Fanfic: O tempo não apaga

Capitulo  11 - Primeiro dia de trabalho

Geovana acordou com seu celular tocando e logo desligou o despertador enquanto abria os olhos com um pouco de dificuldade.

As férias tinham acabado e agora, começariam as aulas da faculdade e Geovana finalmente iria começar a trabalhar em seu novo emprego.

Ela levantou de sua cama agora mais animada e foi para a frente do guarda-roupa escolher o que ia vestir no seu primeiro dia de trabalho.

Quando já tinha decidido com que roupa ia, ela escovou os dentes, arrumou o cabelo, fez sua maquiagem e trocou de roupa.

Em seguida, ela desceu as escadas de sua casa e encontrou sua família reunida ao redor da mesa do café da manhã.

- bom dia família. – falou ela super animada.

- Bom dia filha. – falaram Daniel e Gabriela ao mesmo tempo e os dois também estavam sorrindo.

- bom dia Geovana. – falou Alice sorrindo. – você esta bonita hoje.

- obrigada sua linda. – falou Geovana.

- você vai sair hoje? – perguntou Alice.

- Vou sair sim. Hoje eu começo a trabalhar no meu novo emprego. – falou Geovana.

- é verdade. – falou Alice se lembrando. – que legal.

- tomara que de tudo certo por la hoje. – falou Gabriela.

- é. Tomara que o Felipe seja legal. – falou Geovana.

- quem é Felipe? – perguntou Alice. – é o nome do menino que você vai cuidar?

- na verdade ele já é um rapaz e tem a minha idade. – falou Geovana.

- ele já não esta meio velhinho para precisar de baba? – perguntou Alice fazendo uma carinha confusa e todos riram.

- é ele esta. Mas vou ser tipo uma enfermeira. Só que eu sou vou cuidar dele. Ele é cego e por isso precisa de ajuda.  Falou Geovana.

- a agora eu entendi. – falou Alice e eles começaram a tomar o café da manhã juntos.

- humm esse bolo esta uma delicia. – falou Geovana saboreando o bolo de chocolate que sua mãe tinha feito na noite anterior.

- verdade. o bolo de chocolate da mamãe é o melhor do mundo. – falou Alice sorrindo.

- obrigado meninas. – falou Gabriela sorrindo e Geovana se levantou da mesa.

- já esta na hora. – falou Geovana.

- mas já filha? – perguntou Daniel.

- já sim pai. Não quero chegar atrasada para o primeiro dia de trabalho. – falou Geovana.

- então ta. boa sorte. – falou Daniel e sorriu.

- boa sorte filha. – falou Gabriela sorrindo.

- boa sorte irmãzinha. – falou Alice.

- obrigada. – falou Geovana sorrindo e os abraçou, um de cada vez.

Em seguida, ela saiu de sua casa, foi até a garagem e então entrou em seu carro.

Enquanto isso, Vinicius estava terminando de tomar o café da manhã e seu pai já estava de pé ao lado da mesa terminando de fechar os botões do seu terno.

A mãe do rapaz se levantou da mesa também e disse:

- terminei meu café. Vamos?

- Vamos. – falou André e olhou para Vinicius. – filho nós vamos indo para o escritório. Hoje vai ter um julgamento e acho que chegaremos um pouco mais tarde em casa.

- é hoje o dia promete. – falou Marcela.

- ta vão la. eu me viro por aqui. – falou Vinicius sorrindo.

- tem comida congelada no freezer. – falou Marcela.

- ou tem o bom e velho microondas. – falou Vinicius e eles riram.

- então ta. já vimos que você vai ficar bem. – falou André e foi até o filho abraçando-o em seguida. – tchau filho. se cuida.

- eu vou me cuidar. – falou Vinicius.

- tchau meu amor. – falou Marcela o abraçando assim que André o soltou. – eu te amo.

- tchau mãe. Também te amo. – falou Vinicius sorrindo e os dois sairam da casa de mãos dadas.

O rapaz terminou seu café da manhã e resolveu sair para dar uma volta.

Sendo assim, ele pegou seu celular que estava em cima do sofá e saiu de casa decidido a ir caminhar pela praia já que estava um dia muito bonito. O céu estava bem azul, sem nenhuma nuvem e o sol estava bem quente. Também estava ventando um pouco, o que aliviava um pouco o calor.

