Fanfic: Invisível(adaptada) | Tema: Vondy
— O quê? — Christopher anda em nossa direção.
— Eu me lembrei de uma coisa que ele disse quando nos conhecemos. — As bochechas ruborizadas do meu irmão combinam com o brilho nos olhos. O que quer que fosse, está realmente animado. — Eu estava tentando fazer amizade com ele e apenas sabia que gostava de gibis, por isso fiz todo tipo de pergunta sobre eles.
— Os gibis são a cura? — Meus braços estavam cruzados. Faltava pouco para eu perder a paciência novamente, com ou sem manchas.
— Não os gibis, exatamente — diz Christian. — Quando perguntei a Sean onde ele costumava comprar, ele me falou de alguns lugares, mas teve um que o fez reagir de um jeito meio esquisito.
— Uma loja de gibis esquisita? — pergunto.
Christian faz que sim com a cabeça.
— Ele disse que era a favorita dele, mas que ele meio que tinha medo de ir até lá.
— Por quê? — pergunta Christopher.
— Acho que ele usou a expressão “lugar sinistro” — diz Christian. — Ir à loja é como visitar uma casa mal-assombrada ou o covil de um cientista louco. Sean disse que as crianças brincam na entrada apostando quem fica lá dentro por mais de cinco minutos. Ele diz que nenhuma delas consegue.
— Sério? — A expressão de Christopher fica mais curiosa, mas os olhos são cautelosos.
— Sério — diz Christian. — Sean disse que jamais conseguiu ficar mais de quinze minutos.
— E por que ele vai lá, então? — questiono.
— Acho que eles têm uma coleção de edições raras e especiais melhor que qualquer outra pessoa na cidade — diz Christian.
Agora estou curiosa.
— Mas o que isso tem a ver com nosso problema? — pergunto.
— Não é com nosso problema — responde Christian. — É com nossa missão. Vamos chamar de missão. Ou de cruzada.
— Que diferença faz como chamamos? — pergunta Christopher.
— É o poder do pensamento positivo. Carma — diz Christian. — Christopher não é um problema. Ele é uma pessoa. Ser invisível não é um problema, é uma maldição. Nossa missão é ajudar Christopher, a pessoa. Nossa cruzada é encontrar um meio de quebrar a maldição.
Amo tanto meu irmão que acho que meu coração vai explodir.
Christopher sorri.
— Mas e a loja?
— Sean diz que não é a seção dos gibis que confere a aura ruim ao lugar — explica Christian. — É a sala dos fundos.
Tenho visões com a máfia e barões da droga.
— Coisas ilegais?
— Acho que não — diz Christian. — Mais tipo coisas ocultas. Sean diz que eles têm uma bruxa como funcionária.
— Bruxas? — repito, e a frustração volta a aumentar. — Dá um tempo.
— Só preste atenção. — Christian me fita com ar severo. — Aparentemente essa mulher lê a sorte e faz aquelas coisas psíquicas de sempre, mas Sean falou alguma coisa sobre quebrar mandingas.
— Quebrar mandingas? — Christopher prende a respiração.
— Isso — diz Christian. — Acho que deveríamos dar uma olhada.
Paro, preocupada com buscas inúteis.
— Mas o pai de Christopher falou que só conseguiremos quebrar a maldição se encontrarmos o avô dele.
— Isso é verdade — diz Christopher.
— E bruxas, Christian? — repito, girando minhas mãos no cabelo na altura das têmporas, como se quisesse tirar aquilo dali. — Tipo, bruxas?
— Porque bruxas são muito mais inacreditáveis que conjuradores, não é?! — Christian faz uma careta para mim.
— Touché — murmura Christopher.
— O que estou dizendo é que não sabemos por onde começar — diz Christian. — Não estou dizendo que este é o fim de nossa cruzada. Mas precisamos de um guia, um mapa ou alguma coisa assim. Não conhecemos o ponto de partida. Talvez a gente tenha algumas ideias nesse lugar.
— Não podemos sair numa missão em vez de numa cruzada? — digo. — É como se você estivesse tentando ser nosso Mestre dos Magos ou coisa do tipo.
— Estou tentando deixar nossa experiência mais inspiradora — diz Christian.
Christopher olha para mim e dá de ombros.
— Pelo menos vamos sair de casa. Estou me sentindo preso como nunca aqui. Compreendo isso. Sob certos aspectos, o mundo de Christopher ficou muito menor, a vida mais limitada, por causa da confissão do pai.
