Fanfic: Invisível(adaptada) | Tema: Vondy
— Quase lá! — grita Christian.
Eu me aproximo de Dulce para que any não escute.
— Vamos para casa depois disso — digo. — Ou vamos ao cinema com Christian. Uma coisa normal.
Dulce se afasta de mim. Não de modo dramático, mas o suficiente para que eu perceba.
— Arbus está lá fora — diz ela. — Poncho está lá fora. Tenho de ajudar Any a encontrá- los. Sei que você não pode, mas eu posso. É isso que preciso fazer.
Não há tom de discussão em sua voz, nem desejo de saber minha opinião.
Isso é maior do que vocês dois, eu me recordo.
Mas não quero que seja. Quero voltar a reduzir o mundo a nós dois, apenas por um tempo. Quero que ela seja capaz de se refugiar dentro de mim, e que eu seja capaz de me refugiar dentro dela.
Quando Christian irrompe no cômodo, Dulce lhe dá um grande abraço, embora ele esteja todo suado. Também quero abraçá-lo, mas desconfio que isso simplesmente vá assustá-lo. As pessoas gostam de enxergar quem estão abraçando.
— Por que mobília velha sempre é mais pesada? — pergunta Christian.
— O tempo torna tudo mais lento e pesado — retruca Any. — Pode acreditar.
Ainda assim, não há muito peso nos seus movimentos quando nos libertamos.
— Tenho de encontrá-lo — diz ela. E se refere a Poncho.
— Vou ajudar você a rastreá-lo — diz Dulce. E se refere a Arbus.
Any sabe disso.
— Precisa deixar Arbus em paz — adverte ela. — Nada de bom pode resultar de outro encontro.
— Não vou fazer nada — promete Dulce. — Ele precisa ter uma base domiciliar. Eu quero encontrá-la, portanto podemos observar aonde ele vai, ver o que está fazendo.
— Não — diz Any. — Não confio em você.
Christian parece tão surpreso quanto eu.
— Uau — diz ele. — Isso é um pouco forte, não é? Estamos do mesmo lado.
Any não muda de ideia.
— Estamos, mas acho que temos interpretações diferentes do que isso significa. Não temos, Dulce?
— Se eu digo que não vou fazer uma coisa, não vou fazer.
— Alguém pode, por favor, me dizer o que está acontecendo? — pergunta Christian.
Conto a ele sobre Poncho e Arbus, incluindo meu embate.
— Muito bem — diz ele —, eis o que vamos fazer: vamos nos concentrar em pegar Poncho antes que ele faça alguma coisa idiota e acabe sendo amaldiçoado e esquecido, ok? E nós também continuaremos de olho em Arbus, mas não vamos procurá-lo. Entendido?
Ele olha para Dulce ao dizer isso. Em vez de concordar com a cabeça, ela o encara. O significado é claro: quem pôs meu irmão no comando?
Christian está inabalável.
— Any, você conhece Poncho melhor que o restante de nós. Então Dulce, Christopher e eu seguiremos sua liderança.
Any pensa. Dá para perceber que quer seguir com a busca por conta própria. Mas ela também percebe que não pode fazer isso sozinha, não com Arbus solto por aí.
— Você e Dulce, sim — diz ela. — Christopher, não.
— Por que não? — pergunto.
— É perigoso demais. Está claro que Arbus pode se alimentar do seu poder. Portanto, se acontecer de nós o encontrarmos, você só vai nos machucar e não vai ajudar. E você não consegue vê-lo. Então, se ele atacar, não será capaz de nos avisar.
— Mas consigo ver Poncho, não consigo?
Any está de pé e caminha até a porta.
— Estamos perdendo tempo, e isso é um luxo que não podemos nos dar. Christopher, preste atenção... você não pode nos ajudar. Só vai piorar as coisas. De forma alguma isso é culpa sua. Sua maldição é totalmente culpada por isto. Não posso negar o perigo que você representa só para poupar seus sentimentos. Não agora. Espero que entenda. Mas, mesmo que não entenda, deve ir para casa. Imediatamente.
Olho para Dulce para pedir ajuda, apoio. Mas ela está igualmente inflexível.
— Assim que voltarmos, passo por lá — diz ela. — Prometo.
Apenas Christian parece compreender como me sinto rejeitado.
— Nós precisamos de você — diz ele. — Mas não para isso.
Não considero justo que ele as acompanhe, e eu não. Mas me sentiria infantil se verbalizasse isso. Não é um passeio para um jogo de beisebol.
Any escreve um bilhete para Poncho, caso ele volte e eles tenham saído. Quase me ofereço para ficar e esperar por ele. Mas se vou ficar preso e sozinho, este é o último lugar onde gostaria de estar. Não há nada agradável aqui, apenas os espectros de risco e fatalidade.
