Fanfic: Apenas Irmãos? || Vondy (Concluída) | Tema: Rebelde / Vondy
Um pouco constrangida por ficar presenciando esse estranho relacionamento entre mãe e filho, segui Poncho. Os outros cômodos se revelaram com o mesmo aspecto mal cuidado, com móveis empoeirados e cortinas fabricadas no século passado. O que era uma pena, pois acredito que, passando por uma boa reforma, a casa ficaria com um aspecto bem romântico. Além da ampla sala, descobrimos dois quartos, dois banheiros com água quente, cozinha e lavanderia. Então, até que não era tão mal. Abrimos todas as janelas para que a luz e o ar fresco entrassem, arejando o ambiente.
Deixamos nossas coisas no quarto, que na opinião do Poncho “não cheirava à velhinha morta” e resolvemos dar uma olhada ao redor. Enquanto ele foi ao banheiro, fui até o quintal. E finalmente encontrei algo de bom naquele cenário macabro. A piscina era fantástica, grande e cheia de água azul e convidativa. Fiquei feliz ao perceber que tinham-na deixado preparada para o uso. Estava distraída, passando levemente um pé na água, quando, do nada, Poncho surgiu por trás, me pegando no colo e pulando na piscina comigo, de roupa e tudo. Nem tive tempo de reclamar!
— Banzai! — gritou antes de explodirmos dentro d’água.
Eu tossia quando emergimos.
— Em guarda, Alfonso José! — falei jogando água em seu rosto. — Eu o desafio! Se perder, todo o planeta ficará sabendo do seu segredinho.
— Jamais! — revidou decidido. — E se eu ganhar? O que recebo?
Seu rosto transparecia toda uma gama de emoções, ele conseguia ser o menino peralta em busca de uma infância desperdiçada, assim como o homem consciente do poder fatal de seu charme.
Observei a água que pingava de seus cabelos escuros, a camiseta molhada que grudava no tórax perfeito e os olhos de um verde claro incrível, salpicados de violeta, que refletiam tanta confiança, alegria e amor. Eu faria tudo por ele, qualquer coisa. Eu tinha até medo da intensidade de meus sentimentos. E exatamente por temer o descontrole, sabia que não devia ceder demais. Não por temer me machucar, mas por temer criar uma dependência tal, que não soubesse mais viver sem ele.
— O que receberá? — falei com meu melhor sorriso. — Terá que se contentar com meu silêncio e nada mais.
Seu olhar me percorreu com lentidão deliberada, como um lembrete silencioso de que eu tinha mais a oferecer. Agarrei-me com unhas e dentes a minha força de vontade. Sim, muitas vezes me permitia dar vazão aos meus sentimentos e desejos, mas como dizia minha mãe, não ser fácil faz parte da arte de ser mulher.
— É pegar ou largar. — sentenciei.
— Então... que seja. — acatou com humor na voz grave.
Começamos a fazer uma verdadeira guerra aquática, rindo e pulando. Contudo, não foi surpresa ver quem ganhou, já que pela altura dele fui arrasada.
— Chega, eu me rendo, me rendo! — gritei, enquanto ele não parava de me inundar.
Com um brado de vitória, ele parou e passei a mãos pelos olhos, retirando o excesso de água para conseguir enxergar direito. Levei um susto quando senti seus braços me envolverem.
— Agora quero o prêmio de vencedor! — exigiu me abraçando com força.
— Ei! Não foi o que combinamos! — reclamei tentando afastá-lo, sem sucesso. — Isso é trapaça!
— E quem disse que jogo limpo? — falou atrevido, antes de me beijar gulosamente.
Como resistir? Era tão maravilhoso sentir essa alegria pura e viva junto com ele! Com nossos corpos molhados de encontro um ao outro, suas mãos corriam livres pelo meu vestido curto. Senti suas mãos descerem rápidas pelas laterais do meu corpo até a barra do meu vestido, mas as segurei em tempo, quando percebi sua intenção.
— Poncho, você ficou maluco? — reclamei empurrando-o.
— Vem cá, Majestade! — solicitou, me puxando novamente de encontro a ele.
