Fanfics Brasil - Capitulo 11 (PARTE 2) (Christopher) Invisível(adaptada)

Fanfic: Invisível(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 11 (PARTE 2) (Christopher)

475 visualizações Denunciar


Christian pede água, o que dá a papai um pretexto para ir até a cozinha por um instante.


— Você precisa perguntar a ele — diz Christian assim que meu pai sai do cômodo.
— O quê?
— Por que você é do jeito que é. A maldição.
— Ele não vai me contar.
— Ótimo — diz Christian. — Vou fazer isso.
— Christian... — adverte Dulce. Mas, para início de conversa, não foi por essa razão que ela o trouxe?
Antes de ela poder dizer mais alguma coisa, meu pai volta com um copo de água. Christian espera até o momento exato em que meu pai está passando o copo para ele para perguntar:
— Por que Christopher é invisível?
A mão do meu pai recua levemente, a água transborda e escorre pelos dedos. Depois ele entrega o copo a Christian e balança a cabeça.
— Christopher? — diz meu pai. — O que está acontecendo?
Mas Christian não vai deixar por menos.
— Acho que seu filho tem a mesma dúvida.
— Está tudo bem, Christian — digo. — Eu assumo a partir de agora. Por que não nos sentamos? Então nos reunimos na sala de estar, como se fôssemos conversar sobre uma viagem de campo a qual eu quisesse ir ou pedir dinheiro a ele para que nós três pudéssemos montar uma banda. Meu pai ainda tenta se esquivar.
— Não tenho certeza se esse é o momento... — começa ele.
— Ele tem cabelos pretos — diz Dulce. — Bem, castanhos muito escuros. Mas parecem pretos. E os olhos são de um azul brilhante. Ele tem uma marca de nascença, pequena, perto da orelha esquerda. E ombros realmente bonitos.
— Por que está me contando isso? — pergunta meu pai, e sua voz falha.
— Porque o senhor precisa saber. Ele é uma pessoa. Eu consigo vê-lo. Ele é de carne e osso, mesmo que o senhor não possa ver a carne nem os ossos. Não acho que o considere uma pessoa. Não como nós.
— Mas ele não é como nós — observa meu pai.
— Apenas em um sentido — retruca Dulce. — E não para mim. Aqui. Dê uma olhada.
Ela entrega o desenho. Ele não se dá conta do que é até pegá-lo. Então olha para o papel, e suas mãos tremem. Ele pisca para afastar as lágrimas e põe o papel de volta no lugar.


— Mais uma vez, por que está me contando isso?
— Porque já está na hora, pai — digo. — Sei que não quer me contar, mas precisa fazer isso. O que aconteceu com Dulce muda tudo. Isso significa, bem, significa que outras coisas são possíveis. A maldição pode ser quebrada. Agora meu pai parece aborrecido.
— Você não deveria saber sobre a maldição!
— Bem, eu sei. E daí?
— Você não sabe de nada.
— Então me conte! — Minha raiva é quase igual à dele agora.
— Muito bem, vocês dois — interrompe Christian. — Sem gritos. Os vizinhos vão ouvir. Quero dizer, os outros vizinhos.
Meu pai se levanta e vai até a estante. Ele fita o vazio, as costas viradas para nós. Depois encolhe os ombros.
— Sr. Uckermann? — chama Dulce.
Ele resmunga alguma coisa. Leva um instante, mas aí compreendo o que ele disse. Sempre pensei que fosse louro.
Porque minha mãe era loura. Porque, talvez, quando pequeno, meu pai também fosse louro. Ele imaginou. Durante todos esses anos, ele imaginou como eu era.
E estava errado.
— Conte — peço. — Por favor. De uma vez por todas.
Ele se vira e olha para Christian e Dulce.
— Não com eles aqui — diz ele. — Não é da conta deles.
Dá para ver que Dulce está quase concordando. Mas Christian insiste.
— Não — diz ele para meu pai. — Christopher precisa da gente aqui. Com todo respeito, o senhor o deixou sozinho por tempo demais. Se ele precisa de nós aqui, o senhor tem de nos deixar ficar.
— É verdade — digo. — Não pode ser só eu. Se você mandá-los embora, não vai fazer diferença. Simplesmente vou contar para eles quando você sair.
Meu pai olha para Christian, como se implorasse.
— Não sou um monstro. Sei que pareço um para vocês. Mas há razões para não contar a ele. Saber não vai mudar nada. Não vai mudar nada. Não há nada que possa ser feito.
— Deixe que ele decida isso — retruca Christian. — Não o senhor. É a vida dele.
Percebo que ele toma uma decisão. Embora eu não saiba qual é, tenho certeza de que falta pouco para ele contar tudo que eu sempre quis saber. E conforme a adrenalina aumenta, também aumenta meu medo. Tudo vai ser diferente agora, de um jeito ou de outro. E não posso mais impedir. É inevitável. Meu pai está prestes a me contar a verdade.


