Fanfic: Invisível(adaptada) | Tema: Vondy
Meu inimigo.
Meu avô.
Não sei como pensar nele.
Se sou o garoto invisível, ele é o homem invisível?
Mas não invisível. Invisível apenas para mim. Para o garoto que ele amaldiçoou.
Ele é visível para Dulce.
Ele é visível e está aqui, e fez alguma coisa contra ela.
Faço Dulce me contar a história diversas vezes. Devoro cada detalhe e espero que, ao consumi-los, consiga saber mais. Quero que apareça uma imagem. Quero dar um rosto ao nome, para poder culpá-lo por tudo.
— Temos de contar a Any — digo. Me parece óbvio. Mas Dulce hesita.
— Ela vai dizer que não estou pronta. Que fui tola por interferir.
— O que você fez foi corajoso. Ela saberá disso.
Digo isso e depois percebo: para Any, na verdade, considerar Dulce uma pessoa corajosa, ela vai ter de ser muito mais convincente do que está sendo agora. Ela não parece corajosa de jeito nenhum. Parece culpada.
— Tem mais alguma coisa? — pergunto baixinho. — Tem alguma coisa que você não está me contando?
Estamos na posição costumeira, um ao lado do outro no sofá. Nossa zona de conforto, foi como ela chamou uma noite quando nos aninhamos para assistir a um filme. Mas agora ela não se aninha em mim. Não sorri. Ouviu minhas palavras e está tentando rearranjá-las em uma resposta, mas não está funcionando.
Eu me sinto um idiota. Ela acaba de enfrentar meu avô, meu inimigo, e eu não dou espaço para que ela se recupere. Quero que reviva o momento várias vezes para que, de algum modo, eu possa estar ali com ela. Assim poderei encontrar este homem, este mistério que tem assombrado minha vida por meios que nem consigo começar a compreender. No entanto, por mais que eu deseje esse discernimento, essa ligação, não é justo com ela, pois não deixo que se afaste e considere o que isso vai significar quando o calor do momento resfriar e mostrar uma nova perspectiva.
Penso, não pela primeira vez: O que foi que eu fiz com sua vida?
Gostaria de poder simplesmente ser seu namorado. Gostaria de não ter todas essas sombras girando ao nosso redor. Mas, mesmo que não estivessem ali, eu ainda encararia o desafio diário, extraordinário de ser um namorado. Um bom namorado. Há momentos — como agora — em que me pergunto se ser invisível é a única coisa na qual sou bom.
Parece que há coisas demais para acompanhar, tantas coisas que todas as outras pessoas já sabem. Se construímos nossos relacionamentos a partir de relíquias de antigos relacionamentos, estou começando sem nenhum material.
Vejo que alguma coisa nela foi distorcida, que alguma coisa nela foi tocada pelo veneno dele. Meu avô. Meu inimigo. Ele dividiu o mundo da minha mãe. Destruiu o casamento dos meus pais. E mesmo agora, está ditando o momento. Está no meu caminho e no de Dulce, assim como ficou no caminho de todas as outras coisas.
Ouço uma batida à porta, acompanhada pela voz de Christian:
— Ei, pombinhos... estão acasalando?
Dulce parece aliviada pela interrupção, o que considero uma censura à minha curiosidade insistente.
— Vou atender — diz ela.
Assim que abre a porta, Christian pula para dentro do apartamento. Ele dá uma olhada na irmã e diz:
— Definitivamente não estavam acasalando. O que está acontecendo?
Ela não responde.
— Elizabeth meio que se meteu numa confusão hoje — respondo.
— Alguém conhecido? — pergunta Christian, animado. Então, quando ele realmente olha para Dulce, fica sério. — Foi alguém daqui de casa?
Ela balança a cabeça.
— Não. Não foi isso.
— Ai, Deus. Por um segundo pensei...
— Foi o avô de Christopher: Maxwell Arbus.
Christian fica sério.
— Isso não é bom.
— Precisamos encontrá-lo — observo.
