Fanfic: Invisível(adaptada) | Tema: Vondy
O olhar dele passa por nós até meu quarto.
— Hum. Está a mesma coisa de sempre.
— A maldição afeta apenas sua mãe. — Christopher se afasta de mim.
Há uma distância súbita na voz dele, uma decisão que me assusta.
Christopher olha de mim para Christian.
— Vocês dois deveriam ficar aqui. Terminem o jantar. Depois Dulce pode retirar a maldição de sua mãe.
— Você viu a maldição? — pergunta Christian, e franze a testa.
— Sim — respondo. — E se eu fizer alguma coisa em relação a isso, ficarei inutilizada pelo restante da luta. Ou pior.
— Provavelmente é isso que Arbus quer. — Christian suspira. — Ele é um cara mau e inteligente, não é? Que droga.
— Vou falar com Any — continua Christopher. — Mas, primeiro, você tem de cuidar disso.
Christian começa a menear a cabeça.
— Já falei que não posso retirar a maldição — digo a eles, e lanço um olhar de soslaio para Christopher. Ele está tentando manter a mim e Laurie afastados do que promete ser o confronto final entre ele e o avô. Embora uma parte disso, tenho certeza, seja para nos manter fora de perigo, tem alguma coisa por trás do gume de aço que se esgueirou sobre seus olhos azuis. Isso me dá medo.
— Vou pedir licença para ir com Christopher até a loja de Any — digo antes que Christopher fale mais alguma coisa. — Christian, ajude mamãe a arrumar as coisas e diga a ela que temos planos com amigos hoje à noite. Encontre-nos no magistorium.
Christian relaxa os ombros. Não quer ficar para trás.
— Só quero ter certeza de que mamãe não será afetada de outro modo — digo a ele, e esboço um sorriso. — E você devia dizer a ela que máximo que eu sou.
— O quê? — Christian franze a testa.
— Se tudo o mais falhar — digo secamente —, você vai ter de convencê-la a me adotar.
Christian bufa, mas seus olhos estão brilhando um pouco forte demais.
— É, tá bom. Como se eu quisesse uma mala como você por perto quando posso ter a casa toda só para mim.
Ele corre e me envolve num abraço tão apertado que não consigo respirar. Isso é bom, porque se eu pudesse inspirar, provavelmente começaria a soluçar.
Voltamos para a cozinha, e desta vez Christopher não segura minha mão nem toca meu ombro. Está perdido nos próprios pensamentos, recuando de um jeito que não consigo suportar, mas que não sei como impedir.
— Você está bem, querida? — pergunta minha mãe.
— Estou bem — digo. — Obrigada pelo jantar maravilhoso.
— Não vai ficar? — Ela aponta para a sala de estar. — Nós costumamos fazer a noite do filme com pipoca depois do jantar em família.
Quero dizer eu sei, mas balanço a cabeça:
— Obrigada. Outro dia, talvez.
Os cantos dos meus olhos começam a arder, por isso grito:
— Tchau, Christian! — E corro para a porta.
Não paro até chegar à porta do elevador, socando o botão repetidas vezes. A mão de Christopher se fecha no meu pulso e o afasta. Fico feliz por voltar a me tocar, mas ainda posso sentir a rigidez que tomou conta dele. O elevador chega, e nós entramos.
Quando as portas se fecham, eu digo:
— O que quer que esteja pensando em fazer, não faça.
Ele não responde.
— Christopher. — Eu me viro para encará-lo. — Nós dissemos que vamos fazer isso juntos. Prometemos. Lembra?
Se o tempo não estivesse contra nós, eu pararia o elevador e nos manteria como reféns até Christopher confessar o plano secreto que ele bolara desde que se deparara com a maldição da minha mãe. Mas temos tão pouco tempo do jeito que as coisas estão... Não posso arriscar um atraso.
Não conversamos enquanto caminhamos pelo Upper West Side até a loja de Any, mas desta vez não é para evitar olhares estranhos dos outros pedestres, que pensam que estou falando sozinha. O silêncio é novo, desconhecido, cauteloso. Não gosto dele.
Quando chegamos ao edifício marrom-avermelhado, uma placa pendurada na porta da loja diz Fechado. Giro a maçaneta e vejo que está destrancada. O assoalho da loja está escuro.
