Fanfic: Mulher Apaixonada - Ponny | Tema: Ponny

Anahi não viu Alfonso de novo antes que ele partisse para a Austrália. Pela primeira vez, ela se sentia feliz por ficar de fora das atividades sociais da família. Assim que soube que ele tinha ido embora, disse à tia e à prima que não tinha nenhum desejo de comparecer ao casamento. Hilda, obviamente pensando que isso representaria uma despesa a menos, respondeu suavemente que não tinha importância, uma vez que alguém teria que ficar para cuidar da fazenda.
Foi pouco depois de uma semana que Blanche irrompeu em seu quarto.
- Mamãe saiu e eu preciso falar com você - disse, sem rodeios.
Anahi, que estava ocupada cerzindo um par de meias de lã, levantou os olhos e franziu a testa. O rosto de Blanche tinha uma expressão que não lhe era estranha. Ela parecia excitada com alguma coisa.
- Você voltou cedo hoje, não? - disse Anahi, tentando fazer com que Blanche fosse direto ao assunto.
- Eu vou a Paris, passar alguns dias. Com Rex - ela acrescentou friamente, desafiando a prima a contestá-la.
Anahi ficou perplexa demais para dizer qualquer coisa imediatamente, mas a expressão de apreensão em seus olhos falou por ela. Apenas pestanejou e engoliu em seco.
- Eu não sou criança, Anahi - exclamou Blanche, ao ver sua expressão. - Sei o que estou fazendo, e por isso não comece a perguntar sobre Alfonso. Ele não precisa saber disso.
- Mas... por quê? -. Anahi sussurrou, horrorizada. - Quero dizer, você está para se casar. E se Alfonso descobrir? O que vai acontecer então?
- Ele não vai descobrir.
- Como é que você sabe? Além disso, não é justo!
- Oh! Cale a boca, sua santarrona! - Blanche disse venenosamente. - Você não conhece Alfonso. Quando estivermos casados, ele começará a me controlar. A esposa dele terá que andar na linha em todos os sentidos. Ele não é realmente aquele sujeito preguiçoso e sarcástico que você conhece.
Anahi corou visivelmente.
- Se você acha isso de Alfonso, por que vai se casar com ele, pelo amor de Deus!
- Eu já não lhe disse antes? Para não ter mais que trabalhar, para ter todo aquele sol e aquele dinheiro. Mas você pode estar certa de que ele vai exigir muito pelo seu dinheiro!
- Eu acredito. Mas o dinheiro não é tudo, Blanche.
- Eu não vou me queixar - Blanche escarneceu.
- Eu ainda não compreendo como você pode até mesmo pensar em se casar com ele, quando ama Rex.
- Você está maluca? Gosto de Rex, sinto-me atraída por ele, mas nada de sentimentos mais profundos. E, depois, ele sempre me ajudou muito na minha carreira.
Isso tudo estava além de sua compreensão, e Anahi sentiu-se impotente ao olhar para a prima. Uma coisa era bem óbvia: Blanche não estava procurando conselhos, favoráveis ou não. Em todo caso, Anahi tentou dá-los.
- Então, por que não se esquece de Rex e não procura se concentrar na fortuna de Alfonso? Tenho certeza de que ele vai lhe dar uma vida boa, e não acho que encare você como um negócio. Na verdade, ele disse que nunca mais olhou para uma mulher, desde que a conheceu.
-Durante todos esses três meses?!
- Numa ilha como Barbados, isso deve provar que ele gosta de você. Deve haver muitas mulheres bonitas lá, muitas tentações...
- Eu sei muito bem o que existe em Barbados - Blanche falou asperamente -, mas ele não fica lá o tempo todo. Ele tem outras propriedades no Caribe. Uma das ilhas é completamente isolada, e Alfonso adora ficar lá. Provavelmente, foi lá que ele esteve durante os últimos três meses, para evitar as tentações. Ouvi dizer que muitas vezes supervisiona pessoalmente o trabalho. Mas, se ele pensa que eu vou ficar enterrada lá durante semanas seguidas, está muito enganado!
- Ele talvez esteja desenvolvendo algum empreendimento lá - sugeriu Anahi. - Eu não consigo imaginá-lo fazendo alguma coisa que não queira.
- Pois eu não sei - disse Blanche, irritada. - Às vezes duvido que Alfonso sirva para mim. Ouvi dizer que ele é um homem muito sensual.
