Fanfic: Apenas Irmãos? || Vondy (Concluída) | Tema: Rebelde / Vondy
CAPÍTULO QUINZE
"A cura contra a tristeza é chamado de "amanha"."
As últimas palavras de papai ainda ecoavam em meus ouvidos, mesmo depois de termos saído da sala e ido para meu quarto. Christopher não disse mais nada, permanecia completamente mudo, com o olhar parado e fixo, só não dizia que ele estava catatônico porque ele piscava os olhos ocasionalmente.
Estávamos sentados na beirada da minha cama, lado a lado, e passei minha mão em seu rosto, tentando adivinhar o que estava passando em sua mente e coração. Eu sentia que não deveria dizer nada, naquela noite já haviam sido ditas coisas demais, fortes demais, tudo o que precisávamos agora era um pouco de paz e silêncio.
Continuei observando sua imobilidade e suspirei, talvez fosse melhor deitarmos e tentar dormir um pouco.
— Já volto. — eu disse.
Fui até seu quarto, peguei sua calça de moletom preta, voltei e ele continuava na mesma posição.
— Vou cuidar de você. — falei.
Aproximei-me dele, pegando na barra da sua camiseta e puxei. Ele levantou os braços automaticamente, para que eu a retirasse, e acabei de passar por sua cabeça, colocando-a de lado.
Olhei seu rosto e vi que seus olhos continuavam desfocados, olhando para o nada. Abaixei-me, desamarrei seus sapatos, retirei-os e em seguida tirei as meias, deixando-o descalço. Depois peguei suas mãos e o puxei para que ficasse de pé, abri seu cinto, desabotoei sua calça, abri o zíper e puxei.
Ele levantou os pés ligeiramente, facilitando a retirada, aproveitei e enfiei neles as pernas da sua calça de moletom, subindo-a e puxando-a no caminho, ajeitando na sua cintura. Peguei suas roupas, dobrei-as cuidadosamente e coloquei em cima da cadeira. Virei-me pra ele novamente, continuava de pé, agora focalizando o olhar em mim, os olhos vazios. Fui até ele e o empurrei carinhosamente para a cama, fazendo-o se deitar.
— Vou me trocar. — avisei, beijando sua testa.
Fui até o banheiro, tirei minha roupa, colocando minha camisola e, como de hábito, comecei a escovar os dentes. Enquanto isso, continuava a pensar em Christopher e no que ele estaria sentindo. Será que ele estaria arrependido do que tínhamos feito, ao se deparar com as terríveis consequências de nossos atos? Será que, ao ficar frente a frente com esse terrível obstáculo, desistiria de tudo? Será que voltaria atrás? Fechei os olhos e sacudi a cabeça, tinha que parar de pensar nisso ou ia ficar maluca.
Não adiantava tentar adivinhar, agora eu só tinha que me concentrar em ajudá-lo da melhor maneira possível. Saí do banheiro, apaguei a luz e fui pra cama, onde ele me esperava.
Estava deitado de lado, de frente para a janela, de uma maneira que não podia ver seu rosto. Deitei de lado, ficando bem atrás dele, abracei-o com um braço, grudando meu peito em suas costas, enquanto minha outra mão acariciava suavemente seus cabelos. Não sei quanto tempo ficamos assim, até que, ao passar minha mão em seu rosto, ela ficou molhada, ele estava chorando silenciosamente.
Meu coração se partiu ao vê-lo assim, abracei-o com mais firmeza e então o ouvi respirar pesadamente; começou a soluçar baixinho, tremendo ligeiramente.
— Chora meu amor — disse, com doçura. — Não guarde essa dor dentro de você.
E, com aquelas palavras, as comportas se abriram, ele se virou de frente para mim e vi seu rosto transfigurado pela dor, agora chorando abertamente. Ele se agarrou em mim, enfiando seu rosto no meu colo, e chorou pesadamente. Seu corpo inteiro tremia, sacudido pelos soluços cada vez mais altos.
— Ah, meu amor! — disse enquanto o abraçava, tentando consolá-lo.
Naquele momento, senti que Christopher voltava a ser menino, aquele homem enorme, agora frágil pela dor, me abraçava em busca de apoio e compreensão.
Então, me lembrei da única vez, além desse momento, que Christopher tinha chorado assim. Foi quando nossa cachorrinha Poppy morreu atropelada, ele tinha cerca de onze anos e eu estava com nove.
Lembro que depois de enterrá-la no quintal, ele sumiu; procurei-o pela casa toda e, depois de muito tempo, encontrei-o no sótão, sentado no chão, com a cabeça nos joelhos, chorando forte. Lembro que ele ergueu o rosto ao ouvir meus passos, surpreso de me ver ali, os olhos muito vermelhos e a face coberta de lágrimas.
— Você vai contar que me viu chorando? — perguntou, com dificuldade.
— Nunca! — prometi, me aproximando e sentando a seu lado, cruzando as pernas.
Ele olhou pra mim, desamparado como agora, e me surpreendeu ao deitar a cabeça na minha coxa, me abraçando pela cintura, chorando mais ainda, comecei a acariciar seus cabelos, assim como fazia agora, deixando-o desabafar sua tristeza.
Então, a compreensão me atingiu. Claro que o Christopher não estava arrependido de nossa decisão, eu confiava totalmente nele e na veracidade de seus sentimentos, afinal ele já tinha me dado provas mais que suficientes do que sentia por mim.
Assim como ele tinha um dia chorado pela perda de um ser querido, agora ele chorava novamente por outra perda, a perda de um pai. Christopher era o único filho homem numa família cheia de mulheres, papai sempre foi sua referência de masculinidade, seu confidente para assuntos que mamãe não tinha como entender ou aconselhar, parceiro de várias atividades esportivas, eles compartilhavam de muitos gostos, o que até aquele momento tinha tornado o relacionamento dos dois amoroso e sincero. Além disso, depois de mim, papai sempre foi o maior incentivador da carreira do Christopher, foi ideia dele colocá-lo para fazer teatro, percebendo logo seu inegável talento. Eu entendia agora seu lamento e, mais uma vez, me perguntava como papai tinha tido coragem de ir tão longe, rompendo de forma absoluta uma ligação que sempre foi natural e sólida. Meu coração não queria acreditar que aquela situação fosse permanente, ainda tinha esperança que talvez no futuro isso se resolvesse.
Ficamos juntos assim por um longo tempo, até que ele se acalmou e o choro cessou. Eu continuava a passar minhas mãos por seus cabelos, por suas costas, até que no silêncio que se seguiu, o ouvi ressonando tranquilo em meu peito.
— Durma, meu amor — disse, beijando o topo de sua cabeça.
Fechei os olhos, desejando ardentemente que, quando a manhã chegasse, trouxesse o alívio que necessitávamos.
Acordei e tentei me mexer, mas estava completamente presa entre tantos braços e pernas, que não parecia que estava dormindo com uma pessoa, mas com dez. Christopher, com aquele tamanho, ocupava praticamente toda a minha cama de solteiro, e agora me encontrava presa na armadilha formada por seus membros compridos.
Mas não estava reclamando, sorri ao pensar que nunca mais precisaríamos dormir separados, mas talvez fosse uma boa ideia pensar em trocar nossa cama por uma de casal. Iria propor isso depois que ele acordasse. Olhei seu rosto, ele estava tranquilo, os olhos um pouco inchados, a boca ligeiramente aberta e a respiração serena. Fiquei um bom tempo só contemplando-o; poderia ficar assim por horas, sem cansar, eu me sentia uma mariposa diante da luz, voando incansavelmente ao redor de uma chama, terrivelmente atraída mesmo diante do fogo e do perigo, totalmente hipnotizada por essa beleza irresistível.
Não resisti e aproximei meus lábios dos dele. Primeiro toquei seu nariz com o meu, sentindo seu cheiro, que era uma mistura de colônia e do aroma da sua própria pele. Aspirei profundamente satisfeita, querendo preencher meus pulmões com o máximo que eu pudesse dele. Olhei sua boca mais uma vez antes de tocá-la, rosada e tão bem feita, rocei ligeiramente meus lábios nos dele, com medo de acordá-lo, mas ele continuava imóvel e sorri — que coisa maravilhosa era tê-lo assim, só pra mim.