— Poncho? — Espio nas sombras e aguardo por uma resposta. Não ouço nada.
Os odores de almíscar e tinta são familiares, mas minha pele fica retesada e coçando, como se reagindo a algo estranho e desagradável.
— Dulce. — Ouço o tom de advertência na voz de Christopher, mas me viro e peço silêncio. Que escolha temos além de continuar até o magistorium?
— Opa! — Ainda estou olhando para Christopher quando tropeço em alguma coisa.
— O que aconteceu? — pergunta ele. — Você está bem?
— Sim. — Baixo o olhar para ver o que foi deixado no corredor.
Não é o quê. É quem.
Poncho está deitado com o rosto virado para o chão. No escuro, não consigo ver se está ferido. Não sei se está morto ou inconsciente. E não quero descobrir.
Com um grito de alarme, corro para a porta do magistorium.
— Dulce, espere!
Ignoro Christopher e corro escada abaixo.
— Any!
Any está sentada à mesa, com uma xícara e um pires diante de si. Seu rosto está branco como giz por causa do medo, mas a boca é um traço fino de fúria. Ao lado dela, um homem alto e magro serve chá em sua xícara. Já o vi uma vez.
Sem olhar para mim, Maxwell Arbus diz a Any:
— Veja só se não é sua pupila, Anahí. Que adorável da parte dela se juntar a nós.
Maxwell inclina a cabeça levemente, como se ouvindo algo com atenção.
— E você trouxe meu neto. Christopher, estou decepcionado com sua impaciência. Nosso encontro está marcado somente para amanhã. Como você pode ver, tenho outros negócios a tratar. Não faz sentido perder horas preciosas na cidade que nunca dorme.
Não ouvi Christopher descer as escadas, mas agora ele está de pé ao meu lado. Estico a mão até a dele. Quando fecho meus dedos sobre os dele, ele continua parado.
— Juntos — sussurro a palavra tão baixo que não sei se ele me ouve.
— Volte para casa e me aguarde — diz Arbus a Christopher, sem se virar. — Irei até você na hora marcada, conforme combinamos.
— Não. — A resposta de Christopher é serena, porém firme.
Aperto os dedos dele com tanta força que as articulações ficam brancas. No entanto, Christopher dá um passo adiante e se desvencilha da minha mão. Estico a mão para segurá-lo de novo, pois quero puxá-lo de volta e mantê-lo perto de mim. Mas ele está determinado a seguir sem mim, porque quando meus dedos se esticam até ele, atravessam sua pele.
Autor(a): leticialsvondy
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Poncho está morto, e não tenho dúvida de que Any será a próxima, se sairmos deste cômodo.Não consigo enxergar meu avô, mas consigo acompanhar o olhar dela.Ela sabe.Eu me lanço para a frente. Arbus não espera por isso. Mas percebe minha presença e se desvia um pouco, por isso termino parando ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 31
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juhcunha Postado em 17/02/2015 - 00:54:41
eu gostei mais o problema e que se alguem um dia vai ver ele pra mim um dia ela vai quebra a madiçao e eles vao ter filinhos e todos vao pode ver a familia deles!
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juhcunha Postado em 08/02/2015 - 22:25:58
Ai meu deus me diz que no final vai fica tudo bem e todos vao ver ele!
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juhcunha Postado em 20/01/2015 - 21:43:13
poxa nimguem pode mais ver ele que triste! posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:49:50
Nao to entedendo mais nada agora todo mundo pode ver ele ou mais nimguem? posta mais!
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juhcunha Postado em 19/01/2015 - 13:48:45
desculpa nao ter comentado eu estava sem tempo tava uma locura aqui e casa ok!
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juhcunha Postado em 13/01/2015 - 17:37:36
cooitada da dul! o que sera que o ucker vai fazer!
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juhcunha Postado em 05/01/2015 - 23:48:56
a cada capitulo eu fico mais maluca por mais!
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juhcunha Postado em 30/12/2014 - 03:03:36
o que sera que o christopher vai fazer meu deus que curiosidade
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juhcunha Postado em 27/12/2014 - 21:39:04
Que bizarro essas maldicoes! Esse avo do ucker e muito ruim
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juhcunha Postado em 15/12/2014 - 01:13:16
nao se proculpa posta assim que pode gata