Fanfics Brasil - Único começo ALGUNS DIAS ANTES DO FIM

Fanfic: ALGUNS DIAS ANTES DO FIM | Tema: 170


Capítulo: Único começo

12 visualizações Denunciar



Setembro



Estou sentada em um dos bancos laterais e posso ver perfeitamente, pelo canto dos olhos seu rosto inexpressível. Suas mãos estão deslizadas suavemente sobre a barra presa a centímetros do teto.


Meus pensamentos continuam surgindo à medida que considero, por um único segundo, a hipótese de ele estar me encarando também. Disfarço momentaneamente um olhar rápido que ele lança em minha direção, quando percebe que meus olhos o seguem.


Não posso imagina-lo em apenas uma parte de meu consciente, pois quando percebo o quão fundo são meus pensamentos, noto que ele está inteiramente contido em cada partícula de atração que sinto. Cada desejo se perde quando o vejo: o que eu tenho; os conceitos do que acho importante, quem eu sou realmente.


Meus estudos se perdem automaticamente. Meus projetos para evoluir profissionalmente a fim de encontrar meu próprio limite e ser quem eu quero ser: uma grande empreendedora, não são mais os mesmos, e não acho que sou capaz de dizer a mim mesma o que é importante ou não, pois a partir do momento que sinto seus olhos pousados inteiramente sobre mim, meus campo de visão é borrado por partículas de um futuro incerto, um futuro que quero ter com ele.


[...]


“Meus olhos atribuem uma ardência desnecessária a meu campo de visão. Tento, por um minuto, respirar profundamente, tentando acalmar uma parte desesperada de meu consciente, que solta gritos em protesto. Porém, tudo o que consigo, é rejeitar minhas próprias ordens internas, enquanto me certifico de que grande parte da situação está sobre meu controle”.



Novembro



Quando tiro rapidamente meus olhos das folhas impressas do livro, percebo que a surpresa seguinte me fez ter a capacidade de reprimir uma alegria silenciosa. Encaro seu rosto pela primeira naquela semana. Quinta feira. Imagino que tudo possa ser apenas um sonho, e que eu ainda não tenha escutado o despertador tocar, porém sinto o quanto tudo é real: sua camiseta preenchendo cada músculo de sua costela, a calças jeans folgada descendo perfeitamente sobre sua cintura. O cabelo perfeitamente penteado fazendo com que seu rosto curvilíneo se torne uma mascara contida de pura beleza. Respiro fundo e me contento em isolar um sorriso gratificante por vê-lo.


Seguro o grosso livro com as mãos preenchidas de um suor desconhecido. As letras, e toda a gramática contida naquelas páginas perdem o sentido, e temporariamente sinto que estou agindo com imaturidade, entretanto esse pensamento não faz diferença.


Ele mantém os passos firmes enquanto se equilibra; ele se move com uma calma excessivamente neutra. Não percebo seus olhos se moverem em minha direção e sinto uma pontada de decepção enquanto novos equívocos surgem em minha mente. Tento fazer um novo acordo com meus pensamentos, para estarem me deixando em paz nos próximos minutos, porém é inútil; o rumo no qual minhas ideias surgem é impressionante.


Olho a tela do celular pela quarta vez; é a única maneira que encontro de disfarçar meu repentino nervosismo. Respiro novamente em vez de prender o ar em meus pulmões. Ele se senta em um banco desocupado atrás de mim, e então se mantêm afastado alguns centímetros do meu campo de visão. O modo como percebo a quantidade de dias em que vivemos a mesma situação repetidas vezes é sufocante, pois sei que um dia irei perdê-lo, e essa única cena que se prende agora, no nosso presente, ira ser apenas uma lembrança, mais uma lembrança.


Posso fixa-lo em minha memória, porém sei que não é o suficiente. É como saber que está sedento e que no próximo segundo é possível ver o líquido que ira saciar sua sede, e por um motivo desconhecido, saber que não é possível beber nenhuma gota. É como morrer lentamente de sede. Sinto a ironia em forma de piada à medida que minha mente considera tal acontecimento.


Noto que o homem de cabelos lisos sentado do lado esquerdo do ônibus se levanta no momento seguinte. Movo meus pés rapidamente para o local onde ele ocupava e encosto meus ombros na grande janela de vidro. A poeira contida em cada molécula transparente do vidro dificulta a visão que tento ter dos comércios e das casas por onde passo, apesar de saber definitivamente todo o itinerário no veiculo.


Mas ainda não me importo. É preciso de mais do que qualquer atitude para prender minha completa atenção. De repente, não consigo controlar o impulso de olhar naqueles olhos negros repletos de mistérios, e então me viro em sua direção. Tudo o que me vem é uma sensação fria de saber exatamente o que fazer: martirizar-me por não ter notado a marca marrom escura na lateral de seu pescoço.


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): luanagc

Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)



Loading...

Autor(a) ainda não publicou o próximo capítulo



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 0



Para comentar, você deve estar logado no site.


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais