Fanfics Brasil - Sinto muito, Alfonso. Juro como eu nunca pensei em magoá-lo Uma Noite de Prazer - AyA - Adaptada - FINALIZADA.

Fanfic: Uma Noite de Prazer - AyA - Adaptada - FINALIZADA. | Tema: AyA


Capítulo: Sinto muito, Alfonso. Juro como eu nunca pensei em magoá-lo

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As batidas aceleradas do coração soavam em seus ouvidos, e suas pernas tremiam ao caminhar até o elevador que a levaria à segurança de sua casa.
Enquanto caminhava, sentia o calor do olhar de Alfonso em suas costas, e foi preciso um esforço descomunal para ela não se voltar para fitá-lo. Bastaria um simples olhar de adoração para transmitir-lhe que ela ainda o queria, que ansiava por ele, que o desejava, a despeito do modo como o relacionamento deles terminara.
Anahi passou o cartão magnético no painel da parede e suspirou aliviada quando as portas do elevador se abriram para ela entrar. Lá dentro, digitou seu código de acesso e encostou-se na parede antes que suas pernas fraquejassem.
Fechando os olhos, respirou fundo, perguntando-se como conseguiria viver tão perto de Alfonso durante um mês, mesmo fingindo-se de estranhos. Como, se bastava vê-lo para abalar sua decisão de resistir aos encantos dele?
O elevador rangeu e Anahi abriu os olhos a tempo de ver Alfonso entrando no momento em que as portas começavam a fechar. Ela levou a mão à boca para conter um grito. Não acreditava que Alfonso os estivesse colocando numa situação constrangedora e perigosa.
Instintivamente, Anahi esticou o braço para pressionar o botão que manteria as portas abertas. Alfonso segurou-a pelo pulso, frustrando a tentativa, e as portas se fecharam sem que ela pudesse fazer nada.
— O que você está fazendo? — Anahi perguntou, em pânico.
— Não se preocupe. Ninguém me viu. Tenho certeza. Ela o fitou com olhos arregalados e amedrontados.
— Não me preocupo? — Anahi repetiu, elevando o tom de voz, à beira da histeria, e desvencilhando-se dele. — Você é o supervisor dos trabalhos de reforma do hall do hotel, saiu do escritório de Evan e está a caminho da minha casa sem ser convidado, vale a pena acrescentar. Você está nos colocando numa situação inadequada e extremamente comprometedora. E ainda me diz para eu não me preocupar?
Alfonso teve a audácia de sorrir, confundindo-a ainda mais.
— Ninguém jamais saberá, a menos que você queira que saibam.
Ele recuou alguns passos, dando-lhe espaço e a opção de usar o telefone de emergência. Para Anahi, aquela situação parecia tão surreal, assim como a inesperada cordialidade de Alfonso, que contradizia a agressividade que ele demonstrara durante a conversa deles no escritório da butique.
Havia um brilho de determinação nos olhos de Alfonso, uma força que parecia mais perigosa do que sua fúria. Anahi não entendia a mudança drástica dele, mas estava curiosa.
Um som suave anunciou que o elevador parará na suíte de cobertura, no 44° andar do hotel. As portas abriram-se silenciosamente e, dessa vez, Alfonso esperou um convite para acompanhá-la, e Anahi apreciou o gesto dele.
— Já que você está aqui, entre. — Ela saiu do elevador e atravessou o hall que levava direto à sala de estar.
Alfonso olhou ao redor, aproximou-se das janelas panorâmicas de onde se avistava a cidade, depois voltou-se para Anahi com um meio-sorriso que revelava seu espanto pelo luxo em que ela vivia.
—- Bela casa — ele disse simplesmente.
Anahi sentiu-se desconfortável com o tom mordaz da voz de Alfonso e com qualquer idéia preconceituosa que poderia estar passando pela cabeça dele. Tanto requinte, tanto luxo e opulência não tinham nada a ver com ela. A suíte pertencia ao hotel e ela estava morando lá por conveniência própria.
Com certeza, Alfonso não a seguira só para discutir técnicas de decoração, e Anahi estava curiosa para ouvir as razões dele por haver praticamente invadido o elevador.
— O que você quer, Alfonso?
Ele enfiou as mãos nos bolsos do jeans desbotado, sua expressão confiante e séria.
— Quero você.
Por essa Anahi não esperava. Nunca imaginara ouvir essas palavras ditas por Alfonso depois de havê-lo enganado. Nunca imaginara que ele confessaria seu desejo e que lutaria por ele.
Mesmo assim, continuou em guarda, cautelosa.