— Esqueceu que não estamos sozinhos?
— Não tem nada em você que já não tenha visto, sutiã e calcinha são até maiores que muitos biquínis, então, por que a timidez?
— Poncho, eu acabei de conhecer a sua mãe e ela parece não ter um conceito muito bom sobre as garotas com as quais você anda. Não acho sábio colocar no meu currículo nadar com você na frente dela usando roupas íntimas.
— Hum. Acho que tem razão. — afirmou depois de me olhar por certo tempo. — Talvez seja melhor sermos mais discretos. Ainda bem que temos um quarto só pra nós, e com um ar condicionado enorme nos esperando!
— Você já localizou o ar condicionado? — questionei, não conseguindo deixar de sorrir.
Voltamos para nosso quarto para tirar as roupas molhadas e trocar por roupas de banho. Ao fazer isso junto com ele, uma onda de emoção me invadiu. Nunca foi tão claro para mim quanto naquele momento que agora, mais do que nunca, éramos um casal de verdade, compartilhando aquele quarto, a vida, experiências, alegrias, tristezas, doenças, viagens e até conhecendo a família um do outro. O que poderia acontecer para tornar tudo aquilo mais perfeito do que já era? Em minha opinião, nada.
Passamos o restante do dia descansando e nos refrescando na piscina. Enquanto isso, Ruth não saia do celular ou da internet, sempre se desculpando, alegando motivos de trabalho. Agora eu entendia porque Poncho era do jeito que era. Com uma mãe daquelas, como não se sentir o garoto mais rejeitado do mundo?
Era véspera de Natal. Mas não conseguia sentir como se fosse, talvez por não ver a neve caindo, por não ter uma casa cheia de enfeites, por não ouvir velhas canções natalinas ecoando pela casa, por não ver a família se preparando empolgada pelos presentes e festejos do dia seguinte e a mamãe preocupada em garantir comida e bebida para todos. Sentia falta principalmente do sentimento que preenchia meu lar e aquecia interiormente muito mais que aquele calor do verão australiano.
Depois de comermos um lanche rápido, que consistira de refrigerante, sanduíches, algumas frutas e chocolates, que Ruth tinha comprado num mercado local enquanto estávamos na piscina, exaustos, fomos dormir cedo. O cansaço nos impediu de sair e procurar por um restaurante ou fazer qualquer programa turístico. Pelo que ela nos serviu, desconfiei que culinária não devia fazer parte dos seus predicados. Depois de comer aquela comida de avião tão sem sabor, teria adorado saborear uma refeição de verdade. Mas me confortei com o fato de Ruth ter tido a consideração de comprar vegetais, azeitonas e tofu para que eu usasse como recheio, ainda que ela tenha feito uma cara não muito satisfeita quando Poncho lhe explicou que eu era vegetariana.
A noite foi agradável, dormimos refrescados pelo ar condicionado antigo, mas que funcionava. Dormi tão profundamente que, ainda que o espírito da velhinha morta tivesse puxado meu pé, não teria sentido.
Acordei com a respiração de Poncho em minha orelha, sentindo o calor de seu peito em minhas costas e tendo seu braço ao redor de minha cintura. Suspirei feliz. Era isso que eu queria: estar com ele. Era com quem desejava estar por dias sem fim, amanhecer aspirando o cheiro de sua pele, enquanto seus dedos afastavam meu cabelo e seus lábios beijavam carinhosamente meu pescoço como fazia agora. Sabendo, sem explicação, o que queríamos e precisávamos, quando, quase ao mesmo tempo, começamos a nos despir. Em vários momentos, nos amamos devagar, mas não hoje, não agora, tínhamos pressa em nos sentir, pressa em trilharmos juntos o caminho de tijolos amarelos e alcançarmos as portas do mundo mágico. Nessa manhã cheguei a algum lugar além do arco íris. Duas vezes.
