Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

Estremecendo à frieza da voz dele, Dulce suspirou. Depois de tudo o que fizera, devia a verdade àquele homem.

— Sim, Christopher, sou Dulce María Saviñon.

— A filha desaparecida do traidor Fernando Saviñn.

— Não mais traidor do que você!

O silêncio que se seguiu àquela acusação foi rompido pelo impacto do murro dele na parede apainelada. Enquanto ela ficava ainda mais rígida, Christopher, virando-se pára a parede, esfregou a mão antes de murmurar:

— Fernando Saviñon, o maior traidor da história dos Mentirosos, e eu permiti o acesso da filha dele ao clube... Por Deus, eu a deixei entrar na minha casa.

Dulce mandou os receios com sua integridade física às favas.

— Como está Flip? Diga-me, por favor. Estou tão preocupada que...

— Flip quebrou o braço e ainda não recobrou os senti­dos. Não que isso seja da sua conta. — Tornando a se virar, apoiou um joelho no chão e as mãos na beirada da cama e, assim, aproximou o rosto do dela para fitá-la no fundo dos olhos. — O que contou a eles? Quantos você traiu? Fui só eu? — Agarrou-a pelos ombros. — Responda!

Dulce, afastando o torso para trás, baixou o olhar.

— Não traí ninguém. Não sou nenhuma traidora. Meu pai não é traidor. Tem de haver alguma explicação para...

— Explicação? Para o fato de revelar nossos códigos aos franceses? De criar códigos para eles que não conseguimos decifrar? — Voltou a aproximar o rosto do dela. — E quan­to a você, Diego? Como explica sua farsa? Como pretende explicar ter usado uma criança para atingir seus objetivos traiçoeiros?

— Isso não é...

— Contratei você como preceptor. Entreguei Flip aos seus cuidados. — Respirou fundo. — O que houve? Ele a surpreendeu invadindo as salas secretas do clube? Você o atirou da janela quando se viu pega em flagrante?

— Não! — Voltou a encará-lo. — Eu jamais... Eu não se­ria capaz de fazer mal a Flip! Eu o amo como a um filho, como... — amo você. Erguendo os braços, pousou as mãos sobre as mãos em seus ombros e entrelaçou os dedos aos dele.

— Christopher, acredite: eu nunca faria mal a você... ou a ele.

Diego, Dulce, Diego. Estaria louco? Mirou os grandes olhos verdes injetados por horas de choro. Lisas como seda, as faces dela eram suavemente arredondadas, assim como o queixo delicado e a mandíbula benfeita. E aqueles lábios carnudos e rosados só podiam pertencer a uma mulher. Como pudera ser tão cego? Irritado com sua estupidez, levantou-se de supetão.

— Sou um cretino — murmurou por entre os dentes.

— Será possível que eu tenha perdido toda a capacidade de discernimento?

— Não se culpe. Só Deus sabe o quanto me empenhei para parecer um rapazinho.

Ele sentiu um arrepio. As palavras que chegavam aos seus ouvidos não tinham nem vestígios da pronúncia áspera e grave de Diego. Ela fora perfeita ao dissimular a forma naturalmente melodiosa que tinha de falar.

— Realmente, seus esforços foram admiráveis. Tanto que... — Lembrou-se da reação de seu filho ao novo aio. Era evidente que o menino tinha percebido a verdade. Por que Flip escondeu seu segredo de mim? Foi só pousar os olhos em você para ele constatar que se tratava de uma mulher, aposto. Como o persuadiu a não desmascará-la?

— Não o persuadi a fazer coisa alguma! Tudo o que fiz foi ensiná-lo a ler!