Ele foi andando mesmo até a praia e chegando la, ele continuou caminhando pela areia meio sem rumo e todo distraído ouvindo musicas em seus fones de ouvido até que esbarrou em alguém.

- desculpa. – falaram os dois ao mesmo tempo e em seguida se olharam.

- Fernanda. – falou Vinicius e sorriu tirando os fones do ouvido. – desculpa ter esbarrado em você. eu estava distraído com a musica.

- esta tudo bem. – falou Fernanda. – eu também estava toda distraída com a minha corrida.

- e ai esta preparada para o primeiro dia de faculdade? – perguntou Vinicius.

- estou preparada, mas também estou com um pouquinho de medo. – falou Fernanda.

- medo? – perguntou Vinicius.

- é. Medo. É que no primeiro dia de aula na faculdade, sempre tem os trotes. – falou Fernanda. – e eu não quero passar vergonha na frente de um monte de desconhecidos.

- relaxa. Só vão fazer uma brincadeirinha. – falou Vinicius. – se é que essas coisas acontecem mesmo. afinal isso é coisa de filme. Não sei se acontece na vida real.

- tomara que não aconteça. – falou Fernanda.

- Vamos nadar? – perguntou Vinicius.

- Vamos. – falou Fernanda sorrindo e Vinicius tirou a blusa.

Ela ficou olhando discretamente para o corpo do rapaz e achou que ele não estava vendo, mas pelo canto do olho, ele pode perceber o olhar da garota nele.

Ela tirou a roupa que estava usando por cima do biquíni e os dois correram até o mar, pulando em seguida.

Os dois começaram a brincar de jogar água um no outro e estavam rindo muito até que Fernanda escorregou e Vinicius a segurou impedindo que ela caísse.

E isso fez com que os dois ficassem com os rostos bem próximos.

- você esta bem? – perguntou Vinicius e ela não conseguia tirar os olhos dele.

O rapaz percebeu que ela desviou o olhar por um segundo para a boca dele e depois voltou a olhar nos olhos dele.

- estou ótima. – falou ela e sorriu. – obrigada por não me deixar cair.

- de nada. – falou Vinicius e sorriu.

Em seguida, ele a soltou deixando-a em pé na água e os dois saíram do mar.

 - vamos tomar um suco? – perguntou Fernanda.

- vamos la. – falou Vinicius e os dois foram até um quiosque na praia para comprarem os sucos.

Vinicius pagou pelos dois sucos e os dois sentaram em uma das mesas do quiosque.

- porque você pagou os dois sucos? – perguntou Fernanda.

- porque eu estou bonzinho hoje. – falou Vinicius.

Ela sorriu e os dois começaram a tomar os sucos.

Enquanto isso, Geovana chegou a casa de Malu, olhou para a porta respirando fundo e em seguida tocou a campainha.

Não demorou muito para que alguém abrisse a porta e logo Geovana pode ver Malu.

- oi Geovana. – falou Malu sorrindo e abraçou a amiga.

- oi Malu. – falou Geovana sorrindo.

- entra. – falou Malu dando espaço para que Geovana entrasse e a moça entrou. – pode ficar a vontade. O Felipe esta aqui no sofá.

- ta. – falou Geovana e as duas se aproximaram do rapaz que continuou olhando para frente, para onde não tinha nada.

Geovana arregalou os olhos ao ver que Felipe era o rapaz com quem ela tinha esbarrado na rua naquele dia.

- esta tudo bem? – perguntou Malu a Geovana.

- tudo ótimo. – falou Geovana e sorriu.

- Felipe a Geovana esta aqui. – falou Malu.

- que ótimo. já chegou a minha baba. – falou Felipe mau humorado.

- Felipe não faz assim. – falou Malu e olhou para Geovana. – desculpa. ele costumava ser um amor de pessoa, mas as circunstancias o deixaram assim. Ele é um pouco grosso as vezes, mas não faz por mal.

- tudo bem. – falou Geovana.

- eu tenho que ir trabalhar. Felipe colabora por favor. – falou Malu e deu um beijo no rosto dele. – ela só esta aqui para te ajudar. Te amo.

- também te amo. – falou Felipe.

- tchau Geovana. Boa sorte. – falou Malu.

- obrigada. – falou Geovana e Malu foi trabalhar.

Geovana olhou para Felipe sem saber ao certo o que fazer e então resolveu perguntar:

- o que eu faço?

