Fanfic: Apenas Irmãos? || Vondy (Concluída) | Tema: Rebelde / Vondy
Tremi novamente e senti o medo preencher meu peito. Não gostava daquela sensação. Aquele pavor estava acabando comigo. Anahí tinha dito que quando acabasse esse medo eu conseguiria ouvir o que meu coração estava me dizendo. Mas como e quando eu conseguiria me livrar desse frio paralisante?
Do que eu tinha medo? Dele? — pensei.
Talvez. Pensando melhor, eu não tinha medo dele. Ao contrário, lá no hospital, sua presença foi confortante e muito agradável, sentia grande alegria quando o via chegar, especialmente quando sorria pra mim.
Ah! Ele tem um sorriso lindo! — pensei, sentindo-me uma garota tola e impressionável.
Minha reação era a prova de que o perigo morava naquele sorriso, ou melhor, em toda aquela boca. Olhei para baixo e reparei que minhas mãos agarravam a pia com tanta força que estavam ficando brancas. Soltei-as bruscamente. Senti os joelhos trêmulos, batendo um de encontro ao outro como castanholas, no ritmo ditado pelo meu coração.
— Oh, não!
Como um raio, uma compreensão indubitável me atingiu. Eu não tinha medo do Christopher, tinha medo das reações que ele provocava em mim. Eu tinha medo de mim mesma.
Olhei mais uma vez minha imagem no espelho, analisando a roupa que tinha escolhido para dormir: um pijama de manga comprida xadrez azul de flanela que, com certeza, não tinha nada de atrativo, cobrindo todo o meu corpo. Como o pijama era velho, dois ou três botões da blusa abriam de vez em quando. Então, para não ser pega desprevenida, vesti por baixo uma camiseta.
Não ia continuar adiando aquilo. Guardei minha escova de dente, apaguei a luz e marchei para o quarto. Ao abrir a porta e olhar para a cama, estanquei.
O quarto estava iluminado apenas por um abajur que ficava numa mesa de cabeceira ao lado dele. Christopher lia um livro, deitado confortavelmente, um braço dobrado atrás da cabeça, parecendo concentrado. Usava uma calça preta de moletom e... mais nada. Iluminados pela luz amarelada, os pelos daquele peito nu ganhavam um brilho acobreado. Não consegui mais tirar os olhos.
— Está tudo bem? — perguntou parando de ler e olhando pra mim.
Foi aí que percebi que continuava de pé ali na porta, sem me mexer e, é claro, ele deve ter estranhado. Desviei imediatamente os olhos e caminhei em direção à cama olhando para o chão.
— Tudo bem. — respondi.
Dei a volta, indo para o lado oposto ao dele, grata por aquela cama enorme proporcionar uma distância razoável entre nós. Mesmo assim, deitei toda dura, bem na pontinha, puxando a coberta até o pescoço. Ele tinha voltado a ler e parecia bem concentrado. Fiquei curiosa sobre sua leitura. Espiei pelo canto do olho. Belas Maldições, de Neil Gaiman.
— Frio? — ele perguntou sem tirar os olhos do livro, e me sobressaltei.
— Um pouco. Outono, né? — respondi sem graça.
— Você quer que eu aumente a temperatura? — sugeriu ainda olhando para o livro.
— Não, obrigada. — não precisava sentir mais calor do que já estava sentindo tendo ele deitado bem ao meu lado. — Não está com frio? — perguntei tentando soar descontraída.
— Não, dificilmente sinto frio. — respondeu, passando casualmente a mão pelo peito, descendo e parando na cintura da calça, enfiando três dedos pelo elástico, deixando apenas o polegar e o indicador à mostra. Achei aquele gesto casual muito sexy.
— Nome sugestivo. — falei buscando um assunto seguro que me desviasse a atenção dele. — Do livro.
— Também achei. Esse escritor é ótimo. — comentou entusiasmado. — Depois, se quiser ler, pode pegar.
— Obrigada! Quando você terminar, pego emprestado.