— Muito bem — digo. — Estou dentro.
— Onde fica a loja? — pergunta Christopher.
— No térreo de um prédio marrom-avermelhado na rua 84 — diz Christian.
— É uma caminhada tranquila — observo, e parte de mim queria que fosse um pouco mais longe. Quero inspirar o ar fresco, limpar a mente. Hoje é o primeiro dia de sol depois de muitas semanas. Torço para que haja até uma brisa.
— Sim, é — diz Christopher, se dirigindo para a porta.
Já fiz isso: caminhar pelas ruas com Christopher. Só consigo pensar nisso em termos de antes e depois. A caminhada era assim antes de eu saber. Agora é assim. É o depois. Depois de eu conseguir ver o modo hábil como Christopher se move pelo mundo. O jeito como se desvia das pessoais visíveis que pisariam nos seus dedos, que o empurrariam ou dariam encontrões. Ele é obrigado a se adaptar constantemente, a sempre se afastar. Conforme passamos pelas multidões de pedestres distraídos, tenho vontade de gritar.
Talvez, se eu gritasse por bastante tempo, chamasse a atenção de olhos suficientes e os obrigasse a olhar para Christopher, e a simples força dos olhares quebrasse a maldição. É bobagem, sei disso, mas minha frustração me desespera. Quero resolver esse problema agora. Tenho medo da cruzada de Christian. Cruzadas são épicas. Cruzadas duram uma eternidade. Não temos uma eternidade. Nem sei se temos muito tempo. Uma parte de mim sabe que ouvir a verdade do pai acabou com Christopher. Temo que ele esteja sob o risco de desaparecer completamente, de querer sumir imediatamente deste mundo. Não posso deixar isso acontecer. Christian se concentra nas pessoas, na luz do sol e na brisa milagrosa enquanto caminhamos. Não consegue ver o labirinto que Christopher é obrigado a percorrer. Um labirinto de corpos que ninguém, além dele, tem de navegar.
Passamos pelo Museu de História Natural e seguimos em direção às ruas residenciais movimentadas do Upper West Side. Passamos por nova-iorquinos presos nas próprias vidas atormentadas, que ignoram participantes de cruzadas em seu caminho.
— É pouco antes da Columbus — diz Christian.
Chegamos à rua 84 e passamos pelas lojinhas e edifícios residenciais de aparência inócua. Christian hesita, para pouco antes do cruzamento e olha para um prédio marrom-avermelhado.
— Hum.
— Qual é o problema? — pergunto. Christopher continua em silêncio. Percebo que raramente fala quando estamos em público. Compreendo a decisão, mas isso apenas aumenta minha raiva. A maldição roubou até sua voz.
Autor(a): leticialsvondy
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— O endereço é este. — Christian aponta para o prédio. Ele não se parece com nenhuma das lojas por ali. Não há placas nem anúncios. Ao passar por ele na rua, eu teria imaginado que fosse apenas residencial. Meu estômago dá um nó por causa da decepção. Mas Christian d ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 31
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juhcunha Postado em 17/02/2015 - 00:54:41
eu gostei mais o problema e que se alguem um dia vai ver ele pra mim um dia ela vai quebra a madiçao e eles vao ter filinhos e todos vao pode ver a familia deles!
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juhcunha Postado em 08/02/2015 - 22:25:58
Ai meu deus me diz que no final vai fica tudo bem e todos vao ver ele!
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juhcunha Postado em 20/01/2015 - 21:43:13
poxa nimguem pode mais ver ele que triste! posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:49:50
Nao to entedendo mais nada agora todo mundo pode ver ele ou mais nimguem? posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:48:45
desculpa nao ter comentado eu estava sem tempo tava uma locura aqui e casa ok!
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juhcunha Postado em 13/01/2015 - 17:37:36
cooitada da dul! o que sera que o ucker vai fazer!
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juhcunha Postado em 05/01/2015 - 23:48:56
a cada capitulo eu fico mais maluca por mais!
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juhcunha Postado em 30/12/2014 - 03:03:36
o que sera que o christopher vai fazer meu deus que curiosidade
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juhcunha Postado em 27/12/2014 - 21:39:04
Que bizarro essas maldicoes! Esse avo do ucker e muito ruim
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juhcunha Postado em 15/12/2014 - 01:13:16
nao se proculpa posta assim que pode gata