ou se algo não está certo, não pode simplesmente dizer que lamenta e sair. Da próxima vez que fizer isso, a porta vai estar trancada e aferrolhada atrás de você. Entendeu? Gosto de você, está bem? Mas também preciso gostar do modo como você me faz sentir. E nesse exato momento? Não gostei nem um pouco disso. Digo a ela que sei.
— Muito bem, então. — Ela olha ao redor do quarto. — Então quem é meu escravo das caixas?
Dou um sorriso.
— Eu sou seu escravo das caixas.
— Acho que não consegui te ouvir.
— EU SOU SEU ESCRAVO DAS CAIXAS!
Agora ela sorri.
— Muito melhor. Vamos ao trabalho.
Eu me concentro. Enquanto rasgo a fita adesiva, eu me concentro. Enquanto dobro as caixas vazias até ficarem totalmente planas, eu me concentro. Quando ela me mostra os livros e me pergunta se gosto de determinado autor, eu me concentro. E, então, quando os livros estão em pilhas ao nosso redor e ela me convida a ouvir seu poema preferido de Margaret Atwood, eu me concentro. O título do poema é “Variações sobre a palavra Dormir”, e, no fim, a poetisa diz que gostaria de ser “o ar que te habita por um instante”...
Ao ouvir isso, minha respiração fica mais intensa, como se a respiração em si fosse um sentido. O tempo não para, mas nós paramos. Não podemos pedir para o tempo parar, mas nós podemos parar.
Ela se vira para mim, e eu me concentro. Na respiração. Nos olhos. Nos lábios. Ela se inclina para mim, e eu me concentro. No calor. Na pele. Nas mãos dela. Nós nos tocamos, e eu me concentro. Nós nos beijamos, e eu me concentro.
Somos o tempo. Somos a respiração. Somos o ar.
O que vem a seguir é uma semana quase perfeita.
O tempo fica horrível, tempestade após tempestade após tempestade, o que acaba sendo o pretexto perfeito para ficar dentro de casa. Com o irmão na escola de verão e a mãe trabalhando, tínhamos os dias para nós. Nossos apartamentos e o corredor entre eles se tornaram o único território de que precisávamos, a Nação Profundamente Soberana de Nós Dois, e alternamos entre a novidade da sua casa e a longa história da minha.
Ela descobre os velhos jogos de tabuleiro dos meus pais no closet do nosso corredor, e logo estamos jogando todos eles, às vezes dois ao mesmo tempo. Risco, Monopoly, Palavras Cruzadas, Master. Faz muito tempo que joguei pela última vez, e isso me deixa um pouco sentimental no começo. Dulce percebe e pergunta:
— Está com saudade dos seus pais?
Fico parado com uma peça na mão. Como ela sabe? E então percebo que ela acredita na minha história: meus pais estão fora num tipo de viagem de pesquisa durante o verão.
Acredita que sinto saudade deles do mesmo modo que se sente falta de alguém que sabemos que um dia vai voltar.
— Um pouco — digo. Depois: — Sua vez.
Durante as partidas, ela me conta muita coisa sobre Minnesota, Robbie, Christian e os pais. Falo sobre as pessoas no parque, os moradores do prédio, outras coisas que ouvi ou testemunhei nos últimos anos. É a diferença entre autobiografia e biografia, e, se ela percebe, não diz. Algumas vezes, ela me pergunta sobre a escola, e invento coisas. Ou pergunta sobre meus pais, e ofereço a ela uma versão modificada. A mãe sobre a qual falo ainda é uma versão reconhecível da minha mãe: as mesmas esquisitices, as mesmas risadas, a mesma história da família ausente. Mas não está morta. E não tem um filho invisível.
Minha versão do meu pai é mais complicada. Ou talvez não seja. Como não o conheço realmente, sempre há a possibilidade de que as coisas que conto sejam verdadeiras.