— OK! — digo.
— Te vejo logo — diz Dulce, amolecendo um pouco.
Só me resta torcer para que isso seja verdade.
Ao voltar para meu apartamento, me sinto inútil. Enquanto eles seguem adiante, devo recuar. Compreendo o porquê, mas é um entendimento que não traz conforto.
Se ela está correndo risco, eu também deveria correr. E não deveria me refugiar em casa.
Meus pensamentos são ditos em voz alta quando entro no apartamento. Não consigo parar de me censurar e pensar que, se eu tivesse dito algo diferente, feito algo diferente, não estaria sozinho, sendo obrigado a me perguntar o que está acontecendo. Somente quando estou no meu quarto é que me permito parar por um momento. Não consigo evitar me preocupar, mas a torrente de comentários preocupados para. Só por um segundo. Dois segundos. Olho para o computador e penso em ligá-lo. Depois paro de novo.
Passei a maior parte da vida neste apartamento. Conheço cada centímetro dele, cada canto. Sei quais livros pertencem a qual estante e em qual ordem. Mas, sobretudo, conheço os sons do apartamento. O assobio do aquecedor no inverno. A vibração do arcondicionado no verão. O som abafado do tráfego através do vidro da janela. A geladeira tremelicando no lugar. A respiração das tábuas do assoalho.
Não consigo apontar o motivo, mas tem alguma coisa errada. Tão sutil quanto o tiquetaque do relógio no quarto dos meus pais, há uma nova presença.
— Pai? — chamo, imaginando que talvez ele tivesse voltado. Talvez estivesse dormindo em sua antiga cama.
Mas, quando olho no quarto, ele não está lá. Chamo de novo, mas não há resposta.
Isso, penso, isso é o que acontece quando o medo cresce feito um câncer. Minha preocupação com Dulce — minha preocupação com todos nós — está se espalhando por todas as minhas percepções, envolvendo-as por completo.
Era isso que eu deveria ter dito para Dulce e Any: preciso fazer alguma coisa porque não fazer nada é simplesmente tão prejudicial quanto encarar o perigo.
Penso em chamar meu pai, pois devo admitir que talvez fosse melhor se ele estivesse aqui. Não creio que isso me deixaria menos inquieto, mas pelo menos dividiria um pouco minha atenção.
Caminho até a sala de estar e imagino que, se não posso interagir de verdade com um ser humano, posso ao menos me afogar em um pouco de televisão. Eu me concentro e pego o controle remoto, então o observo pairar no ar por um segundo.
— Não deveria deixar a chave do lado de fora — diz uma voz. — Nunca se sabe quem poderia entrar.
O controle remoto cai da minha mão. Eu me viro para olhar e ver de onde vem a voz.
Ninguém está lá.
Autor(a): leticialsvondy
Este autor(a) escreve mais 15 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
— Christopher — continua a voz. — Achei que já era hora de nos encontrarmos.A voz é velha, mas não é fraca. É grave, rouca e desprovida de qualquer traço de bondade. Permaneço em silêncio. Falar alguma coisa seria reconhecer a presença dele. Eu me recuso a fazer isso.— O apar ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 31
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
juhcunha Postado em 17/02/2015 - 00:54:41
eu gostei mais o problema e que se alguem um dia vai ver ele pra mim um dia ela vai quebra a madiçao e eles vao ter filinhos e todos vao pode ver a familia deles!
-
juhcunha Postado em 08/02/2015 - 22:25:58
Ai meu deus me diz que no final vai fica tudo bem e todos vao ver ele!
-
juhcunha Postado em 20/01/2015 - 21:43:13
poxa nimguem pode mais ver ele que triste! posta mais!
-
juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:49:50
Nao to entedendo mais nada agora todo mundo pode ver ele ou mais nimguem? posta mais!
-
juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:48:45
desculpa nao ter comentado eu estava sem tempo tava uma locura aqui e casa ok!
-
juhcunha Postado em 13/01/2015 - 17:37:36
cooitada da dul! o que sera que o ucker vai fazer!
-
juhcunha Postado em 05/01/2015 - 23:48:56
a cada capitulo eu fico mais maluca por mais!
-
juhcunha Postado em 30/12/2014 - 03:03:36
o que sera que o christopher vai fazer meu deus que curiosidade
-
juhcunha Postado em 27/12/2014 - 21:39:04
Que bizarro essas maldicoes! Esse avo do ucker e muito ruim
-
juhcunha Postado em 15/12/2014 - 01:13:16
nao se proculpa posta assim que pode gata