Fanfics Brasil - 2. Amizade Conexão de Liberdade

Fanfic: Conexão de Liberdade


Capítulo: 2. Amizade

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Dia 14 de fevereiro de 2001


18h30min


Eduardo pediu para que eu estacionasse em frente ao portão verde da minha casa, perguntei o motivo e ele disse que era tão perto que seria besteira deixá-lo na porta da casa dele. Descemos do carro e ele ficou observando meu pequeno jardim muito bem cuidado por minha mãe: algumas primaveras rosas e lilás, muitas rosas vermelhas (a cor favorita de minhã mãe e minha), pequenas margaridas brancas ao redor, rosinhas preenchendo o espaço entre as flores, muro ajardinado e orquídeas amarelas em alguns pontos.


- É de minha mãe, ela adora estar em contato com a natureza, nem imagino que tipo de simpatia meu pai deve ter feito para conseguir que ela morasse na cidade. - Na verdade eles se mudaram de um rancho que fica há 30 minutos da cidade assim que nasci, pela necessidade médica e farmaceutica que os bebês demandam.


- Hã. - Ele não conseguiu sair de seu transe. Imagino que deva ter algo com o meio ambiente, certamente teria muito o que conversar com mamãe, se ela tivesse tempo para isso.


- Hum, vamos entrar? Assim posso te mostrar o pomar que estamos criando nos fundos. - Seus olhos se encheram de curiosidade, não sei se pelas frutas que deveriam haver ou por mim ao convidar um completo estranho.


- Ok.


Minha sala é aconchegante, um jogo de sofá verde de 03/02/01, uma estante de madeira amaralo-clara, combinando com a s parede, areia, uma TV de 21’’, um som decente, que toca discos de vinil e livros em todos os espaços.


- Mãe? Cheguei!


- Tá, estou um pouco ocupada agora, faça o jantar, está bem? - Ela gritou do seu quarto.


- Claro, mãe. - Novidade. Desde que eu tenho idade para subir no fogão ela “está ocupada e não pode cozinhar”.


- Eduardo, venha por aqui, não ligue para minha mãe, ela sempre está atarefada, não trabalha fora, mas sempre diz que “não existe futuro para quem ama a vida e, por isso não devemos perder tempo com inutilidades” (incluí-se aí tarefas domesticas).


- Ela está certa.


- Desde que ela não transfira esses afazeres à você! Rá-Rá - Ele sorri com tanta facilidade, que me faz rir também.


Passamos pela cortina de macarrão feita por minha mãe e eu, em um dos poucos momentos mágicos de mãe e filha, entramos na cozinha branca, com uma mesa de aço e pedra branca e quatro cadeiras, um armário marron em mdf e uma linda pia de inox e pedra verde cheia de louças do almoço me esperando para lavar. Saímos da cozinha e entramos na área dos fundos, parcialmente coberta com muretinha em volta, uma churrasqueira de rodinhas, uma mesa de madeira grande, entramos na passagem e concreto e grama, logo à esquerda está a casinha do Príncipe, meu querido cãozinho e da Lana, o encontramos na rua quando ainda era um filhote, no dia 31 de maio do nosso décimo aniversário e o levamos para casa, lógico, um lindo vira-latas, pequeno porte, pelo preto, liso, macio, curto e uma mancha branca na testa e entre os olhos em forma de gota, mancha branca nas quatro patas e no final do rabo.


- Oi Príncipe! Diga olá para o Eduardo! - Já me preparo para os infindáveis latidos. Ele não gosta de estranhos, principalmente homens. A Lana diz que ele é um cachorro com alma de gato, porque não obedece às regras, passeia sozinho, coleira nem pensar, não pega gravetos e raras vezes vem com a gente e só com nós duas.


- Olá garotão! - Queria que Lana estivesse aqui para ver isso! O Príncipe pulou no colo dele! Acho que vou chorar, caramba! Ele não aceita nem mesmo os afagos de minha mãe, que o alimenta.


Fiquei envergonhada em contar para Eduardo sobre meu cachorrinho antissocial, acabei sem nada dizer. Deixei os dois e fui pomar adentro.


Eu não me canso de olhar como é lindo… nossa jaboticabeira com frutos enormes e doces, uma raridade, uma goiabeira de frutos brancos, meus prediletos, uma amoreira, um maracujazeiro, uma romanzeira, um jambolão, preferido da Lana, alguns mamoeiros papaya, xodó de mamãe e não menos importante, o limoeiro de papai. Ele diz que todas os lares precisam de um pé de limão, porque se amamos o doce é porque o azedo existe.


Para não dizer que o pomar é perfeito, faltou uma cerejeira, impossível nesta região em que reina o calor.


Avistei uma goiaba enorme e suculenta bem lá no alto, olhei em volta para ver se Eduardo estava por perto, só que ele ainda estava brincando com o Príncipe, o que chegava a ser um pouco bizarro. Não vou me acostumar em ver meu cachorro gostando de alguém. Subi na goiabeira com facilidade, aproveitei para pegar algumas que estavam “de vez” como diria a vovó Luísa. Nhami… delícia, aproveitei para comer uma em cima da árvore, essas pequenas felicidades instantâneas são absurdamente tentadoras.


Saltei de um galho próximo ao chão e esbarrei em Eduardo, quase derrubando-o ao chão, sorte que meus 45 kg bem distribuídos em 1,63m dificilmente faria alguém cair.


- Ow, o que você estava fazendo aí embaixo, quase te derrubei! Pensei que estivesse brincando com MEU cachorro! - Fiz cara de irritada, mas, na verdade, estava achando tudo muito engraçado.


- Desculpe. Aquela goiaba parecia bem gostosa hein?


- Tome, apanhei mais algumas.


- Obrigado.


