Fanfic: Apenas Irmãos? || Vondy (Concluída) | Tema: Rebelde / Vondy
Eram férias de verão, e como toda boa londrina eu aproveitava o sol deitada numa toalha no gramado do quintal, atrás da nossa casa; na verdade me sentia como se estivesse bebendo o sol, através da pele, de tão boa que era a sensação, afinal, num país que chove tantos dias ao ano, aquela estação era uma festa. Eu vestia uma camiseta branca sem mangas, um short florido e curtinho e passava, feliz, meus pés descalços na grama, enquanto lia um livro.
Mamãe e papai não estavam em casa, pois já haviam ido trabalhar, Maite tinha saído para ensaiar no coral do qual fazia parte e Angelique tinha viajado para um acampamento de férias por duas semanas.
Olhei para o céu e, pela posição do sol, devia ser quase meio-dia. Estava com fome, então me levantei e fui até a cozinha, pensando em preparar algo rápido. Abri a despensa, dei uma olhada e decidi fazer um sanduíche de atum com bastante recheio, pois sabia que logo Christopher chegaria da aula de piano e com certeza muito faminto. Preparei uma jarra de limonada geladinha e coloquei na geladeira.
Montei meu sanduíche com pão integral com passas, que era o meu favorito, coloquei também alface, tomate e bastante pasta de atum com maionese, me servi com um copo de limonada e sentei à mesa da cozinha. Tinha acabado de dar a primeira mordida quando ouvi a porta da sala bater, e em segundos um Christopher suado apareceu.
— Que calor está fazendo lá fora! — exclamou, enxugando a testa molhada de suor. — Oba! Tem para mim também? — perguntou, assim que me viu comendo.
Como eu estivesse de boca cheia, apenas apontei na direção da pia onde eu tinha deixado tudo. Ele já ia pegar o saco de pão quando consegui falar.
— Espere aí porquinho, não se esqueceu de nada, não? — Ele se virou para mim de testa franzida.
— O quê? — perguntou, irritado.
— Primeiro princípio básico de higiene, lavar as mãos antes de comer — expliquei calmamente, antes de dar mais uma mordida no meu sanduíche.
— Ih, lá vem você dar uma de mamãezinha! — falou, virando os olhos.
— Faça como achar melhor, mas o risco é todo seu — falei, indiferente.
Ele pensou por um momento, mas acabou cedendo, indo até a pia e pegando o detergente. Ao terminar, enxugou as mãos na toalha e virou-se para mim mostrando os dedos.
— Satisfeita, “mamãe”? — perguntou, de forma debochada, e eu dei uma olhada rápida.
— Serve, mas você está precisando cortar as unhas. — Ao ouvir aquilo, ele me mostrou a língua e eu acabei rindo.
— Estou morto de sede — disse abrindo a geladeira e pegando a limonada; bebeu um copo de uma só vez.
Ele olhou para o pacote de pão integral e fez cara de nojo.
— Não tem pão “normal”, não?
— Tem na despensa — respondi.
— Não sei como você aguenta comer essa coisa com passas, eca! — disse, fazendo uma careta.
— Deixa de ser ingrato, quem foi que preparou tudo? E é melhor do que aquele monte de lanche gorduroso que você costuma comer por aí.
— Imagina! — disse, fingindo-se de ofendido. — Se você quer saber, eu tenho é um paladar muito exigente!
— Claro! — retruquei, concordando com a cabeça. — Sorvete e batata frita fazem de você um verdadeiro gourmet!
Ele se sentou na minha frente e, embora eu tivesse começado a comer primeiro, terminamos juntos. Levantei-me, lavei meu prato e copo e fui para o quintal.
Já tinha voltado para minha leitura, quando Christopher apareceu usando só uma bermuda, segurando o MP4, e estendeu uma toalha ao meu lado. Christopher tinha crescido muito nos últimos anos, estava bem alto para a idade, mas era magro e desengonçado, com uma brancura que assustava até fantasma.
