Fanfic: Mulher Apaixonada - Ponny | Tema: Ponny

Levantando-se de onde estivera agachada ao lado de Daisy, Anahi sorriu para Jim. Ele então falou que se arranjaria sozinho agora, e que não havia nenhuma necessidade de ela voltar.
Lembrando-se de que ele não estava vestido para o tipo de trabalho que estivera fazendo, ela olhou ansiosamente para Alfonso ao entrarem na cozinha.
- Espero que não tenha estragado o seu terno.
- Encontrei umas capas velhas penduradas atrás da porta - tranqüilizou-a Alfonso. - Não que tivesse importância. Eu tenho outro terno no carro, e poderia sempre comprar alguma coisa em Londres amanhã.
- Como é bom ter bastante dinheiro! - ela falou de repente, antes de se dar conta do que estava dizendo.
- A petulância geralmente acompanha as pessoas comuns - comentou ele, com indiferença.
Alfonso viu, com indisfarçável satisfação, Anahi ficar escarlate. È ela percebeu que ele gostava de magoá-la, que sentia um prazer quase sádico sempre que tinha essa oportunidade.
- Quando tiver acabado de me insultar - ela disse, com rispidez -, eu lhe mostrarei onde poderá lavar as mãos... Ou será que você sabe onde fica?
- Eu posso me lavar na pia da cozinha - respondeu ele. E se pôs a fazê-lo, depois de tirar o paletó e a camisa.
De boca aberta e com a garganta curiosamente seca, Anahi ficou olhando para suas costas largas enquanto ele abria as torneiras e estendia a mão para pegar o sabão. Quando ele se virou ligeiramente de lado, ela viu os pêlos crespos que cobriam seu tórax musculoso.
Alfonso terminou de lavar as mãos e os braços, e começou a enxugá-los. Anahi virou-se depressa para o outro lado e, tentando normalizar sua respiração, começou a despejar a sopa nas tigelas que estavam em cima da mesa. Não olhou para Alfonso quando ele sentou-se, sentindo raiva do calor que estava atravessando seu corpo. Ficou pensando sobre o que estaria acontecendo com ela, e desejou que as suas mãos parassem de tremer.
- A sopa estava boa. - Anahi estremeceu quando ele suspirou de satisfação ao entregar-lhe a tigela vazia. - Foi você quem fez?
- Sim. - E ela serviu o prato principal com a testa um pouco franzida. - Eu a preparei ontem à noite e estou contente que tenha gostado.
As sobrancelhas dele se ergueram um pouco, como se estivesse impressionado.
- Você cozinha bem. Este filé também está delicioso. Acho que nunca provei um melhor.
- Este não é o melhor. - Anahi gostaria de saber por que estava se dando ao trabalho de explicar. - Mas eu geralmente o preparo com bastante antecedência, e fica bem melhor. - Sentindo o seu senso de humor voltar de repente, ela sorriu e disse: - Como vê, eu também tenho alguns aspectos positivos.
As sobrancelhas de Alfonso ergueram-se de novo, mas ele não disse nada, e o sorriso dela desapareceu. Pálida, ela desviou os olhos, fitando distraidamente o seu prato.
- Você come fora com freqüência? - Ele suspirou, como se estivesse procurando um assunto para distraí-la.
- Eu? Oh, quase nunca! - Ela sorriu de novo, melancolicamente.
- Quando Blanche e eu nos casarmos, você precisa ir visitar-nos. Acho que vai gostar da nossa comida.
- Sim, é possível. - Anahi percebeu que sua resposta parecia afetada, mas não conseguiu encontrar outra coisa para dizer. Depois que Poncho Herrera se casasse, ela não sabia se seria sensato vê-lo mais do que o necessário.
- Quer que eu faça café?- ele se ofereceu, inesperadamente.
- Percebo que você está cansada.
Pelo fato de não se lembrar de ninguém que tivesse se preocupado com o seu cansaço desde que chegara àquele lugar, ela pestanejou, perplexa.
- Se quiser... - E apontou para a cafeteira em cima da pia.
- Mas eu não estou nada cansada. E quando Blanche chegar vou para a cama.
Ele preparou a cafeteira antes de perguntar:
- Qual é a extensão das terras que vocês têm aqui? - Pouco mais de quarenta hectares. E as suas?
Alfonso sorriu, como se achasse graça de sua pergunta franca.
- Bem mais do que isso, acredito. Anahi notou que ele não revelara nada.
- Acho que devo agradecer-lhe por ter me ajudado esta noite.
- Não, se não sentir vontade - ele respondeu, em tom de mofa. Anahi sentiu dificuldade em enfrentar o olhar dele.
- Você deu a entender que achou bastante fácil.
- Eu também sou muito bom quando se trata de bebês - ele lhe garantiu despreocupadamente. - Nas plantações de cana-de-açúcar as coisas geralmente acontecem muito depressa, e nem sempre há tempo para se chamar um médico.
Será que ele estava tentando embaraçá-la de propósito? Anahi desconfiava que sim. Suas faces estavam rosadas e seus dedos entrelaçados com força.
- Você deve almejar ter um filho homem - ela comentou, com afetação.
- Essa é a prioridade número um - concordou ele.
- Você fala como se se tratasse de uma atividade comercial! Os bebês precisam de amor.
- Eles devem ser fruto do amor, não é isso que quer dizer? - O olhar dele era inflexível. - Nem todos nós somos idealistas românticos, Anahi, mas que tal cuidar dos seus assuntos e me deixar cuidar dos meus?
- Acho que... - ela começou a dizer, com raiva, quando a porta do corredor se abriu repentinamente e, para o seu horror, Blanche irrompeu na cozinha, seguida de perto por Rex Oliver.

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