Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

Naquela noite, Dulce, mesmo sem saber ao certo se um preceptor deveria incumbir-se de tal tarefa, cuidou de colocar Flip para dormir.

— Ele vai sair de novo. — Como se já completamente habituado à solidão, o menino falava sem qualquer emoção. — Ele sempre está de saída.

Dulce não sabia o que responder. Embora fizesse pouco tempo que se encontrasse na companhia deles, tinha a impres­são de que Christopher Uckermann gostava muito do protegido.

— Mas você não vai a lugar nenhum tão cedo, senhor Phillip. Não depois do improvisado passeiozinho que deu esta tarde.

O rosto do garoto perdeu a cor.

— Vai me bater com a vergasta por causa daquilo?

Bater nele? Por ter escapulido até o clube sem avisar? Santo Deus, por onde aquela criança tinha andado?

— Não, rapazinho. Você está prestes a experimentar a patenteada vingança por cócegas Walters. — Com os dedos das mãos curvados em forma de garras, atirou-se sobre ele ao vê-lo tentar fugir da cama, e os dois foram parar no tapete.

Rindo e gritando ao mesmo tempo, o menino se debatia como podia no intuito de livrar-se das cócegas.

— Flip, o Rebelde, é? Flip, o Sabe-Tudo, é? — Afastou-se por um instante para que ele pudesse recuperar o fôlego. — Pois eu acho que é Flip Que-Se-Retorce-no-Tapete, isso sim!

"Atacado" com força total, o garoto pôs-se a berrar e gargalhar ainda mais alto. Em meio a toda aquela algazarra, Dulce não ouviu o ruído dos passos apressados ao longo do corredor, mas somente o barulho do deslocamento da porta, que se escancarava num só movimento.

— Que diabos está fazendo com ele?

— Eu... — Antes que pudesse virar-se, ela se viu erguida pela parte posterior do colarinho e arrancada de cima de Flip.

Assim que seus pés firmaram-se no chão, Dulce levou as mãos ao nó do lenço que usava como gravata para afrouxá-lo a fim de afastar aquela sensação de sufocação... e arregalou os olhos, Ainda bem que mal conseguia falar, já que seu patrão usava apenas uma toalha ao redor do pescoço e um par de ceroulas curtas, agarradas à pele umedecida pelo banho como uma demão de tinta. Largo e amorenado, o tórax dele fazia lembrar uma muralha de músculos, conspurcada somente pela cicatriz no formato de um asterisco, que parecia relativa­mente recente, próxima ao ombro.

O olhar de Dulce baixou até o abdômen enxuto e de aspecto rijo e dali acompanhou a trilha de pelos castanhos que desaparecia sob o cós das ceroulas... Por todos os deuses gregos! Com a boca subitamente seca, sentiu-se tomada por uma onda de excitação tão intensa que seus dedos chegaram a apertar-se uns contra os outros dentro das botinas.

Desejava-o. A estranha atração que vinha sentindo por Christopher Uckermann não era produto da curiosidade, mas sim do desejo. Desejava-o e nem ao menos podia dizer seu ver­dadeiro nome a ele... Com uma força que nem sabia que tinha, livrou-se das mãos que a seguravam pelos ombros e se afastou um par de passos.

— Diego estava fazendo cócegas em mim, Christopher — interveio Flip. —^:Só isso.

Ao perceber que interpretara mal o que era apenas uma brincadeira, Christopher deu um sorriso amarelo. Em respos­ta, Dulce forçou-se a rir a fim de dissimular o que havia pouco acabara de descobrir: sentia candente desejo por um camarada que achava que ela fosse homem.

Que desastre.