Fanfic: Conexão de Liberdade
22 de julho de 2001
19h30min
Meus pais me aguardavam na sala, o que era uma raridade em nossa casa. Nós gostamos da liberdade de sofrer sozinho, sem ter que dividir algo que nos machuca, sempre foi assim.
_ Querida, senti saudades suas. - Levantou meu pai e veio em minha direção para me abraçar.
_ Eu também pai, mas preferia que você não tivesse vindo, não sob essas circunstâncias. Oi mãe - Engoli o choro, não queria fazê-los sofrer ainda mais.
_ Eu sei. Aonde vamos jantar, passarinha?
_ Vamos comer um lanche rápido, saí para correr, agora estou um pouco faminta.
_ Eduardo estava com você?
_ Sim papai.
_ Ele é um bom moço, não?
_Aham, um grande amigo e deve estar chegando. Bem, vou tomar banho, apronte-se.
_ Eu vou com vocês.
_ Ok. Nada como a morte para unir as pessoas. - Disse com sarcasmo.
_ O corpo do tio Marco Antonio chega amanhã às 11 horas, demorou porque decidiram fazer autópsia. Tia Jana e a bonequinha chegaram a cidade e foram jantar na casa da vovó Luísa, elas vão dormir lá então pensei em passar lá depois. - Ela disse ignorando o que falei.
_ Tanto faz. - respondi e fui para o banho.
Demorei, mas não tanto quanto gostaria, deixando a água quente cair lentamente por todas as partes do meu corpo, especialmente nas costas, lavei meus cabelos aproveitando para desembaraçar meus cachos debaixo do chuveiro.
Coloquei uma blusinha de frio de gola roule, minha saia favorita, até os joelhos, preta com uma rosa grande vermelha bordada e botas pretas de cano baixo e salto fino. Sequei meus cabelos com a toalha pensando em como o mundo pode girar a pleno vapor nos engolindo, às vezes, mas desejando que o tempo passe e que leve toda dor. Passei meu perfume “Clip” de vidro violeta, presente do meu tio Marco Antônio, exalando um cheiro doce sem ser enjoativo, marcante, em tom de despedida.
_ Vamos. - Disse aos três, que já estavam na sala, me esperando. - Eu dirijo.
Ninguém fez objeção, entramos no meu carro, de estofado puído e muito bem limpo, força tarefa minha e de Eduardo, e graças ao aromatizador, o gol estava cheirando a menta.
Em menos de cinco minutos chegamos à Lanchonete da Praça, dividi um x-frango com Eduardo, o que ele mais gosta e comi mais maionese e catchup do que lanche, propriamente dito.
_ Humm esse lanche está ótimo. - comentou Eduardo. - Daqui podíamos passar na galeria, está passando um filme de ação, no cinema e eu gostaria muito de assistir.
_ Boa ideia! Vamos passar na casa da Vovó Luísa, para ver se a Lana quer ir com vocês. - disse minha mãe, com ternura nas palavras.
_ Ah sim, ela vai adorar sair para comemorar a morte do pai dela. - falei indelicadamente.
_ Filha, ninguém aqui está comemorando, tentamos apenas lidar com a situação. Talvez a bonequinha queira a companhia da pessoa que um dia foi o seu mundo.
Autor(a): marinamah
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).