Fanfic: Apenas Irmãos? || Vondy (Concluída) | Tema: Rebelde / Vondy
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
"Às vezes você só percebe a importância de um momento, quando ele se torna apenas uma lembrança…"
Não parou de nevar nem por um minuto durante toda a viagem.O frio era de congelar. E apesar de estar muito bem agasalhado, não era uma viagem confortável para ser feita de moto. A visibilidade era péssima. Tinha que manter a velocidade baixa e quanto mais seguia para o interior, pior ficava. Resultado, a viagem se tornava mais longa que o normal.
Enquanto guiava, tive muito tempo para pensar sobre a minha vida. Se é que isso podia se chamar de vida — já que estava sem minha razão de existir, minha doce Dulce. Não cansava de me lembrar do e-mail que ela havia me respondido. Tudo o que ela era, tudo o que representava pra mim, estava resumido ali. Sua personalidade cativante, sua generosidade, sua bondade. Na despedida aparentemente distante, pude perceber uma fagulha de preocupação e carinho, fagulha que aqueceu meu coração e me fez respirar um pouco mais aliviado.
Aquela oração foi algo que trouxe, além da sensação de tranquilidade, doces recordações. Lembrava perfeitamente da nossa avó irlandesa Jô, recitando aquela prece sempre que nos despedíamos. Fazia muito tempo que havia ouvido aquilo pela última vez.
Foi com esse estado de espírito que segui pra casa do meu avô. Era mais que isso, era um sítio onde meu avô criava cavalos de raça. Há muito não fazia aquele trajeto, mas me lembrava muito bem como chegar lá. Afinal, por muitos verões quentes e ensolarados de minha infância era aonde íamos juntos, em família.
John Uckermann, esse é o nome de meu avô. Para nós, seus netos, ele é o vovô John. Para quase todo o restante da família, vovô Uckermann. Ele foi oficial da cavalaria e, depois que se aposentou, comprou o sítio e resolveu se dedicar à sua segunda grande paixão: criar cavalos de raça. Era do conhecimento de todos que a primeira grande paixão da sua vida foi e sempre seria minha avó Josephine. Uma mulher de aparência frágil, que havia demonstrado uma personalidade alegre, firme e marcante ao cuidar do marido, da casa e dos três filhos homens, além de ser uma cozinheira notável. Só de me lembrar do sabor dos seus bolos, minha boca já se enche de água.
Quando minha avó faleceu, cerca de dois anos atrás, sua perda foi muito sentida por toda família. Ela era aquele tipo de avó que nos fazia sentir imediatamente a vontade. Tinha uma risada fácil e espontânea, naturalmente muito brincalhona, o que contrastava bastante com a personalidade mais retraída e formal do meu avô. Acredito que esse era um dos seus encantos que cativava mais rapidamente e que havia fisgado o coração do John Uckermann, quando ainda era um jovem soldado de 19 anos e conhecera aquela jovem ruiva e sardenta num baile — pelo menos foi isso que tinham nos contado.
Meu avô era um bom homem, extremamente responsável e metódico, como todo militar. Apesar da pose sisuda e controlada, não era agressivo ou injusto, muito pelo contrário, tinha uma estranha calma quando falava — algo que, dependendo da situação, podia ser tranquilizador ou extremamente assustador.
Sorri ao lembrar uma ocasião em que a cadência tranquila de seu linguajar havia sido muito útil. No primeiro Natal da Dulce conosco a casa estava cheia de parentes. Adultos conversavam animados, crianças corriam por todo lado e a cada momento mais gente chegava, todos muito curiosos para conhecer o mais novo membro da família. Tanta expectativa tinha deixado a Dulce assustada. E ela se recusava sair do quarto. Ninguém sabia mais o que fazer para convencê-la. Foi quando vencendo toda insegurança me ofereci para conversar com ela, mesmo ouvindo as risadas das minhas irmãs, afirmando que eu só iria conseguir assustá-la ainda mais, já que era sempre tão sério com a Dulce.