Enquanto isso, nem tudo é conversa, arrumação e jogos de tabuleiro. Há momentos sublimes nos quais ficamos abraçadinhos, respiramos juntos, beijamos, sentimos juntos. De vez em quando, consigo me perder em minha felicidade particular, aí percebo que havia perdido meu foco. Mas então vejo que seus olhos estão fechados e que ela não percebeu.
Meus lábios, naquele momento, simplesmente pareceram leves para ela. Ou meu abraço era delicado, meu toque, semelhante à brisa. De alguma forma, funciona.
--
A única fonte de tensão é o fato de eu não ter encontrado nem o irmão nem a mãe de Dulce.
— Eles estão começando a pensar que inventei a história — diz ela.
Não posso contar que vi Christian ontem, perambulando pela sala onde fica a
correspondência e fingindo ler um livro enquanto seus olhos eram atraídos constantemente para a porta. Quando eu o vi pela primeira vez, no primeiro dia, tudo que eu consegui enxergar realmente foi a bravata sem camisa. Mas agora, olhando com mais atenção, sabendo o que sei sobre o que passou, sou capaz de enxergar a vulnerabilidade, a ansiedade, a mistura de ousadia esfrego-na-sua-cara e a solidão na-minha-mente. Durante 15 minutos, ele aguardou na sala, e, durante 15 minutos, aguardei com ele. Se percebeu minha presença, não demonstrou. Vi as cicatrizes — as visíveis — e vi que o fato de terem-no quebrado não o deixou menos bonito. Na verdade, ele saiu mais forte, pois sobrevivera. Eu sentia inveja, de verdade, do modo como habitava confortavelmente o próprio corpo. Do modo como não ia deixar ninguém tirar isso dele.
Depois, Sean apareceu. Também estava lendo um livro. E no rosto de Christian havia mais que o lampejo do nervosismo, seguido pelo clique da determinação e da ilusão de calma total.
— Ei, você — disse ele, e Sean pareceu contente por vê-lo.
Depois eu os deixei. Pensariam que eram apenas os dois naquela sala, mas eu saberia que estava lá. E não tinha esse direito, independentemente do que resolvessem compartilhar ali.
Mais uma vez, não posso contar nada disso a Dulce. Não posso contar que seu irmão começou a significar alguma coisa para mim, mesmo que, até onde ela saiba, eu o tenha visto somente durante a breve conversa no dia em que se mudaram. Ela quer que a gente saia para que eu o conheça, e não sei realmente como lidar com isso. Então um dia está lá, bem na minha frente. Depois da escola, Christian telefona, como sempre, para saber como estão as coisas, e digo a Dulce para passar o telefone.
— Jura? — diz ela.
Faço que sim com a cabeça, e ela me entrega o fone.
— Christian? — falo.
— Sim?
— É Christopher.
Autor(a): leticialsvondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 31
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juhcunha Postado em 17/02/2015 - 00:54:41
eu gostei mais o problema e que se alguem um dia vai ver ele pra mim um dia ela vai quebra a madiçao e eles vao ter filinhos e todos vao pode ver a familia deles!
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juhcunha Postado em 08/02/2015 - 22:25:58
Ai meu deus me diz que no final vai fica tudo bem e todos vao ver ele!
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juhcunha Postado em 20/01/2015 - 21:43:13
poxa nimguem pode mais ver ele que triste! posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:49:50
Nao to entedendo mais nada agora todo mundo pode ver ele ou mais nimguem? posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:48:45
desculpa nao ter comentado eu estava sem tempo tava uma locura aqui e casa ok!
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juhcunha Postado em 13/01/2015 - 17:37:36
cooitada da dul! o que sera que o ucker vai fazer!
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juhcunha Postado em 05/01/2015 - 23:48:56
a cada capitulo eu fico mais maluca por mais!
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juhcunha Postado em 30/12/2014 - 03:03:36
o que sera que o christopher vai fazer meu deus que curiosidade
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juhcunha Postado em 27/12/2014 - 21:39:04
Que bizarro essas maldicoes! Esse avo do ucker e muito ruim
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juhcunha Postado em 15/12/2014 - 01:13:16
nao se proculpa posta assim que pode gata