Fanfic: O tempo não apaga

Capitulo 5 – Quando tudo mudou

Alguns dias depois, Felipe recebeu alta também e chegou a recepção do hospital sentado em uma cadeira de rodas sendo empurrado por uma enfermeira.

- Felipe. – falou Beatriz e sorriu. – é tão bom te ver saindo desse hospital.

- é. Ainda bem que você ainda pode ver. – falou Felipe mal humorado.

- Felipe nao fala assim com a mamãe. – falou Malu.

- desculpa. mas estou revoltado. – falou Felipe. – a minha vida acabou. Agora eu não posso andar sozinho, vou precisar de uma baba para tudo. E o meu sonho de ser psicólogo já era.

- vem ca meu filho. – falou Beatriz o ajudando a se levantar da cadeira de rodas e em seguida deixou que ele se apoiasse em seu ombro.

- quer ajuda? – perguntou Roberto, pai de Felipe.

- não precisa. Eu consigo levar ele. – falou Beatriz.

Sendo assim, eles caminharam até o carro da família e Roberto pegou o filho nos braços para colocá-lo sentado no banco de trás do carro.

- estou me sentindo um inútil. – falou Felipe e Malu se sentou ao lado dele.

- Felipe é só uma questão de você se acostumar. – falou Malu. – logo você vai voltar a fazer tudo o que gosta normalmente.

- normalmente? Eu nunca mais vou poder ler um livro. – falou Felipe. – se eu precisar ler alguma coisa, vou precisar que alguém fique lendo para mim igual a uma criancinha de cinco aninhos que fica ouvindo historinhas. Quanto a minha faculdade, como vou fazer provas, anotações e continuar o meu curso? É impossível.

Beatriz estava com muita pena de seu filho e o pai começou a dirigir o carro.

Logo, eles chegaram em casa e Roberto pegou Felipe no colo novamente para ajudá-lo a sair do carro.

Então Beatriz o apoiou em seu ombro outra vez e eles caminharam para dentro da casa.

- para onde você quer ir? – perguntou Beatriz.

- para qualquer lugar. Não posso fazer nada mesmo. – falou Felipe.

- estamos perto do sofá. – falou Beatriz e ele sentou no sofá.

- que tédio. – falou Felipe. – não vou poder jogar videogame. Nem ver TV.

- Felipe você vai superar isso. – falou Malu.

- não eu não vou superar nada Malu. – falou Felipe. – você ouviu o que o médico disse para mim aquele dia na UTI. Eu nunca mais vou voltar a ver. Estou condenado a esta escuridão pelo resto de minha vida.

Geovana estava em casa, ainda deitada em sua cama e sem vontade de fazer nada.

Até que alguém bate na sua porta.

- quem é? – perguntou ela.

- sou eu Geovana. O Igor. – respondeu Igor do outro lado da porta.

- entra. – falou Geovana e logo viu ele entrando em seu quarto. Ela nem se importou com o fato de estar sem maquiagem.

- bom dia. – falou ele e sorriu.

- não tem nada de bom. – falou Geovana e ele parou de sorrir imediatamente.

- nossa que mau humor. – falou Igor.

- desculpa. – falou Geovana. – mas esta sendo muito difícil para mim.

- eu sei. – falou Igor e se aproximou da cama sentando-se mais para o final da cama. – mas você vai superar isso. logo você vai estar na faculdade de psicologia que tanto sonhou e enquanto não começam as aulas, você tem o conservatório de musica. Vai começar em alguns dias. Você já mandou a sua inscrição?

- eu não mandei a inscrição. Porque eu não vou mais. – falou Geovana e Igor a olhou.

- o que? Como assim não vai mais? – perguntou Igor.

- eu não tenho mais vontade de cantar. – falou Geovana. – não quero mais participar de concurso nenhum. Não quero ir para o conservatório. Nem para a faculdade de psicologia. Eu não quero mais nada.

- você não pode desistir dos seus sonhos assim. você acha que o Kevin iria querer isso? – perguntou Igor. – ele era o que mais te incentivava a correr atrás dos seus sonhos.

- eu já decidi Igor. – falou Geovana.

- é a sua decisão final? – perguntou Igor.

- é. – respondeu Geovana.

- eu quero terminar. – falou Igor sem pensar muito.

- o que? – perguntou Geovana.

- eu quero terminar. – repetiu Igor.

- faça o que você quiser. – falou Geovana com os olhos marejados.

- porque parece que você não ficou surpresa? – perguntou Igor.

- porque eu não fiquei. Você esta tão distante de mim ultimamente que eu já imaginava que isso fosse acontecer a qualquer momento. – falou Geovana. – eu só me pergunto o porque. Você não me ama mais?

- você quer a verdade? – perguntou Igor.