— Seu avô é um conjurador — começa ele. — Sei que isso vai parecer inacreditável. Certamente pareceu a mim, no início. Mas é real. Muito real. Seu avô é um controlador. E com isso, não quero dizer que ele é um homem controlador... embora imagine que também o seja. Quando digo que é um controlador, quero dizer que ele tem poderes. Ele é capaz de fazer coisas que as pessoas normais não conseguem. Ele não é um feiticeiro nem um mago. Nem é um deus. É outra coisa, embora tenha características de todas as anteriores. Não sei muito sobre a história dele. Ele é o pai de sua mãe, e ela não falava sobre isso. Nunca falou. Ele para. Digo a ele para prosseguir. Ele atende.
— No início, a vida de sua mãe era um inferno. A mãe dela morreu quando ela era muito pequena. Eram apenas sua mãe e seu avô, Maxwell Arbus. Por ser um conjurador, ele era incapaz de fazer qualquer coisa boa. Pelo menos não em seu trabalho, e nunca soube de nenhuma evidência de que ele fizesse o bem fora do trabalho. A questão com os conjuradores, e você precisa compreender isso, é que são diferentes dos encantadores. Os encantadores, se é que essas criaturas existem, podem criar, além de destruir. Ao menos foi o que sua mãe me contou. Os conjuradores apenas podem destruir. De novo, não sei como. Não sei o porquê. Tudo que sei é que seu avô era capaz disso. E você é a prova.
Ele para mais uma vez, e, nesta pausa, reconheço muito do que senti quando minha verdade fora revelada a Dulce — o medo das palavras ditas combinado ao alívio pela capacidade de finalmente dizê-las.
— Eu sou a prova — repito.
Os olhos do meu pai se voltam rapidamente para o lugar onde estou. De onde, para ele, vem minha voz.
— Sim.
— O que aconteceu? — pergunto. — Por que ele me amaldiçoou?
Meu pai balança a cabeça com tristeza.
— Não foi a você que ele amaldiçoou. Nem a mim. Eu ainda nem tinha conhecido sua mãe. Foi a ela, Christopher. Precisa entender. Isso foi feito muito tempo antes de você nascer.
Dulce segura minha mão. Como se soubesse que isso vai necessitar de um pouco da minha concentração. Como se soubesse que preciso deixar meu pai continuar a falar.
— Conte pra nós — diz ela.


