Fanfics Brasil - 4. Abandono Conexão de Liberdade

Fanfic: Conexão de Liberdade


Capítulo: 4. Abandono

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24 de maio de 2001


 


18h


 


Três meses após a partida de Lana para Bertioga* ( uma cidade litorânea próxima a São Paulo de 10.000 habitantes, pelo que pesquisei em sites de busca na internet) eu ainda estava me sentindo traída. Estou no segundo ano do colegial, período em que as coisas acontecem: festas, caras, brigas entre garotas, entre garotos, ser convidada a se retirar da sala de aula, ir para a sala do diretor, estudar para entrar em uma faculdade, escolher a vida que seguirá, a profissão, o primeiro namorado.


E tudo isso coincidiu nesses três meses, exceto o lance do namorado. Ao menos para mim. Quer dizer, não posso ser tão pessimista porque caras chovem de todos os lugares e fico* com eles é claro, não tem nada mais gostoso do que ir a uma festa, conversar com um garoto lindo e interessante, olhar nos olhos, sentir aquele frio na barriga e beijá-lo a noite toda. É tão antiquado pedir para ficar, prefiro beijar logo de cara e o mais engraçado é que eles nunca param o beijo, tão diferente das garotas, parece que eles são proibidos de se esquivar de nós.


E no dia seguinte a mágica acontece e eu simplesmente acordo me sentindo tão mal, tento me lembrar da cena do dia anterior e me sinto como se tivesse beijado um irmão, repugnante eu diria. E assim, todos os bilhetes de telefone ou msn tem um destino certo, a lixeira.


Eduardo e eu estamos no pomar de minha casa, aproveitando o dia frio de outono em nosso lugar particular, ele de conjunto esportivo verde escuro de frio e eu com um dos meus jeans surrados, moleton cinza da Hard Rock Cafe e tenis. Ele apanha algumas frutas diretamente do pé, enquanto eu coloco nosso cobertor no chão e continuo a ler o livro Lolita, de Vladimir Nabokov.




  • Não sei porque você lê esse livro. - Ele nem precisou explicar o motivo de sua indagação, no breve período em que o conheço já consigo ler seus pensamentos.




  • Eu quero entender como ele consegue transformar algo repugnante em amor. E também não posso parar, é leitura obrigatória na escola. - Continuo a ler e ele sai para passear com o Príncipe.




Estou na parte em que Humbert divaga “entre monstro e bela - entre a minha fera amordaçada e quase a rebentar…” Ele sabe que é um monstro, então qual é o motivo de continuar a ser um, será que todos estamos condenados a alguma impossibilidade de mudança? Não pode ser.




  • Se você não quer se sentir mal, por que não pára de ficar com todos esses caras? - Ele sabia que estava buscando respostas na leitura para os meus problemas, como sempre.




  • Porque eu preciso continuar pesquisando, Mestre dos Magos… e afinal não são tantos assim… a Lana, por exemplo…




  • A Lana não é você, e por falar nela, você deveria ligar, semana que vem será o primeiro aniversário em que não estarão juntas e tem o lance do pai dela…




  • Às vezes você se parece com ela… se ela não tivesse me deixado, seria ela a me dizer isso.




  • Fico lisonjeado quando você me compara a uma garota. Mas falo sério, ligue para ela, eu tenho que ir andando mesmo, uns assuntos para tratar.




Lana e eu não nos falamos a semanas, está difícil a adaptação na nova escola e ela nunca teve facilidade nos estudos e, é lógico, muitos garotos, festas, novos amigos, nova vida com a mãe, nossos assuntos não são mais comuns, ela sempre diz que lá é tudo tão diferente e que eu não conseguiria entender.


 


_ Assuntos, nem adianta fingir que é algo relacionado à faculdade? Você vai vê-la não vai ? Depois fala de mim, se encontrando às escondidas com sua amante. Isso sim.


_ Ela não é amante, estamos ficando. E que preconceito só porque ela tem 26 anos, muito interessante vindo de uma adoradora de Lolita!


