Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

— Preciso ser mulher de novo. Só por uma noite. Dissimuladamente. — Ao ver um assomo de desconfiança no rosto travesso como o de duende de Button, virou-se e fez de tudo para parecer uma jovenzinha acanhada, o que não era nada fácil usando botinas e calças à altura dos joelhos. Odiava mentir para aquela pessoazinha tão generosa, porem não ha­via como evitá-lo. — É que... Lembra quando me perguntou se eu estava gostando de Christopher? Pois então, quero estar junto dele como mulher... uma única vez. Preciso saber se... se... — Vamos, minta! Pense em seu pai. — Eu o amo... E preciso saber se há alguma chance de ele vir a me amar.

— Minha querida, fico tão feliz em ouvir isso! Por você e por Christopher também, afinal muito em breve os dois farão um casal adorável! — De súbito, a alegria se foi do semblante do camareiro. — Acha realmente que, se abordá-lo nesse baile, fantasiada, ele vai pensar que...

— Que sou uma moça de má reputação? Vai, sim. — Por sorte, não teve de fingir o rubor que se seguiu àquelas palavras.

— Bem, se está segura do que quer fazer... — Feliz da vida, Button bateu palmas. — Em que vamos transformá-la? Numa deusa grega? Numa rainha egípcia?

— Não. Serei uma odalisca. A dançarina de harém de christopher.

Na noite seguinte, o salão de baile da "casa" da sra. Blythe achava-se todo decorado num arco-íris de seda. Peças e mais peças de tecido pendiam de colunas e cornijas, criando peque­nas alcovas de falsa privacidade ao alcance de um batalhão de convidados. Pombas brancas indianas adejavam livremen­te de balcão em balcão no último piso do casarão, o que le­vou Christopher a indagar-se se a fumaça dos cachimbos cheios de narcóticos não acabaria fazendo uma delas despencar de lá de cima no final da noite.

Baixando o olhar, ele reparou nos poucos convidados que já estavam pelo chão, rindo como bobos ou adormecidos de encontro à parede nos cantos. Entorpecentes, comida e vinho espalhavam-se sobre todas as superfícies disponíveis. Os que permaneciam imóveis e sozinhos por algum tempo não de­moravam a ser abordados por uma, ou um, jovem de máscara em trajes sumários, dispostos a oferecer qualquer espécie de conforto. O sexo imperava soberano naquela casa de peca­do. Sexo para vender, sexo para trocar, sexo gratuito... Oxalá Diego estivesse se divertindo.

A pressão do relógio que tiquetaqueava dentro dele foi crescendo até lhe provocar a sensação de que iria explodir. Dos dez dias que Liverpool tinha lhe dado, seis já haviam se passado: E nada de ruiva, de chave de código, de provas contra Lavinia. Droga, não devia estar ali, só que não sabia mais o que fazer ou o que procurar. Isso porque não pensara noutra coisa nos últimos dias.

Talvez fosse hora de ir ver onde estava Diego e rumar para cas... Uma tira de seda azul-turquesa ondulou no seu campo de visão, levando-o a virar a cabeça a tempo de vislumbrar um mover-se de véus transparentes e filigranas douradas. Abanou a cabeça. Teria ouvido sinetes? Ou era a fumaça que começava a mexer com seus sentidos? Se não soubesse que isso era absurdo, até iria pensar que a jovem de harém de seus sonhos tinha se materializado naquele baile.

Então um brutamontes com um chapéu de chifres viking deu um passo para o lado, e Christopher a viu claramente, bem abaixo do lustre central do salão. O efeito da iluminação à contraluz da diáfana fantasia deixava bem claro que ela usava pouca coisa no corpo de formas esguias além dos véus pre­sos a um cinturão dourado que contornava um fascinante ven­tre de carnes rijas. Embora trouxesse os cabelos e a metade inferior do rosto protegidos por outro véu, a jovem tinha os braços e os pés desnudos.