Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

Ao chegar ao hall do velho palácio que fazia as vezes de cela para lady Lavinia Winchell, Christopher viu o primeiro-ministro indo embora pela outra saída do saguão.

— Meu lorde! — chamou-o, antes de correr ao seu encontro. Indivíduo de pouca estatura e talhe miúdo, lorde Liverpool estava acompanhado por outros dois cavalheiros, seu secretário e um guarda.

— Meu lorde, o senhor esteve com lady Winchell?

Comprimindo os lábios, o chefe de governo afastou-se alguns passos da dupla que o acompanhava e, com um discre­to mover de sobrancelhas, indicou a Christopher que o imitasse.

— Sim. De fato, acabei de falar com a dama.

— Ela disse alguma coisa? — E como Liverpool conti­nuasse a encará-lo em vez de responder, Christopher desculpou-se: — Perdão, meu lorde. Eu só queria saber se ela forneceu alguma prova que possa ser usada para condená-la.

— Não, ela está ciente do perigo que isso representaria. Lady Winchell continua afirmando que não tinha intenção de atirar em mim e que só o fez porque você a abandonou.

Christopher sentiu o ombro queimar no ponto atingido pelo projétil destinado ao grande homem à sua frente. E o cora­ção arder no cantinho onde guardava as lembranças dos homens que Lavinia havia matado.

— Temos de dobrá-la, meu lorde! Ela é uma traidora, uma assassina desumana!

— Isso é o que você diz, e é nisso que acredito, mas, se uma bela mulher da aristocracia for levada perante o juiz e um júri, acha que eles não se deixarão influenciar por lá­grimas, justificativas e apelos? Enquanto não tivermos pro­vas e testemunhos irrefutáveis, não teremos um caso judicial, apenas a acusação de adultério contra o marido dela. Só que ele não quer processá-la por isso, Lorde Winchell está nova­mente enfeitiçado pela bela e jovem esposa.

Christopher murmurou uma praga antes de afirmar:

— Posso conseguir as provas de que necessitamos. Sei que posso. Nosso decifrador de códigos está passando um pente-fino na correspondência de lady Winchell à procura de pistas.

— Você já teve um bom número de semanas para apre­sentar seus argumentos e os resultados de suas investigações, Uckermann. Não posso mais ignorar as petições de lorde Winchell pela soltura da esposa. De mais a mais, vários par­lamentares já começam a colocar-se contra a prisão da dama. — Respondendo a tossidela do seu secretário, Liverpool acenou comum gesto de cabeça para ele. — Sem provas con­cretas ou testemunhos inatacáveis, não tenho como continuar a mantê-la sob a custódia do Estado.

— Mas, e o depoimento de minha irmã? Lavinia confessou tudo na presença de Anahí!

— Em virtude do envolvimento dela com o Clube dos Mentirosos, lady Raines não pode dar-se o luxo de se expor, Uckermann. Assim como você. Sua identidade foi preservada graças à recusa de lady Winchell em admitir as acusações de que é alvo. Ela sabe que não tem como expor você sem revelar a perfídia que cometeu. Assim como você sabe que o sigilo que envolve o Clube dos Mentirosos tem prioridade sobre as trapaças de uma mulher.

— Trapaças! Nossos homens perderam a vida, senhor!

— De fato. E sem dúvida teriam preferido morrer a revelar ao mundo a existência do Clube, não é verdade? — Sem espe­rar pela resposta, Liverpool declarou: — Por tudo isso, terei de suspender as investigações.

— Mas...

— Vou lhe dar mais dez dias. Traga-me provas, Uckermann. Traga-me uma testemunha. — Pela primeira vez desde o início daquela conversa tensa, o olhar do mandatário denotava um sentimento terno. — Sei que lhe devo minha vida. Por isso, cederei desta vez... E aproveito para lhe dar um conselho: a vingança não traz bons frutos, ela nos obriga a olhar para trás, e um homem deve olhar para a frente se não quiser ficar preso no atoleiro do passado.

Reprimindo o surto colérico que ameaçava subjugá-lo, Christopher viu o primeiro-ministro retornar para junto dos assistentes.