Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

— Prepare-se para aparar ou revidar um golpe. Bloqueie-me com sua esquerda.

Bem que Dulce tentou. Em vão. E, mesmo fracos, os gol­pes dele doíam. Que inferno.

— Bata em mim, Diego. — Os gritos vindos da platéia não o incomodavam. Diego precisava de todo o incentivo que pudesse angariar. — Gingue. Arrisque um swing... aquele, com o movimento giratório do braço. Se conseguir me acertar, pode descer do ringue.

Animada com essa perspectiva, ela entesou os ombros e levantou um pouco mais os braços.

— Vamos, Diego. Nunca teve vontade de socar alguém? Pois agora pode esmurrar à vontade e ainda sair impune. Solte-se, rapaz. — Ao ver o aio de Flip enrubescer e crispar os lábios, parou de saltitar e baixou os punhos. — Ah, Flip, desculp...

Disparando um primoroso gancho de esquerda, Dulce atingiu-o em cheio no queixo. Mais surpreso do que qualquer outra coisa, Christopher sentiu a língua comprimida pelos dentes e cambaleou de leve. O golpe fora tecnicamente perfeito, po­rém lhe faltara vigor. De qualquer modo, tinha de mostrar-se abalado. Mais do que força, Diego precisava desenvolver a autoconfiança.

Com isso em mente, virou o corpo como se perdesse o equilíbrio e deixou-se desabar no chão, estatelando-se no ta­blado. E já que estava caído, aproveitou para investigar todos os cantos da boca com a língua um pouco dormente. Ao ouvir Diego ofegar numa reação tipicamente feminina, por pouco não praguejou em voz baixa, mas, lembrando que devia fin­gir-se nocauteado, fechou os olhos e tratou de vituperar em pensamentos.

Dulce correu a se ajoelhar ao lado dele.

— Christopher? Você está bem? Eu o machuquei? Desculpe-me, sim? Quando me perguntou se eu nunca tinha sentido vonta­de de esmurrar alguém, pensei num patifezinho que quis se aproveitar de... Oh, Christopher, fale comigo!

O quê? Nenhum brado triunfante? Nada de fanfarronada? Abrindo um olho, deparou com Diego, branco como cera, curvado sobre ele com uma expressão aflita.

— Deigo? — Atento ao silêncio que pairava sobre as cadei­ras à volta do ringue, sentou-se e segurou com força no braço do rapazola. — Recomponha-se, homem de Deus, ou então nunca mais terá como entrar de cabeça erguida neste lugar.

— C-como? O que foi que eu fiz?

Christopher soltou um suspiro. Começar por pugilismo não tinha sido uma boa idéia.

— Venha, Diego. — Levantou-se. — Vamos até o vestiário. — Ao chegarem lá, fez Dulce sentar-se num banco longo e acomodou-se como se à garupa de um cavalo sobre o as­sento, com as pernas às laterais do móvel. — O que vou fazer com você, Diego Espinósa?

— E por que tem de fazer alguma coisa? Por que não posso ser como sou?

— Será que você não tem um pingo de ambição, rapaz? Nunca pensou em ser mais do que um simples preceptor? Nunca desejou viver aventuras? — Desanimado, fez um muxoxo. — Não, você não deve ser do tipo aventureiro.

Ela sentiu o sangue ferver. Além de fugir da Espanha e passar toda a sorte de privações, era obrigada a usar trajes horrorosos e desconfortáveis, a dançar com moças, a carregar seus embrulhos e a abrir portas. E ele ainda vinha pôr defeitos em sua capacidade de lidar com as adversidades?