Fanfic: A espiã que me amava - vondy adap. (terminada) | Tema: romance e hot

— Por Deus, rapaz! Você não parece nada bem. Quer que eu chame um médico?

— Não, senhor, obrigado. Tive más notícias, só isso.

— No correio?

— Hum... é.

— Algum problema?

— Não. Foi algo de que me inteirei... Mas prefiro não falar disso, se não se importa.

— Posso ajudar de alguma maneira?

— Não. — Dulce afinal virou o rosto para encará-lo. — Não há nada que se possa fazer.

Christopher, surpreso com os olhos avermelhados do "aio", ar­rastou a cadeira da escrivaninha para perto da poltrona, sen­tando-se de frente para "ele". Gostava muito de Diego, sempre amável e sorridente, dono de um excelente temperamento que, além de perfeito contraponto à sua rabugice, de certo modo fizera daquela casa austera um lar. Mais do que o mes­tre de Flip, mais do que um grande companheiro, Diego começava a ser como um parente para ele.

— Já que não quer que eu o ajude, ao menos me permita dizer que você, um rapaz inteligente, ponderado, despachado e muito capaz, decerto irá descobrir dentro de si próprio a resposta para as agruras que estão a afligi-lo.

Ela não conseguiu reprimir uma risadinha irônica.

— Perdão, senhor, estou muito confuso. Agradeço suas palavras de encorajamento, mas acho que prefiro ficar sozi­nho. — Respirando fundo, passou o dorso da mão pelos olhos. — Se o senhor não se importa.

Apesar de saber que o que mais queria no momento era ajudar e confortar o bom amigo, Christopher anuiu e, pondo-se em pé, retirou-se do aposento sem nem ao menos imaginar que deixara para trás um poço cheio até as bordas de tórrida ira.

Tão logo a porta fechou-se, Dulce, incapaz de dominar a ira vulcânica em seu peito, pulou da poltrona. Como ele se atrevia a fitá-la com afeto e preocupação ao mesmo tempo que tramava para liquidar seu pai? Que tipo de monstro po­dia mostrar-se tão amável quando dar cabo das pessoas era só o que o lhe interessava?

Contendo a vontade de chorar, pôs-se a andar de um lado para outro. Bastava de lágrimas, por Deus! Tinha mais era que direcionar toda a raiva que lhe corroía as entranhas con­tra aquele homem diabólico e evitar que ele levasse a termo as maquinações que arquitetava. Tinha de lutar pela vida de seu pai. E pela sua.

Sua vida. Céus, o que o monstro não faria caso descobris­se sua verdadeira identidade? Ora, decerto mandaria eliminá-la também.

— Vou detê-lo, Christopher Uchermann — murmurou por entre os dentes. — Você não perde por esperar.

Mas como? Passara a noite toda trancada ali, sem saber se deveria esgueirar-se para bem longe daquela casa e do pe­rigo que pairava sobre sua cabeça ou se continuar na mansão e tentar encontrar alguma forma de ajudar seu pai. A decisão, porém, acabava de tomar corpo em sua mente: iria ficar, sim. Não só porque não queria recomeçar a fugir como também porque precisava tentar salvar Fernando Saviñon, seu adorado genitor, das garras do espião.

Serenada pela resolução, foi se sentar. Entretanto, não de­morou a se ver refém de nova aflição: como faria para ir em socorro de seu pai se não sabia onde ele se encontrava?

Mas Christopher sabe.