Fanfic: Apenas Irmãos? || Vondy (Concluída) | Tema: Rebelde / Vondy
CAPÍTULO DEZESETE
"Milhares de pessoas nascem e morrem, milhares de relacionamentos começam e terminam, um objeto que quebra, a garrafa de café quase vazia, uma amizade de anos que ja nao era a mesma.. Tudo, do simples ao inabalavel, tudo chega ao fim. E há milhares de finais acontecendo todo dia."
Uma música lenta e sensual tocava ao fundo, e eu, Anahí Portilla, vivia intensamente aquele momento muito íntimo com Alfonso. Estávamos no quarto dele, mais especificamente em sua cama, nos amando da forma mais básica e tradicional possível, só que com ele o comum se tornava divino.
Ele tinha perfeito domínio do seu tempo, era absolutamente concentrado, nunca vi coisa igual. Literalmente ele acabava comigo, no bom sentido, claro. Mas eu não ficava muito atrás, também tinha meus pequenos truques, então costumava esperar por seus momentos de distração e fazia alguma coisa inesperada; era a ocasião ideal para mostrar a flexibilidade que eu tinha adquirido em quase uma vida inteira como praticante de ioga. Ele sempre ficava tão surpreso quanto empolgado. Além disso, costumava dizer que eu tinha um jeito de tocar que era especial, que eu tinha mãos de fada. Sendo filha de uma professora de massoterapia como minha mãe, ela tinha me ensinado algumas técnicas interessantes, eu não sabia apenas onde tocar, mas como tocar, e pelas reações entusiasmadas do Poncho ele tinha aprovado a novidade.
Esperei minha respiração voltar ao normal, rolei o corpo, deitando ao seu lado, de bruços, cruzei os braços e repousei neles o meu rosto, observando-o. O suor brilhava em seu rosto vermelho e no peito, esticou um braço para pegar um cigarro na mesa ao lado, acendeu e deu uma longa tragada, em seguida deitando-se de lado e virando-se pra mim.
Ele sorria levemente, enquanto continuava fumando, uma de suas mãos acariciando levemente o meu ombro.
— Já estava com saudade da gente — ele disse.
Fazia um tempinho que não nos encontrávamos. Na última vez que ele me procurou, bem que tentou me seduzir, mas consegui escapar no último minuto. Agora fui eu que vim procurá-lo, e dessa vez eu tinha meus motivos.
— Eu também — afirmei, enquanto esticava um braço e tocava seu cabelo escuro.
Com a mão em seu rosto, podia observar o enorme contraste no tom da nossa pele, ele branquíssimo, como flocos de algodão, e eu no meu conhecido tom bronzeado, que ele dizia gostar tanto.
— Você é quente como sua pele cor de fogo — ele disse, certa vez.
— Você tem notícias dos “casadinhos”? — perguntou, se referindo a Dulce e Christopher.
— Parece que o Christopher ligou dizendo que chega hoje à noite — respondi. — Ainda bem, já estava ficando preocupada com a Dulce, enfrentando essa barra sozinha.
— A semana foi muito ruim?
— Ruim? Você não faz ideia! — disse, me virando de lado também, me apoiando no cotovelo.
— Me conta! — ele pediu, e comecei a contar a situação na escola, com a diretora e na casa deles. — Nossa, a coisa ficou feia! Posso até imaginar a reação do Christopher quando souber de tudo. Do jeito que ele é superprotetor com a Dulce, pode até fazer uma besteira.
— Será? — perguntei, surpresa.
— Não tenho dúvida! — ele respondeu, vigorosamente. — Ninguém ofende a Dulce e fica por isso mesmo, experiência própria.
— Você já ofendeu a Dulce? — perguntei, curiosa.
— De brincadeira, num jogo bobo de vôlei, e o Ucker quase partiu pra cima de mim, exigindo que me desculpasse. — Ele riu, se lembrando da cena. — Você tinha que ver a cara do Christopher, todo vermelho e zangado, foi uma piada!
Suspirei ao ouvir aquilo, infelizmente tudo pro Alfonso era motivo de piada, e isso me fez lembrar o motivo de estar ali.
— Você gostou de eu ter vindo aqui hoje? — perguntei, mudando de assunto.
— Claro, você sabe que sim! — disse, dando um sorriso malicioso e correndo sua mão por minhas costas. — E fiquei surpreso também, você quase nunca me procura.
— Eu sei — disse, melancólica. — Mas, hoje, eu tenho meus motivos.
— Oh, eu sei disso! — comentou, sorrindo e descendo sua mão ainda mais.
— Além desse! — eu disse, sorrindo.
— Eu sei, uma vez só é pouco! — disse já animado, aproximando o corpo do meu e abaixando o rosto para beijar meu ombro.
— Além de mais sexo, é isso o que eu quis dizer! — falei rindo, antes que ele começasse tudo de novo.
— Além disso? — perguntou, surpreso, erguendo o rosto e me encarando com a testa franzida, o que me irritou.
— Por que a surpresa? Será que não posso ter outras coisas na cabeça além de fazer sexo com você?
Pude notar que a mudança no meu tom de voz e minhas palavras o pegaram desprevenido.
— Não foi isso que eu quis dizer! — tentou se corrigir. — Apenas fiquei surpreso porque, quando estamos juntos, a gente pouco conversa, você sabe.
— É eu sei — concordei, ainda irritada. — E é justamente por isso que vim aqui hoje.
— Não entendi — ele disse, confuso. — Você não está curtindo? Sempre pensei que a gente combinasse muito bem.
— Na cama, você quer dizer, não é? — falei, ácida.
— E qual é o problema de a gente se dar bem na cama?
— Nenhum — respondi. — Mas, às vezes, isso não é mais o suficiente, Poncho.
— Não estou sendo o suficiente pra você? — perguntou horrorizado, como se aquilo fosse impossível. Fiquei tentada a dizer que sim, no entanto resolvi ser sarcástica.
— Será que tudo para você sempre se resume a apenas isso? Já ouviu falar de companheirismo, amizade, romance? Quando foi a última vez que a gente realmente conversou? Nos encontramos há um tempão, e você não sabe nada a meu respeito! — Ele me olhava de boca aberta.
— Não é bem assim! — disse, tentando se defender. — Claro que eu conheço algumas coisas sobre você.
— É mesmo, como o quê, por exemplo? — perguntei ironicamente.
— Bem... — Ele parecia nervoso. — Você é Alemã, tem uma família grande, muitos irmãos, sua melhor amiga é a Dulce e... e... — Virei os olhos quando reparei que ele não sabia mais o que dizer.
— Até o padeiro da esquina da minha casa sabe essas coisas que você falou, Poncho!
— Eu sei mais coisas, mas agora não estou lembrando! Se você me perguntar, eu vou saber responder.
— Então, vamos lá! — disse, desafiando-o. — Qual a minha cor favorita?
— Rosa? — respondeu perguntando.
— Azul. Qual o meu sanduíche favorito?
— Cheesebacon?
— Não! — falei, fazendo uma careta. — Sanduíche de tofu. Sou vegetariana! Qual é o meu hobby favorito?
— Além desse que a gente acabou de fazer? — ele disse, tentando fazer piada.
— Alfonso! — reclamei irritada.
— Tá certo, tá certo! Deixa-me ver — disse, coçando a cabeça. — Ouvir música?
— Não, fazer compras! Ai, desisto! — Voltei a deitar de bruços e enfiei minha cabeça nos meus braços dobrados, e ficamos por um momento em silêncio.
— Eu sei uma coisa sobre você — ele disse.
— O quê? — perguntei, sem levantar a cabeça.
Na mesma hora ele se deitou por cima de mim, grudando o peito nas minhas costas e empurrando o seu quadril de encontro ao meu. Ele aproximou a boca do meu ouvido e sussurrou:
— Sei que gosta do que te faço sentir — disse, sugestivo. — Sei que gosta de mim.
Fechei os olhos, sentindo o meu corpo traidor estremecer, automaticamente reagindo ao corpo dele e às suas palavras, porém dessa vez não ia me deixar levar, por mais que fosse delicioso o que meu corpo pedia, ia ser mais forte e revelar o motivo principal de estar ali.
