Fanfic: Apenas Irmãos? || Vondy (Concluída) | Tema: Rebelde / Vondy
***
“Você é patético, Alfonso!”, pensei comigo mesmo.
Estava parado, encostado no bar, observando a Anahí andar de um lado para o outro, que nem borboleta num jardim. Parava num lugar, conversava um pouco, sorria, rodopiava mostrando aquele vestido-tentação, depois saía, parava em outro lugar e fazia a mesma coisa. Sem falar que não parava de chegar gente e ela fazia questão de cumprimentar a todos, parecia mesmo uma rainha com aquele jeito de andar, os ombros erguidos e a cabeça levantada. Infelizmente parecia ter tempo para dar atenção a todos, menos a mim — fiz toda aquela produção pra nada!
Mas, de repente, ela começou a andar na minha direção, e acabei de virar a bebida toda de uma vez só. Desde que chegamos, não tinha me olhado mais nenhuma vez, pelo visto agora tinha lembrado que eu existia.
Ela foi chegando mais perto, sorrindo, e eu já tinha aberto a boca para falar alguma coisa quando ela desviou ligeiramente do caminho que fazia e falou com o barman ao meu lado.
— Por favor, duas sodas?
— Soda, Majestade? — perguntei. — Seu gosto mudou um pouco desde a última vez que saímos juntos. — Não resisti em mexer com ela.
— Todas as pessoas evoluem, não é mesmo? — disse, olhando minha garrafa de cerveja vazia. — Ou pelo menos deveriam.
— E evoluir significa beber duas sodas de uma vez só? — impliquei.
— Quem disse que as duas são pra mim? — Cerrei os olhos com sua resposta. Ela pegou as bebidas e agradeceu ao barman.
— Até mais, Alfonso!
Segui-a com os olhos, e ela andou até um cara vestido de marajá indiano, que sorriu e pegou a taça que ela estendia; os dois conversavam animadamente. Reparei que toda hora ele tocava no ombro ou no braço dela e baixava a cabeça para falar alguma coisa em seu ouvido, o que a fazia dar boas risadas. Pela forma como se comportavam, pareciam velhos conhecidos.
— Nossa, que calor! — disse Christopher, chegando com a Dulce e pedindo umas bebidas.
— Está tudo bem? — Dulce me perguntou.
Não respondi, apenas sacudi os ombros, tentando disfarçar, e olhei novamente para o casal animadinho que agora se dirigia à pista de dança. Dulce seguiu rápido o meu olhar e reparei que ela fez uma cara de surpresa e compreensão.
— Ah, o primo da Anahí chegou! — comentou.
— Primo? — perguntei, interessado. — Aquele cara é primo dela?
— Sim, em segundo grau. — respondeu, distraída. — É o prometido dela.
— Prometido? Que história é essa? — perguntei, observando o casal dançando pra valer na pista de dança.
— Você não sabia que a Anahí tem um prometido? Você sabe como algumas famílias alemãs são tradicionais, querem combinar o casamento da Anahí com o primo no futuro.
— Você só pode estar brincando! Casamento arranjado? Essas coisas não existem mais!
— Claro que existem! — afirmou. — E a prova está bem na sua frente! — disse, apontando pra eles. — Os pais dela até fizeram uma concessão, se ela conseguir um namorado firme até o final do ano, está liberada do compromisso, se não... — parou sugestivamente, e engoli em seco.
— Se não o quê?
— Se não, ela vai pra Alemanha ano que vem, acaba os estudos lá e casa com o primo.
— O quê? — soltei, muito surpreso. — E ela vai aceitar isso?
— Acho que ela não tem muitas opções — falou, resignada.
Não consegui dizer mais nada, fitei novamente o casal e enxuguei o suor que escorria pela minha testa.
***
Observei a Anahí dançando com o primo e pensei:
“Eu vou pro inferno, eu vou pro inferno!”
Era pra lá que iam os mentirosos, não é mesmo? E eu tinha acabado de inventar uma mentira daquelas! Mas foi impossível me segurar, ao olhar aquela cara covarde e indecisa do Alfonso, precisava de um choque para ver se tomava uma atitude com Anahí.
Porém, para o meu plano dar certo, precisava deixá-la avisada, e assim que a vi terminar de dançar e vi o primo se afastar, corri até ela.
— Anahí! Preciso falar com você agora, urgente! — E a puxei para um canto.
— Nossa! O que foi, Dulce? — perguntou, preocupada.
— Você confia em mim? — perguntei, ansiosa.
— Que pergunta é essa agora? — Ela franziu a testa.
— Depois eu explico. Você confia em mim ou não? — insisti.
— Sim, claro que sim! — ela respondeu finalmente.
— Então, me faz um favor, se o Alfonso vier conversar com você essa noite, confirme tudo o que ele te disser, tá bom?
— Confirmar tudo? — ela disse, confusa. — Como assim?
— Não tenho tempo de explicar agora, mas só me faça esse favor, se o Alfonso te contar alguma história maluca essa noite, só confirme, OK? É importante! — pedi, enfaticamente.
Ela me olhou como se eu estivesse enlouquecido, porém acabou balançando a cabeça, em concordância.
— Está bem, então. Se é mesmo assim tão importante pra você.
— Obrigada! — falei, beijando-a no rosto. — E pode ter certeza que vai ser importante pra você também! — disse, enquanto me afastava.
***
Passei o restante da noite ruminando aquela história incrível que Dulce tinha me contado. Como uma garota inteligente, corajosa e moderna como a Anahí ia aceitar aquela condição maluca que os pais dela tinham inventado? Casamento arranjado em pleno século XXI? Parecia uma alucinação no meu modo ocidental de pensar, mas a família dela não era ocidental, não é mesmo?
Realmente, conhecia muito pouco da cultura alemã, basicamente meu conhecimento sobre eles se resumia ao que continha no cardápio de um restaurante de comida típica. Então, e se fosse verdade? E se a Anahí fosse mesmo se mudar pra Alemanha ano que vem, para depois se casar com aquele indiano boa-pinta? Como eu reagiria? Senti uma mistura de dor e raiva dentro do peito, tentando não admitir pra mim mesmo o que eu já sabia. Quando a olhava, tão linda e alegre, circulando entre os convidados e especialmente dando uma atenção especial àquele marajá dos infernos, desejava que eu fosse o alvo de seus cuidados e de seu sorriso deslumbrante. Quando ela sorria com aqueles dentes, que eram o sonho de qualquer dentista, parecia até iluminar o ambiente.
Nunca imaginei que fosse sentir tanta saudade de ouvir o som do riso de alguém, mas era o que acontecia. Por que eu estava reagindo desse jeito? Por que, para mim, era diferente? O que tinha mudado? De repente, algo estalou forte dentro de mim, como um elástico muito tensionado que subitamente arrebenta. Fui invadido por uma inesperada compreensão.
Quando eu pensava em outras garotas, minha mente as projetava apenas como possibilidades para um encontro casual. Para algo breve, um prazer rápido e quase anônimo. Porém, quando eu pensava em Anahí, pensava em uma conversa inteligente e sensível, pensava em boas piadas e sorriso franco e honesto. Eu pensava em bondade e deliciosa feminilidade. A última coisa que eu pensei em minha extensa lista foi sexo, e isso me deixou atônito. Porque foi isso que me fez finalmente compreender por que ela era tão diferente pra mim, por que era especial. Ela preenchia um vazio em minha vida que eu ainda não tinha me dado conta que existia. Ela não era somente minha amante, era também minha amiga. Então, o que se torna uma pessoa que consegue ser para você ambas as coisas?
Que nome se dá a um sentimento que une tantos significados? Algo que eu julgava morto em meu peito vibrou. Eu sabia a resposta. Era apavorante, era inusitado, mas estava lá. E, junto a essa revelação, chegou outra. O que eu estava fazendo ali, parado, deixando um babaca qualquer levá-la pra longe? Rangi os dentes e fiquei de pé.
Um sentimento forte foi aumentando e me fez cerrar os punhos. Levei uma das mãos até a espada que fazia parte da fantasia e disse, em voz baixa:
— General Marco Antônio vai voltar a agir essa noite!
Joguei fora o último gole de bebida, depois, juntando todo o orgulho, medo e receio, parti rumo à batalha.
***
Estava ainda cismada com aquele pedido estranho da Dulce, ela não era daquilo, de rompantes desesperados e pedidos apressados. Entre todas as pessoas que eu conhecia, ela sempre foi a amiga mais centrada e equilibrada, e foi esse o principal motivo de ter aceitado aquele pedido maluco.
Senti uma mão no meu ombro, virei rápido e me surpreendi ao ver Alfonso. Como ele estava magnífico com aquela roupa de general romano. Tinha um porte e uma altura que combinavam perfeitamente com aquele traje militar antigo. Eu tinha que usar todo o meu autocontrole para manter o rosto sereno e indiferente, se não ia começar literalmente a babar. “A mulher é a rainha do mundo e escrava de um desejo”. Ah, Balzac! Como eu queria que você estivesse errado. Por que sempre ansiamos aquilo que está fora de nosso alcance? Nesse caso, o coração de um homem.
— Vamos dançar? — pediu novamente, com um estranho brilho no olhar.
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 767
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lopachbr Postado em 01/06/2016 - 15:23:13
vondy por suerte hasta la muerte
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∞† Sasabiina †∞ Postado em 01/01/2016 - 17:28:10
Amei a fic parabens *-*
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LetíciaVondy Postado em 17/12/2015 - 21:59:48
Sdds
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anne_mx Postado em 14/08/2015 - 19:18:43
Essa foi a melhor fic que já li foi muito perfeitaaaaaaaaaaaa parabens amei a frase que a senhora disse pra Dulce
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Girl Postado em 02/08/2015 - 12:25:10
PASSANDO NESSA PORRA PRA DIZER QUE FOI É E SEMPRE SERÁ A MELHOR WEB DE PARENTESCO QUE EU JA LI...ACEITEM MUNDO
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Anne Karol Postado em 01/06/2015 - 14:54:15
Bom, o que falar dessa fanfic? Uma das melhores que existe aqui no site. Chorei, comemorei, sorri, ri, me diverti. Ain vou sentir tanta saudade Rebeca. Me apaixonei pela fanfic e vê que ela acabou me da uma tristeza, como se algo faltasse. Muito obrigada por nos proporcionar essa fanfic. Ela é simplesmente maravilhosa <3.
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jaahvondy Postado em 31/05/2015 - 00:13:46
lindo, lindo, lindo o final..to muito emocionada aqui...é uma das minhas fics preferidas...<3 foi simplismente maravilhosa, e não tem como explicar o que eu senti quando eu lia esses ultimos capitulos...tudo perfeito...<3
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stellabarcelos Postado em 29/05/2015 - 00:52:51
Comecei a ler a web ontem e já terminei! Linda demais e muito viciante ! Obrigada por postar essa história linda sobre o amor verdadeiro Parabéns!
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naty_rbd Postado em 28/05/2015 - 14:32:19
Mais uma web sua que chegou ao fim e eu aqui me acabando em lagrimas. Foi perfeita e tenho certeza que essa outra será tambem.
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melicia_fagundes Postado em 27/05/2015 - 23:41:22
Adorei a fic. Umas das melhores que ja li. Beijos <3