- senta ai. – falou Felipe. – só vou precisar de você quando precisar sair daqui. E eu não pretendo fazer isso tão cedo.

- você fica o dia todo sentado aqui? – perguntou Geovana e sentou ao lado dele.

- fico. Pelo seu tom de voz parece que ficou surpresa. – falou Felipe.

- realmente. – falou Geovana. – não sei quantos anos você tem, mas parece ser bem jovem. você devia aproveitar a sua vida.

- aproveitar a minha vida? – perguntou Felipe em tom de deboche e ele continuava olhando para a frente. – você já percebeu que eu sou cego? Aliás você só esta aqui por causa desse detalhe. Eu não tenho como aproveitar a vida. a minha vida acabou.

- a sua vida não acabou. Você só tem que descobrir como aproveitar a sua vida com a sua nova condição. – falou Geovana.

- falar é fácil. – falou Felipe. – minha irmã pelo visto arrumou uma garota imatura que não sabe nada da vida para cuidar de mim. Quantos anos você tem?

- eu tenho dezessete. – falou Geovana. – e eu não sou imatura.

- é. Colocaram uma pirralha para cuidar de mim. – falou Felipe.

- pirralha? – falou Geovana sem conseguir acreditar que estava mesmo ouvindo aquilo. – e quantos anos você tem para vir me chamar de pirralha?

- eu tenho dezoito. – falou Felipe.

- um ano a mais que eu. – falou Geovana. – isso não te torna muito mais maduro assim. E tentar ver o lado bom das coisas não é ser uma pessoa imatura. Você é muito arrogante sabia?

- jura? – falou Felipe. – você queria que eu estivesse como? Rindo?

- é melhor tentar arrumar motivos para sorrir do que sentir pena de si mesmo. – falou Geovana. – desculpa se estou sendo muito sincera mas eu estou vendo aqui na minha frente um menino mimado que precisa ouvir umas verdades.

- menino mimado? – falou Felipe. – fala sério. eu mimado. Você é muito abusada.

- e você é muito chato. – falou Geovana.

- e você não sabe como é difícil passar pelo que eu estou passando. – falou Felipe. – você não sabe como é difícil ter a vida que sempre sonhou e de repente ver tudo desaparecer por uma tragédia que aconteceu em sua vida e que a culpa nem foi sua.

- eu sei sim. Sei exatamente como se sente. – falou Geovana com a voz mais calma e ele virou a cabeça na direção dela mesmo sabendo que não veria nada.

- como você pode saber? – perguntou ele agora com a voz calma. – só uma pessoa cega ou que já foi cega um dia pode saber pelo que eu estou passando.

- eu não fiquei cega. Mas a vida me golpeou de uma outra maneira. – falou Geovana. – e foi terrível.

- o que aconteceu? – perguntou Felipe.

- a um mês atrás, eu, meu irmão e alguns amigos estávamos em uma festa comemorando o fim das aulas. – falou Geovana. – quando saímos da festa, nos dividimos em dois carros e o carro em que eu estava bateu com outro carro no cruzamento de um sinaleiro. O carro capotou varias vezes. Uma das minhas amigas morreu na hora.

- sinto muito. – falou Felipe e uma lagrima escorreu pelo rosto de Geovana.

- a namorada do meu irmão não se machucou. Parece que ela levou sorte. Um outro amigo teve ferimentos leves e esta bem agora. Eu fiquei em coma por uma noite. E o meu irmão ficou em coma por um mês antes de morrer. – falou Geovava e começou a chorar.

- você esta chorando? – perguntou Felipe.

- estou. É muito triste me lembrar disso. – falou Geovana.

- então porque esta me contando isso? – perguntou Felipe. – se isso te faz ficar triste, você devia não tentar lembrar daquela noite.

- tem coisas que nem o tempo apaga da nossa vida. – falou Geovana se acalmando. - mas, eu estou te contando isso porque quero te mostrar que você não é o único que se sente assim.

- eu sinto muito pelo que aconteceu com o seu irmão. Com todos vocês. – falou Felipe. – depois que eu sofri esse acidente, nunca parei para pensar que existem mais pessoas passando pelo mesmo que eu ou até por coisas piores.

- pois é. – falou Geovana. – eu sei como se sente. Sei como é essa revolta que você esta sentindo. Sei que todos os dias você deve se perguntar porque isso tinha que acontecer com você. eu não tinha vontade de fazer mais nada depois que o Kevin se foi. Mas meus amigos me fizeram perceber que nada ia trazê-lo de volta e que eu precisava continuar vivendo. E que o Kevin ia querer que eu fosse feliz. E aqui estou eu. Tentando dar um jeito na minha vida.