— Corrija-me seu eu estiver errada, mas durante a nossa última conversa no meu escritório, tive a impressão de que você preferia não ter mais nada comigo.
— Eu fiquei aborrecido com razão. Admito que não gostei nada do fato de você ter mantido segredo sobre a sua identidade, mas eu tive tempo para pensar em tudo que me contou. Entendi as suas razões e as respeito. Apesar de tudo, não consigo mudar meus sentimentos por você.
Alfonso deixou-a boquiaberta, sem palavras.
— Eu me lembro perfeitamente que foi você quem insinuou que seria melhor não nos encontrarmos mais — ele arrematou.
— Tudo bem, talvez eu tenha pensado que o acordo era mútuo, considerando todos os conflitos de interesses entre nós.
Alfonso caminhou pela sala e parou perto da janela, sem, contudo, afastar o olhar de Anahi.
— Não vejo esses conflitos de interesses como problemas reais, a menos que o nosso relacionamento venha a público, e nós dois temos motivos para que isso não aconteça.
A atitude acomodada e aprovadora de Alfonso espantava-a. Anahi não entendia aquela mudança tão radical e não tinha certeza de como tudo aquilo iria acabar.
— Alfonso...
— Eu ainda quero você, Anahi. Mesmo sabendo que seria melhor terminar tudo agora e seguirmos nossas vidas em separado, eu quero este mês inteirinho com você. Nas suas condições.
— Minhas condições? — Ela não conseguiu conter uma risada de incredulidade. — Eu nem sabia que havia condições.
— Sem promessas, sem vínculos, sem envolvimentos sentimentais — Alfonso repetiu as palavras que Anahi dissera no começo do relacionamento deles.
Sim, aquelas tinham sido suas exigências, um modo de proteger as próprias emoções e de manter a superficialidade da relação. Ao ouvi-las agora, depois de tudo que haviam vi vendado juntos, as palavras soavam frias e impessoais.
— E claro, seremos absolutamente discretos e guardaremos só para nós o segredo do nosso romance — ele continuou, diminuindo a distância entre ambos. — E quando o nosso tempo terminar, nós nos separaremos como bons amigos.
Céus, ele tornava tudo tão simples, tão fácil, maravilhoso. No entanto, a sugestão era louca e arriscada, mas não menos insana do que a proposta que ela lhe fizera na noite do seu aniversário.
Alfonso parou bem perto de Anahi, os corpos quase se tocando.
Com a ponta do dedo, ergueu-lhe o queixo, obrigando-a a fitá-lo, envolvendo-a com o olhar ardente e cheio de desejo. Ele sorriu, um sorriso sensual, encantador, devastador, e, de repente, Anahi viu-se mergulhar num mundo onde não existia mais ninguém, só os dois.
— Se você precisa de um incentivo para dizer "sim", ficarei para lhe dar um.
— Você acha que pode ser assim tão persuasivo? — ela perguntou com voz trêmula e enrouquecida.
Alfonso tomou-lhe o rosto entre as mãos.
— Pode apostar que sim.
— Prove-me — Anahi o desafiou, apegando-se ao seu lado aventureiro que só Alfonso sabia despertar.
Ele inclinou a cabeça, a luz em seus olhos dançando em triunfo; e no momento em que os lábios se tocaram, Anahi entregou-se ao gosto inebriante da língua de Alfonso em sua boca. Enlaçou-o pelo pescoço e correspondeu ao beijo que se aprofundava cada vez mais.
Lento e suavemente doce.
Quente e deliciosamente molhado.
Depois, faminto e exigente.
Céus, ela sentira falta dele! E como sentira!
Assim que os lábios de separaram, Alfonso afastou-se um pouco. Anahi estava corada, seu corpo tremia e, ao fitá-lo no rosto, encontrou o olhar de satisfação dele.
— Não foi tão ruim assim, foi? — Alfonso perguntou, sabendo quanto aquele beijo a abalara. — Agora só falta você dizer "sim".
Anahi admitiu sua fraqueza quando se tratava de Alfonso Herrera. Sentia-se completamente incapaz de resistir aos encantos dele, incapaz de recusar-lhe qualquer coisa. Tinha um mês pela frente e queria preencher cada dia desse mês com lembranças dele.
— Sim — disse ela, por fim, rezando para que sua decisão impensada não lhe causasse terríveis dores de cabeça mais tarde. Mas também, quem conseguiria dizer "não" a Alfonso Herrera?
Anahi juraria ter notado um lampejo de alívio na expressão dele, mas foi só por um instante. Alfonso a soltou e beijou-a carinhosamente na testa.
— Ligue para mim esta noite, Anahi. Você sabe o número. Estarei esperando.
Após dizer isso, Alfonso foi embora, deixando-a sozinha na luxuosa suíte de cobertura, mas com um sorriso nos lábios ainda úmidos pelo beijo dele.