- sim. – falou Geovana. – eu acho que quando pedimos uma explicação estamos atrás da verdade não é?

- esta certo. – falou Igor. – quando começamos a namorar, eu amava mesmo você. só que eu conheci uma pessoa. E acabei me apaixonando por ela.

- isso faz quanto tempo? – perguntou Geovana.

- já faz alguns meses. – falou Igor.

- porque nunca me disse? Porque ainda estava comigo se gostava de outra pessoa? – perguntou Geovana deixando as lagrimas rolarem. – me responde Igor?

- eu estava com você por interesse. – admitiu Igor.

- interesse? – perguntou Geovana.

- é. Eu estava interessado no premio que você ia ganhar no conservatório de musica. – falou Igor. – eu ia te pedir ajuda para abrir a minha própria empresa e não precisar ficar dependendo do meu pai para tudo.

- não acredito que você fez isso comigo. – falou Geovana e se levantou da cama. – você é um safado. Estava me enganando esse tempo todo.

- desculpa. eu não queria te fazer sofrer. Achei que depois ia dar para sair dessa sem contar a você a verdade e sem te fazer sofrer muito. – falou Igor.

- não sei como fui me apaixonar por alguém como você. – falou Geovana. – você já terminou o nosso namoro então já pode ir embora. Sai daqui Igor.

- ta eu já estou indo. – falou Igor e saiu do quarto de Geovana.

A moça deitou em sua cama e desabou no choro.

- porque fez isso comigo Igor? Porque?

Enquanto isso, Felipe estava em sua casa e continuava sentado no sofá quando a campainha de sua casa tocou.

- eu abro. – falou Malu se levantando do sofá.

Assim que abriu a porta, ela viu Kelly, a namorada de Felipe, parada na porta e mandou a moça entrar.

- obrigada. – falou Kelly entrando na casa e logo viu Felipe sentado no sofá.

- eu vou deixar vocês dois conversarem. – falou Malu e subiu as escadas da casa.

- oi Felipe. – falou Kelly e sentou ao lado dele no sofá. Em seguida, ela deu um selinho nele.

- oi Kelly. – falou Felipe reconhecendo a voz de sua namorada.

- como você esta? – perguntou Kelly.

- péssimo. – respondeu Felipe e ele olhava para a frente, encarando o nada.

- porque não esta olhando para mim? – perguntou Kelly percebendo que alguma coisa estava errada.

- eu olharia se soubesse onde você esta. – falou Felipe.

- Felipe o que esta acontecendo? – perguntou Kelly preocupada. – como assim você olharia para mim se soubesse onde eu estou?

- eu estou cego Kelly. – falou Felipe e ela arregalou os olhos. – os vidros do carro atingiram os meus olhos durante o acidente e eu fiquei cego. Nunca mais vou voltar a ver.

- Felipe eu sinto muito. – falou Kelly e deixou algumas lagrimas rolarem. – eu não sabia, me desculpa.

- tudo bem. Você não tinha como saber. – falou Felipe.

- vamos dar um passeio pela praia? – perguntou Kelly.

- é sério isso? – perguntou Felipe. – eu não consigo ver nada, não consigo fazer nada sozinho.

- eu te ajudo. – falou Kelly.

- ta. vamos então. – falou Felipe. – mas não quero te incomodar e nem ser um peso para você.

- não fala isso Felipe. você nunca será um peso para mim. Eu te amo. – falou Kelly.

- eu também te amo. – falou Felipe e os dois se levantaram do sofá.

 Em seguida, Kelly deu a mão para ele e começou a andar sendo seguida por ele.

Os dois foram caminhando até a praia e logo já estavam la. E Felipe pode sentir o sol quente batendo em sua pele depois de tanto tempo.

- nossa. Fazia tempo que eu não sentia o calor do sol. – falou Felipe. – isso é tão bom.

- verdade. – falou Kelly.

- é tão estranho não poder ver mais nada. – falou Felipe. – estou sentindo falta de olhar para o seu sorriso.

- Felipe. – falou Kelly e ficou de frente para ele ainda segurando as mãos do rapaz. – eu te amo, mas não sei como agir com você.

- você vai terminar comigo? – perguntou Felipe.

- eu não sei como agir diante disso. – falou Kelly chorando.

- não faz isso. – falou Felipe começando a chorar também. – se você me ama, vamos lutar por esse amor.

- Isso não vai dar certo. Eu quero terminar Felipe. – falou Kelly.

- Você podia ter me dito isso em casa mesmo. – falou Felipe. - Viemos até aqui para isso?

- desculpa. – falou Kelly. – mas eu nunca iria saber como agir com você.

- claro. O ceguinho aqui não merece ser amado. – falou Felipe com raiva.  – você me ajuda a chegar em casa?

