Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

De olhos arregalados, ela continuou de cabeça baixa, não se atrevendo a erguê-la nem mesmo quando ouviu o retinir de abotoaduras que iam parar sobre um recipiente de cristal. Não demorou e um par de botas apareceu no chão perto do pé da cama, o cano de uma meia entrelaçado ao da outra tal como num abraço. Dulce cerrou as pálpebras. Estava vendo amantes por todos os cantos.

— Beba isto. Ao abrir os olhos e deparar com um cálice, tomou-o entre os dedos. A bebida tinha um aspecto singular: parecia que alguém apanhara um punhado de terra de jardim, com folhas e insetos e tudo o mais, e o largara num copo com água de um charco. E o cheiro era ainda pior que a aparência.

— Beba, Flip. É uma mistura de ervas, feita pela sra. Bell, governanta da minha propriedade rural. Depois de ter me criado, ela com certeza não iria me envenenar. — Virando-se, tirou a camisa pela cabeça e jogou-a sobre uma pilha de roupas, depois se espreguiçou, alongando-se para um lado e para o outro.

Ela engoliu em seco ao ver as marcas de suas unhas nos ombros largos. E também porque o físico dele era ainda mais bonito à luz de velas do que sob a claridade tênue da lua. Hipnotizada pelas sombras sobre a pele queimada de sol, tomou sem notar um bom gole da beberagem... para de pron­to cuspi-lo em cima da colcha antiguíssima que protegia a espaçosa cama.

— Maldição. Denny vai ficar fulo da vida.

Embora tivesse a língua pegando fogo e os olhos mareja­dos, Dulce, sem nem saber por quê, desatou a rir e, cam­baleando até a penteadeira, largou-se sobre a poltrona diante do móvel. Ao cabo de alguns instantes, quando conseguiu se controlar, percebeu que o quarto estava tomado pelo silêncio e, ao olhar no espelho, deparou com a imagem de Christopher, de braços cruzados, encostado a uma das colunas da cama.

— Desculpe-me por sujar a coberta da cama. Não teve graça nenhuma.

Como a indicar que não estava nem um pouco preocu­pado com a bela peça de veludo que devia ter custado uma pequena fortuna, ele deu de ombros.

Constrangida, ela baixou o olhar aos objetos espalhados sobre o toucador: um pente de prata, um estojo com abotoaduras, uma folha de papel dobrada ao meio com o que pa­recia ser um desenho político feito pelo popular artista sir Thorogood. Ao tentar desdobrar o desenho, fez com que o papel tombasse do inusitado pedestal em que se apoiava, um amontoado de fita e... medalhas de ouro.