Capítulo XII


Rosalyn separou uma camisola de seda de renda vermelha e segurou-a na frente do corpo com uma pose estudada.
— O que acha, Anahi?
Anahi olhou para a calcinha minúscula que complementava o traje sensual.
— Meu Deus, Rosalyn! Você quer que Adam tenha um enfarte?
— Claro que não! Eu só quero que ele enlouqueça por mim
— disse ela, examinando um conjunto de corselete de vinil preto com cinta-liga e meias também pretas.
— Acho que o conjunto vermelho é bem apropriado, a menos que prefira esse preto só para Adam pensar que você se transformou numa dominadora.
Rosalyn riu e suas faces enrubesceram.
— Tem razão. Da próxima vez, farei o papel de dominadora.
— Rosalyn pegou de novo o conjunto de renda vermelha. — Já decidi. Vou levar este vermelho.
— Boa escolha. — Anahi entregou-lhe um robe de seda no mesmo tom de vermelho. — Este robe combina perfeitamente com o conjunto.
— Humm... Eu não tinha pensando em comprar um robe.
— Rosalyn revirou os olhos. — Na verdade, pretendia despir todas as minhas inibições sexta-feira à noite, em todos os sentidos! E não cobri-las com um robe.
— Acredite em mim, Adam vai despi-la assim que chegar em casa, mas será conveniente vestir o robe de seda no desjejum seguinte. — Sorrindo maliciosamente, Anahi apontou para a calcinha minúscula. — Só com esta coisinha por baixo, claro, para o caso de Adam acordar com outro tipo de fome.
Sua irmã riu e incluiu o robe de seda em suas compras.
— Você é tão ousada, mas gosto do seu modo de pensar. Com Sophie passando o dia na casa da vovó St. Puente, Rosalyn e Anahi não se preocuparam com horários. Terminadas as compras, as duas irmãs foram almoçar no Houlihan`s. Enquanto esperavam o garçom trazer os pedidos, a expressão de Rosalyn mudou. De repente, ficou séria e apreensiva.
Cruzou os braços sobre a mesa e inclinou levemente a cabeça num gesto inquiridor.
— Você sabe que estou morrendo de vontade de perguntar quem é aquele bonitão que foi procurá-la na butique. O que há entre vocês?
Anahi sorriu. Sabia que era apenas uma questão de tempo para Rosalyn perguntar sobre Alfonso. A irmã não escondera o interesse e a curiosidade que ele provocara, e Rosalyn não deixaria o assunto passar em branco.
Anahi precisava decidir quanto revelar à irmã, pois queria manter seu relacionamento com Alfonso o mais secreto possível. Não havia motivo para fazer propaganda de um caso passageiro que terminaria com sua mudança para San Francisco. Também não pretendia que seu romance com Alfonso se tornasse objeto de quaisquer tipos de comentários.
Ela encolheu os ombros com indiferença.
— Não há muito para contar. Obviamente, Rosalyn não acreditou.
— É mesmo? E o que você me diz do clima quente e explosivo que os envolveu? Ora, Anahi, pensa que me engana? Trate de ir contando tudinho em detalhes.
Anahi tomou um gole de chá gelado, pensando em tudo que acontecera entre ela e Alfonso desde a conversa no escritório. Ficou combinado que continuariam se encontrando durante o mês todo e que aproveitariam o máximo de tempo juntos, sem pressões. E Alfonso estava cumprindo sua promessa.
Ela telefonara naquela primeira noite, como ele pedira, e em todas as noites seguintes. Surpreendentemente, as conversas eram descontraídas e divertidas, a respeito dos gostos e preferências de cada um, opiniões sobre livros e filmes, e Alfonso regalava-a com passagens de sua infância como o mais velho de quatro irmãos. Ele a fazia rir durante os telefonemas noturnos; e durante o dia, sempre que Anahi o via no saguão do hotel dirigindo seus operários ou ajudando a assentar as placas de mármore, Alfonso a fazia sentir desejo.
No início, tratara-se apenas de atração física e prazer, agora, porém, eles estavam entrando num território mais sentimental, em que ambos procuravam conhecer-se melhor como pessoas. Anahi considerava essa nova faceta do relacionamento de ambos muito assustadora, uma vez que não tinha intenção de transformar o pouco tempo deles em alguma coisa permanente.
Ultimamente, o que Anahi vivia com Alfonso era especial, particular e excitante, e não queria dividir com ninguém, nem mesmo com sua irmã. Sempre haveria a possibilidade de chegar ao ouvidos dos pais que ela estava "saindo" com alguém. Não se sentia preparada para as perguntas inevitáveis, para as imposições e, sobretudo, para a reação do pai e de Evan quando soubessem de seu romance com Alfonso.
Anahi já estava cansada de pensar sempre na reação das pessoas diante de tudo o que ela fazia na vida, profissional e pessoalmente. Ao menos em San Francisco não se sentiria tão vigiada e, com certeza, não teria de dar satisfação de todos os seus atos e escolhas.
