Fanfic: Apenas Irmãos? || Vondy (Concluída) | Tema: Rebelde / Vondy
CAPÍTULO VINTE E DOIS
"Mudaram as estações, nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu,
está tudo assim tão diferente..."
Eu não sentia nada, mas percebia meus pés se mexendo à medida que andava ao lado de meu pai, de volta ao hospital. Ele me empurrava gentilmente, forçando-me a continuar caminhando. Só percebi que já estávamos lá dentro quando me vi sentado em frente a uma enfermeira que fez curativos em meus dedos machucados.
Parecia que eu tinha perdido a noção da realidade, não conseguia ou não tinha forças para me concentrar em nada. Quando fechava os meus olhos, tudo o que eu conseguia ver era Dulce me fitando confusa e assustada, sem me ver na verdade, sem me conhecer, sem saber quem eu era, sem saber o que fomos e o que seríamos sempre. Sem lembrar nossos planos para o futuro, sem lembrar nosso amor.
Depois que meus dedos foram devidamente limpos, medicados e cobertos por curativos, a enfermeira se retirou, deixando-me sozinho por alguns instantes, até o Dr. Sanders entrar e puxar um banco para sentar na minha frente. Ele suspirou antes de começar a falar.
— Christopher, eu sei o que você tem passado todos esses dias e imagino o choque que deve ter sentido ao ver a Dulce finalmente acordar, depois de tanta espera, e descobrir que ela ainda não se lembra de tudo. — Ele fez uma pequena pausa, ajeitando os óculos. — No entanto, quero que entenda, as consequências de acidentes cerebrais são imprevisíveis, tudo pode acontecer, e a área afetada na Dulce é a responsável pela memória.
— Como ela pode se lembrar da mamãe e do papai, mas não pode se lembrar de mim? — perguntei, ainda sem acreditar.
— Bem, isso na verdade é um mistério, mas quero que entenda, o cérebro dela apenas iniciou o processo de cura, ele ainda está cicatrizando, com o acidente várias conexões em seu cérebro foram rompidas, cada conexão ligada a um tipo de lembrança, aparentemente a conexão responsável pela lembrança de seus pais não foi afetada ou já foi religada. Aos poucos, vocês vão perceber que ela começará a ser mais e mais a Dulce que vocês conheciam, mas isso pode levar certo tempo — explicou, de forma amistosa.
— Quer dizer que isso não é definitivo? Ela vai voltar a se lembrar de nós? Quando isso pode acontecer? — perguntei, afobado e cheio de esperança.
— Calma, uma pergunta de cada vez! — ele disse, rindo ligeiramente. — Provavelmente a conexão responsável por sua recordação e sua vida em conjunto com ela ainda não foi restabelecida, isso se dará de forma gradativa e natural. — Ao ouvi-lo dizer aquilo, meu coração voltou a bater forte no peito e não contive um suspiro de esperança. — Mas devo avisar que esse processo não pode ser apressado ou forçado em nenhuma etapa, se o paciente se sente pressionado, isso pode gerar um quadro de estresse que atrasaria ainda mais a cura — disse bem sério, olhando-me fixamente. — Acha que compreendeu o que eu disse? Acha que pode ajudá-la, sem pressionar mais do que o necessário? Porque, com certeza, ela vai precisar do apoio de todos nessa fase, principalmente do seu, e isso vai exigir toda a sua dedicação, paciência e sacrifício. Você acha que pode colocar as necessidades e interesses dela antes das suas?
— Faço qualquer coisa para tê-la novamente pra mim — afirmei intensamente.
— Ótimo! Então estamos entendidos. — Ele se levantou e apertou minha mão. — Lembre-se, ânimo!
E partiu em seguida.
Voltei para o andar em que ficava o quarto dela, mas não tive coragem de entrar. Irônico, não? Passei dias esperando ansioso por estar ao seu lado, e agora, só de pensar em ver novamente em seus olhos toda aquela indiferença, sentia meu peito afundar. Fiquei ali, decidindo se entrava ou não no quarto, quando inesperadamente a porta se abriu e saiu o papai. Assim que ele me viu, fez um sinal, indicando que precisava conversar comigo, e nos afastamos até o final do corredor.
— Christopher, eu e sua mãe conversamos e tivemos uma ideia — explicou, virando-se de frente pra mim. — Embora tenha sido difícil nossa convivência ultimamente, nunca desejei seu mal ou da Dulce, muito pelo contrário, só quero a sua felicidade e a dela, afinal são todos meus filhos! — Ele passou a mão nervosamente pelo cabelo, num gesto todo Uckermann. — E, bem, nesses últimos dias acompanhei toda a sua dedicação com a nossa Dulce e percebi a veracidade de seus sentimentos. Mesmo que eu ainda não entenda perfeitamente, começo a compreender. E, se fiz o que fiz, foi pensando que dessa forma talvez os fizesse perceber que agiram errado, porém sei que são muito jovens e também sei o que é ter sua idade e estar apaixonado, o que é ter um ideal e não medir as consequências para alcançá-lo. Por isso, mesmo não sendo o que planejei todos esses anos para nossa família, vê-los juntos dessa forma, acho que tenho que rever meus conceitos, diante da gravidade do que aconteceu e do seu sofrimento. — Ele apertava a boca, parecendo não saber mais o que dizer. — Certo, o negócio é o seguinte, aceito a relação de vocês, dou minha bênção e quero ajudar no que for possível para vocês se entenderem! — Ele me olhou sem graça, com o rosto vermelho e constrangido.
Por um momento, ficamos nos olhando, meio sem saber o que fazer, mas resolvi aceitar o que ele me oferecia, parecia realmente sincero em seu arrependimento e disposto a cooperar. Eu sabia que tinha cometido alguns erros e que, quando meu pai decidiu agir como agiu, foi como uma forma de punição por esconder minha relação com Dulce e nosso casamento. Mesmo que o amor tivesse sido a justificativa por minhas escolhas, racionalmente as coisas não eram tão simples assim. Mas quem disse que a razão prevalece, quando nossas ações são ditadas por nosso coração? Se eu errei por causa desse sentimento, também compreendia que foi pela mesma emoção que meu pai tinha tomado certas atitudes. Então achei melhor perdoar-lhe e aceitar a bandeira branca que ele me acenava.
Precisávamos estar unidos. Abracei-o, emocionado, e ele correspondeu, meio sem jeito.
— Valeu, pai! — disse, enquanto ele batia com a mão em minhas costas.
— Mesmo um velho como eu sabe reconhecer quando erra — falou, sem graça. — Pode perdoar seu pai cabeça dura?
Eu sorri e lhe dei um beijo no rosto.
— Claro, pai! Ambos cometemos erros. Agora isso não importa mais, o nosso objetivo deve ser a cura da Dulce — falei, com sinceridade. — Você tinha falado numa ideia?
— Sim! — ele disse, animado — Olha, acho que devemos ir informando a Dulce sobre você, pouco a pouco, para não assustá-la muito, primeiro vamos dizer que você é nosso filho, consequentemente irmão dela. — Fiz uma careta ao ouvir aquilo. — Calma! Isso só enquanto ela ficar internada aqui. Nos próximos dias, vamos continuar esclarecendo tudo, até que quando ela for pra casa já saiba que são casados. O que você acha? — Coloquei a mão na cintura, tentando decidir.
Voltar a me comportar como irmão dela, mesmo que por poucos dias, seria reviver todo o inferno de quando ainda não estávamos juntos, e sentia meu estômago revirar de revolta só de pensar nessa hipótese. Contudo, tinha prometido ao médico e a mim mesmo colocar a Dulce sempre em primeiro lugar, então, se fosse para o bem dela, faria aquele sacrifício, fingiria por ela. Afinal, eu era um ator, não era?
— Certo, eu topo! — falei, nervoso.
— Então, vou voltar lá para o quarto e começo minha encenação — disse papai, todo animado. — Espere aqui que já vou te chamar!
Aguardei nervoso em frente à porta do quarto, fazendo exercícios respiratórios e me concentrando, como eu fazia antes de uma filmagem. Sacudi os ombros, estiquei os braços, flexionei os dedos das mãos e foi olhando para eles que me lembrei de um importante detalhe. Refulgindo de forma nada discreta, o brilho dourado de minha aliança era um símbolo de minha união com Dulce.
Estremeci. Respirei fundo. Sabia que era necessário, mesmo assim não deixava de ser doloroso. Eu tinha prometido a mim mesmo nunca mais retirá-lo de meu dedo, nunca mais esconder algo de que tinha tanto orgulho. Engoli em seco. Mas por ela, eu o faria. Nenhuma outra pessoa teria esse poder, esse direito de me fazer revogar o uso desse emblema. Por Dulce. Dei um último olhar ao anel e o retirei rapidamente, guardando-o em meu bolso, confortando-me na esperança de que essa situação não durasse por muito tempo. Pouco depois papai apareceu, fazendo um sinal para que entrasse, respirei fundo e entrei naquele estranho palco.
Ai, minha nossa! Ela sorria pra mim, daquele jeito carinhoso que me fazia tremer nas bases, daquele jeito que me fazia ter vontade de beijá-la até perder o fôlego.
— Concentre-se, mantenha o foco! — repeti para mim mesmo, retribuindo seu sorriso.
— Desculpe — ela disse baixinho. — Não quis magoar você.
— Tudo bem — falei, tranquilizando-a.
— Não vai me dar um abraço? — ela perguntou.
— Hein? — Meu coração deu um pulo.
— Ora, somos irmãos, não somos? — E ela esticou os braços.
Olhei para nossos pais e eles fizeram sinais, me estimulando. Eu não tinha contado com isso, fingir longe dela era uma coisa, tocando-a era completamente diferente, mas o que eu podia fazer?
Andei até ela e a tomei em meus braços.
“Ah! Senhor!”, pensei na hora.
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 767
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lopachbr Postado em 01/06/2016 - 15:23:13
vondy por suerte hasta la muerte
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∞† Sasabiina †∞ Postado em 01/01/2016 - 17:28:10
Amei a fic parabens *-*
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LetíciaVondy Postado em 17/12/2015 - 21:59:48
Sdds
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anne_mx Postado em 14/08/2015 - 19:18:43
Essa foi a melhor fic que já li foi muito perfeitaaaaaaaaaaaa parabens amei a frase que a senhora disse pra Dulce
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Girl Postado em 02/08/2015 - 12:25:10
PASSANDO NESSA PORRA PRA DIZER QUE FOI É E SEMPRE SERÁ A MELHOR WEB DE PARENTESCO QUE EU JA LI...ACEITEM MUNDO
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Anne Karol Postado em 01/06/2015 - 14:54:15
Bom, o que falar dessa fanfic? Uma das melhores que existe aqui no site. Chorei, comemorei, sorri, ri, me diverti. Ain vou sentir tanta saudade Rebeca. Me apaixonei pela fanfic e vê que ela acabou me da uma tristeza, como se algo faltasse. Muito obrigada por nos proporcionar essa fanfic. Ela é simplesmente maravilhosa <3.
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jaahvondy Postado em 31/05/2015 - 00:13:46
lindo, lindo, lindo o final..to muito emocionada aqui...é uma das minhas fics preferidas...<3 foi simplismente maravilhosa, e não tem como explicar o que eu senti quando eu lia esses ultimos capitulos...tudo perfeito...<3
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stellabarcelos Postado em 29/05/2015 - 00:52:51
Comecei a ler a web ontem e já terminei! Linda demais e muito viciante ! Obrigada por postar essa história linda sobre o amor verdadeiro Parabéns!
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naty_rbd Postado em 28/05/2015 - 14:32:19
Mais uma web sua que chegou ao fim e eu aqui me acabando em lagrimas. Foi perfeita e tenho certeza que essa outra será tambem.
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melicia_fagundes Postado em 27/05/2015 - 23:41:22
Adorei a fic. Umas das melhores que ja li. Beijos <3