Aproximei novamente meus lábios e lhe dei o mais casto dos beijos, sentindo o calor morno de seus lábios passar para os meus. Afastei-me novamente, e ele tinha apenas movido ligeiramente a boca, abrindo-a um pouco mais — agora eu podia ver a ponta da sua língua vermelha, não resisti e toquei novamente sua boca com a minha, ficando imóvel por um momento, apenas apreciando a maciez e suavidade do contato. Abri ligeiramente os lábios, e foi então que, totalmente pega de surpresa, senti a língua dele tocar a minha. Tentei me afastar, não tinha sido minha intenção acordá-lo, mas ele enfiou a mão em meus cabelos segurando-me ali, e sua língua fazia brincadeiras de esconde-esconde, numa carícia doce e lenta, apenas curtindo o prazer daquele carinho. Abracei-o, sentindo a firmeza de seu peito de encontro ao meu corpo, suas mãos começaram a descer e subir por minhas costas vagarosamente, seus dedos fazendo trilhas imaginárias em minha pele. Ele aproximou mais ainda seu corpo do meu, e senti sua mão descer por minha perna, até alcançar a panturrilha. Em seguida, segurando ali, suspendeu minha perna, envolvendo seu quadril. A língua dele continuava a brincar calmamente com a minha, numa dança deliciosa e convidativa, mas quando ele pressionou mais seu corpo no meu, me senti culpada. Em momento algum tinha sido minha intenção atiçá-lo naquela manhã; depois da experiência traumática da noite passada jamais passaria pela minha cabeça procurá-lo para algo mais, queria dar-lhe tempo para curar suas feridas, respeitando seus sentimentos de perda, e quando me aproximei agora há pouco, tinha sido com a mais inocente das intenções, apenas para dar-lhe carinho e ternura. Com delicadeza tentei me afastar, mas ele não permitiu, segurando-me pelas nádegas e me apertando ainda mais firmemente, de encontro a seu quadril.
Agora era tarde demais para voltar atrás, foi impossível parar, e fiquei de olhos fechados o tempo todo, constrangida ao imaginar o que ele poderia estar pensando de mim. Amamo-nos sem pressa e foi como um bálsamo na alma — senti-me mergulhar numa luz dourada, uma mariposa ao encontro ao sol.
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Ao final, levantei meu rosto de seu ombro e ousei abrir os olhos: seu rosto estava de frente ao meu, e deparei com um par de olhos castanhos que me olhavam carinhosamente e, nos lábios um sorriso gentil. — Bom dia — murmurei timidamente. — Isso é o que eu chamo de um bom dia completo — respondeu, sorrindo e me fazendo corar violentamen ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 767
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lopachbr Postado em 01/06/2016 - 15:23:13
vondy por suerte hasta la muerte
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∞† Sasabiina †∞ Postado em 01/01/2016 - 17:28:10
Amei a fic parabens *-*
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LetíciaVondy Postado em 17/12/2015 - 21:59:48
Sdds
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anne_mx Postado em 14/08/2015 - 19:18:43
Essa foi a melhor fic que já li foi muito perfeitaaaaaaaaaaaa parabens amei a frase que a senhora disse pra Dulce
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Girl Postado em 02/08/2015 - 12:25:10
PASSANDO NESSA PORRA PRA DIZER QUE FOI É E SEMPRE SERÁ A MELHOR WEB DE PARENTESCO QUE EU JA LI...ACEITEM MUNDO
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Anne Karol Postado em 01/06/2015 - 14:54:15
Bom, o que falar dessa fanfic? Uma das melhores que existe aqui no site. Chorei, comemorei, sorri, ri, me diverti. Ain vou sentir tanta saudade Rebeca. Me apaixonei pela fanfic e vê que ela acabou me da uma tristeza, como se algo faltasse. Muito obrigada por nos proporcionar essa fanfic. Ela é simplesmente maravilhosa <3.
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jaahvondy Postado em 31/05/2015 - 00:13:46
lindo, lindo, lindo o final..to muito emocionada aqui...é uma das minhas fics preferidas...<3 foi simplismente maravilhosa, e não tem como explicar o que eu senti quando eu lia esses ultimos capitulos...tudo perfeito...<3
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stellabarcelos Postado em 29/05/2015 - 00:52:51
Comecei a ler a web ontem e já terminei! Linda demais e muito viciante ! Obrigada por postar essa história linda sobre o amor verdadeiro Parabéns!
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naty_rbd Postado em 28/05/2015 - 14:32:19
Mais uma web sua que chegou ao fim e eu aqui me acabando em lagrimas. Foi perfeita e tenho certeza que essa outra será tambem.
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melicia_fagundes Postado em 27/05/2015 - 23:41:22
Adorei a fic. Umas das melhores que ja li. Beijos <3