— Ele foi cruel? — pergunta Christian.
Dulce assente. Fico esperando que vá começar a contar a história toda, mas fica em silêncio.
— Acho que eu a exauri — digo a Christian.
— Está tudo bem — diz Dulce, mas há uma irritação no tom de voz indicando que não estava nada bem. — Só preciso pensar.
— Todos precisamos pensar — digo. — Juntos.
As palavras parecem inúteis. Não tenho certeza do porquê. Olho para o rosto dela com atenção. Está pálida, preocupada. Tem um engarrafamento de pensamentos na sua cabeça, mas não estou no carro com ela.
Ele fez alguma coisa. Vê-lo, enfrentá-lo, trouxe consequências para Dulce.
Quero impedir isso. Neste minuto, quero recuar em tudo. Seguir adiante parece perigoso, e não sou mais a pessoa correndo o maior risco.
— Dulce — digo. Quero que a compreensão esteja ali na minha voz, para que ela ouça.
Ela olha para mim. Diretamente para mim, e assimila tudo. Mesmo agora, ainda é perturbador ser visto tanto assim.
— Quem quer pizza? — pergunta Christian. — Eu sei que eu quero.
— Pelo menos agora tenho certeza — diz Dulce. — Se ele estiver em algum lugar perto da gente, vou saber.
— E então vai acabar com ele — diz Christian para ela.
— Meu querido irmão — retruca Dulce —, não vai ser fácil. Não vai ser nada fácil.
Any está apavorada. Está apavorada pelo fato de Maxwell Arbus estar tão próximo.
Apavorada pelo fato de Dulce tê-lo visto. Apavorada pelo fato de Dulce não ter fugido ao se dar conta de quem ele era.
— Será que lhe ensinei alguma coisa? — grita ela, e senta-se na cadeira de sempre no magistorium. É a primeira vez que a gente vem aqui tão tarde da noite, mas as circunstâncias pareciam exigir uma visita imediata, uma batida à porta. — Sua falta de cautela vai destruir tudo. Não acho que isso seja justo.
— O que mais ela deveria fazer? — pergunto. — Simplesmente deixá-lo machucar as pessoas?
— Algumas vezes isso é mais seguro que o que temos à disposição — retruca Any, e vira-se novamente para Dulce. — Você compreende o que fez? Agora ele conhece você.
Sabe que você consegue ver as maldições. E se acha, por um segundo, que ele vai esquecer isso, então é completamente indigna dos seus dons.
— Tudo aconteceu tão rápido — retruca Dulce. — Nem tenho certeza se ele realmente teve uma chance de olhar para mim.
Autor(a): leticialsvondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 31
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juhcunha Postado em 17/02/2015 - 00:54:41
eu gostei mais o problema e que se alguem um dia vai ver ele pra mim um dia ela vai quebra a madiçao e eles vao ter filinhos e todos vao pode ver a familia deles!
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juhcunha Postado em 08/02/2015 - 22:25:58
Ai meu deus me diz que no final vai fica tudo bem e todos vao ver ele!
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juhcunha Postado em 20/01/2015 - 21:43:13
poxa nimguem pode mais ver ele que triste! posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:49:50
Nao to entedendo mais nada agora todo mundo pode ver ele ou mais nimguem? posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:48:45
desculpa nao ter comentado eu estava sem tempo tava uma locura aqui e casa ok!
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juhcunha Postado em 13/01/2015 - 17:37:36
cooitada da dul! o que sera que o ucker vai fazer!
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juhcunha Postado em 05/01/2015 - 23:48:56
a cada capitulo eu fico mais maluca por mais!
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juhcunha Postado em 30/12/2014 - 03:03:36
o que sera que o christopher vai fazer meu deus que curiosidade
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juhcunha Postado em 27/12/2014 - 21:39:04
Que bizarro essas maldicoes! Esse avo do ucker e muito ruim
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juhcunha Postado em 15/12/2014 - 01:13:16
nao se proculpa posta assim que pode gata