Como, por exemplo, sua decisão de passar o mês inteiro com Alfonso. Não, esse continuaria sendo seu grande segredo.
Sustentou o olhar da irmã, determinada a fazer cumprir sua vontade.
— Não quero ser indelicada, mas prefiro não falar sobre esse assunto.
— Tudo bem, Anahi. Respeitarei sua vontade. Eu só esperava que, depois do fiasco com Greg e do rompimento com Evan, você tivesse se animado e recomeçado a sair com rapazes.
Anahi sorriu, recusando-se a ser manipulada pela curiosidade incontrolável da irmã.
— Sem comentários, Rosalyn.
— Tudo bem. Mas se você achar que precisa falar a respeito disso, estou aqui para ajudá-la, certo?
— Certo — Anahi prometeu.
O garçom trouxe as refeições e colocou os pratos na mesa. Assim que ele se afastou, Rosalyn olhou ansiosamente para Anahi.
— Está tudo certo para sexta-feira, não é?
— Absolutamente certo. Passarei na sua casa para pegar Sophie lá pelas quatro horas da tarde, e sábado ficarei com ela pelo tempo que você quiser.
Anahi estava ansiosa para cuidar de Sophie, mas sexta-feira seria mais complicado do que ela imaginara. Na noite anterior, por telefone, Alfonso a convidara para jantar na casa dele. Anahi explicara que havia se comprometido em ficar com a sobrinha e, num momento de pura espontaneidade, convidara-o para ir ao apartamento dela, desde que Alfonso não se importasse de ter a companhia de um bebê. Ele aceitara com a condição de preparar o jantar para ela. Anahi não iria recusar uma boa refeição.
A ocasião era perfeita. Com Rosalyn ocupada em reconquistar o marido, os pais numa festa beneficente e Evan passando o final de semana em Nova York, Anahi não precisava preocupar-se com quase nada. Ela permitiria o acesso de Alfonso em sua garagem privativa, e ninguém o veria chegar.
— Obrigada, Anahi. Esta será a primeira vez que Adam e eu ficaremos sozinhos desde que Sophie nasceu. Será tão estranho não ter de me preocupar com ela durante a noite!
—Não pense em nada, Rosalyn. Quando Adam a vir de camisola vermelha, vocês ficarão tão ocupados que nem vão notar a falta de Sophie.
— Acho que você tem razão. — Feliz, Rosalyn ergueu seu copo de chá gelado para um brinde. — A uma noite de sexo e diversão.
Anahi ergueu o copo e deu à irmã uma última frase de encorajamento:
— Você vai conquistá-lo, querida!
Havia um clima de intimidade em estar na cozinha de Anahi preparando o jantar enquanto ela segurava a sobrinha nos braços. Alfonso insistira em fazer tudo sozinho, deixando apenas a mesa para ela arrumar, o que Anahi fizera com simplicidade e elegância. Era bom vê-la tão à vontade perto dele.
Aquela era a Anahi que Alfonso queria conhecer, a mulher vibrante que o recebera com um sorriso radiante nos lábios e um beijo suave e doce. Finalmente, ela estava começando a confiar nele, dando-lhe oportunidade de descobrir as diferentes nuances de sua verdadeira personalidade. Suas conversas telefônicas eram muito reveladoras, Alfonso queria aproveitar aqueles momentos a sós para fortalecer os vínculos sentimentais e aprofundar o nível de confiança.
Ajeitando Sophie nos quadris, Sophie aproximou-se de Alfonso, que ligava a batedeira para preparar o crepe que planejara fazer.
— Você pensou em tudo, não é?
— Nossas conversas telefônicas têm rendido informações muito interessantes sobre você — ele respondeu com um sorriso malicioso. — Segredos escabrosos que pretendo usar em proveito próprio.
— Como, por exemplo, crepe de frutos do mar? — Anahi apontou para a mistura de mariscos, camarões e caranguejos numa travessa.
— Esse é apenas um deles.
Ela ergueu o copo de vinho que segurava na mão livre.
— E que eu adoro vinho de morango?
— Confesso que fiquei surpreso com essa sua preferência. — Alfonso nunca imaginara que uma mulher tão sofisticada como Anahi St. Puente preferisse um vinho caseiro, barato, a um de alta qualidade e de safra valiosa.
Anahi bebeu o restante do vinho e colocou o copo vazio na pia, fora do alcance de Sophie.
— Eu vi você guardar um pote de sorvete de café no freezer.
— Viu? — Ele lançou-lhe um rápido olhar, enquanto untava uma frigideira com óleo antes de levá-la ao fogo. — Eu trouxe também sorvete de doce de leite, de nozes e creme, além de coberturas de diversos sabores.
Anahi revirou os olhos.
— Oh, céus, você está me deixando com água na boca!
— Eu só quero satisfazer os seus desejos. — Piscando, Alfonso deu a entender que era em todos os sentidos.