Meu pai nota o modo como a mão dela se acomoda ao redor da minha. Ele sabe.
— Como eu disse, a infância da mãe de Christopher não foi boa. Conjurar é uma habilidade poderosa, mas, na verdade, não enche barriga. Por isso Maxwell pulava de emprego em emprego e ficava cada vez mais irritado, o que o deixava mais inclinado a rogar maldições. “Quando sua mãe era pequena, com uns 7 ou 8 anos, ela tentou fugir. Por causa disso, seu avô rogou a maldição, para que ela nunca o deixasse. Ela sempre teria de estar num determinado raio de alcance, como numa coleira invisível. Não adiantaria tentar fugir nem se recusar a ir junto quando ele se mudasse. Ela não sentiria dor; apenas não seria capaz de ir muito longe até o corpo obrigá-la a acompanhar o pai. “Não sei por que queria que ela ficasse perto. Acho que, por um lado, era para tomar conta dele: preparar as refeições, limpar. E imagino que ele fosse solitário. Se eu estiver num dia bom, posso até tentar acreditar que lamentava a perda da esposa. Mas, no fundo, era um homem mau, torturado, que usava a própria maldade para torturar outras pessoas. Seu talento era a crueldade. Se um vendedor o deixasse esperando por muito tempo, ele lançava um feitiço para que o vendedor fosse para casa e começasse a se esquecer da esposa. O nome, a existência, tudo. Ou poderia amaldiçoar um político com uma fraqueza pelas colaboradoras de campanha, ou um juiz com uma fraqueza pela jogatina. Havia um limite ao poder que possuía, mas ele o usava sempre que possível.
“No fim, ele afrouxou a coleira para que sua mãe pudesse ir à escola, mas ela nunca conseguia ir além de uma cidade de distância. O único aspecto positivo da maldição era que seu avô não poderia fazer mais nada a ela; aparentemente, você só pode lançar uma única maldição em alguém. Ele tentou fingir que isso não era verdade e a ameaçou com outras maldições. Mas ela começou a pedir que ele provasse. E começou a reagir: se recusava a preparar as refeições e se negava a fazer o que ele pedia. Isso o enfurecia. E embora ele não pudesse amaldiçoá-la exatamente, certamente não temia usar os punhos ou a voz. Ela não podia ir à polícia, pois, mesmo que tentassem afastá-lo, sua mãe sabia que estava ligada a ele, e que não havia meio de evitar ir aonde quer que ele fosse. “Ela não queria que você soubesse dessas coisas. Sinto, bem, sinto que estou lhe contando uma história que não é minha. Sei que não acredita nisso, mas sinto falta dela todas as horas do dia. Não consegui ficar (e ela compreendeu isso), mas ainda sinto saudades. Algumas pessoas têm vidas relativamente boas. Mas outras carregam o fardo da injustiça do mundo. Sua mãe foi assim. Até você nascer, ela não teve sossego.”
— Mas eu não fui a pior coisa de todas? — Não consegui evitar perguntar. — Quero dizer, é nisso que essa história vai dar, não é?



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): leticialsvondy

Este autor(a) escreve mais 15 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

— Não. Você foi a melhor coisa. Mesmo que tenha... nascido do jeito que nasceu. Ela o amava incondicionalmente.— Mas o que aconteceu com o pai dela? — pergunta Christian. — Tipo, obviamente a maldição foi quebrada e ela foi embora, não é?— Sim. Vou chegar lá. De algum modo, ela conseguiu ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 31



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • juhcunha Postado em 17/02/2015 - 00:54:41

    eu gostei mais o problema e que se alguem um dia vai ver ele pra mim um dia ela vai quebra a madiçao e eles vao ter filinhos e todos vao pode ver a familia deles!

  • juhcunha Postado em 08/02/2015 - 22:25:58

    Ai meu deus me diz que no final vai fica tudo bem e todos vao ver ele!

  • juhcunha Postado em 20/01/2015 - 21:43:13

    poxa nimguem pode mais ver ele que triste! posta mais!

  • juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:49:50

    Nao to entedendo mais nada agora todo mundo pode ver ele ou mais nimguem? posta mais!

  • juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:48:45

    desculpa nao ter comentado eu estava sem tempo tava uma locura aqui e casa ok!

  • juhcunha Postado em 13/01/2015 - 17:37:36

    cooitada da dul! o que sera que o ucker vai fazer!

  • juhcunha Postado em 05/01/2015 - 23:48:56

    a cada capitulo eu fico mais maluca por mais!

  • juhcunha Postado em 30/12/2014 - 03:03:36

    o que sera que o christopher vai fazer meu deus que curiosidade

  • juhcunha Postado em 27/12/2014 - 21:39:04

    Que bizarro essas maldicoes! Esse avo do ucker e muito ruim

  • juhcunha Postado em 15/12/2014 - 01:13:16

    nao se proculpa posta assim que pode gata


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais