Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

Na moradia do outro lado, porém, o resultado foi outro.

— Oh, sim, lembro-me perfeitamente bem dela — garantiu a senhora que atendeu à porta. — Acho que foi há uns quinze dias... Não, um mês. Ou será que já faz dois meses?

Ele sentiu o sorriso afrouxar. Oh, não. Por que certas pessoas tinham tanta dificuldade em memorizar detalhes?

Depois de uma hora e dois bules de chá, Cristopher já não sabia mais como responder à interminável lista de doen­ças entremeada por um sem-fim de contraditórios palpites políticos com que a senhora o presenteava.

— E do nome dela, a senhora não lembra?

— Ah, era um nome desses bem longos. Desdemona? Wilhelmina? Não, não, era Philomena, tenho certeza. Quer dizer, certeza, certeza não tenho. Mas acho que...

Ele enfim se animou. Philomena Saviñon. Hum. Fifi bem que podia ser o apelido carinhoso de uma menina chama­da Philomena. A verdade é que, alguém que não abreviasse aquele nome horroroso merecia um tiro.

— A senhora saberia dizer para onde ela possa ter ido? Ou algo que me ajude a localizá-la?

Ela tomou mais outro gole do chá intragável. Obrigando-se a respirar calma e profundamente, Cristopher levou a xícara dele aos lábios para fingir que fazia o mesmo. Aquela postura formal já começava a lhe dar dor no pescoço.

— A pobrezinha usava roupas bem gastas. Tão pálida e magrinha, coitada... Não digo que estivesse doente, mas era evidente que não tinha onde cair morta. — E concluiu o comentário com um eloqüente torcer de nariz.

Em resposta, ele assentiu com um desenxabido balançar de cabeça.

— Tive a impressão de que ela ficou bastante abatida quando lhe contei o que havia se passado com o pobre sr. Upkirk. Sabe?, parecia que ela não tinha para onde ir. Não sei, mas algo me diz que aquela moça não era boa companhia.

Cansado de esperar pela notícia que não vinha, christopher foi direto ao ponto:

— Essa jovem tinha cabelos acobreados?

— Ora, claro que tinha. Então não foi isso o que eu lhe disse?

Ele tentou dissimular a impaciência:

— Ah, é, tem razão. Bem, obrigado pelas informações. — Levantou-se e, ao vê-la indicar o bule de chá como a lhe oferecer outra xícara, deu uma desculpa e correu para a porta da rua.

Lá fora, a garoa caía envolta nó manto da neblina. O cli­ma de Londres às vezes lhe dava saudade de Lancashire. De repente, lembrou que era época de colheita: maçãs aqui, ma­çãs ali, malditas maçãs por todos os lados... e a saudade se foi num piscar de olhos.

Tomado por súbita satisfação consigo e com a vida em geral, partiu em direção à carruagem que o aguardava junto à esquina. Era jovem, estava vivo, morava em Londres, a maior cidade do planeta. E muito em breve iria descobrir o paradeiro de Fifi Saviñon.

Enquanto penteava os cabelos curtinhos com o pente de tartaruga fornecido por Denny com indisfarçável má vonta­de, Dulce olhou de relance para o terno em seu corpo, que Button enviara com o par de sapatos pretos recém-lustrados. O camareiro de lorde Raines cuidara de fazer com que o co­lete não só lhe caísse muito bem como também disfarçasse o volume de seus seios; no paletó, colocara enchimento nos ombros para que ela parecesse mais "máscula", e também deixara as calças mais folgada nos quadris a fim de dissimu­lar as curvas naturais de suas ancas.