- claro. – falou Kelly e então os dois começaram a caminhar de volta para a casa de Felipe.

Geovana estava agora caminhando por uma rua, toda distraída quando esbarrou em alguém que ela não conhecia.

- Você não olha para onde anda? – perguntou Geovana para o rapaz.

- eu gostaria. O problema e que eu sou cego. – respondeu o rapaz. Era Felipe o rapaz em quem ela tinha esbarrado.

Ao ouvir o rapaz dizer que era cego, ela arregalou os olhos e ficou meio sem reação, mas logo disse:

- desculpa. eu  não sabia. – falou Geovana.

- tudo bem. Não tinha como você saber. – falou Felipe e ela ficou olhando para ele, admirada com a sua beleza.

- Vamos continuar Felipe? – perguntou Kelly que ainda segurava na mão dele.

- Vamos sim. – falou Felipe.

- tchau Felipe. – falou Geovana.

- tchau. – falou Felipe e continuou andando com Kelly.

- como ele é lindo. – falou Geovana e em seguida continuou andando meio sem rumo.

Depois de andar um bom tempo e esfriar a cabeça, ela voltou para casa e quando chegou la, viu Vinicius e Fernanda sentados no sofá da sala e Alice estava sentada no colo de Vinicius.

- Boa tarde. – falou Geovana e todos responderam boa tarde.

- viemos te ver amiga. – falou Fernanda. – esta melhor?

- não. Minha vida toda esta desmoronando. – falou Geovana. – quando eu penso que não pode piorar, piora.

- aconteceu mais alguma coisa? – perguntou Vinicius.

- o Igor terminou comigo. – falou Geovana.

- o que? – perguntou Vinicius. – ele brigava tanto comigo porque achava que eu estava interessado em você e agora ele termina o namoro? Esse cara é louco?

- ele estava comigo por interesse. – falou Geovana e novas lagrimas começaram a escorrer de seus olhos.

- como assim por interesse? – perguntou Vinicius.

- ele terminou comigo depois que eu contei a ele que estava desistindo de ir ao conservatório de musica. – falou Geovana. – ai eu perguntei porque ele queria terminar e ele disse que a alguns meses ele conheceu outra pessoa e se apaixonou.

- e porque ele estava com você se esta apaixonado por outra? – perguntou Fernanda.

- eu fiz essa mesma pergunta a ele. – falou Geovana. – e ai ele admitiu que estava comigo por interesse. Ele estava esperando eu ganhar o premio do concurso do conservatório de musica e ai ele ia me pedir ajuda para abrir uma empresa que fosse dele. Para ele não depender mais do pai dele para tudo.

- que sem vergonha. – falou Vinicius. – sempre soube que esse cara é um imbecil, mas não sabia que chegava a tanto.

- e o pior é que eu não consigo odiá-lo. Ainda o amo. – falou Geovana.

- isso passa. – falou Vinicius. – vai demorar um pouco, mas logo você supera. Você ainda vai conhecer alguém legal que te ame como você merece ser amada.

Geovana deu um sorrisinho para Vinicius.

- o Igor era mesmo um mala. – falou Alice e todos olharam para ela.

- até você achava isso dele? – perguntou Geovana surpresa.

- sim. Prefiro mil vezes o tio Vinicius. – falou Alice e eles riram.

- ai Alice só você mesmo para me fazer rir em uma situação dessas. – falou Geovana.

- rir é o melhor remédio. – falou Alice e sorriu.

- com certeza. – falou Geovana.

- onde você estava? – perguntou Fernanda.

- eu fui andar um pouco. Precisava respirar ar puro. – falou Geovana. – mas, não fui muito longe. Fiquei um tempo na pracinha e voltei.

- a sim. – falou Fernanda.

- eu paguei um mico hoje. – falou Geovana.

- o que aconteceu? – perguntou Vinicius.

- quando eu estava passando por uma rua, esbarrei em um rapaz e eu perguntei a ele se ele não olhava por onde anda? – falou Geovana. – e a resposta dele foi: eu gostaria, o problema é que eu sou cego.

- não acredito. – falou Fernanda de boca aberta.

- pois é. Eu pedi desculpa e disse que não sabia. – falou Geovana.  – achei que ele ia ficar bravo, mas ele até foi simpático.

- que bom né. – falou Vinicius.

- ele era lindo. – falou Geovana. – mas dava para se notar que ele estava sofrendo bastante por estar cego. Seus olhos estavam um pouco vermelhos. Parecia que ele tinha acabado de chorar.

- não deve ser nada fácil você estar acostumado a ver tudo e de repente ficar cego. – falou Vinicius.

- ele era lindo? Descreve o gato ai. – falou Fernanda.

- ai ninguém merece ter que ouvir vocês fofocando sobre garotos. – falou Vinicius.