- Venha, vou fazer algo para o jantar antes que minha mãe envie uma equipe de resgate! - Ele riu e me acompanhou, era uma pena a Lana não estar aqui para ver que, enfim, eu iria conseguir um amigo e sem a ajuda dela.


Lana e eu somos amigas desde o berçário, nascemos no mesmo dia, 31 de maio de 1985.


 


Lana e eu somos amigas desde o berçário, nascemos no mesmo dia, 31 de maio de 1985, porque nossas mães agendaram o parto no mesmo dia. Elas se conheceram na faculdade, minha mãe namorava meu pai desde o ensino fundamental e foram morar juntos em um pequeno rancho assim que concluíram o ensino médio, se inscreveram no curso de História. Papai desistiu do curso para trabalhar em tempo integral como representante de vendas de relógios e é o que faz atualmente, ele viaja para Santa Catarina e fica lá por quinze dias, volta e fica conosco por um fim de semana, desde que me conheço por gente.  Mamãe não perdeu um dia de aula, nem mesmo durante a dieta*, se formou, mas exerce, como ela diz, a vida.


Os pais de Lana se conheceram em um tributo à Bob Marley, na Boate Corinthians, muito famosa em nossa região, dançaram a noite toda com meus pais e dormiram no rancho deles. Dois meses depois elas descobriram que estavam grávidas e apoiaram uma a outra durante toda a gestação. Tio Marco Antonio se apaixonou perdidamente e pediu a Tia Jana em casamento, ela recusou e se increveu em um Programa para trabalhar como babá nos EUA e eles nunca mais se toparam.


Mamãe e tia Jana prometeram jamais perder contato e, no nosso segundo aniversário esta entregou a filha aos cuidados da vovó Luísa, mas Lana praticamente morava conosco, só ia embora à noite e com muito custo, às vezes passava até mesmo algumas semanas em minha casa, não demorou muito para meus pais decidirem comprar uma cama para ela e dividir nosso guarda-roupas. Nós amamos, colocávamos roupas iguais, ou só divergindo as cores, éramos as melhores amigas, totalmente diferentes mas de almas irmãs, uma completando a outra.


Lana é morena de cabelos negros, lisos, compridos e retos até a cintura, tem um corpo lindo, altura ideal, 1,63m, barriga sarada, pele macia, pernas torneadas, olhos verdes, deixa qualquer capa de revista no chinelo. Extrovertida e carismática, radiante, em uma simples conversa você percebe que que ela é essencial para a sua vida.


Eu teria sido engolida pelo Ensino Médio, se não fosse por ela, que me arrastava para todas as festas, projetos escolares, campeonatos esportivos, apresentações de teatro e desfiles de aniversário da cidade, tudo que eu acreditava ser completamente desnecessário. Na maior parte do meu tempo, preferia devorar todos os livros que apareciam pela frente, desde literatura à matemática, ficar conversando com Lana durante as aulas e treinar natação. Não sentia a necessidade de me vestir bem e de que fazer as pessoas gostarem de mim e essa era o único motivo de nossas brigas. Ela dizia que todas as pessoas são lindas, cada uma à sua maneira, entretanto ela estava errada. Se você não segue o padrão do momento não há como ser querida e Lana sempre seguia os padrões sem forçar, era natural para ela. Infelizmente para mim isso não era possível e eu não iria lutar contra a minha essência, a verdade é que eu detesto usar maquiagem, colocar salto e roupas da moda, não saio sem minha mochila do ursinho Pooh, que ganhei da tia Jana no aniversário de 11 anos e muito menos sem jeans ou tenis. Ok, talvez eu seja hipócrita porque jeans é uma tendência em 2001, só que para mim será “ad eternum*.







  • O jantar está na mesa, pessoal! - Que falta a minha melhor amiga já faz em poucas horas. Parece que ela está tão longe, em outro planeta. E ao mesmo tempo, que ela ainda está aqui. Consigo até imaginá-la gargalhando com as minhas frases copiadas, como a do servindo o jantar.




  • Obrigada, querida. Você pode guardar a minha parte em uma tupaware, na geladeira, por favor?




  • Já está, mãe. - Geralmente fico um pouco triste quando ela não janta comigo, mas não hoje.




  • Eduardo? O que acha de levarmos os pratos para a sala? Assim podemos aproveitar para assistir TV.




  • Aham. Vocês conseguem realmente fazer as visitas se sentirem em casa. - Fiquei animada com o comentário, pelo jeito ele sabe conquistar muito mais do que animais de estimação.




  • E que tal o strogonoff de carne? Pena que não tenha batata palha. Mas se tem uma coisa que aprendi com os programas de culinária é que se tem creme de leite, o prato vai ficar bom. - mudei umas dez vezes os  poucos seis canais que possuía sem prestar muita atenção no que estava passando.




  • Verdade.




Conversamos sobre os treinos de natação, em como não havia esbarrado nele ainda e ele me disse que acabou de se mudar de Auriflama* para cá para cursar Educação Física em nossa única Universidade. Espero que minha mãe não tenha escutado, ela não é muito de se meter em minha vida, porém, em se tratando de caras mais velhos…




  • Bom Lívia, acho que vou andando… Amanhã tenho treino pela manhã e você, colégio…




  • Ainda está tão cedo… - Realmente não queria ficar sozinha agora… à noite tudo parece mais intenso, inclusive a dor.




  • Meus pais também costumam chamar equipes de busca!





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Autor(a): marinamah

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

24 de maio de 2001   18h   Três meses após a partida de Lana para Bertioga* ( uma cidade litorânea próxima a São Paulo de 10.000 habitantes, pelo que pesquisei em sites de busca na internet) eu ainda estava me sentindo traída. Estou no segundo ano do colegial, período em que as coisas acontecem: festas, caras, brig ...


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