Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

— Duvido. Você não tem mais do que oito ou nove anos de idade, logo é muito pouco provável que algum espião fosse lhe ensinar seja lá o que for.

Abandonando a batalha de vida ou morte que se desenro­lava sobre o tapete, Flip aprumou as costas para mirá-la com uma expressão ultrajada.

— Por que não? Sou tão bom quanto qualquer um do exército de Wellington. Foi Christopher quem disse.

— Oh, não se aflija, Flip, um dia você terá idade para ser um espião de verdade. — A culpa apoderou-se dela. Não era justo manipular uma criança inocente no propósito de obter informações. — Vamos mudar de assunto, está bem? O que acha de irmos até a cozinha e comermos um bom naco do bolo do chá?

Porém ele, obstinado sobrevivente que era, não aceitou a afrontosa sugestão.

— Entendo de espionagem, sim! E vou provar! — Erguendo-se de um pulo, desviou da cena de batalha que montara com todo o cuidado e foi até a escrivaninha de Cristopher, onde apanhou a primeira folha de um bloco de papel para escrever e agitá-la triunfantemente no ar. — Sei como ver a última coisa que foi escrita aqui. Duvida?

— Não. — Dulce também se levantou. — Venha, vamos comer um pedaço de bolo.

O desafio o deixara indiferente inclusive ao saboroso con­vite. Assim, Flip foi até a lareira e, ajoelhando-se dian­te da grelha repleta de carvão, enfiou a mão no interior da chaminé.

— O que está fazendo? — Contrariada, foi se colocar de joelhos ao lado dele. — Tire essa mão daí antes que se machuque.

Ele afinal obedeceu, mas só porque tinha que comprovar o que havia dito.

— Olhe. — Colocando a folha sobre o piso de pedra que circundava a lareira, passou suavemente a ponta dos dedos sujos de fuligem pelo papel.

Traços começaram a formar-se como que por encanto, assomando à superfície alva como uma espécie de gravação em relevo.

— São palavras! — Assombrada, aproximou o rosto da folha antes em branco. — Onde aprendeu esse truque?

— Foi Afonso que...

Ao vê-lo calar-se repentinamente, decerto arrependi­do do que deixara escapar, Dulce mordeu o lábio. Afonso , hum? Por acaso o mesmo Afonso que era casado com Anahí, a irmã de Crhistopher?

Apesar da indiscrição que cometera, Flip entregou-lhe o papel. Embora lesse e relesse o parágrafo que apare­cera do nada no alto da folha, ela não conseguiu entender patavina do que estava escrito.

— Não faz o menor sentido, Flip.

— Está do lado errado. Você tem de ler num espelho.

— Oh. — Cada vez mais intrigada, levou o papel até o espelho sobre a mesinha ao lado da poltrona, onde ajeitou a folha de modo a que pudesse ver a imagem refletida na superfície do vidro metalizado. Era a caligrafia de Christopher, com toda a certeza. "... como também não há como ignorar o fato de Saviñon ter sistematicamente fornecido informa­ções cruciais ao inimigo a partir dos nossos próprios despa­chos codificados. Assim sendo, creio que não nos resta outro recurso a não ser eliminá-lo."

— O que está escrito?