- é sério. ainda bem que você esta me dizendo todas essas coisas. – falou Felipe. – já estou até sentindo vontade de pular desse sofá e sair correndo. apesar de saber que eu cairei quando fizer isso. você esta me fazendo enxergar coisas que eu não consegui ver sozinho.

- pois é Felipe. O tempo não apaga o caminho que já foi traçado. O tempo não apaga as escolhas que já foram feitas. Mas nunca é tarde para começar a escrever uma nova chance de ser feliz. – falou Geovana.

- que bonito isso. – falou Felipe e sorriu.

- olha um sorriso. – falou Geovana e sorriu. – você sabe sorrir afinal.

- é eu sei sim. – falou Felipe ainda sorrindo.

- ta. eu abri meu coração para você. agora é a sua vez. – falou Geovana. – qual é a sua historia?

- tudo aconteceu depois de um acidente de carro. – falou Felipe com a cabeça baixa e ela o olhava. – eu estava na casa de um amigo. As aulas tinham terminado um dia antes e quando vim embora, um bêbado passou no sinal vermelho e eu bati em cheio no carro dele. Alguns estilhaços do vidro bateram contra os meus olhos e é por isso que eu fiquei cego.  

- eu sinto muito. – falou Geovana. – Felipe você disse que esse acidente foi um dia depois do termino das aulas?

- é. Foi o que eu disse. – falou Felipe. – porque?

- onde foi o seu acidente? – perguntou Geovana.

- foi no cruzamento de uma rua perto da faculdade por volta das duas da manhã. – falou Felipe.

- não pode ser. – falou Geovana e colocou a mão sobre a boca, mas logo a abaixou.

- o que foi Geovana? O que não pode ser? – falou Felipe.

- estamos falando do mesmo acidente. – falou Geovana. – você estava no outro carro no dia do acidente.

- o que? Quer dizer que você estava no carro que causou o acidente que me deixou cego? – perguntou Felipe.

- estava. – falou Gevana.

- porque vocês furaram o sinal? – perguntou Felipe.

- não sabíamos que o Fred estava bêbado. – falou Geovana. – não dava para perceber.

- como esse mundo parece pequeno as vezes. – falou Felipe. – quem diria que alguém que estava envolvido no acidente iria virar a minha enfermeira.

- pois é. – falou Geovana. – quer ouvir outra coincidência louca?

- quero. –falou Felipe.

- a alguns dias atrás, você esbarrou em uma garota que te mandou olhar por onde andava. E então você disse que gostaria. O problema é que você era cego. – falou Geovana.

- como você sabe disse? – perguntou Felipe e então pensou um pouco entendendo o que ela queria dizer. – fala sério. era você?

- era. – falou Geovana.

- parece que o destino estava tentando nos unir de alguma forma. – falou Felipe.

- verdade. – falou Geovana. – quem é aquela moça bonita que estava com você?

- é a Kelly. Minha ex namorada. – falou Felipe.

- ex? eu sinto muito. – falou Geovana.

- eu quero esquecer que um dia essa garota apareceu na minha vida. – falou Felipe. – adivinha porque ela terminou comigo?

- eu não faço idéia. – falou Geovana. – pode ser por tantos motivos.

 - ela terminou comigo porque eu fiquei cego. – falou Felipe e Geovana o olhou surpresa.

- ela fez isso mesmo? – perguntou Geovana.

- fez. – respondeu Felipe. – ela me disse que não sabia como agir comigo. E isso me fez sentir pior do que já estou.

- essa garota é uma sem noção. – falou Geovana. – como ela pode fazer isso com você?

- é preferível que ela seja sincera ao invés de ficar comigo por pena. – falou Felipe. – mas, o que doeu mais é que ela estava chorando. Ela ainda me ama, mas nem quis saber de lutar pelo nosso amor. eu sei que não deve ser fácil ficar com uma pessoa cega, mas quando se há amor, as dificuldades podem ser superadas. Eu acredito nisso e eu não a teria deixado se a história fosse o contrario.

- essa garota é uma burra e não tem coração. – falou Geovana. – muitas pessoas são assim. Muitas pessoas fazem certas coisas pensando em si próprios e nem se importam com o fato de estarem magoando alguém. Infelizmente.