— Está tentando me seduzir, Sr. Herrera?
Ele riu e tornou a encher o copo de Anahi com vinho.
— Estou tentando — admitiu Alfonso. — Está funcionando? Os olhos verdes de Anahi iluminaram-se com um brilho insolente.
— Você só saberá depois do sorvete.
Divertindo-se com aquele clima de flerte, Alfonso continuou a preparar o jantar.
Sophie começou a resmungar, exigindo sua quota de atenção. Anahi ajeitou-a nos braços e rodopiou pela cozinha. A criança gritou de alegria e riu, contagiando Anahi e Alfonso.
Mas foi o sorriso largo e carinhoso e o amor estampado no rosto de Anahi enquanto brincava com a sobrinha que chamou a atenção dele, despertando-lhe uma ponta de inveja. Alfonso queria ser o objeto daquele amor incondicional. Queria que Anahi pudesse livrar-se das feridas do passado e das inseguranças para ter oportunidade de viver sua própria vida.
— Você tem sobrinhos? — ela perguntou, dando mamadeira de suco de maçã para Sophie.
— Meus irmãos são solteiros. Mas as esposas de dois primos meus estão grávidas. Lembra-se de Liz, do The Daily Grind?
— Lembro.
— Ela é esposa do meu primo Steve, e está no final da gravidez. Aliás, Jill também está. Mal posso esperar para esses bebês nascerem só para eu estragá-los com os meus mimos. Serei uma espécie de tio postiço.
— Você gosta de crianças? — Anahi indagou, antes de tomar um gole de vinho.
— Para ser sincero, não tenho convivido com nenhuma ultimamente. Mas, sim, gosto de crianças, e gostaria de ter dois filhos algum dia.
— Dois? Já tem planos a longo prazo? Alfonso encolheu os ombros.
— Dois é um bom número, por ter crescido numa casa com quatro crianças, e sendo o filho mais velho, sei o trabalho que dá cuidar de uma família grande. — Ele espalhou molho de queijo sobre os crepes, acrescentou parmesão ralado e olhou para Anahi. — E você? Quer ter filhos?
Ela desviou o olhar, tomou outro gole de vinho e respondeu num tom suave:
— Quero. Algum dia.
— Com o homem certo? — Alfonso brincou.
Anahi franziu o cenho, e um sorriso triste curvou seus lábios.
— Como saber quem é a pessoa certa?
A pergunta atingiu-o em cheio, e ele tentou encontrar uma resposta adequada que não soasse como uma nova ameaça para ela.
— Acho que você sente na pele — respondeu Alfonso, acreditando que era assim mesmo. — Você sente no coração e na alma.
Uma sombra de tristeza anuviou o rosto de Anahi. Ela estaria Pensando em seu passado com Greg? Ou no namoro com Evan?
De qualquer modo, Alfonso não iria estragar a noite nem o bom humor de Anahi.
Tocou-a levemente no cotovelo e esperou até que ela o fitasse de novo.
— Por que não serve o jantar para Sophie enquanto eu termino o nosso? Só falta assar os crepes e colocar a salada na mesa.
— Tudo bem. — Aparentemente grata pela sugestão, Anahi saiu da cozinha com Sophie e foi para a sala.
Quando o jantar foi servido, ela estava dando a última colherada de comida para a sobrinha. Seu humor parecia ter voltado ao normal. Limpou o rosto da menina com uma toalha úmida e colocou-a sentada no cadeirão.
Alfonso serviu o crepe e sorriu com ironia. Era demais para um jantar romântico para dois. Não havia nada de sedutor em ter um bebê sentando entre eles. Mas nem por isso iria perder a chance de aproximar-se de Anahi.
— Como a sua família entrou no ramo hoteleiro? — perguntou com interesse.
— Meu avô St. Puente comprou o hotel há quarenta anos, depois da morte da minha avó. O dono anterior estava falido e acabou vendendo por um preço irrisório. O hotel estava num estado deplorável, mas um ano depois de havê-lo comprado, meu avô reabriu suas portas.
— Impressionante. Seu avô deve ter sido um empreendedor e tanto!
— Era mesmo. Ele fez a mesma coisa com um hotel falido em San Francisco e com outro em Nova York, transformando-os também em hotéis luxuosos, cinco estrelas.
— Seu pai começou cedo a trabalhar com seu avô?
— Meu pai é filho único. Ele começou a trabalhar com meu avô assim que terminou a faculdade. Depois, assumiu o controle da rede de hotéis quando meu avô morreu de ataque cardíaco, há vinte e cinco anos.
— E você, como decidiu trabalhar com seu pai?
Anahi fitou-o, e Alfonso percebeu uma sombra de tristeza e arrependimento em seus olhos, e só entendeu esses sentimentos com a explicação dela.
— Na verdade, eu nunca pretendi trabalhar no hotel. — Distraidamente, Anahi empurrava com o garfo os últimos pedaços de crepe em seu prato e forçou um sorriso. — Eu sempre sonhei em trabalhar na indústria de moda. Quando terminei o colégio, fui para Nova York estudar numa faculdade particular especializada em moda, marketing e vendas. Concluí o curso com louvor.
— Eu nem imaginava! — Alfonso exclamou com perplexidade.
— Voltei para casa nas férias de verão, mas pensando em regressar a Nova York no outono e procurar emprego nos ateliês de estilistas consagrados, como Yves St. Laurent ou Betsey Johnson — ela continuou num tom melancólico. — Mas meus pais tinham outros planos. Eles queriam que eu ficasse aqui em Chicago, trabalhando nos negócios da família, sobretudo porque minha irmã mais nova não demonstrava o menor interesse pelos hotéis. Aliás, por nada relacionado ao trabalho.
— Com certeza, eles pensavam em passar o controle da rede para uma das filhas. — O pai dele desejara a mesma coisa, mas a diferença era que Alfonso queria assumir o comando da Nolan & Filhos.
Anahi deu uma colher para Sophie brincar.
— Eu não os culpo por quererem isso.
Talvez ela não os culpasse realmente, Alfonso pensou, mas Anahi tivera que abdicar dos seus próprios sonhos em favor dos deles. E não devia ter sido uma escolha fácil.
— Você é feliz trabalhando nas butiques do hotel? Anahi refletiu por alguns momentos.
— Sim, sou feliz com o meu trabalho. É um grande desafio. Gosto muito do que faço, e meus pais vibram com o fato de Pelo menos uma das filhas ter demonstrado interesse por algum segmento dos hotéis.
Terminada a refeição, Alfonso empurrou o prato e recostou-se na cadeira.
— Então, você está contente com a sua vida? Anahi desviou o olhar e suspirou.
— Eu não acho que esteja contente com a minha vida no momento. — A honestidade em sua voz revelava quanto estava confiando em Alfonso ao revelar seus pensamentos e emoções mais profundas. — Estou me sentindo muito sufocada e irrequieta por várias razões. Em parte, foi por isso que decidi me mudar para San Francisco. Quero ficar sozinha. De verdade, sozinha. Sem a influência da família e de outras expectativas pendendo sobre a minha cabeça.
Alfonso viu a oportunidade de satisfazer sua curiosidade num assunto em particular.
— Evan Monterra tem alguma coisa a ver com essas expectativas? — inquiriu.
A mão que segurava o copo de vinho parou no ar, e Anahi fulminou-o com um olhar assustado.
— Desculpe, mas o que você sabe sobre Evan?
Ai que droga!, Alfonso praguejou em silêncio. Viu as barreiras erguerem-se novamente ao redor dela e reconheceu sua falta de tato ao tocar num assunto tão delicado. Mas ele precisava saber o papel que Evan representava na vida de Anahi. Para tanto, teria de abrir seu jogo e contar-lhe como soubera de Evan e da história que tiveram juntos.
— Quando Cameron, o sócio do meu primo, investigou o seu passado, ele apurou que o seu último namorado foi Evan Monterra, presidente da rede de hotéis de seu pai. O namoro parecia sério na época.
Anahi ficou tensa.
— Já que você mandou alguém investigar minha vida, vasculhar meu passado, então sabe de tudo que houve entre mim e Evan.
— Não, Anahi, eu não sei de tudo. Sei apenas que vocês namoraram durante quase um ano. Cameron me perguntou se queria saber mais a respeito de vocês dois, mas eu não quis. Ha época, não estava nem um pouco interessado nesse assunto, mas agora quero ouvir os detalhes de você. Ela encolheu os ombros.
— Evan é um bom rapaz.
— Concordo. Tem sido muito bom trabalhar com ele. Anahi permaneceu em silêncio, fitando-o intensamente, como se estivesse ponderando se deveria ou não falar sobre Evan. Alfonso esperou. Ela devia decidir sozinha. Anahi bebeu o último gole de vinho e voltou-se para Sophie, que estava quieta no cadeirão, chupando o dedo e olhando para Alfonso com olhos arregalados e curiosos.
Passaram-se mais alguns minutos de silêncio. Por fim, Anahi decidiu falar.
— Eu lhe contei que depois do que aconteceu com Greg, praticamente deixei de aceitar convites para sair. Foi meu pai quem me encorajou a sair com Evan, que sempre demonstrou interesse por mim. Acabei aceitando, sobretudo porque não queria decepcionar meus pais de novo. Queria também redimir-me depois do desastre com Greg, e eu sabia que meus pais tinham esperanças de que Evan e eu nos acertássemos.
Alfonso não teve dificuldades para visualizar o quadro.
—- Seu casamento com Evan seria a combinação perfeita, considerando a posição dele na empresa e a sua, como uma das herdeiras da fortuna dos St. Puente.
— Todos estávamos bem conscientes disso — ela disse secamente. — Eu. Evan. E meus pais, que consideram Evan o filho que não tiveram. Mas depois de um ano tentando forçar alguma coisa que eu não sentia, emocional e fisicamente, terminei o namoro, para desgosto de todos, claro.
