Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

— Sem demora — murmurou para si, em seguida respirou fundo a fim de recuperar o fôlego e bateu de leve.

— Entre.

Ela o fez... e admirou-se de encontrar o aposento mer­gulhado na penumbra criada pelo fogo que ardia na lareira. Passando os olhos pelo aposento, viu então o par de pés cal­çados por botas diante da poltrona de espaldar alto que fora colocada em frente à fornalha.

— Queria falar comigo, senhor?

— Diego? — A voz dele era pouco mais do que um rosnar. — Não. Por quê?

Denny. O miserável sabia o quanto ela queria tomar aquele banho.

— O que houve, Diego?

Com a impressão de que Chistopher parecia ter certa dificul­dade para falar, Dulce aproximou-se. Esparramado na pol­trona, ele tinha um cálice quase vazio entre os dedos e uma garrafa de conhaque pela metade ao alcance da mão.

— Acho que Denny se enganou, senhor.

— Hum. Então pode ir.

Já prestes a dar meia-volta, ela mudou de idéia.

— Algum problema, senhor?

— Exceto o fato de minha dignidade ter se esvaído em sangue, não.

Dulce sentiu um arrepio ante aquela voz sombria, sem resquícios da vivacidade e do calor que sempre infundia. Desde que o conhecera no parque, tinha plena consciência da atração física que sentia por aquele homem. Naquele instante, porém, dava-se conta, pela primeira vez, de que gostava de Christopher. Da generosidade, da inteligência, do bom humor dele. Não que ele fosse uma ilimitada explosão de vida; às vezes, os belos olhos castanhos turvavam-se, como se fustigados por alguma lembrança dolorosa, algum pesar que era logo dissimulado.

Sabia que Christopher era órfão de pai e mãe e no momento não tinha compromisso com nenhuma dama em Londres, mas a irmã o amava verdadeiramente, e era evidente que ele tinha o respeito e a admiração dos companheiros de clube. No entanto, era como se houvesse algo a espreitá-lo. Algo que o mantinha em estado de alerta, que ocupava boa parte dos pensamentos dele, que o impedia de baixar a guarda até mes­mo com Flip.

— Se me permite...

— O quê, Diego?

— Será que posso perguntar o que quis dizer com sua dignidade ter se esvaído em sangue?

— Uma pessoa morreu.