Ao nos encontrarmos com sua mãe na sala, substituímos nossa total desinibição íntima, por uma tímida troca de presentes. Nunca vi pessoas mais constrangidas em estender um presente do que nós três. Em meu caso, estava mais que constrangida, estava com medo mesmo. Tinha pavor de dar a alguém um presente errado, afinal, tinha coisa pior do que forçar um sorriso de agradecimento quando na verdade você tinha odiado o que ganhou? Fiquei observando atentamente a reação de ambos ao abrirem seus pacotes. Poncho agradeceu efusivamente o livro que lhe dei, O Pequeno Príncipe, acompanhado de um Blu-Ray com sua versão cinematográfica. Havia ficado chocada quando me contou que ainda não tinha lido. Então, conhecendo seu particular gosto infantil, resolvi que seria a pedida ideal para um presente de Natal. Além disso, era o tipo de obra sem fronteira etária.
Já para Ruth, arrisquei um presente cultural e decorativo. Dar algo pessoal para quem não se conhece era no mínimo muito arriscado. Optei por um porta-joias talhado em madeira, decorado com motivos florais indianos. Ela agradeceu de forma educada, beijando-me o rosto. No entanto, não consegui descobrir se estava sendo sincera quando afirmou ter achado “adorável”. Já seu pedido de desculpas por não ter nada com que me retribuir, acredito, foi real, pela maneira como ficou embaraçada e recriminou o Poncho por não tê-la avisado com antecedência da minha vinda.
O meu presente foi tudo o que uma garota quer, uma bolsa em couro de uma grife chiquérrima! Captei em Ruth um disfarçado olhar cobiçoso que não durou muito. Logo em seguida, Poncho a presenteou com uma prática e charmosa mochila de couro marrom da mesma marca. Elogiei bastante, achei que o modelo tinha tudo a ver com ela e seu estilo de vida.
O café da manhã foi uma reprise do lanche da noite anterior, acrescentando-se café instantâneo, suco, queijo cremoso e geleia. Provei também a Vegemite em uma fatia de pão, e comprovei com satisfação ter o mesmo sabor da sua versão britânica. Pela cara enojada do Poncho, vi que era partidário dos que odiavam a iguaria. Tirando a troca de presentes e cumprimentos característicos como o básico “Feliz Natal”, sem dúvida, essa manhã se parecia como qualquer outra do ano.
Poncho propôs que fossemos dar uma volta a beira mar. Sua mãe, já concentrada em seu notebook, recusou, alegando ter muito o que fazer. Imaginando o que ela tinha planejado servir na ceia logo mais, resolvi me oferecer para ajudar.
— Ruth, será que posso fazer alguma coisa?
— Não, obrigada. — respondeu, sem tirar os olhos do computador. — Tenho tudo sob controle.
— Certo. — assenti sem graça — Então está ótimo!
Depois de besuntar Poncho da cabeça aos pés com o protetor solar, fomos passear na famosa praia Four Mile que, além de belíssima, estava cheia de turistas. Sua extensão de areia muito clara parecia não ter fim, assim como o mar turquesa, que era um convite irresistível ao mergulho. Quando contasse a minha mãe que em plena manhã de Natal estava nadando com Poncho, ao lado de um cara vestido de Papai Noel equilibrado em cima de uma prancha de windsurfe, ela não iria acreditar.
Por mais maravilhoso que fosse estar ali, não nos demoramos. Primeiro, Poncho parecia ter pele de bebê e sua exposição ao sol devia ser limitada; segundo, queria ter tempo para me arrumar apropriadamente para a festividade do dia, mesmo sendo informal.
Ao voltarmos, Ruth nos avisou que já estava tudo pronto e que poderíamos tomar banho e nos vestir com calma. Optei por usar um vestido de seda sem mangas que, apesar do modelo simples, na altura do joelho, tinha um belo tom marfim e barra pintada à mão. Usei maquiagem leve e acessórios discretos, não queria parecer vulgar. Não me preocupei muito com o cabelo, escovei e deixei caindo solto pelas costas.
Por sorte, toda a casa tinha ar condicionado. Então, por poder se vestir do jeito que gostava sem se acabar no clima escaldante, o humor do Poncho estava nas alturas. Já arrumados, fomos até a sala de mãos dadas, animados e famintos. Quando nos deparamos com o que havia sobre a mesa, perdemos a fala. Não me incomodei com o fato de estar arrumada com uma toalha plástica, ou com pratos, copos e talheres descartáveis. Foi outra coisa o que nos fez estacar.