Alice fez cara de tédio fazendo eles darem risada outra vez.

- ele tem pele clara, olhos verdes, cabelo preto e é um pouco musculoso. – falou Geovana.

- tipo o Vinicius? – perguntou Fernanda.

- é. – falou Geovana.

- quer dizer que eu sou gostoso? – perguntou Vinicius rindo.

- eu não disse isso. – falou Fernanda ficando vermelha fazendo todos darem risada. – eu disse que você é musculoso.

- eu entendi Fernanda. – falou Vinicius. – eu estava brincando, relaxa.

- seu bobo. – falou Fernanda ainda com vergonha.

- vocês dois são fofos juntos. – falou Alice para Vinicius e Fernanda. – vocês formariam um lindo casal.

- Alice. – falou Fernanda ficando com mais vergonha ainda. – não viaja. Eu e o Vinicius somos só amigos.

- é. Só amigos. – falou Vinicius.

Felipe chegou em casa junto com Kelly e então disse:

- obrigado por me trazer. Agora você já pode ir para a sua casa. Esta livre desse peso aqui.

-  desculpa mesmo Felipe. Eu não queria te magoar assim. – falou Kelly.

- mas já magoou. – falou Felipe. – o que esta feito, esta feito. Desejo que você seja muito feliz e encontre alguém melhor do que eu.

- também quero que você seja muito feliz. – falou Kelly.

- impossível. – falou Felipe.

- nada é impossível. – falou Kelly e saiu da casa de Felipe chorando.

Malu chegou na sala bem nessa hora e quando viu Felipe de pé, ficou surpresa.

- esta tentando andar? – perguntou Malu sorrindo. – é bom ver que já esta tentando superar as barreiras.

- não estou tentando superar barreira nenhuma Malu. – falou Felipe. – eu fui dar um passeio na praia.

- o que? Como? – perguntou Malu.

- viu só? Até você duvida que eu consiga fazer alguma coisa sozinho. – falou Felipe.

- não estou duvidando da sua capacidade Felipe. Mas é que você acabou de descobrir que esta cego e a praia é um pouquinho longe. – falou Malu.

- eu não fui sozinho. – falou Felipe seus olhos já se encheram de lagrimas. – fui com a Kelly.

- Que bom que aceitou ir passear um pouco. – falou Malu.

- é. Foi bom sentir o calor do sol depois de tanto tempo preso naquele hospital. – falou Felipe.

- mas, porque esta chorando? – perguntou Malu.

- a Kelly terminou comigo. – falou Felipe.

- o que? – perguntou Malu surpresa. – porque ela fez isso?

- ela disse que não sabia como agir comigo. – falou Felipe. – ela terminou comigo porque eu fiquei cego. Estou falando, minha vida acabou.

- a sua vida não acabou porque essa garota terminou com você. – falou Malu. – você vai encontrar uma moça que te ame de verdade, como você merece. A Kelly é muito burra. Ela não sabe o rapaz incrível que esta perdendo.

- incrível?  - perguntou Felipe.

- claro que sim. Você é o melhor irmão do mundo. – falou Malu.

- obrigado Malu. – falou Felipe e sorriu, mas logo ficou sério de novo. – mas, eu não posso fazer mais nada sozinho. Nada do que costumava fazer.

- isso é o que você pensa. – falou Malu. – eu fiz umas pesquisas sobre cegos e como eles fazem para estudar ou fazer atividades comuns do dia a dia. E é possível sim você continuar fazendo a sua faculdade, se formar em psicologia e exercer a sua profissão.

- e como eu vou fazer isso? – perguntou Felipe.

- Você pode assistir as aulas normalmente e fazer as anotações já que é bem possível escrever sem enxergar. Você escreve a sua vida inteira. Da para fazer isso sem olhar. – falou Malu. – para estudar, eu leio as suas anotações até você conseguir aprender tudo e ir bem nas provas. E quanto a prova, você pode fazer prova oral.  É possível estudar mesmo sendo cego Felipe. Nem tudo esta perdido. Vai ser mais difícil, mas não é impossível.

- eu não tinha pensado em nada disso. – falou Felipe.

- nem eu. Pesquise sobre o assunto na internet. – falou Malu. – quanto a se locomover, vai ser bem difícil no começo e você vai precisar de ajuda, mas com o tempo você vai aprendendo e vai se acostumando.

- obrigado pela força que esta me dando Malu. – falou Felipe. – não sei o que seria de mim sem você.

- de nada. – falou Malu e o abraçou. – você é meu irmãozinho, sempre estarei ao seu lado para o que você precisar. Eu te amo.

- eu também te amo Malu. – falou Felipe e eles terminaram o abraço.

comentem o que stao achando da historia. gostaria de saber a opiniao de vocês. beijinhos, boa anoite  ate amanhã :)