- Se fosse você, não me casaria com ele! - Anahi fez um esforço para se equiparar à franqueza desconcertante de Blanche. - Diria a ele simplesmente que tinha mudado de idéia.
- Você não diria isso se tivesse uma oportunidade de se casar com ele - Blanche zombou.
- E você parece determinada a jogar a sua fora.
- Não, eu não quero isso. Pretendo realmente ser a sra. Poncho Herrera, mas primeiro quero me divertir um pouco.
- E se Alfonso descobrir?
- Ele não vai descobrir... Não, se você prometer me ajudar.
- Eu? - O coração de Anahi bateu mais depressa, ao se imaginar sendo alvo da fúria de Alfonso. Já tinha recebido uma amostra da ira dele e não pretendia receber outra!
Blanche ignorou seus protestos, como vinha fazendo há anos.
- Tudo o que estou lhe pedindo - disse ela friamente - é que diga a Alfonso, caso ele telefone, que eu fui visitar tia Helen, que, todos nós sabemos, não possui telefone. Vou levar mamãe até lá amanhã, para passar alguns dias com ela, já que titia não anda bem de saúde e não pode vir para o casamento. Por isso, se Alfonso perguntar depois à tia Helen alguma coisa nesse sentido, o que eu duvido muito, não lhe ocorreria procurar saber qual de nós duas esteve mesmo com ela.
Pasma com o descaramento de Blanche, Anahi exclamou:
- E se Alfonso perguntar à sua mãe sobre isso, quando voltar?
- Não se preocupe... ele não vai perguntar. Por que deveria? - Blanche, muitíssimo confiante, deu de ombros. - Em todo caso, eu vou conversar com mamãe mais tarde. Ela não vai me deixar na mão.
- E você está me pedindo ajuda para enganar Alfonso também?
- Ora, deixe disso! - Blanche bufou de exasperação. - Por que você precisa ser tão dramática? Por que não faz de conta que não quer vê-lo magoado, já que a sua consciência a está incomodando? Tenho certeza de que, se encarasse a coisa desse jeito, não seria tão difícil. Você sempre foi caridosa.
- Eu... eu ainda não sei...
- Bem, então conte-lhe a verdade... qualquer coisa que você quiser! - E Blanche foi saindo do quarto, furiosa. - Diga-lhe o que bem entender. Eu não me importo. Eu vou a Paris com Rex!
Quando a prima bateu a porta, Anahi ficou atordoada, compreendendo que seria impossível contar a Alfonso esse tipo de verdade. Ela sabia disso e Blanche também. Quando Blanche não conseguia o que queria através do que considerava uma argumentação lógica, recorria a um artifício que raramente falhava.
A casa estava vazia e silenciosa, e os nervos de Anahi começaram a ficar cada vez mas tensos, diante da possibilidade de que Alfonso telefonasse da Austrália a qualquer hora. Ele já tinha telefonado uma vez, antes de Blanche partir, e era pouco provável que telefonasse de novo antes do fim de semana. Mas tudo podia acontecer.
Ao partir para Paris, Blanche rompera o silêncio incômodo que perdurava entre elas desde a conversa no quarto de Anahi. Ela dissera-lhe o nome do hotel luxuoso onde se hospedaria com Rex. Só lhe dera essa informação porque ela e a mãe tinham encontrado Helen pior do que esperavam, e o médico havia avisado que a mulher talvez não vivesse muito.
- Não telefone para mim a menos que a velha morra - Blanche recomendara-lhe, além de ameaçá-la, caso revelasse seu paradeiro a quem quer que fosse.
Anahi, ouvindo Rex buzinar alto em frente da casa, como se fugir com a noiva de outro homem não fosse algo para se manter em segredo, tivera vontade de sair e falar com o rapaz. Ele e Blanche talvez formassem um bom par, mas pelo menos Rex não estava noivo de ninguém. Sob aquela aparência mundana e sofisticada, podia ser que houvesse uma centelha de decência.
- Não se atreva! -Blanche havia gritado, adivinhando claramente suas intenções.
- Talvez valha a pena tentar. - Anahi encarara corajosamente a prima.
- E se fosse bem-sucedida? Você se ofereceria para ir em meu lugar? Mas penso que acharia Paris grande demais para você!
Depois disso, Blanche pegara a sua mala e partira.

Leitoras por favor comentem, só haverá novos capítulos se houver novos comentários, então comentem!Bjs.