Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

— É verdade. — Talvez fosse a penumbra ou o isolamen­to... ou então a ausência de reprovação no olhar dela. Fosse o que fosse, o fato foi que se ouviu confessar seu mais som­brio receio: — Acho que não estou completamente recuperado disso... por dentro.

— Como assim?

— Não sou quem eu era. Lembro-me daquele homem como alguém que conheci muito bem, no entanto não sou mais ele. — Respirou fundo. — Devo estar ficando louco.

Ela riu.

— Desculpe, Christopher. Eu esperava ouvi-lo dizer que estava doente, que tinha algum ferimento interno ou qualquer coisa do tipo. Mas insanidade? Isso deveria ser a última de suas preocupações. Você é a pessoa mais sensata que já conheci. E mesmo que não fosse assim, um maluco tem certeza de ser a pessoa mais racional da face da Terra.

— Mas os sonhos... a melancolia...

— Mesmo muito, muito triste por ter perdido seus amigos, você ainda não se permitiu enlutar-se por eles. Porque não consegue se perdoar.

— Como posso me perdoar por traí-los? Eu os matei!

— Quem os matou foram os espiões franceses. Os mesmos espiões que seqüestraram você e o torturaram por meses na­quele barco, Anahi não iria mentir acerca de um assunto tão sério.

— Mas...

— Você não entregou seus companheiros. A informação foi arrancada de você sórdida e inelutavelmente, sim, na for­ma de um estupro mental, se me permite a comparação. Mas você não é responsável pelo que lhe aconteceu, do mesmo modo como não tem culpa pela orfandade de Flip ou pelo fato de ele ter ido parar nas ruas. — Segurou no queixo dele para forçá-lo a encará-la. — Enlute-se por seus companheiros, sofra por sua inocência perdida, mas pare de se culpar. Pare de olhar para trás. Há muitas pessoas que precisam que você olhe para a frente.

— Não, ninguém...

— Você tem quem dependa de você, sim, e também tem aqueles de quem depende. É assim com todo mundo. As pes­soas estabelecem vínculos. Mesmo se quiséssemos, seria impossível vivermos sozinhos.

Christopher fitou os olhos dela. Aqueles olhos tão belos, tão cheios de vida...

— Você é uma dessas pessoas, Dulce?