_ Não tenho preconceitos seu pervertido! É só que você fica tão lindo defendendo a sua namoradinha! Ha ha ha… Vá logo se encontrar com ela, antes que eu dê meu livro de presente para ela tomar vergonha na cara.


_ Nem precisa falar duas vezes. - Ele me deu um beijo no rosto de despedidas e foi. Parece estar tão apaixonado! Essas mulheres mais velhas devem saber fazer uma simpatia muito bem feita.





Segui seu conselho e fui ligar para minha, ainda, melhor amiga.


O telefone da minha casa fica na sala porque na primeira e única vez que meu pai instalou no meu quarto, quando a conta que chegou minha mãe pensou que fosse anual. Disquei seu telefone, que sei decor porque tenho essa paixão por memorizar números telefônicos, datas de aniversário e dados pessoais.


_ Alô! - reconheceria a voz de Lana até debaixo d’água.


_ Hey girl!


_ Hey giiiiiiiiiiiiiiiiiiiirl! Que saudades, você sumiu, não me ligou mais!


_ Você também não! Saudades mil.


_ Tenho tanto para te contar…Ai ai…. sabe aquele gato, de quem lhe falei? Que estou de olho desde que mudei para cá?


_ Qual bonequinha? Já me falou tantos nomes que não consigo me lembrar de nenhum, há há há.


_ Meu, pára. É sério. O lindo, o maravilhoso, encantador, tudo de bom.


_ É sério mesmo… Vou chutar. Algum dos vinte caras que você ficou de fevereiro para cá, ou a lista que me enviou está desatualizada?


_ Vinte e dois, e não… não ele não estava então são exatamente vinte e três… e precisamos conversar sobre a sua não-lista, porque quatro não se conta.


_ Se você soubesse como ficar com quatro caras conta aqui no interior, não menosprezaria minha lista.


_ Eu sei, estava só tentando de fazer rir. - Juro que não fiz por mal, bem que tento não ficar chateada por ela ter seguido em frente, só que, em alguns momentos é maior do que eu.


_ Tá. - Não penso em mais nada para dizer, as nossas conversas que duravam horas e pareciam segundos e agora são como uma eternidade.


_ É o Felipe. Eu o pedi em namoro e ele aceitou. Estou namorando, acredita, estou tão feliz!


_ Pensei que fosse o Mateus, você falava sempre sobre ele, em como era lindo e sedutor. O Felipe é o surfista? Loiro, alto de olhos claros, gato também, que curte hardcore?


_ É ele sim, meu gato lindoooo! O Mateus é irmão dele e é tão sexy, tenho muitos ciúmes dele.


_ Que seja! Ah, eu também tenho tantas coisas para dividir com você, não aguento mais ficar perto desses casaisinhos melosos, me sinto uma vela* ambulante, preciso me apaixonar urgente ou vou ter que me mudar para algum deserto por aí. Até o Eduardo está namorando, quero morrer!


_ Passarinha… o amor simplesmente acontece! Você não tem como se obrigar a se apaixonar por alguém… é uma força sobrenatural que move montanhas e atrai pessoas. Veja o Fê e eu.


_ Hummm estou imaginando vocês… Ai que nojo! Há há. Agora falando sério girl, seja feliz, não aceite outra coisa, nunca, ok?


_ Hã, o que? Não consigo escutar muita coisa, o pessoal chegou aqui em casa, vou sair para dar uma volta pela praia tá, beijos.


 


Que ótimo que ela tem coisas para fazer, a vida para aproveitar com os amigos que ela fez e com o cara que ela namora e minha mãe vai adorar, já que a ligação nem ficou tão cara assim.


 



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Autor(a): marinamah

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22 de julho de 2001   09h Há poucas coisas que me deixam irritada e uma delas é ser acordada. Pior ainda se for de supetão. _ Filha acorda, preciso falar com você, seu pai está vindo pra cá, pegou o primeiro vôo que conseguiu. _ Aqui não tem aeroporto mãe, não um decente, ai que sono. - Acordei s ...


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