Fanfic: Invisível(adaptada) | Tema: Vondy
— Já chega de especular sobre o passado. Vamos começar com o que sabemos e o que ainda está para ser descoberto. Quando ganhou sua visão?
Olho para ela.
— Quero dizer, quando foi que percebeu as maldições pela primeira vez? — Sua pergunta é paciente.
— Mas eu não fui sempre capaz de percebê-las? — pergunto, franzindo a testa. — Foi somente ontem que descobri como vê-las.
Ela assente.
— Claro, querida. Estou me referindo ao que nós chamamos de despertar. Todos os rastreadores nascem com uma habilidade latente para fazer o próprio trabalho, mas eles não adquirem poder até o momento do despertar. Costuma ser um acontecimento. Um gatilho, se preferir.
Ainda estou franzindo a testa, confusa.
— Então acho que foi ontem.
Agora é a vez de Any franzir a testa. Ela ainda não tinha perdido a paciência comigo, mas dá para perceber que a conversa a deixa frustrada.
— Não, não. Ontem você aprendeu como se concentrar nas maldições e enxergá-las. Essa é uma habilidade única apenas para você e está ligada ao seu talento natural. Estou falando de quando percebeu as maldições pela primeira vez. É uma pena que estivesse sozinha, pois a mudança afetaria o modo como vê o mundo, mas você não teria sabido por que ou o que estava acontecendo.
— Lamento. — Esfarelo um biscoito entre os dedos, me sentindo tola e impotente.
Felizmente, Any é uma boa professora, que não duvida nem desiste facilmente dos alunos.
— Então me diga, o que a fez sair ontem e procurar as maldições?
— Ah! — Sento muito ereta. — Foram meus desenhos.
— Você é uma artista? — Any parece surpresa, porém satisfeita.
Um rubor quente tinge minhas bochechas.
— Eu... Eu quero ser. Quero escrever e ilustrar gibis.
— Que interessante — diz ela, embora seu rosto indique que esperava que eu fosse uma artista mais tradicional. — Então... como seus desenhos a levaram a buscar as maldições?
— Foi a história na qual eu estava trabalhando. — Falo devagar e reflito sobre as palavras conforme as digo: — Chama-se Prisioneiros das Sombras.
Any inclina a cabeça, aguardando que eu prossiga.
— Percebi que andei desenhando as maldições. Pessoas amaldiçoadas.
— E quando foi que começou a trabalhar nessa história? — pergunta ela.
Tenho de pousar a xícara porque minhas mãos estão tremendo. Sei exatamente quando comecei a trabalhar em Prisioneiros das Sombras. Eu não conseguia dormir. Não conseguia comer. Não conseguia fazer nada. Então desenhei. Desenhei no papel que ia ser reciclado e que as enfermeiras cataram para mim. Desenhei durante horas enquanto meu irmão estava deitado, inconsciente, em um santuário de máquinas que bipavam e tubos de plástico retorcidos.
Fito a xícara vazia pela metade.
— Meu irmão foi atacado.
Any respira fundo.
— Por um conjurador?
— Não — respondo. — Por pessoas. Apenas pessoas.
Quando obrigo meus olhos a encontrarem os de Any, ela me dá um sorriso triste.
— É impressionante o que as pessoas podem fazer umas com as outras mesmo sem o auxílio de conjuradores. É impressionante e terrível.
Concordo com a cabeça e pisco com força para que as lágrimas não escapem. Any educadamente finge não perceber. Estou realmente começando a gostar dela.
— Acredito que podemos dizer com segurança que o infortúnio do seu irmão despertou sua habilidade — diz ela. — O despertar resulta com mais frequência de trauma ou perda do que de um acontecimento feliz.
— O seu foi imediato — falo em voz baixa. — Por causa da sua irmã. Você sabia que ela estava ausente. Podia sentir o vazio que ela deveria ter preenchido.
Ela respira fundo, os ombros subindo e descendo com o gesto.
— Sempre. Então, sim, meu caso foi único. Percebi as maldições desde o início.
Estou tonta e até mesmo um pouco enjoada. Não sei se estou pronta para processar tais informações. Por que coisas ruins acontecem a pessoas boas? Para que seu super-poder possa ser despertado?
Subitamente, não me importo com o que eu poderia ser ou com o modo como o treinamento com uma rastreadora poderia ajudar alguém. O que aconteceu a Christian foi imperdoável. É inaceitável bancar a Poliana diante de tal horror. Todas as células do meu corpo se rebelam. Minhas reações devem estar passando pela minha expressão como as informações no gerador de caracteres da TV, pois Any fica de pé.
