Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

O sr. Buttan, camareiro que o sr.Uckermann providenciara para tomar as medidas de Dulce para o traje de baile, cum­primentou-a cordialmente e, sem deixar de sorrir, conduziu Denny para fora do quarto. Quando se viu a sós com ela, o impecavelmente vestido baixote encarou-a com um olhar irado.

— Quem é você, mocinha, e o que pretende com essa farsa? Aturdida, Dulce não sabia o que dizer.

— Por que esse espanto? — O sr. Button pôs-se a caminhar em volta dela. — Peito arredondado, cintura fina, pernas tor­neadas, olhos grandes, lábios carnudos, nariz pequenino... Será que o sr. Uckermann é cego?

Ainda tentando se recobrar do susto, ela permaneceu calada.

— Você deve ter passado por maus momentos, isso é evi­dente, mas ficará muito bonita quando tiver se livrado des­sa magreza e dessas olheiras. — Antes carrancudo, sentou-se no sofá com a expressão já bastante suavizada. — Você não é espiã, é? É apenas uma jovenzinha faminta que não tem para onde ir, não é verdade?

Dulce admirou-se um pouco mais ao vê-lo bater no assento do sofá para lhe dizer que fosse sentar-se ali.

— Como sabe tudo isso a meu respeito? — Apesar de tudo, foi se acomodar ao lado dele. — Quem é o senhor?

— Sou o camareiro de sir Simon Raines. E tenho vasta ex­periência em desmascarar mentirosos. — Riu-se da observa­ção. — Perdão. Mas, vamos, conte-me o que está se passando.

Ciente de que de nada adiantaria tentar ludibriá-lo, ela relatou sua saga, omitindo seu verdadeiro nome, evidente­mente, e o envolvimento dos homens de Napoleão naquela história. Pelo sim, pelo não, resolveu dizer que seu pai tinha morrido e que viera para Londres na esperança de encontrar guarida na casa do velho amigo de seu genitor, porém o po­bre homem também havia falecido. Por fim, contou da sra. Farquart, do baú de Bessie e que Flip descobrira que ela era mulher assim que a vira.

— Ah, com certeza, nosso Flip é mesmo muito sagaz... Mas, por favor, trate-me por Button, sim? — Continuando a surpreendê-la, narrou um par de peripécias do menino, en­tão a fitou por um momento. — Agora me convença de que não devo ir contar sua história ao sr. Uckermann neste exato instante. Afinal de contas, você já deve ter percebido que ele não se negaria a ajudá-la.

— Por favor, não faça isso. Há certas coisas de que o senhor ainda não sabe, coisas que ainda tenho de descobrir. Acho que alguém quer o meu mal e... Além do quê, às vezes Christopher é tão reservado... Se bem que, em outras oportunida­des, ele me trata com tanta gentileza que...

— Ah, entendi. Você está gostando do nosso Christopher.

— N-não! — Quase sem notar, ela se ergueu. — Quer dizer, sei que ele... que ele possui inúmeras qualidades, mas não... digo, não posso... eu... por favor, Button, não conte nada a ele.

Depois de refletir por um instante, o empertigado baixi­nho encarou-a com um ar solene.

— Você jura que não há outro motivo para estar aqui além do fato de precisar de um lugar onde se abrigar e não ter para onde ir?