Fanfics Brasil - Capitulo 1 (PARTE 2) (Christopher) Invisível(adaptada)

Fanfic: Invisível(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 1 (PARTE 2) (Christopher)

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Em particular, as crianças do meu prédio. Alex, do 7A, foi quem ficou mais tempo — talvez eu me lembre dele primeiro por causa do cabelo ruivo, ou talvez pela regularidade de suas queixas. Aos 6 anos, ele queria os brinquedos mais modernos. Aos 16, quer ficar na rua até tarde, que os pais lhe deem mais dinheiro, e que o deixem em paz. Estou cansado dele, assim como estou cansado de Greta, do 6C, que sempre foi má, e de Sean, do 5C, que sempre foi calado. Acho que ele invejaria minha invisibilidade se soubesse que era possível. Mas como não sabe, fica com outras opções, invisibilidades mais voluntárias. Ele se esconde nos livros. Nunca olha nos olhos, por isso o mundo se torna indireto. Resmunga enquanto passa pela vida.


E então havia Ben, que se mudou. Ben, o único amigo que quase tive. Quando ele tinha 5 anos e eu, 10, ele resolveu ter um amigo imaginário. Christoph, foi o nome que lhe deu, e era parecido o suficiente com meu nome, Christopher, para eu aceitar brincar com isso. Ele me convidava para o jantar, e eu aparecia. Ele fazia um gesto para segurar minha mão no parque, e eu a pegava. Ele me levava e falava de mim na “hora da novidade”, no jardim de infância, e eu ficava ali enquanto a professora cedia ao capricho, concordando com o que quer que Ben dissesse a meu respeito. A única coisa que eu não podia fazer era falar com ele, porque sabia que ouvir minha voz iria estragar a ilusão. Uma vez, quando eu sabia que ele não estava ouvindo, sussurrei seu nome. Só para ouvir como soava. Mas ele não percebeu. E quando completou 6 anos, me abandonou. Eu não podia culpá lo. Ainda assim, fiquei triste quando ele se mudou.
Meus dias são muito parecidos uns com os outros. Acordo quando quero. E tomo banho, mesmo que seja difícil me sujar. Faço isso sobretudo para que possa me concentrar no fato de ter um corpo e, então, ter a sensação da água tocando minha pele. Tem algo de humano nessa experiência, uma comunhão com o normal da qual necessito todas as manhãs. Não preciso me enxugar; simplesmente desapareço, e a água que estava no meu corpo cai diretamente no chão. Volto para meu quarto e visto algumas roupas para me aquecer. Elas desaparecem assim que as ponho — outro dos detalhes mais refinados da maldição. Aí ligo uma música e leio durante algumas horas. Quase sempre como alguma coisa na hora do almoço — o feitiço também afeta qualquer coisa que eu ponha na boca, portanto, felizmente, não sou obrigado a testemunhar os efeitos de minha digestão.
Quando termino de almoçar, sigo para o parque. Aperto o botão do elevador, então tenho de esperar no saguão até que o porteiro abra a porta para alguém e eu também possa sair. Ou, se ninguém estiver por perto, abro sozinho e presumo que, se alguém me flagrar, vai pôr a culpa na porta ou no vento. Escolho um banco no qual ninguém vai se sentar, ou porque os pássaros tomaram conta ou porque tem uma ripa faltando. Ou sigo meu caminho pelos Ramble. Meu reflexo não aparece nos lagos. Posso dançar com a música na concha acústica sem ninguém perceber. Junto aos lagos, posso dar um grito repentino, o qual faz os patos saltarem no ar. Quem passa não tem ideia do que aconteceu.


Volto para casa quando escurece e leio mais um pouco. Assisto a um pouco de televisão. Navego na internet. De novo, digitar é difícil para mim. Mas, de vez em quando, com cuidado, formo minhas frases. Desse jeito posso participar da linguagem dos vivos.
Posso conversar com estranhos. Posso deixar comentários. Posso oferecer minhas palavras quando são necessárias. Ninguém precisa saber que, do outro lado da tela, há mãos invisíveis digitando. Ninguém precisa conhecer minha verdade se eu puder lhes oferecer verdades muito menores em troca.
É assim que o tempo passa. Não vou à escola. Não tenho família. O senhorio sabe que minha mãe faleceu, pois precisei chamar a ambulância e fui obrigado a vê-la sendo levada, porém ele acredita que meu pai ainda esteja por aí. Verdade seja dita: ele nunca me renegou. Apenas não quer ter mais nada a ver comigo. Nem sei onde está. Para mim, ele é um endereço eletrônico. Um número de celular.
Quando minha mãe morreu, todos os “por quês” e os “comos” voltaram. O luto lhes deu gás. A incerteza me fez recuar. Pela primeira vez na vida, sem a proteção do seu amor, me senti verdadeiramente amaldiçoado. Eu tinha apenas duas opções: segui-la ou permanecer. Relutante, escolhi ficar. Mergulhei nas palavras de outras pessoas, no parque, em tecer um ninho para meu futuro além dos fios soltos que eu deixara em minha vida.
Depois de algum tempo, parei de me perguntar sobre os “por quês”. Parei de questionar os “comos”. Parei de notar os “o quês”. Permaneceu simplesmente minha vida, e eu simplesmente a conduzo. Sou como um fantasma que nunca morreu.
Começa no antigo apartamento de Ben, o 3B. Duas portas antes do meu apartamento, o 3D. A família de Ben foi embora quando eu tinha 12 anos. Desde então, o apartamento passou por três ondas de inquilinos. Os Crane eram um casal horrível que passava o tempo todo dizendo coisas horríveis um ao outro. Gostavam demais da própria crueldade para pedir o divórcio, mas não era legal morar perto deles. Os Tate tinham quatro filhos, e foi a chegada iminente do quinto que os fez perceber que um apartamento de dois quartos não ia servir. E Sukie Maxwell estava planejando ficar somente um ano em Nova York, pois tinha apenas um ano para decorar o novo apartamento do cliente em Manhattan antes de partir para redecorar a casa do mesmo cliente, na França. Deixou uma marca tão pequena no meu universo que nem notei quando se mudou.



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Autor(a): leticialsvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 31



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  • juhcunha Postado em 17/02/2015 - 00:54:41

    eu gostei mais o problema e que se alguem um dia vai ver ele pra mim um dia ela vai quebra a madiçao e eles vao ter filinhos e todos vao pode ver a familia deles!

  • juhcunha Postado em 08/02/2015 - 22:25:58

    Ai meu deus me diz que no final vai fica tudo bem e todos vao ver ele!

  • juhcunha Postado em 20/01/2015 - 21:43:13

    poxa nimguem pode mais ver ele que triste! posta mais!

  • juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:49:50

    Nao to entedendo mais nada agora todo mundo pode ver ele ou mais nimguem? posta mais!

  • juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:48:45

    desculpa nao ter comentado eu estava sem tempo tava uma locura aqui e casa ok!

  • juhcunha Postado em 13/01/2015 - 17:37:36

    cooitada da dul! o que sera que o ucker vai fazer!

  • juhcunha Postado em 05/01/2015 - 23:48:56

    a cada capitulo eu fico mais maluca por mais!

  • juhcunha Postado em 30/12/2014 - 03:03:36

    o que sera que o christopher vai fazer meu deus que curiosidade

  • juhcunha Postado em 27/12/2014 - 21:39:04

    Que bizarro essas maldicoes! Esse avo do ucker e muito ruim

  • juhcunha Postado em 15/12/2014 - 01:13:16

    nao se proculpa posta assim que pode gata


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