— Se eu fosse você colocava protetor solar — comentei, observando-o rapidamente, antes de voltar a ler meu livro.
— Ah, não começa de novo, não! — disse, chateado.
— Tá bom, tá bom, não está mais aqui quem falou.
Ele deitou-se na toalha e, depois de um momento, esticou o braço.
— Coloca o seu braço ao lado do meu.
Levantei meu braço, fazendo o que ele tinha pedido, e era chocante o contraste do meu bronzeado com a sua cor.
— Nossa! Como você conseguiu ficar com esse tom tão rápido?
— DNA — respondi. — 100% DNA brasileiro nas células.
— Sorte sua — ele disse, sorrindo. — Já eu, no máximo viro uma lagosta! Pensando bem, vou passar o protetor — falou, pegando a embalagem do meu lado e passando uma generosa quantidade no peito, nos braços e no rosto. — Passa nas costas para mim?
— Ai, a exploração não tem fim, não? — perguntei um pouco aborrecida, tentando disfarçar.
— Você que deu a ideia — disse, estendendo o protetor para mim.
— OK — concordei com tédio na voz.
Joguei o livro de lado, peguei o protetor, coloquei uma boa quantidade nas mãos e comecei a espalhar.
Fazia um bom tempo que eu não pensava nos meus sentimentos pelo Christopher; não que eles tivessem diminuído, muito pelo contrário, sentia aumentá-los de ano para ano, mas procurava me distrair ao máximo, fugindo da tortura daquela atração proibida. Só que, em momentos como aquele, ficava muito difícil resistir à onda de emoção que eu sentia em poder tocá-lo, mesmo por um motivo tão inocente. Procurei prolongar a experiência espalhando o creme bem devagar.
— Hum, isso é tão bom — comentou, suspirando.
— Você se parece com aqueles gatos que ficam ronronando quando a gente faz carinho neles — brinquei, vendo a cara satisfeita dele. — Pronto, acabei.
Depois ficamos ali juntos, curtindo a tarde, cada um fazendo o que gostava.
Algumas horas depois, comecei a sentir uma dor incômoda na barriga, era uma dor estranha, não me lembrava de ter sentido aquilo antes, por isso procurei mudar de posição, mas não melhorava. Talvez a combinação de sanduíche e calor não tivesse me caído muito bem.
— Chris — chamei, mas ele estava de olhos fechados ouvindo música, então toquei seu braço.
— O que foi? — perguntou, abrindo os olhos.
— Vou subir e tomar um banho. Não estou muito legal — disse, colocando a mão na barriga.
— O que você tem? — quis saber, preocupado.
— Não sei, acho que foi o sanduíche — respondi, já me levantando.
— Toma algum remédio — sugeriu.
— Boa ideia.
Entrei e fui direto para o chuveiro. A sensação da água fria no meu corpo quente era agradável, me ensaboei, lavei o cabelo e estava acabando de tirar o excesso de condicionador quando, distraída, olhei para baixo e vi o chão vermelho. Por um momento, pensei que pudesse ter me cortado com alguma coisa sem perceber, mas, examinando melhor, vi que o sangue saía do meio das minhas pernas, então a ficha caiu.
“Fiquei menstruada!”, pensei, agitada; agora eu entendia que aquela dor era das temidas cólicas.
Saí do boxe e me enrolei na toalha, pensando no que fazer primeiro. Comecei a procurar por um absorvente no armário do banheiro e não achei nada. E agora? Tinha medo de sair andando pela casa, sujando tudo. Ai, por que isso foi acontecer logo agora, que não tinha nenhuma outra mulher em casa? Se bem que esses assuntos não eram novidade para o Christopher, crescendo rodeado de mulheres isso era tema banal. Não teve jeito, abri a janelinha do banheiro e gritei seu nome, porém ele não respondeu.
— Droga, os malditos fones! — lembrei.
Peguei no armário um rolo de papel higiênico, mirei e arremessei-o pela janela, caindo bem em cima do peito dele, fazendo-o olhar para cima, assustado.
— Vem aqui, correndo! — gritei para ele, e um minuto depois batia na porta.
— Está tudo bem aí? — perguntou, agitado.
— Mais ou menos — respondi nervosa.
— Ainda está passando mal?
— Mais ou menos.
— Quer parar de ficar respondendo mais ou menos e dizer o que está acontecendo?!
Respirei fundo:
— Preciso que você me faça um favor.
— O quê?
Fechei os olhos, ainda mais nervosa.
— Precisoquevocêpegueumabsorventeparamim! — falei rápido.
— Dulce, repete que eu não entendi nada.
— Preciso que você pegue um absorvente para mim — repeti pausadamente, e seguiu-se um profundo silêncio. Já estava achando que ele tinha fugido, quando ouvi sua voz:
— Isso quer dizer que aquela dor era… — parou sugestivamente.
— Sim — respondi rápido.
— Então, você ficou… — outra pausa sugestiva.
— Sim — respondi, num fio de voz.
— Caramba! — exclamou, nem eu teria dito melhor. — Mas não tem o que você precisa aí, não?
Agora eu estava perdendo a paciência.
— Você acha que, se tivesse, estaria pagando esse mico, te chamando aqui?
— OK, fica calma, onde posso achar?
— Qualquer lugar no quarto das meninas, rápido!
— Estou indo! — Ouvi os passos dele se afastando.
Autor(a):
Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Depois de certo tempo, que para mim pareceram horas, escutei uma batidinha na porta, abri uma fresta, e lá estava ele, com a cara vermelha e estendendo uma caixa para mim. — Achei no quarto da Maite, estava escondidíssimo! — Ah, obrigada! — peguei e fechei a porta correndo, mas assim que li o rótulo chamei ele de novo. — Ch ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 767
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
lopachbr Postado em 01/06/2016 - 15:23:13
vondy por suerte hasta la muerte
-
∞† Sasabiina †∞ Postado em 01/01/2016 - 17:28:10
Amei a fic parabens *-*
-
LetíciaVondy Postado em 17/12/2015 - 21:59:48
Sdds
-
anne_mx Postado em 14/08/2015 - 19:18:43
Essa foi a melhor fic que já li foi muito perfeitaaaaaaaaaaaa parabens amei a frase que a senhora disse pra Dulce
-
Girl Postado em 02/08/2015 - 12:25:10
PASSANDO NESSA PORRA PRA DIZER QUE FOI É E SEMPRE SERÁ A MELHOR WEB DE PARENTESCO QUE EU JA LI...ACEITEM MUNDO
-
Anne Karol Postado em 01/06/2015 - 14:54:15
Bom, o que falar dessa fanfic? Uma das melhores que existe aqui no site. Chorei, comemorei, sorri, ri, me diverti. Ain vou sentir tanta saudade Rebeca. Me apaixonei pela fanfic e vê que ela acabou me da uma tristeza, como se algo faltasse. Muito obrigada por nos proporcionar essa fanfic. Ela é simplesmente maravilhosa <3.
-
jaahvondy Postado em 31/05/2015 - 00:13:46
lindo, lindo, lindo o final..to muito emocionada aqui...é uma das minhas fics preferidas...<3 foi simplismente maravilhosa, e não tem como explicar o que eu senti quando eu lia esses ultimos capitulos...tudo perfeito...<3
-
stellabarcelos Postado em 29/05/2015 - 00:52:51
Comecei a ler a web ontem e já terminei! Linda demais e muito viciante ! Obrigada por postar essa história linda sobre o amor verdadeiro Parabéns!
-
naty_rbd Postado em 28/05/2015 - 14:32:19
Mais uma web sua que chegou ao fim e eu aqui me acabando em lagrimas. Foi perfeita e tenho certeza que essa outra será tambem.
-
melicia_fagundes Postado em 27/05/2015 - 23:41:22
Adorei a fic. Umas das melhores que ja li. Beijos <3