Até o momento, seus olhos tinham se mantido nas páginas do livro, mas ele virou o rosto em minha direção e um leve sorriso brincava em sua boca. Seu olhar era devastadoramente doce.
— Não precisa “pegar emprestado”. O que é meu é seu. — esclareceu baixinho — Somos casados.
Com essa afirmação simples, mas plena de uma verdade forte e perturbadora, calei. Tudo o que consegui fazer foi balançar a cabeça afirmativamente. Ele sorriu simpático, e voltou sua atenção para o livro.
Belas Maldições. Se minha vida fosse um livro, esse seria um belo título para ela. Não poderia haver maldição mais bela que aquele homem deitado ao meu lado. Tentador a ponto de me deixar sem fôlego, perigoso a ponto de me dar medo. Medo do que despertava em mim: um mundo de sensações desconhecidas e sentimentos intensos. De que era feita essa misteriosa combinação capaz de provocar sentimentos tão contraditórios? Por que, entre tantas pessoas nesse mundo, aquela conseguia despertar essas coisas tão poderosas em mim? O que o fazia especial, diferente? Ter alguém, de alguma forma, em algum lugar à sua espera.
Analisando friamente, Christopher não entraria na lista dos solteiros mais cobiçados da maior parte das garotas que conhecia. Era descuidado com a aparência, tinha um senso de humor peculiar e seu gosto por roupas era um tanto duvidoso. Enlouquecedor pensar que justamente essas “falhas” mexessem tanto comigo, esse jeito imperfeitamente perfeito. A verdadeira beleza é assombrosa e sua química inexplicável.
Fechei os olhos tentando controlar a minha respiração, mantendo-a o mais estável possível. Queria parar o fluxo incessante de pensamentos caóticos. Esforcei-me por ficar serena para conseguir dormir. Estava concentrada nisso há algum tempo, quando Christopher voltou a falar.
— Dulce, se você continuar assim tão dura, vai acordar com torcicolo. — Abri os olhos surpresa e olhei pra ele.
Tinha acabado de fechar o livro e sorria pra mim bem humorado. Vi apenas ternura em seus olhos, sem sombra de malícia. Aquilo me desarmou e acabei sorrindo de volta.
— Desculpe, estou sendo tola, não é mesmo? — perguntei, sentindo-me ridícula.
— Não. — respondeu compreensivo. — Acho sua reação natural. Procure relaxar. Estamos aqui para dormir. Foi um dia cansativo, especialmente para você. Pode ficar tranquila, não vou lhe atacar. — vi sinceridade em seus olhos.
— Acredito em você. — afirmei relaxando um pouco.
— Ótimo! — assentiu satisfeito. — Posso apagar a luz?
— Sim.
Ele desligou o abajur e se deitou ao meu lado. Mesmo imóvel, ele era uma presença e tanto naquela cama: alto, pernas e braços incrivelmente compridos. De onde estava, podia sentir o cheiro do seu xampu — e achei muito agradável. Virei, deitando de lado, ficando de costas pra ele. Abri os olhos, sentindo a mente fervilhar com perguntas que não tive coragem de fazer mais cedo. Naquela escuridão, talvez conseguisse. Engoli seco, criando coragem.
— Chris, ainda está acordado? — perguntei baixinho.
— Hum, hum. — murmurou.
— Queria te fazer uma pergunta.
— Sobre?
— Bem, você me contou sobre nosso casamento e me lembrei de algo que a Anahí me falou, algo que me incomoda um pouco, mas que preciso ouvir de você.
— O que precisa saber? — perguntou e respirei fundo, sentindo a coragem sumir.
— Sabe de uma coisa, deixa pra lá. — falei baixinho.
Senti ele se mexer, aproximando o corpo do meu. Percebi isso porque senti um calor gostoso em minhas costas.
— Você pode me perguntar o que quiser. — afirmou persuasivo.
— Não quero que pense mal de mim. — sussurrei.
— Prometo não pensar. Agora fala, vai!
— Bem... — respirei fundo mais uma vez, criando coragem. — A Anahí disse que tivemos uma lua de mel, e você também comentou isso hoje. Então, significa que nós fizemos... fizemos... — eu não conseguia concluir a frase.
— Se você está querendo perguntar se fizemos amor, sim, nós fizemos. — ele respondeu.
— Tá, só queria confirmar. — concordei sem graça, e um silêncio incômodo se seguiu.
— Era só isso que você queria saber? — perguntou bem atrás de mim.
—Você disse que foi difícil ficarmos juntos. Mas depois que voltamos pra casa e assumimos nosso casamento, essa parte da nossa vida se regularizou?
— Com certeza!
Ele respondeu com tanta ênfase que não tive como duvidar de sua sinceridade. Depois voltamos a nos calar. O silêncio que se instalou parecia repleto de palavras por dizer. A tensão preenchia o espaço entre nós como uma terceira presença na cama. Estava acontecendo de novo, os fluídos dessa atração agindo como uma mão poderosa que me empurrava de encontro a ele. Será que ele também se sentia assim? Percebi quando ele se moveu e ergueu a mão, aproximando-a do meu ombro. Prendi a respiração e, imediatamente, fiquei tensa. Ele não prosseguiu. Deixou a mão parada no meio do caminho e acabou por recolhê-la. Ouvi um longo e triste suspiro. Minha mente estava girando mais rápido que um peão.
— Bem, acho que por hoje é só, foi um longo dia. — falou em tom sério. Aproximou-se beijando rapidamente minha cabeça. — Durma bem.
Dormir?! — pensei enquanto me cobria até a cabeça.
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CAPÍTULO TRÊS "O que foi lindo não se pode apagarO que é eterno não se pode matarNunca me esqueçaNunca me esquecerei de ti" - Dulce Maria, Te quedaras. Acordei devagar, sentindo-me cansada.Tinha demorado muito a pegar no sono, depois das declarações extraordinárias do Christoph ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 767
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lopachbr Postado em 01/06/2016 - 15:23:13
vondy por suerte hasta la muerte
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∞† Sasabiina †∞ Postado em 01/01/2016 - 17:28:10
Amei a fic parabens *-*
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LetíciaVondy Postado em 17/12/2015 - 21:59:48
Sdds
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anne_mx Postado em 14/08/2015 - 19:18:43
Essa foi a melhor fic que já li foi muito perfeitaaaaaaaaaaaa parabens amei a frase que a senhora disse pra Dulce
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Girl Postado em 02/08/2015 - 12:25:10
PASSANDO NESSA PORRA PRA DIZER QUE FOI É E SEMPRE SERÁ A MELHOR WEB DE PARENTESCO QUE EU JA LI...ACEITEM MUNDO
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Anne Karol Postado em 01/06/2015 - 14:54:15
Bom, o que falar dessa fanfic? Uma das melhores que existe aqui no site. Chorei, comemorei, sorri, ri, me diverti. Ain vou sentir tanta saudade Rebeca. Me apaixonei pela fanfic e vê que ela acabou me da uma tristeza, como se algo faltasse. Muito obrigada por nos proporcionar essa fanfic. Ela é simplesmente maravilhosa <3.
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jaahvondy Postado em 31/05/2015 - 00:13:46
lindo, lindo, lindo o final..to muito emocionada aqui...é uma das minhas fics preferidas...<3 foi simplismente maravilhosa, e não tem como explicar o que eu senti quando eu lia esses ultimos capitulos...tudo perfeito...<3
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stellabarcelos Postado em 29/05/2015 - 00:52:51
Comecei a ler a web ontem e já terminei! Linda demais e muito viciante ! Obrigada por postar essa história linda sobre o amor verdadeiro Parabéns!
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naty_rbd Postado em 28/05/2015 - 14:32:19
Mais uma web sua que chegou ao fim e eu aqui me acabando em lagrimas. Foi perfeita e tenho certeza que essa outra será tambem.
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melicia_fagundes Postado em 27/05/2015 - 23:41:22
Adorei a fic. Umas das melhores que ja li. Beijos <3