Fanfic: Apenas Irmãos? || Vondy (Concluída) | Tema: Rebelde / Vondy
Cada canto daquele quarto lembrava Dulce, seu perfume de baunilha impregnava o ar e respirei profundamente. Caminhei observando ao redor: vi o computador que ela esqueceu ligado, provavelmente porque saiu com pressa e que mostrava como papel de parede nossa primeira foto como namorados na lanchonete, achei sobre a cama um livro com uma página marcada, o guarda-roupa estava aberto e parecia um pouco desarrumado, como se ela tivesse tido dificuldade em encontrar algo que gostasse de vestir. Virei-me e vi sua camisola jogada em cima da cadeira, como se a tivesse tirado com pressa e jogado ali. Peguei a camisola, levei-a ao rosto e aspirei profundamente, aspirando seu cheiro concentrado.
— Ah, Dulce... — murmurei deitando na cama.
Cada parte do meu corpo e alma clamava por ela! Como eu poderia continuar existindo sem seu sorriso tímido, sem seu olhar profundo, sem sua voz doce, sem seu corpo do qual eu tinha me tornado escravo? Procurei afastar esses pensamentos tenebrosos, para mim era inimaginável tal possibilidade, Dulce deixar de existir e o mundo continuar a rodar. Pois não era ela o centro do meu Universo? Afundei meu rosto em seu travesseiro e senti a inconsciência abençoada se aproximando.
— Eu te amo. — Foi a última coisa que murmurei antes de adormecer profundamente.
Três dias se passaram na mesma rotina, do hospital para casa, de casa para o hospital, nos revezávamos em turnos, embora eu sempre procurasse ficar o maior número de horas possível. Então, no final do terceiro dia, o médico chegou com a grande notícia, iriam removê-la para o quarto finalmente. Cinco dias sem vê-la desde o acidente e eu já estava surtando.
— Ela já foi instalada, podem me acompanhar — o médico disse, sorrindo.
Por mim, iria correndo, mas tive que me conter e seguir os passos tranquilos do médico. Chegamos em frente a uma porta fechada, e o médico virou-se e falou para todos nós:
— Por favor, entrem um de cada vez e procurem ser silenciosos. — Juro que, se ele demorasse um pouco mais, passaria por cima dele e entraria de qualquer jeito.
Finalmente a porta foi aberta, entrei e lá estava ela. O médico já havia me preparado, mesmo assim foi um choque vê-la tão desamparada, deitada naquela maca, cercada de aparelhos, intubada e com a cabeça enfaixada. Aproximei-me, segurei suas mãos e, no momento em que meus dedos tocaram os seus, foi como se juntassem todas as peças de um quebra-cabeça: eu estava completo.
— Ela pode me ouvir? — perguntei ao médico.
— Ela está em coma induzido para dar todo o tempo que seu corpo precisa para se recuperar, mas acredito que possa ouvi-lo, mesmo nesse estado — explicou.
Aproximei meu rosto do seu e murmurei em seu ouvido:
— Amor, estou aqui. — Apertei levemente sua mão. — Estou aqui todos esses dias, esperando por você, e vou continuar esperando. Por favor, fique boa logo e volta pra mim. — Abaixei-me, beijando sua mão e apertando-a em meu rosto.
Eu poderia ficar ali para sempre, mas tínhamos apenas uma hora de visita naquele primeiro dia, e uma fila de pessoas queridas esperava lá fora a sua vez. Despedi-me dela, prometendo que estaria numa sala ao lado e que voltaria a vê-la no dia seguinte.
Mais cinco dias se passaram, agora podíamos ficar no quarto por tempo indeterminado. Resultado: só saía de lá para tomar banho e engolir alguma coisa, por mim dormiria ali toda noite também, na poltrona a seu lado, mas a família fazia questão de um rodízio e fui obrigado a me submeter àquele esquema.
No sexto dia pela manhã, o médico chamou a todos e avisou:
— Ontem começamos a diminuir os tranquilizantes que a mantêm em coma, e ela deve despertar essa manhã. — Sorri, de orelha a orelha. — Antes de vocês entrarem, vamos desentubá-la e retirar a faixa da sua cabeça, trocando por um curativo simples, mas não fiquem preocupados, não raspamos todo o seu cabelo, foi removida apenas uma pequena parte necessária para a cirurgia e logo que o cabelo crescer esconderá a cicatriz. Peço que entrem, no máximo, apenas três pessoas por vez, pois é muito comum o paciente acordar bem desorientado e ver muitas pessoas pode confundi-la ainda mais, então falem baixo e pouco. Por favor, me sigam.
Novamente, eu queria correr e passar na frente do médico, mas lá fui eu, seguindo seu passo de tartaruga.
Entramos no quarto e quase não contive a vontade de abraçá-la e enterrar meu rosto em seus cabelos agora soltos. Realmente, havia um discreto curativo na parte superior de sua cabeça, porém nada assustador.
Entramos eu e meus pais e ficamos ao seu redor, aguardando. Vi o médico tirar uma seringa do bolso do jaleco e inseriu o conteúdo no soro ao seu lado.
— Isso vai acabar por despertá-la completamente — ele explicou.
Poucos minutos depois, meu coração deu um pulo ao perceber os olhos dela começando a tremer, e em seguida a percebi mexer ligeiramente os dedos das mãos e respirou profundamente. O médico aproximou-se dela e disse, baixo e firme:
— Dulce, se puder me ouvir, faça força e abra os olhos. — Continuamos aguardando e nada.
Ele repetiu aquilo mais duas vezes, e então, bem lentamente, ela começou a abrir os olhos. Meu coração parecia que ia sair pela boca, de tanto que batia apressado pela emoção.
Ela olhou sonolenta ao redor, piscando os olhos repetidamente, parecendo um pouco incomodada com a luz.
— Dulce — o médico voltou a chamá-la, e ela olhou em sua direção. — Meu nome é Dr. Sanders, e você está num hospital, onde passou por uma cirurgia por ter sofrido um acidente de carro. Você está aqui há alguns dias e deve estar um pouco desorientada, o que é normal. — Ela confirmou com a cabeça e levou a mão à garganta, fazendo uma careta. — Sim, a garganta está doendo porque acabamos de desentubá-la, quando você voltar a falar vai estar um pouco rouca, mas isso vai passar nos próximos dias.
Notei que ela olhou ao redor, observando o ambiente e começando a olhar nossos rostos com uma expressão interrogativa.
— Sim, sua família está aqui — ele disse.
Ela nos olhou novamente, parecendo concentrar-se, em seguida virou o rosto numa direção e disse:
— Pai... — sussurrou, e papai imediatamente ficou ao seu lado, segurando sua mão.
— Sim, princesa. Estou aqui — ele disse, emocionado.
— Mãe... — ela sussurrou em seguida.
— Estamos todos aqui, meu bem — disse mamãe, tentando controlar o choro.
Então, finalmente ela olhou para meu rosto e estreitou os olhos.
— Quem... é... você...? — perguntou, com esforço.
Senti como se o chão tivesse se aberto aos meus pés ao ouvir aquela pergunta. Estendi a mão para segurar a sua, e ela, assustada, afastou-a.
— Calma, Christopher — ouvi o médico dizer. — É comum algum tipo de amnésia e... — mas parei de prestar atenção ao que ele dizia.
Comecei a andar pra trás, afastando-me dela, do seu olhar que me via como um estranho; aquilo foi mais do que eu podia suportar, tinha que fugir dali. Saí pela porta, ouvindo mamãe me chamar, mas não voltei, corri pelo corredor, passando pela Maite, Angelique, Anahí, Alfonso, esbarrando em médicos, enfermeiras e pacientes, completamente perturbado, precisava sair dali e precisava sair agora! Entrei tonto no elevador, sem responder a nenhuma das vozes que me chamavam. Assim que o elevador desceu, saí desarvorado e corri em direção à porta. Uma vez do lado de fora, comecei novamente a correr.
Não sabia aonde iria, ou que direção seguir, tudo o que eu precisava nesse momento era sentir as pernas se movendo rapidamente, numa fuga desenfreada, afastando-me de tudo. Por minha mente passava uma sucessão de imagens caóticas, todas com Dulce, cenas da nossa história, desde o momento em que nos conhecemos até o momento presente, sendo esta a que mais dolorosamente se repetia. Sua pergunta ecoava dentro de mim, como uma sentença de morte:
“Quem é você?”
“Quem é você?”
“Quem é você?”
“Quem é você?”
Corri sem parar, assustando algumas pessoas ao passar, corri até sentir os pulmões arderem e as pernas doerem pelo esforço. Vi um pequeno parque a distância e, usando o restante de forças que possuía, corri até lá, o local estava vazio. Parei abruptamente em frente a uma árvore, estendi os braços, apoiando-me no grosso tronco com as mãos e baixei a cabeça, tentando recuperar o fôlego.
Subitamente, a força de uma verdade terrível abateu-se sobre mim e gritei, gritei de dor, frustração, raiva, desespero, finalmente as comportas se abriram e um choro vindo do fundo do peito foi liberado. Cego pela ira, comecei a socar a árvore com os punhos fechados, como se, ao cometer essa violência, pudesse abrandar a força dos meus sentimentos, como se, ao esfolar minhas mãos, pudesse diminuir a ferida em meu coração.
Por fim, caí de joelhos na terra úmida, sentindo meu corpo estremecer com a força do meu choro, de cabeça baixa olhei minhas mãos que sangravam e não me importei, nada mais importava, sentia-me perdido.
De repente, senti uma mão em meu ombro e ouvi uma voz ao meu lado.
— Filho! — ouvi, surpreso. Levantei o rosto e deparei com o rosto transtornado de meu pai. Em seguida, ele se ajoelhou na minha frente, os olhos cheios de lágrimas, e, me puxando pelos ombros, abraçou-me com força. — Chore, meu filho — ele disse, em meu ouvido. — Mas, não perca a esperança.
Levantei meus braços, abracei-o com força e gritei. Chorei tudo que estava guardado em meu peito.
Entre lágrimas e soluços, consegui murmurar no ouvido dele:
— Ela entrou na caverna.
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CAPÍTULO VINTE E DOIS "Mudaram as estações, nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu, está tudo assim tão diferente..." Eu não sentia nada, mas percebia meus pés se mexendo à medida que andava ao lado de meu pai, de volta ao hospital. Ele me empurrava gentilmente, forçando-me a continuar caminhando. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 767
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lopachbr Postado em 01/06/2016 - 15:23:13
vondy por suerte hasta la muerte
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∞† Sasabiina †∞ Postado em 01/01/2016 - 17:28:10
Amei a fic parabens *-*
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LetíciaVondy Postado em 17/12/2015 - 21:59:48
Sdds
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anne_mx Postado em 14/08/2015 - 19:18:43
Essa foi a melhor fic que já li foi muito perfeitaaaaaaaaaaaa parabens amei a frase que a senhora disse pra Dulce
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Girl Postado em 02/08/2015 - 12:25:10
PASSANDO NESSA PORRA PRA DIZER QUE FOI É E SEMPRE SERÁ A MELHOR WEB DE PARENTESCO QUE EU JA LI...ACEITEM MUNDO
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Anne Karol Postado em 01/06/2015 - 14:54:15
Bom, o que falar dessa fanfic? Uma das melhores que existe aqui no site. Chorei, comemorei, sorri, ri, me diverti. Ain vou sentir tanta saudade Rebeca. Me apaixonei pela fanfic e vê que ela acabou me da uma tristeza, como se algo faltasse. Muito obrigada por nos proporcionar essa fanfic. Ela é simplesmente maravilhosa <3.
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jaahvondy Postado em 31/05/2015 - 00:13:46
lindo, lindo, lindo o final..to muito emocionada aqui...é uma das minhas fics preferidas...<3 foi simplismente maravilhosa, e não tem como explicar o que eu senti quando eu lia esses ultimos capitulos...tudo perfeito...<3
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stellabarcelos Postado em 29/05/2015 - 00:52:51
Comecei a ler a web ontem e já terminei! Linda demais e muito viciante ! Obrigada por postar essa história linda sobre o amor verdadeiro Parabéns!
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naty_rbd Postado em 28/05/2015 - 14:32:19
Mais uma web sua que chegou ao fim e eu aqui me acabando em lagrimas. Foi perfeita e tenho certeza que essa outra será tambem.
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melicia_fagundes Postado em 27/05/2015 - 23:41:22
Adorei a fic. Umas das melhores que ja li. Beijos <3