Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

Dulce deu graças aos céus ao vê-lo deixar o escritório. Mais um pouco e não teria resistido à tentação de deitar a cabeça de encontro àquele peito largo e despejar seus problemas nos ouvidos dele.

Santo Deus, que horas seriam? Com um esforço imenso para não dar com a testa na última página da cartilha quase pronta, Dulce resmungou:

— "Z" de zebra, Christopher. É a palavra mais adequada.

— Por que não "Z" de zéfiro?

— Oh, sim. Perfeito. — Ela olhou para o menino, que, por conta da chuva, concordara em brincar no tapete do es­critório em vez de trepar nas árvores do quintal. — Você sabe o que é zéfiro, Flip?

O garoto nem se deu o trabalho de tirar os olhos de sua coleção de soldadinhos de chumbo.

— Não.

Dulce lançou um olhar triunfante ao patrão antes de deitar a cabeça para trás. Embora tivessem trabalhado na car­tilha boa parte da noite e a manhã inteirinha, sentia-se recom­pensada: no momento contavam com um conjunto de vinte e cinco ilustrações. Eram imagens de substantivos que co­meçavam com determinada letra do alfabeto, desenhos que Christopher havia feito com muito esmero. Só faltava o "Z".

— Zabumba, zebu, Zoológico... — Ela não conseguiu reprimir um bocejo.

— Quem diria que o "Z" iria ser mais difícil do que o "X"? — indagou Christopher com um sorriso.

— "Xícara" era meio óbvio, não? — Apoiando o queixo na mão fechada, permitiu-se admirá-lo por um instante. Ele tinha um sorriso lindo: descontraído, caloroso, brincalhão. E era excelente companhia. Se ao menos...

— "Z" de zapt! — resmungou Flip às costas deles. — Vi quando o sino da torre de St. Mary-le-Bow foi atingido por um raio: zapt! — Com o dedo, derrubou um dos soldadi­nhos perfilados sobre o tapete. — Zapt!

— E por que não? — Dulce tomou uma folha de pa­pel para anotar a onomatopéia. — Zapt... A cartilha é nossa, podemos usar a palavra que bem entendermos.

Curvando-se sobre a escrivaninha, Chistopher traçou uma li­nha em zigue-zague para simular um raio ao lado da pala­vra que ela escrevera, e os dois então tombaram a cabeça de lado enquanto examinavam a representação gráfica do termo sugerido por Flip.

— Gostei. E, como você bem lembrou, a cartilha é nossa. — Satisfeito com o resultado do empenho de ambos, despenteou a franja dela.

Incapaz de controlar o impulso, Dulce tentou se esqui­var. Embora surpreso, Christopher tratou de lembrar a si mesmo que não deveria tratar um rapazote com a sem-cerimônia com que tratava um menino com menos de dez anos de idade, e sim de igual para igual, como fazia com Collis ou Stubbs. Aliás, pensando bem, Diego era o tipo de aprendiz de que o clube precisava: jovem, instruído, sem vínculos familiares. Se ao menos conseguisse fazê-lo livrar-se daquela sensibili­dade mais adequada a mocinhas...

Quando entrou no clube, Christopher refletia acerca de suas opções. No momento, havia entre os Mentirosos somente duas pessoas que tinham trabalhado com Rupert Atwater. Uma delas era Simon, antigo espião mestre e atualmente seu cunhado, amicíssimo de Dalton, que ele não queria que se inteirasse dos planos que tinha em mente. E Kurt, que não proferiria palavra a menos que indagado diretamente por Dalton, não por uma questão de lealdade a ele, e sim por­que não era dado a falar sobre coisa alguma, fosse qual fosse o assunto.