Nesse momento, Ruth desceu vestindo um conjunto de camiseta e bermuda em algodão, estampado com folhas verdes. Assim que constatou a expressão chocada em nossos rostos, ergueu a sobrancelha.
— Que caras são essas? — perguntou na defensiva. — Alguma coisa errada?
— “Alguma coisa errada”? — Poncho mal conseguia falar, ele tremia de raiva. — A senhora ainda pergunta?
— Abaixe esse tom de voz quando falar comigo, rapaz! — intimou, erguendo o dedo. — Eu sou sua mãe!
— Que espécie de mãe é essa que serve lasanha congelada como ceia de Natal para o filho e para a namorada dele? — explodiu.
— Avisei que trabalhei até ontem! Não tive tempo de preparar algo mais elaborado! Mas não sou assim tão ruim como pensa. Veja, comprei também lasanha de legumes para Anahí. E tem sorvete com calda de sobremesa!
Prevendo as consequências, olhei apavorada para Poncho, vendo uma veia pulsar violentamente em sua testa. Achei que ele fosse fazer uma besteira, como puxar a toalha da mesa e jogar toda aquela comida no chão. Na verdade, até vi suas mãos se erguerem, mas isso foi pouco antes de ouvirmos um estouro e a refrigeração desligar.
— O que foi isso? — perguntei assustada segurando no braço dele.
— Ai! Bem que avisaram que isso podia acontecer! — exclamou Ruth preocupada.
— O que mais poderia acontecer? A maldição do fantasma da velhinha morta? — ele ironizou.
Quando pensei que não poderia piorar, ouvi algo que, infelizmente, provava que eu estava errada.
— Acho que estamos sem energia, garotos! – Ruth disse contrariada.
Sim! Com certeza, as coisas podiam ficar piores!
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 767
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lopachbr Postado em 01/06/2016 - 15:23:13
vondy por suerte hasta la muerte
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∞† Sasabiina †∞ Postado em 01/01/2016 - 17:28:10
Amei a fic parabens *-*
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LetíciaVondy Postado em 17/12/2015 - 21:59:48
Sdds
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anne_mx Postado em 14/08/2015 - 19:18:43
Essa foi a melhor fic que já li foi muito perfeitaaaaaaaaaaaa parabens amei a frase que a senhora disse pra Dulce
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Girl Postado em 02/08/2015 - 12:25:10
PASSANDO NESSA PORRA PRA DIZER QUE FOI É E SEMPRE SERÁ A MELHOR WEB DE PARENTESCO QUE EU JA LI...ACEITEM MUNDO
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Anne Karol Postado em 01/06/2015 - 14:54:15
Bom, o que falar dessa fanfic? Uma das melhores que existe aqui no site. Chorei, comemorei, sorri, ri, me diverti. Ain vou sentir tanta saudade Rebeca. Me apaixonei pela fanfic e vê que ela acabou me da uma tristeza, como se algo faltasse. Muito obrigada por nos proporcionar essa fanfic. Ela é simplesmente maravilhosa <3.
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jaahvondy Postado em 31/05/2015 - 00:13:46
lindo, lindo, lindo o final..to muito emocionada aqui...é uma das minhas fics preferidas...<3 foi simplismente maravilhosa, e não tem como explicar o que eu senti quando eu lia esses ultimos capitulos...tudo perfeito...<3
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stellabarcelos Postado em 29/05/2015 - 00:52:51
Comecei a ler a web ontem e já terminei! Linda demais e muito viciante ! Obrigada por postar essa história linda sobre o amor verdadeiro Parabéns!
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naty_rbd Postado em 28/05/2015 - 14:32:19
Mais uma web sua que chegou ao fim e eu aqui me acabando em lagrimas. Foi perfeita e tenho certeza que essa outra será tambem.
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melicia_fagundes Postado em 27/05/2015 - 23:41:22
Adorei a fic. Umas das melhores que ja li. Beijos <3