 - e você? já teve alguma desilusão amorosa? – perguntou Felipe.

- com certeza. Quem nunca. – falou Geovana. – aliás, minha vida esta se tornando um poço de decepções ultimamente.

- hei cadê a garota positiva que estava aqui até agora a pouco? – perguntou Felipe.

- eu disse que penso igual a você. só não deixo isso ser mais importante na minha vida. – falou Geovana.

- o que aconteceu? – perguntou Felipe.

- minhas desilusões também foram conseqüências do acidente. – falou Geovana.

- mais uma coincidência. – falou Felipe.

- verdade. – falou Geovana. – então, depois que o Kevin morreu, eu não tinha vontade de fazer mais nada. e acabei desistindo de um grande sonho. Meus amigos tentaram me convencer a não fazer isso, mas não conseguiram.

- qual era o sonho? – perguntou Felipe.

- a musica. – falou Geovana. – eu gosto muito de cantar e dançar. Ou gostava eu nem sei mais. Mas enfim, eu ia me apresentar em um concurso de musica em um conservatório e ia concorrer a um grande premio. E eu desisti. E quando meu até então namorado descobriu que eu desisti, ele terminou comigo. E admitiu que estava comigo por interesse. Ele queria o premio para abrir sua própria empresa.

- que imbecil. – falou Felipe. – não consigo entender como pode existir pessoas assim.

- é eu também gostaria de entender. – falou Geovana.

- e o pior é que mesmo ela tendo terminado comigo dessa maneira, eu não consigo tirar ela da minha cabeça e do meu coração.  – falou Felipe.

- sei bem como é. – falou Geovana. – o Igor também não sai do meu coração. E eu devia ter desencantado dele depois do que ele me fez.

Os dois passaram a tarde toda conversando e o papo entre os dois estava tão agradável que eles nem viram a hora passar.

Quando Geovana olhou para o seu celular, viu que já era seis horas e então disse:

- nossa já são seis horas. Como a hora voa.

- nossa verdade. nem vi a hora passar. Estava tão bom ficar aqui conversando com você. – falou Felipe. – daqui a pouco a Malu esta chegando. Ela tem faculdade.

- eu também tenho que ir para a faculdade. – falou Geovana.

- é eu também. – falou Felipe. – Geovana antes de você ir. Você poderia me ajudar a chegar no meu quarto para eu tomar banho?

- claro que sim. – falou Geovana e ele se levantou do sofá.

Em seguida, ela pegou na mão dele e os dois começaram a caminhar na direção do quarto de mãos dadas.

- vai começar a escada. – falou ela quando eles chegaram na escada.

Então, os dois subiram as escadas sem nenhum acidente e logo já estavam no quarto dele.

- a Malu já separou a roupa que você vai usar hoje. – falou Geovana. – esta em cima de sua cama.

- ela me disse que  ia separar. Você me ajuda a chegar até o banheiro? – perguntou Felipe.

- ajudo sim. – falou Geovana e pegou na mão dele outra vez.

Em seguida, ela pegou as roupas que estavam em cima da cama e o guiou até o banheiro deixando as roupas dele penduradas no suporte de toalha e depois ela o colocou dentro do Box onde ficava o chuveiro.

- agora eu vou sair para você poder tirara a roupa e tomar banho. – falou Geovana. – estarei te esperando do lado de fora. As suas roupas estão penduradas no suporte das toalhas.

- ta, obrigada Geovana. – falou Felipe.

- de nada. – falou Geovana e em seguida, ela saiu do banheiro.

Logo ela ouviu o chuveiro sendo ligado e enquanto Felipe tomava banho, algumas fotos do rapaz lhe chamaram a atenção.

Na parede, tinha um mural de fotos e no mural, tinham varias fotos de Felipe com Malu e a família deles. Tinha fotos de Felipe com alguns amigos e também tinha uma foto dele com Kelly. E em todas as fotos ele estava sorrindo e parecendo estar muito feliz.

Alguns minutos depois, ela escutou o chuveiro sendo desligado e não demorou muito para que Felipe a chamasse dizendo que já estava pronto para sair do banheiro.

- você já esta vestido? – perguntou Geovana.

- já. – respondeu Felipe e ela então entrou no banheiro outra vez.

Em seguida, ela pegou na mão do rapaz e o conduziu até o quarto novamente.

