“JESUS CRISTO, CALVIN," PONCHO DISSE. Ele estava olhando para o grande mural chinês na parede, tentando não notar que Calvin não conseguia olhar para qualquer outro lugar, senão para os meus seios. O boné vermelho de Trenton estava virado para trás e suas botas estavam desamarradas. Em qualquer outra pessoa o visual teria parecido desleixado e um tanto idiota, mas de alguma forma, em Poncho era muito atraente. Parecia errado reparar qualquer coisa sobre ele, mas eu não podia evitar.
Eu não tinha o peito mais volumoso do mundo, mas o meu sutiã fazia com que os meus pequenos seios D parecessem maiores do que eram. Eu odiava admitir, mas eles ajudaram a receber gorjetas extras no Red, e agora eles poderiam me ajudar a conseguir um segundo emprego. Era um ciclo vicioso não querer me tornar um objeto, e usar os dons que Deus me deu para minha vantagem.
"Quando foi que você disse que você poderia começar?" Disse Calvin distraidamente, endireitando a foto de uma bela morena na parede, atrás do balcão. As tatuagens que cobriam quase todo o corpo dela e um sorriso eram as únicas coisas que ela usava enquanto estava deitada em cima dos corpos de outras mulheres igualmente nuas, aparentemente sonolentas. A maioria das paredes era cobertas com arte ou fotografias de modelos tatuadas sobre carros antigos ou esparramada de alguma forma para melhor exibir a arte em sua pele. O balcão era uma confusão de papéis, canetas, recibos e clipes de papel, mas o resto do lugar parecia estar limpo, mesmo que parecesse que Calvin tivesse comprado a decoração em um leilão realizado por um restaurante chinês falido.
"Agora. Eu posso trabalhar segundas e terças-feiras, do meio-dia até fechar, mas de quarta-feira até sexta-feira eu só posso trabalhar até às sete. Sábado eu tenho que estar fora às cinco. Eu não posso trabalhar aos domingos."
"Por que não?" Perguntou Calvin.
"Eu tenho que estudar e fazer minhas tarefas em algum momento, e, além disso, eu tenho as reuniões de funcionários do Red aos domingos, antes do bar abrir." Calvin olhou para Poncho,procurando aprovação. Poncho assentiu.
"Ok, eu vou deixar que Poncho e Hazel a treine no telefone, computador e papelada. É bastante simples. A maior parte é serviço ao cliente e limpeza," disse ele, saindo de trás da mesa.
"Você tem alguma tatuagem?"
"Não," eu disse. "Isso é um requisito?"
"Não, mas eu aposto que você terá uma, no primeiro mês," disse ele, caminhando pelo corredor.
"Eu duvido," eu disse, passando por ele para ficar atrás do balcão.
Poncho se aproximou de mim e apoiou os cotovelos sobre a mesa.
"Bem-vinda ao Skin Deep. "
"Essa é minha frase," eu provoquei. O telefone tocou e eu peguei.
"Skin Deep Tattoo," eu disse.
"Sim... uh... que horas vocês fecham hoje à noite?" Quem quer que ele fosse, soava bêbado fora de si, e eram só três horas da tarde. Olhei para a porta.
"Fechamos as onze, mas é melhor você ficar sóbrio primeiro. Eles não vão tatuá-lo se você estiver alcoolizado." Poncho fez uma careta. Eu não tinha certeza se isso era uma regra ou não, mas devia ser. Eu estava acostumada a lidar com bêbados, e eu provavelmente iria ver o meu quinhão deles aqui também. De uma forma estranha, eu me sentia mais à vontade com bêbados. Meu pai tomava uma cerveja Busch todas as manhãs durante o café da manhã desde antes de eu nascer. O falatório, o cambalear, os comentários inadequados, o riso e até mesmo a raiva eram coisas com as quais eu estava acostumada. Trabalhar em um cubículo ao redor de um bando de covardes tensos, discutindo memorandos seria mais perturbador para mim do que ouvir um homem adulto chorando com sua cerveja por causa de sua ex- namorada.
"Então, se é uma chamada pessoal, e é para um de nós, você pode transferi-la para outra linha dessa forma," disse Poncho , colocando em espera, através do botão de transferência e, em seguida, apertando um dos cinco botões numerados no topo. "Cem é o número do escritório do Cal. 101 é a minha sala. 102 é a sala de Hazel. 103 é a sala de Bishop... você vai encontrá-lo mais tarde... e se você desligar, tudo bem, eles vão ligar de volta. A lista está gravada sob a base do telefone," disse ele, empurrando a base para o lado.
"Fantástico," eu disse.
“Sou Hazel," disse uma mulher pequena, do outro lado da sala. Ela se aproximou de mim e estendeu a mão. A pele bronzeada de seus braços estava coberta do pulso ao ombro por dezenas de obras de arte coloridas. Suas orelhas brilhavam com penduricalhos que abrangiam toda a borda de sua cartilagem e um strass brilhava no lugar de uma pinta falsa. Ela era naturalmente morena, mas seu cabelo falso era loiro platinado. "Eu coloco os piercings ," disse ela, seus lábios grossos diziam as palavras com elegância e com um pequeno indício de sotaque. Para uma coisa tão pequena, seu aperto era firme; suas unhas turquesa claro eram longas, eu me perguntava como ela fazia qualquer coisa, especialmente a complicada tarefa de perfurar pequenas áreas do corpo.
"Any. Tornei-me a nova recepcionista, há minutos atrás."
"Legal," disse ela com um sorriso. "Se alguém perguntar por mim, sempre pergunte o seu nome e anote a mensagem. Se for uma menina de nome Alisha, diga-lhe para engasgar com um pau." Ela foi embora e eu olhei para Poncho , franzindo a sobrancelha.
"Ok, então."
"Elas terminaram há alguns meses. Ela ainda está com raiva.”
"Eu percebi isso."
"Então, aqui estão os formulários," disse Poncho , puxando a gaveta do fundo de um arquivo de metal. Nós os examinamos entre telefonemas e clientes, e quando Poncho estava ocupado, Hazel vinha ajudar. Calvin ficou nos fundos do seu escritório, na maior parte do tempo, e eu pensei nisso para me importar.
Gente,e aí estão gostando?! Vocês acabam de conhecer a Hazel,eu particularmente adoro ela,seu jeito doido de ser.Hahahahah
Ainda falta alguns personagens para aparecer,mas vamos lá 2015 só está começando.