Secretamente, Alfonso vibrou com o fato de não haver "faíscas" entre Anahi e Evan. Mas ele não imaginava até que ponto o rompimento afetara Evan.
Como ele recebeu a notícia?
Como o cavalheiro que é. Evan foi muito compreensivo.
Terminamos tudo de um modo amigável, mas eu sei que ele ainda nutre sentimentos fortes por mim. Para meus pais, é tudo uma questão de tempo até eu perceber que Evan é o marido perfeito para mim.
— E o que você sente por ele?
— Eu gosto dele e o respeito muito. — Ela fez uma pausa e sustentou o olhar de Alfonso. — Para mim, Evan será sempre um grande amigo e companheiro de trabalho.
Alfonso quase não conseguiu esconder seu alívio. Era tudo o que precisava ouvir, por enquanto.
Sophie bocejou, esfregou os olhos e choramingou. Anahi levantou-se imediatamente, encerrando a conversa.
— Vou dar banho em Sophie e fazê-la dormir. Com licença.
— Fique à vontade, Anahi. Vou recolher os pratos e trazer a nossa sobremesa.
— Não esqueça das nozes — ela pediu.
Anahi foi para o quarto com Sophie, e Alfonso, para a cozinha. Ele lavou a louça, enxugou-a e guardou tudo nos devidos lugares. Limpou o fogão e, depois de deixar tudo em ordem, pegou os potes de sorvetes e arrumou-os numa bandeja.
Após certificar-se que Sophie dormia placidamente, Anahi voltou à sala.
Alfonso colocara a bandeja na mesa de centro. Estendeu a mão para ela sentar-se no sofá ao lado dele.
Os olhos de Anahi brilharam de surpresa e alegria.
— Tudo isso é para mim?
— Bem, eu esperava que você dividisse comigo — Alfonso brincou.
— Vou tentar.
Anahi provou todos os sabores ali expostos, e depois da última colherada do sorvete de creme de leite, reclinou-se no sofá e disse:
— Não há nada mais excitante do que saborear os meus sorvetes prediletos trazidos por um rapaz tão bonito e sensual.
— O prazer foi meu.
Alfonso não pretendia estragar a camaradagem do momento. Anahi estava alegre, de bom humor, mas ele desejava conversar sobre um assunto importante. Não queria que a conversa se transformasse numa discussão depressiva, portanto tentou conduzi-la de uma maneira leve e casual.
—Já que você foi tão sincera comigo, quero lhe contar sobre um relacionamento que eu tive.
— Foi sério? — Ela o fitou com expressão desconfiada, exatamente o que ele queria evitar.
— Não, realmente. Só acho que devo lhe contar. E depois de ouvir minha história, talvez entenda a razão da minha fúria ao descobrir que você é uma St. Puente. Ao desvendar a verdade a seu respeito, muitas lembranças desagradáveis voltaram-me à mente.
Alfonso falou de Elaine e do relacionamento secreto deles, do comportamento misterioso dela e, por fim, da descoberta, por acaso, de que Elaine era uma mulher casada.
— Um dia, entrei numa loja de departamentos para comprar um presente para minha irmã. Vi Elaine com um homem que carregava uma criança nos braços — ele continuou. — Eu me aproximei deles, certo de que Elaine estava com o irmão ou um amigo, sei lá... Ela me viu, arregalou os olhos e, pela expressão de pânico, percebi que havia alguma coisa errada. Antes que eu abrisse a boca, Elaine foi logo me apresentando como um cliente ao marido dela.
— Oh, Alfonso...
— Inútil dizer que eu estava dormindo com uma mulher casada, mãe de uma menina. Finalmente, compreendi o comportamento misterioso e cheio de desculpas de Elaine. Claro, afastei-me sem dizer nada, mas dias depois, quando ela me telefonou, eu lhe falei poucas e boas, e nunca mais me procurou. Não passei de um joguete, uma diversão nas mãos de uma mulher rica e bem casada. Eu me senti usado e enganado.
Anahi baixou os olhos, obviamente comparando as semelhanças.
— Sinto muito, Alfonso. Juro como eu nunca pensei em magoá-lo — respondeu.
— Eu sei. — Sim, agora ele entendia a insistência de Anahi em manter seu anonimato. — Espero que você compreenda que sou um homem que valoriza demais a honestidade, a lealdade, a franqueza, enfim, e é exatamente isso que eu quero entre nós daqui para a frente.
— Tudo bem. — Sorrindo, Anahi segurou o rosto dele entre as mãos e beijou-o com ternura e suavidade, como se naquele beijo houvesse também um pedido de desculpas.
Ela logo entreabriu os lábios, e o beijo ficou mais profundo e provocante.
As mãos tornaram-se atrevidas e ávidas. Eles se tocavam, se acariciavam, se exploravam mutuamente. Entregaram-se à paixão, e o desejo longamente contido e reprimido arrastou-os para o mundo dos amantes, onde não existiam cobranças, pressões, expectativas e nem diferenças sociais.



