Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

De fato, estava um rapazola bem apresentável. Ou melhor, extremamente elegante, se era para ser sincera.

Droga.

Por quanto tempo seria obrigada a prosseguir com aquela farsa? Um mês? Um ano? Para sempre? Metera-se numa bela de uma enrascada, isso sim. No entanto, precisava resguardar sua verdadeira identidade até que a ameaça representada por Napoleão se dissipasse. A despeito do recuo das forças france­sas para os Pirineus, o imperador continuava a exercer pode­rosa influência pelo Continente, e ela ainda corria perigo.

Obedecendo a um impulso, foi abrir a última gaveta da cômoda, onde guardara a valise com o livrete de registros e outros papéis do pai. Ufa. Estava tudo no lugar, exatamen­te como havia deixado. Se bem que, visivelmente enciumado com a presença dela na mansão, Denny não iria rebaixar-se a ir xeretar em seus pertences. Logo ele, que nem se dignava a entrar em seu quarto.

Com um suspiro, passou o dedo pelo símbolo na capa do caderno, a letra grega Fi, Seu pai a chamava assim nos momentos de ternura. Momentos em que...

Uma leve batida, seguida por rápido passar de unhas pela madeira entalhada da porta, levou-a a recolocar o caderno no lugar e fechar a gaveta prontamente.

— Entre, Flip.

A porta se entreabriu, e os olhos azuis do menino espreita­ram pela fresta.

— Está vestida?

— Estou. — Deu um rodopio, como se saias adejassem sobre suas pernas e seus cabelos, ainda compridos, estives­sem soltos. — Como estou?

Com uma expressão alarmada, Flip olhou rapidamente por cima do ombro antes de entrar e correr a fechar a porta.

— Não faça isso!

— Estamos a sós, não estamos? — Sorriu para ele. — Por mais que eu saiba por que não quero ser desmascarada, nem imagino por que você não quer que me desmascarem.

Enquanto enfiava o dedão do pé no carpete, o garoto deu de ombros. Ajoelhando diante dele, Dulce ergueu-lhe o rosto. Para sua surpresa, Flip não se esquivou, como costumava fazer quando o tocavam.

— Será que é porque você gosta um pouquinho de mim? O menino respondeu com um resmungo ininteligível.

— Bem, como não tenho orgulho masculino para preser­var, quero que saiba que eu gosto de você. — Indiferente ao vínculo das calças cuidadosamente passadas a ferro, sentou-se sobre os calcanhares. — Gosto muito. Se eu tivesse uma família, iria querer que você fizesse parte dela.

— Você pode ter uma família. É só casar-se com Christopher.