Bandido! Ele já estava beijando minha nuca, me fazendo arrepiar inteira. Infelizmente, naquele ponto, tinha que concordar com o Poncho, ele realmente sabia o que fazia.
— Alfonso, por favor, para — eu disse, séria.
— Tem certeza? — perguntou, surpreso.
— Tenho — respondi com minhas últimas forças, e logo em seguida o senti saindo de cima de mim.
Eu admirava muito isso no Poncho, ele nunca obrigava ou forçava ninguém a nada, sempre respeitava os limites e as vontades.
Sentei na cama de frente pra ele, enquanto continuava deitado de lado, me olhando cheio de dúvidas. Dei um suspiro antes de começar.
— Olha, presta atenção no que vou dizer porque não vou repetir — avisei, respirei fundo e soltei. — Hoje foi a última vez que a gente ficou junto dessa forma. Adoro quando estamos assim, mas pra mim isso não é mais o suficiente. Não estou culpando você e, por favor, não é uma cobrança, você deixou bem claro como seria a nossa relação se eu topasse ficar com você, entrei nessa de olhos abertos desde o início. — Molhei os lábios antes de continuar. — Só que agora preciso de algo diferente, algo que me complete em todos os sentidos, quero um relacionamento de verdade, e sei que isso você não pode me dar.
Olhava seu rosto, observando sua expressão mudar à medida que eu falava, parecendo finalmente entender o meu ponto de vista. Os olhos dele pareceram se entristecer ligeiramente.
— Desculpa — foi tudo o que ele disse, me decepcionando profundamente.
Na minha cabeça fantasiosa, eu tinha a frágil esperança de que, ao ouvir minhas palavras, ele fosse se declarar, me propondo alguma coisa mais sólida, mas para meu desapontamento ele agiu como eu sabia que ele era, de acordo com sua personalidade.
— Tudo bem, não precisa se desculpar — falei, engolindo a mágoa. — Sempre soube que o nosso relacionamento era só esse, não é mesmo? — disse, sorrindo cinicamente.
— Você sabe que eu gosto de você — afirmou.
— Eu sei, também gosto de você. — Sorri triste, pois nunca revelaria o quanto gostava dele. — Eu sei que, do seu jeito, você gosta de mim, mas isso não é mais o suficiente, agora o que eu preciso é de um... um... namorado — consegui finalmente dizer.
— Eu não namoro — ele declarou calmamente.
— Eu sei — eu disse, tranquila. — Mas quero que você saiba que um relacionamento tão superficial como o que você me oferece não é mais o bastante pra mim.
— Desculpa — ele repetiu, constrangido.
— Por favor, pare de se desculpar, só está tornando tudo isso pior.
— Está bem — ele disse, conformado.
— Sabe, você nunca me disse por que não namora ou por que não quer namorar, e eu tenho certeza de que, se te perguntasse provavelmente, você diria que não foi feito pra isso ou que essa não é sua praia. Mas, quer saber de uma coisa, Alfonso Herrera? Acho que você age assim porque já amou muito alguém no passado, alguém que talvez o tenha magoado tanto que te fez se fechar completamente.
Ele estreitou os olhos, ficando muito sério, deitou-se de barriga pra cima e ficou olhando o teto.
— Eu realmente espero que um dia você conheça alguém, que te faça ter coragem de sair dessa carapaça fria e superficial que criou em torno de você, alguém que te faça ter coragem de voltar a se ariscar, alguém que te faça sentir a emoção de estar completamente apaixonado, que te faça ficar ansioso imaginando quando irão voltar a se encontrar, alguém que te faça ficar nervoso só de pensar no primeiro beijo, que te faça andar na rua assoviando uma música tola e romântica, alguém que seja a primeira coisa que você pensa ao abrir os olhos e seja a última a lembrar antes de dormir — declarei, com firmeza.
Ele não voltou a olhar pra mim, continuando a fitar o teto, porém vi que ele engoliu em seco. Diante disso, um verso de Safo atravessou minha mente:
“Se em ti habitasse o desejo
por coisas nobres e belas,
e tua língua se não embrulhasse no mal,
já a vergonha não cobriria teus olhos
e límpido falarias sobre os teus sentimentos.”
Palavras seculares, que se aplicavam perfeitamente à ocasião. O tempo passa, mas a alma humana permanecia a mesma. Ou melhor, a covardia e estupidez masculinas. Suspirei resignada.
— Bem, agora acho que vou tomar um banho antes de ir embora — disse serenamente, então me levantei e fui para o banheiro da suíte.
— Anahí! — ouvi-o me chamar quando estava na porta, e meu coração deu um salto e me virei.
Ele se levantou, aproximando-se de mim, deixando o rosto bem próximo ao meu.
— Você não quer fazer uma última despedida lá no chuveiro?
Por um segundo, pensei novamente que ele fosse dizer algo tão diferente! Sou uma idiota, será que não aprendo nunca? O Alfonso continuava a ser o Alfonso. Olhei para aqueles olhos claros, sentindo o cheiro do seu hálito tão próximo ao meu, o calor do seu corpo quente que oferecia tão facilmente um mundo de prazeres inimagináveis. Mas quem disse que eu gostava de coisas fáceis? Bem, que eu gostava, gostava, mas ele nunca saberia disso. Então, reunindo todas as minhas forças, respondi:
— Agora realmente acabou, meu querido — falei, dando um beijo leve em sua bochecha. — Você sempre terá um lugar especial no meu coração, foi bom enquanto durou.
E, sem esperar para ver sua reação, corri para o banheiro e fechei a porta rapidamente, me virando e encostando nela, enquanto sentia as lágrimas começarem a escorrer.
Entrei no chuveiro e enfiei a cabeça na água quente, com o orgulho inteiro, mas com um coração partido.
Feliz Dia Mundial Vondy para todas vocês! E nunca, nunca deixem de acreditar neles u-u 21/12.
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 767
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lopachbr Postado em 01/06/2016 - 15:23:13
vondy por suerte hasta la muerte
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∞† Sasabiina †∞ Postado em 01/01/2016 - 17:28:10
Amei a fic parabens *-*
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LetíciaVondy Postado em 17/12/2015 - 21:59:48
Sdds
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anne_mx Postado em 14/08/2015 - 19:18:43
Essa foi a melhor fic que já li foi muito perfeitaaaaaaaaaaaa parabens amei a frase que a senhora disse pra Dulce
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Girl Postado em 02/08/2015 - 12:25:10
PASSANDO NESSA PORRA PRA DIZER QUE FOI É E SEMPRE SERÁ A MELHOR WEB DE PARENTESCO QUE EU JA LI...ACEITEM MUNDO
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Anne Karol Postado em 01/06/2015 - 14:54:15
Bom, o que falar dessa fanfic? Uma das melhores que existe aqui no site. Chorei, comemorei, sorri, ri, me diverti. Ain vou sentir tanta saudade Rebeca. Me apaixonei pela fanfic e vê que ela acabou me da uma tristeza, como se algo faltasse. Muito obrigada por nos proporcionar essa fanfic. Ela é simplesmente maravilhosa <3.
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jaahvondy Postado em 31/05/2015 - 00:13:46
lindo, lindo, lindo o final..to muito emocionada aqui...é uma das minhas fics preferidas...<3 foi simplismente maravilhosa, e não tem como explicar o que eu senti quando eu lia esses ultimos capitulos...tudo perfeito...<3
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stellabarcelos Postado em 29/05/2015 - 00:52:51
Comecei a ler a web ontem e já terminei! Linda demais e muito viciante ! Obrigada por postar essa história linda sobre o amor verdadeiro Parabéns!
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naty_rbd Postado em 28/05/2015 - 14:32:19
Mais uma web sua que chegou ao fim e eu aqui me acabando em lagrimas. Foi perfeita e tenho certeza que essa outra será tambem.
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melicia_fagundes Postado em 27/05/2015 - 23:41:22
Adorei a fic. Umas das melhores que ja li. Beijos <3