— Ora, ora. — Ela dá a volta na mesa, para ao meu lado e segura minha mão. — Não deve fazer isso.
Penso, por um momento, que vai comentar sobre a cara de doente de novo, mas ela simplesmente aperta meus dedos com seus ossudos dedinhos finos.
— Se não fosse pelo que aconteceu ao seu irmão, teria sido outra coisa — diz ela. — Seu talento natural é maior que qualquer um que já conheci. Seu despertar era simplesmente uma questão de tempo.
Tento retribuir o aperto nos dedos dela, embora ainda não goste disso. Preciso admitir que faz sentido. Nunca passei por nada tão visceral quanto aquele cerco de emoções que me atingiu após o ataque a Christian. O mundo mudou ao meu redor, se tornou mais claro, nítido e duro. Repleto de ângulos e formas que eu nunca vira.
Considerava isso minha iniciação no clube dos aborrecidos, quando, no fim das contas, simplesmente estava vendo os efeitos persistentes da magia, boa e ruim, pela primeira vez.
— Então já identificamos onde começou — continua Any baixinho, me convencendo a voltar ao cômodo e sair dos cantos escuros do meu passado. — Você gostaria de discutir até onde isso poderia chegar a partir de agora?
— Sim. — Fico surpresa pela força na minha voz.
— Vamos começar de forma simples. — Ela hesita e retira a mão da minha. — Temo que eu também vá aprender. É óbvio que seu talento é maior que o meu.
Abro a boca para protestar, mas ela balança a cabeça.
— É a verdade pura e simples — diz ela. — Só espero que isso não interfira em nossos propósitos.
Ela volta para a cadeira e fecha os olhos.
— Quando ainda estava identificando e analisando as maldições como um meio de ganhar a vida, eu podia sentir o poder persistente da magia sobre a vítima. O efeito da maldição, se você preferir. Era como olhar o negativo de uma fotografia, mas um negativo borrado, na melhor das hipóteses.
— Mas a senhora disse que não pode desfazer maldições — observo.
Ela abre os olhos.
— Sim.
— Então por que alguém pagaria pelos seus serviços?
— Os conjuradores são um bando de orgulhosos. — Ela dá uma risada amarga. — Ao identificar a maldição, os rastreadores não têm dificuldade em refazer os passos até seu criador. Muitos conjuradores receberão um pagamento muito maior que o valor original se fizerem a maldição em nome de outra pessoa. Se a maldição for pessoal, frequentemente será apenas necessário que a vítima se humilhe para o conjurador quebrar o próprio feitiço.
— Então ajudava as pessoas a encontrarem os conjuradores? — pergunto.
Autor(a): leticialsvondy
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— Era a maior parte do que eu fazia — diz ela. Depois abana a mão como seespantando uma mosca. — Mas minhas habilidades somente nos levam até aí. Você pode fazer mais. Conte-me o que viu quando descobriu os feitiços.Apoio os antebraços na mesa, como se fosse precisar de madeira sólida para me equilib ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 31
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juhcunha Postado em 17/02/2015 - 00:54:41
eu gostei mais o problema e que se alguem um dia vai ver ele pra mim um dia ela vai quebra a madiçao e eles vao ter filinhos e todos vao pode ver a familia deles!
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juhcunha Postado em 08/02/2015 - 22:25:58
Ai meu deus me diz que no final vai fica tudo bem e todos vao ver ele!
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juhcunha Postado em 20/01/2015 - 21:43:13
poxa nimguem pode mais ver ele que triste! posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:49:50
Nao to entedendo mais nada agora todo mundo pode ver ele ou mais nimguem? posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:48:45
desculpa nao ter comentado eu estava sem tempo tava uma locura aqui e casa ok!
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juhcunha Postado em 13/01/2015 - 17:37:36
cooitada da dul! o que sera que o ucker vai fazer!
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juhcunha Postado em 05/01/2015 - 23:48:56
a cada capitulo eu fico mais maluca por mais!
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juhcunha Postado em 30/12/2014 - 03:03:36
o que sera que o christopher vai fazer meu deus que curiosidade
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juhcunha Postado em 27/12/2014 - 21:39:04
Que bizarro essas maldicoes! Esse avo do ucker e muito ruim
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juhcunha Postado em 15/12/2014 - 01:13:16
nao se proculpa posta assim que pode gata