Papai e mamãe acharam que não custava tentar.
E lá fui eu, tremendo na base ao encontro dela. Abri a porta do seu quarto bem devagar e a vi deitada na cama de costas pra mim. Reparei o seu cabelo maravilhoso no travesseiro e tive vontade de me aproximar e tocá-lo. Adoraria passar meus dedos pelos seus cachos, mas consegui controlar o impulso. Continuei parado ali na porta e a chamei. Lembro de como sentou surpresa e virou me encarando, nunca vou esquecer seu rosto corado, os olhos cor de mel brilhando com as lágrimas e sua boca que tremia ligeiramente. Fiquei sem fala diante de tanta beleza, simplesmente, ela tirava o meu fôlego. Jamais tinha conhecido uma menina que me deixasse assim tão sem ação. Era só olhar pra ela e minha mente embaralhava toda. O vestido de veludo que usava, num tom quase vinho, realçava ainda mais a cor da sua pele. Respirei fundo tentando lembrar porque estava ali. Quando consegui organizar meus pensamentos, reparei que ela tinha me respondido e aguardava que eu continuasse a falar. Foi o que fiz.
Quando me aproximei, observei o quanto sua postura tímida era encantadora, contrastando visivelmente com o seu olhar. Havia luz em seus olhos, um brilho que revelava uma natureza interior apaixonada, vibrante e muito carente. Depois de um ano vivendo num orfanato, tendo pouco ou nenhum carinho mais pessoal, para uma personalidade afetuosa como a dela, deveria ter sido muito difícil. Apesar de sua timidez, eu sentia que ela estava ansiosa por receber e dar carinho e amor. Não sabia explicar direito, mas desde o primeiro momento havia sido assim, a gente olhava um pro outro e se compreendia. Entendíamos nossas personalidades sem precisar de muitas explicações, simplesmente enxergava tudo o que ela era. E fiquei fascinado. Quando consegui convencê-la a descer e ousadamente segurei sua mão, tudo o que consegui pensar foi: “Ela é minha”.
À época, só não havia ficado muito claro o quê ela era minha. Ao descer as escadas, com nossos dedos entrelaçados, sentindo o calor da sua pele em minha mão, tudo o que sabia era que gostava de sentir aquilo com ela, gostava quando estávamos juntos, adorava quando sorria só pra mim. Quando baixei meus olhos para seus lábios, espantado, me peguei pensando se seriam realmente tão macios como aparentavam. Sacudi a cabeça, horrorizado com esses pensamentos. Afinal, ela era minha irmã e eu estava ali servindo de cicerone, apresentando-a para toda a família. Não devia pensar nela dessa forma. Não podia. Mas a sua presença pequena me fazia sentir ridiculamente feliz. Ela era irresistível.
Por isso mesmo pensei: Devo ficar longe dela, é perigoso. — e novamente não soube definir muito bem para qual de nós dois seria perigoso, se pra mim ou pra ela.
Tentando afastá-la dos primos mais chatos e inconvenientes, acabamos esbarrando no vovô John e na vovó Josephine. Admirava a altura de meu avô, até hoje é mais alto que eu — ele tem quase dois metros de altura! E a Dulce, vendo-o pela primeira vez, levou um baita susto e se escondeu atrás de mim.
— Acho que vi uma ratinha, John! — brincou vovó.
— Talvez, Jô! — correspondeu. — Uma ratinha morena, pelo que parece!
— Se oferecermos um pouco de queijo, talvez ela se aproxime. — disse vovó se agachando para ficar da nossa altura.
— Então, Christopher! — chamou vovô colocando a mão em meu ombro. — Não vai nos apresentar sua irmã?
Tentei empurrar Dulce para frente, mas para minha alegria e constrangimento, se agarrou no meu braço e não me soltava.
— Mas o que é isso? — perguntou vovô. — Será que sou assim tão feio que estou assustando lindas garotinhas, como você?
