Fanfic: Invisível(adaptada) | Tema: Vondy
jucinairaespozani: Postado gatenha!!
candy_telles: Talvez!! Postado gatenha!!
juhcunha: Postado gatenha!!
Andei mentindo para Christopher. A mentira gira como uma inquieta bola de cobras em meu estômago, como se eu tivesse levado uma maldição. Digo a mim mesma que isso não pode ser evitado. Repito sem parar que esta desonestidade serve a um objetivo maior. Mas as palavras amargam na minha língua e sei que sou hipócrita. Sei que mentir para alguém que se ama nunca é certo.
Mas não sei mais o que fazer.
As coisas estão muito piores do que ele se dá conta. Acho que é pior do que até mesmo eu me dou conta.
Algumas vezes, quando fico deitada na cama, olho para o teto e tento me lembrar de como aconteceu.
Forço a mente de volta para aquela tarde, para a febre que queimava meu corpo de dentro para fora, porque foi nesse momento que as lembranças ficaram um pouquinho mais claras. Acho que tem a ver com o modo como a febre me levou para um lugar não muito diferente das terras estranhas que ocupo entre o sonho e a vigília.
O que aconteceu no metrô surge em lampejos desagradáveis que me empurram de volta à consciência antes que o sono me tome completamente. Ouço a respiração arfante dos outros passageiros, seguidos pelos gritos para que telefonem para a emergência. Sinto os braços de Poncho me agarrando, e grito por causa do toque insuportável na pele cheia de feridas. Apesar dos gritos, ele não me solta e não perde o equilíbrio quando o trem diminui a velocidade na estação seguinte. Através da névoa da dor e da febre, percebo os corpos caminhando com dificuldade ao redor quando o trem guincha até parar nos trilhos. Any murmura desesperadamente para Poncho. Eles me levantam, sou tirada da claridade do vagão e colocada nas sombras. As pessoas gritam atrás de nós, imploram e dizem para Poncho que preciso de uma ambulância, e querem saber para onde ele está me levando.
Depois disso, não me lembro de nada até um líquido morno, com gosto desagradável, invadir minha boca. Imagino que água de esgoto tenha um gosto parecido. Engasgo com a substância e fico tossindo, o que faz com que ela escorra pelo meu queixo.
— Pronto, pronto — diz Any, e seca minha pele molhada com um pano macio. — Precisa beber isso. Beba, criança.
Começo a balançar a cabeça, mas agora Poncho está segurando minha boca aberta. A água de pântano desce novamente, e, desta vez, Poncho aperta minha boca, então ou engulo ou me afogo numa poça estagnada.
Meu estômago se contrai e tenho certeza de que vou vomitar.
— Respire. — Any aperta minha mão. Eu respiro, e, apesar do gosto horrível que sinto, meu corpo começa a relaxar. Uma coisa fria desce pelo meu sangue e escorre pelos poros. O fogo que chamusca minha pele se extingue, e as feridas com pus que borbulham na garganta, peito, braços e pernas diminuem e formam cicatrizes, depois desaparecem, todas ao mesmo tempo.
O aperto de Poncho afrouxa.
— Será que já bebeu o suficiente?
— Acho que sim — responde Any. Minha visão não está mais borrada, e consigo enxergá-la me fitando. — Como você se sente, Dulce?
— Como se estivesse prestes a vomitar. — Espero que ela não queira que eu fique falando porque, se abrir a boca novamente, com certeza vou vomitar.
Any caminha ao meu redor, traçando círculos nervosos.
— Não, não, não. Você não pode regurgitar o tônico. Seu corpo precisa dele para repelir a maldição. Sente-se imóvel e fique quietinha que vou lhe preparar um chá de hortelã.
Ela oferece um olhar expressivo a Poncho, e as mãos imensas agarram meus ombros e me fazem sentar, ainda que de modo involuntário. Fico grata por Any ordenar meu silêncio, porque eu não saberia o que dizer ao sujeito gigante que está olhando para mim com uma expressão severa. Ele fica parado como uma estátua. Não consigo nem ouvir sua respiração. Em meio ao silêncio, fico tensa e considero isso um bom sinal. Em vez de me sentir enjoada, começo a ficar constrangida. Quando Any reaparece com um bule de chá, uma xícara e um pires, estou pronta para tentar voltar a falar.
— Que coisa foi aquela? — pergunto a ela.
— Que coisa? — Any serve uma xícara e a põe na minha frente. Só quando faz um sinal com a cabeça é que Poncho solta meus ombros.
Bebo um gole do chá. Ele escalda minha língua, mas até mesmo chá de hortelã pelando é melhor que o gosto do remédio de Any.
— Essa coisa que me fez beber — digo a ela. — Era horrível.
— Essa “coisa” horrível salvou sua vida, mocinha. — Any se ofende.
Ela parece sinceramente magoada, e eu me encolho.
— Desculpe... não quis dizer...
Any toma minha confusão como o arrependimento sincero que é.
— Sei que não tem um gosto agradável, mas funciona.
Ela me observa como uma fada-madrinha ansiosa, e Poncho abandona o posto nos meus ombros e paira acima do ombro dela.
— As receitas de tônico são um dos tesouros da biblioteca do magistorium. — Any faz um gesto orgulhoso para as prateleiras cheias de lombadas lascadas e exemplares mofados. — Suponho que, no fim das contas, eu não seja totalmente irrelevante.
— Você nunca poderia ser irrelevante, Anahí — replica Poncho, tão baixinho que mal consigo ouvi-lo, mas suas palavras colorem com um tom rosado as bochechas brancas feito papel de Any. Mesmo assim, um instante depois ela está me fitando com olhos atentos como os de uma águia.
— Você percebe o que fez? — pergunta ela. O tom de voz faz com que eu me encolha.
— Tem sorte por havermos sido capazes de levar você ao magistorium a tempo.
Poncho olha sobre os ombros de Any com uma expressão severa, para dar mais ênfase.
— Você nunca, nunca mais vai extrair uma maldição sem permissão. — Any aperta as mãos sobre o coração como se fosse ela quem estivesse prestes a fazer um juramento solene. — Nunca.
— Mas... — Eu me sento mais ereta, e recebo mais um olhar ameaçador de Poncho.
— Não até você estar pronta. — O rosto de Any está pálido novamente e não tem nenhum vestígio do rosado juvenil de um minuto antes.
Não posso me render, embora o que ela esteja dizendo me assuste. A lembrança do cheiro das feridas com pus na minha pele, da dor aguda no estômago, está me assustando. Mas Christopher. Christopher.
— Ele pode morrer — digo.
Any suspira, e, sem demora, Poncho puxa uma cadeira; ela se senta. A raiva desapareceu, e agora Any parece muito, muito cansada.
— Você pode morrer — diz ela para mim.
Sua exaustão é contagiosa. Amoleço o corpo.
— Eu sei.
— Queria que houvesse um meio fácil de fazer isso. — Any esboça um sorrisinho. — Mas o rastreamento se entranha em você. Seu corpo e espírito precisam de tempo para se ajustar ao trabalho.
Um atalho surge em minha mente.
— E se eu sempre tivesse um tônico comigo? Poderia usá-lo como uma EpiPen, dessas com antialérgico, só que para maldições.
Ela já está balançando a cabeça antes mesmo de eu terminar a frase.
Autor(a): leticialsvondy
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— Os tônicos são apenas uma medida de emergência. Cada vez que você usa um, ele se torna menos eficaz. Precisa criar uma resistência natural às maldições. E isso leva tempo.— E se não tivermos tempo? — pergunto. É uma pergunta sem sentido, e sei disso.Sei que há histór ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 31
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juhcunha Postado em 17/02/2015 - 00:54:41
eu gostei mais o problema e que se alguem um dia vai ver ele pra mim um dia ela vai quebra a madiçao e eles vao ter filinhos e todos vao pode ver a familia deles!
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juhcunha Postado em 08/02/2015 - 22:25:58
Ai meu deus me diz que no final vai fica tudo bem e todos vao ver ele!
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juhcunha Postado em 20/01/2015 - 21:43:13
poxa nimguem pode mais ver ele que triste! posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:49:50
Nao to entedendo mais nada agora todo mundo pode ver ele ou mais nimguem? posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:48:45
desculpa nao ter comentado eu estava sem tempo tava uma locura aqui e casa ok!
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juhcunha Postado em 13/01/2015 - 17:37:36
cooitada da dul! o que sera que o ucker vai fazer!
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juhcunha Postado em 05/01/2015 - 23:48:56
a cada capitulo eu fico mais maluca por mais!
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juhcunha Postado em 30/12/2014 - 03:03:36
o que sera que o christopher vai fazer meu deus que curiosidade
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juhcunha Postado em 27/12/2014 - 21:39:04
Que bizarro essas maldicoes! Esse avo do ucker e muito ruim
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juhcunha Postado em 15/12/2014 - 01:13:16
nao se proculpa posta assim que pode gata