Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

— Você tem roupas boas, Diego? Pegaram-me no laço, e agora vou ter de acompanhar as jovens Trapp e a mãe delas num baile daqui a alguns dias. Não quer ir comigo?

— Eu...

— Vamos, Diego, eu lhe compro trajes novos se você me fizer companhia. As mocinhas são gêmeas. E bonitas... Quer dizer, mais ou menos.

Dulce olhou de um para outro. Baile? Gêmeas?

— Sim, eu... —Sentiu a porta logo atrás dela. Graças a Deus, —Se puder ter um terno novo... a tempo de...

— Ótimo. — Christopher sorriu, como se aliviado. — Amanhã mesmo vou trazer o criado de quarto do meu cunhado aqui, e nós vamos vesti-lo para a batalha.

Depois de fazer um aceno afirmativo, ela obrigou-se a sorrir e escapuliu rumo à sala. Batalha?

Bem mais tarde, na penumbra de sua carruagem após ter deixado Dalton e Collis na Mansão Etheridge, Christopher passou a mão pelos cabelos enquanto o veículo deslizava serena­mente diante do parque. Fazia tanto tempo que tivera alguém em seus braços que, só de pensar na jovem que pegara espio­nando sua casa, não conteve um suspiro. Que cabelos sedosos, que pele acetinada ela possuía... 

Deus, sentia-se emocionalmente exausto, com a impressão de que mal conseguia racionar. Melhor. Assim talvez fosse mais fácil esquecer que, num exemplo perfeito do que era a hipocrisia do governo, fora chamado à corte para receber outra condecoração por seu "sacrifício".

A nova medalha era um peso extremamente incômodo junto a seu peito. Segurando-a pela fita, examinou a insíg­nia dourada à claridade intermitente dos lampiões da ilumi­nação pública. De um lado, a efígie do príncipe George, um perfil de anos atrás, com uma papada bem mais discreta do que a que acabara de ver no palácio. Do outro, folhas de acanto formavam um arco ao redor do seu nome, sob o qual estavam gravadas as palavras "Virtutis Honor".

Christopher deixou a comenda cair. Honra à Bravura. Oh, sim, tinha levado um tiro endereçado ao primeiro-ministro. Mas não era essa a sua obrigação após as conseqüências de sua aventura com Lavinia? Um preço irrisório a pagar, tendo em vista os resultados de sua estupidez. Uma pechincha por dei­xar sua libido jogá-lo nas garras de uma linda espiã francesa que o fizera de gato e sapato enquanto ele recitava, um por um, o nome de seus companheiros.

A maldita o dobrara com narcóticos que dizia serem afrodisíacos, entorpecentes que ele, o idiota, tomara de bom grado. E enquanto jazia esvaído e ofegante na cama dela, Lavinia o induzira a falar de coisas que, em sã consciência, ele daria a própria vida em troca de não revelar. Pior: não se lembrava de ter dito nada, nem mesmo depois que a vadia, desistindo de fingir que o amava, mandara que o capturas­sem e o surrassem antes de levá-lo como prisioneiro para um barco caindo aos pedaços a pouca distância do litoral inglês. De tão forte, o entorpecente o levara a pensar que havia re­sistido bravamente ao interrogatório da amaldiçoada. Mas as mortes que resultaram de tudo aquilo vieram lhe mostrar que estava redondamente enganado.

Era estranho porque se recordava de escapar da improvisada prisão. Lembrava-se do longo, quase inacredi­tável percurso a nado até a praia e de arrastar-se na viagem, primeiro a pé, depois na carroça de um homem generoso, até Londres. E então, a casa de sua irmã.