— Não, senhor. — Dulce respondeu baixinho.
— Somos seus avós, meu bem. — vovó falou sorrindo. — Sou vovó Josephine, mas pode me chamar de vovó Jô, e esse é o vovô John.
Dulce olhou de um para o outro ainda um pouco assustada, porém senti que começava a relaxar.
— O senhor é um gigante? — perguntou olhando boquiaberta para vovô e ele sorriu, o que foi um bom sinal, não era um homem de muitos sorrisos.
— Hum, então é assim que pareço para você, não é mesmo? — perguntou e se agachou como fazia minha avó. — Pronto, será que assim ficou melhor?
— Oh, sim! — Dulce respondeu com deliciosa sinceridade. — Agora posso ver o seu rosto! — e ao ouvir aquilo, vovô deu uma boa risada.
— Qual é o seu nome? — perguntou.
— Dulce.
— Lindo nome! Seu nome vem do latim e significa “aquela que vem do mar”, ou seja, uma sereia, sabiam disso?
— Não, senhor. — respondemos juntos.
Ufa, consegui tirar um tempinho pra vir aqui postar pra vocês. Tô passando correndo mesmo por isso não vou responder os comentários, estou em semana de prova e preciso ficar estudando toda hora :P
Ahh e fiquei feliz de você ter dado as caras Lyandra Cachorreira pensei que havia sido abduzida por ETS. E calme gente, já tá dando dó desse burro do Christopher mesmo -.-` mais logo logo acabará...
Autor(a):
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— E então, pequena sereia, quer dizer que está enfeitiçando a todos com o seu canto? — brincou vovô e ela sorriu encabulada. Olhei pra Dulce, pensando que realmente tinha de haver algo sobrenatural a seu respeito. Tive vontade de responder ao vovô que, não podia garantir pelos outros, mas definitivamente já ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 767
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lopachbr Postado em 01/06/2016 - 15:23:13
vondy por suerte hasta la muerte
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∞† Sasabiina †∞ Postado em 01/01/2016 - 17:28:10
Amei a fic parabens *-*
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LetíciaVondy Postado em 17/12/2015 - 21:59:48
Sdds
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anne_mx Postado em 14/08/2015 - 19:18:43
Essa foi a melhor fic que já li foi muito perfeitaaaaaaaaaaaa parabens amei a frase que a senhora disse pra Dulce
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Girl Postado em 02/08/2015 - 12:25:10
PASSANDO NESSA PORRA PRA DIZER QUE FOI É E SEMPRE SERÁ A MELHOR WEB DE PARENTESCO QUE EU JA LI...ACEITEM MUNDO
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Anne Karol Postado em 01/06/2015 - 14:54:15
Bom, o que falar dessa fanfic? Uma das melhores que existe aqui no site. Chorei, comemorei, sorri, ri, me diverti. Ain vou sentir tanta saudade Rebeca. Me apaixonei pela fanfic e vê que ela acabou me da uma tristeza, como se algo faltasse. Muito obrigada por nos proporcionar essa fanfic. Ela é simplesmente maravilhosa <3.
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jaahvondy Postado em 31/05/2015 - 00:13:46
lindo, lindo, lindo o final..to muito emocionada aqui...é uma das minhas fics preferidas...<3 foi simplismente maravilhosa, e não tem como explicar o que eu senti quando eu lia esses ultimos capitulos...tudo perfeito...<3
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stellabarcelos Postado em 29/05/2015 - 00:52:51
Comecei a ler a web ontem e já terminei! Linda demais e muito viciante ! Obrigada por postar essa história linda sobre o amor verdadeiro Parabéns!
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naty_rbd Postado em 28/05/2015 - 14:32:19
Mais uma web sua que chegou ao fim e eu aqui me acabando em lagrimas. Foi perfeita e tenho certeza que essa outra será tambem.
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melicia_fagundes Postado em 27/05/2015 - 23:41:22
Adorei a fic. Umas das melhores que ja li. Beijos <3