Fanfic: Entre o Amor e a Vingança

Jamais te falei de meu pai — adicionou de repente—. Era só dois anos mais velho que minha mãe, um astuto homem de negócios com bom olho, segundo diziam. Não tinha nada que ele não fora capaz de fazer para conseguir dinheiro. Estava decidido a morrer sendo um homem rico. Vc não está compreendendo por que eu estou contando agora isto, verdade? —adicionou, depois de contemplar o rosto de Anahí—. Já vai compreender. A meu pai não parecia mau deitar com a esposa de um executivo para ter mais plugue com ele. Era capaz de qualquer coisa, o que fora, pra ir adiante. Não importou que sua atitude pudesse fazer sofrer a minha mãe.

—Anahí: Ela permaneceu a seu lado.

—Alfonso: Naquele tempo as mulheres ricas não trabalhavam. O divórcio era uma vergonha. Creio que minha mãe não queria meu pai. A família dela era muito pobre e eles a convenceram a se casar com meu pai quando viram que ele estava interessado nela. Aparentemente, não era muito diferente das outras mulheres porque eu nasci um mês antes do tempo.

Anahí ficou assombrada. De algum modo, não podia imaginar, à sempre digna, Myrna Herrera ficando gestante fora do casamento.

—Alfonso: Meu pai teve uma amante atrás de outra ao longo de toda sua vida. Morreu nos braços de uma delas. Todo mundo sabia. O escândalo esteve a ponto de destruir a vida de minha mãe. O dano que meu pai lhe fez a seu orgulho durou quase vinte anos.

—Anahí: Por isso vc nunca se casou? —perguntou ela.

—Alfonso: Na realidade não. Jamais encontrei alguma mulher na qual eu quisesse passar o resto de minha vida com ela —afirmou com intenção, sem deixar de observar a ela—. No entanto, aprendi que a fidelidade não existe. Creio que não posso mudar a minha cabeça ainda que só de pensar no compromisso me resultasse repulsivo.

—Anahí: Entendo —sussurrou Anahí, baixando os olhos.

—Alfonso: Nunca antes te falei disto. Vc só era uma menina. Era muito jovem para compreender o cruel que pode ser a vida. Vc procurava um final feliz.

—Anahí: Enquanto vc só queria sexo sem ataduras — comentou ela, cheia de cinismo—. Que pouco compreensivo por minha parte. Por suposto, por isso me pediu em casamento —adicionou, surpreendendo-o—. Porque sabia que eu me negaria a seguir te encontrando se soubesse que o único que vc procurava em mim, era uma aventura.

—Alfonso: Vc era especial, mais do que vc pode imaginar...

—Anahí: No entanto, vc não tinha nada que me dar. Todos estes anos eu te culpei pelo modo que me trataste, por vc ter-me convertido em pouco mais do que um objeto sexual. Em todo este tempo, não tratei de ver as coisas sob seu ponto de vista. Eu só era uma garota sem educação, sem modos e, aparentemente para vc, sem moralidade. Não teria encaixado em seu mundo nem num milhão de anos.

—Alfonso: Igual que agora —espetou ele—. Desculpa. Não queria soar superior, mas vc não tem nem idéia de meu estilo de vida, de como vivo normalmente. Vc era cálida e doce e eu te desejava. Ainda te desejo. Isso não terminará nunca. No entanto, não tenho probabilidade agora ao casamento como tinha há seis anos. Não quero ataduras nem permanência. Quero minha liberdade mais do que nada. Inclusive mais do que te desejo.

—Anahí: Compreendo.

—Alfonso: Não tem nada que me dizer?

—Anahí: Também não tenho nada que te dar Alfonso —replicou ela, encolhendo os ombros —. O que tivemos no outro dia se trata de algo completamente inútil. Sou maior de idade para essa classe de relação.

—Alfonso: Sim...

Estiveram em silêncio vários minutos. Anahí se sentia carente de todo sentimento. Alfonso tinha roubado tudo. Não sabia o que dizer. Alfonso acabava de dizer que não sentia por ela nada mais do que desejo, um desejo que deixava no passado, onde devia estar, e que jamais se casaria. Anahí tinha imaginado, mas não queria acreditar. Seus sonhos secretos de formar uma família com Alfonso e Miguel acabavam de morrer ante seus olhos.

Ao ver sua tristeza, Alfonso se sentiu culpado. Estava tratando de lutar contra ela, tal e como tinha feito seis anos atrás. Sabia que Anahí poderia se apropriar dele, assim como tinha feito no passado. Tinha que evitar porque ela podia se converter em sua vida. A perdeu uma vez e esteve ao ponto de morrer. Já não poderia prescindir dela, era muito melhor não começar algo que não pudesse terminar. Anahí jamais poderia encaixar em seu mundo.

—Alfonso: Quero que compreenda —disse ele de repente—. Eu não deveria ter obrigado vc a se deitar na cama comigo aquela tarde que fomos ao campo de batalha. Eu não tinha nenhum direito.

—Anahí: Não foi só culpa sua —afirmou ela—. Eu também te desejava. Te importaria dar a sua mãe uma mensagem de minha parte? —adicionou. Não podia evitar de se sentir culpada pelo que estava planejando contra Alfonso. Sua vingança, que há um mês era tão doce, estava se tornando mais amarga a cada minuto que passava.