- ser cego é uma droga. – falou ele sentando na cama. – eu não consigo fazer nada sozinho. Tudo o que eu queria nesse momento era ao menos conseguir ir ao banheiro sem precisar que alguém me acompanhasse até a porta.

- talvez isso seja possível. – falou Geovana. - você só tem que se acostumar com a casa e aprender a andar por ela. Contar os passos pode ajudar.

- como assim?  - Perguntou Felipe.

- bom, agora você esta perto da sua cama. Levanta. – falou Geovana e ele se levantou.

Em seguida, ela pegou na mão dele e então disse:

- você tem que contar quantos passos vai levar para chegar onde precisa. – falou Geovana e os dois começaram a caminhar na direção da porta enquanto ela contava os passos. – um, dois, três, quatro, cinco, seis. Viu? Foram seis passos e você chegou no corredor. Já esta fora de seu quarto.

- isso é interessante. – falou Felipe e sorriu. – se eu decorar a quantia de passos, poderei me locomover dentro da casa sem precisar de ajuda o tempo todo.

- é isso ai. – falou Geovana sorrindo. – vamos continuar. Agora vamos contar quantos passos são para chegar da porta do seu quarto até a escada, caminhando pelo corredor.

- ta. – falou Felipe e eles começaram a caminhar enquanto contavam os passos. – foram doze.

- isso ai. Agora, vamos descer as  escadas. É só contar quantos degraus são e ai não vai acabar caindo. – falou Geovana e os dois desceram as escadas juntos contando os degraus. – foram quatorze. E já estamos na sala outra vez.

- isso é muito bom. – falou Felipe ainda sorrindo. – você é um gênio.

- que bom que esta feliz. – falou Geovana sorrindo. – é só treinar um pouco essa técnica e você poderá fazer algumas coisas sozinho.

- eu acho que você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. – falou Felipe e Malu entrou na casa.

- eu ouvi bem? – perguntou Malu parecendo estar surpresa. – o Felipe disse que você foi a melhor coisa que aconteceu na vida dele?

- foi isso mesmo que eu disse. – falou Felipe.

- você esta sorrindo. – falou Malu e sorriu. – eu senti falta desse sorriso.

- é eu também sentia falta de ter um motivo para sorrir. – falou Felipe.

- e o que te fez sorrir? – perguntou Malu.

- a Geovana esta me ensinando uma técnica incrível para eu poder andar pela casa sozinho sem tropeçar, cair e me machucar. – falou Felipe. – é incrível. Se eu treinar, poderei andar pela casa sem precisar de ajuda o tempo todo.

- como é bom te ver empolgado com alguma coisa novamente. – falou Malu sorrindo e então olhou para Geovana. – você foi um anjo que entrou na vida do Felipe.

- sério? – perguntou Geovana.

- sério. olha só para ele. Hoje de manhã estava todo mau humorado e agora esta sorrindo e empolgado em aprender uma técnica para se adaptar a sua nova condição. – falou Malu sorrindo. – você conseguiu muita coisa em um dia. Conseguiu resultados que nós não conseguimos desde que isso aconteceu.

- com jeitinho, da para se dar um jeito. – falou Geovana. – só não podemos desistir diante da primeira dificuldade que tivermos.

- a grande verdade é que a Geovana foi firme comigo. – falou Felipe. – ela me disse umas boas verdades que eu estava precisando ouvir. e me fez perceber que eu estou mal, mas não sou o único. E podem ter pessoas que ainda estão em uma situação pior do que eu.

- pois é Felipe. – falou Malu. – quando você achar que tudo esta péssimo, lembre-se que tem pessoas em situações piores e as vezes essas pessoas estão mais otimistas e confiantes.

- é pois é. – falou Felipe.

- gente eu tenho que ir. – falou Geovana. – tenho que ir para a faculdade.

- é nós também temos que ir. – falou Malu.

- faculdade. Vai ser outro sofrimento. – falou Felipe.

- para tudo se tem um jeito Felipe. – falou Geovana e o abraçou rapidamente. – tchau. Até amanhã.

- até amanhã Geovana. – falou Felipe e sorriu. – obrigado por tudo.

- de nada. – falou Geovana.

- Tchau Ge. Obrigada por tudo. – falou Malu e abraçou a amiga rapidamente.

- de nada. até amanha. – falou Geovana.

- até amanhã. – falou Malu sorrindo e Geovana foi embora.

 Continua...