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Autor(a): ayaremember

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Noite de sexta-feira. Rosalyn esperava com ansiedade pela chegada de Adam. Planejara minuciosamente a noite em que seu marido descobriria a mulher sensual e ardente que ele tinha em casa.O cenário da sedução estava pronto. Começara pelo envelope que ela colocara no carro de Adam logo cedo. Dentro, havia algumas fotografias suas de camisola verme ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 17



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  • maria_cecilia Postado em 08/01/2015 - 01:14:10

    obs - desculta ta flo se to incomodando rsrs [WEB] Entre el Amor y El Odio - AYA http://fanfics.com.br/fanfic/41683/web-entre-el-amor-y-el-odio-aya-ponny Gente eu estou postando essa web,ela não é minha mais é muito boa, espero que gostem.

  • maria_cecilia Postado em 08/01/2015 - 01:13:58

    posta mais

  • mikaellaborges Postado em 23/12/2014 - 01:42:19

    Posta mais please

  • luizaportilla14 Postado em 09/12/2014 - 14:06:31

    Ansiosa pra ver quando a Anahi descobrir que ele tá trabalhando pra empresa dela *------*

  • luizaportilla14 Postado em 09/12/2014 - 12:50:02

    Posta maaaais <3

  • vanessinhaborges Postado em 08/12/2014 - 15:05:08

    Continuuua

  • luizaportilla14 Postado em 04/12/2014 - 14:40:20

    Continuaaa

  • luizaportilla14 Postado em 03/12/2014 - 16:06:13

    Posta mais!!!!!

  • luizaportilla14 Postado em 03/12/2014 - 16:03:44

    Oee Leitora nova. To adorando!!!! Posta mais *-------------*

  • andryaponnyever Postado em 25/11/2014 - 23:16:00

    Esses dois são uns perfeitos eroticos isso sim!!!


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