Fanfic: Peças de um quebra cabeça perfeito | Tema: ValeCamil

Dispenso a Cris mais cedo. Ela fez tudo que tinha que fazer aqui em casa, e até mais. Às vezes reclamo por ela trabalhar tanto sem precisar. Muitas das vezes consigo puxar ela pra assistir comigo, mas na maioria das vezes não consigo. Quando peço pra ela só cozinhar e limpar a cozinha, ela cozinha, limpa a cozinha, os quartos e a sala, resumindo é a mesma coisa que pedir para uma porta. Eu nunca impus tanto trabalho assim pra ela, mas ela gosta então eu deixo. Enfim... Me despeço dela.

Subo para o meu quarto. Hoje o meu dia foi simplesmente entediante. Pra quem está acostumada a ir para o teatro todos os dias, foi o fim pra mim ficar em casa. Mas ao mesmo tempo foi bom pra eu descansar. Peguei meu celular. Fui checar o twitter. Meu fãs como sempre me surpreendendo, subiram tag de novo, já é a segunda vez na semana. Amo essa paixão deles por mim. Vi rapidinho dei uns retweets e coloquei meu celular pra carregar.

Me aconcheguei no travesseiro que estava atrás das minhas costas e estiquei as pernas que até então estavam sobradas com meus pés sobre a cama. Não demora muito para o meu pensamento rolar na conversa que tive com a minha mãe à tarde. Eu era boba demais. Eu adorava o Jaime, e esse repudio era por um motivo, mas é algo tão passado que sei lá...

Eu era completamente apaixonada pelo Jaime e creio que ele também e na época da novela, depois do último dia do show no qual nos beijamos no camarim ele prometeu manter um contato bastante sólido comigo, sendo assim nos encontraríamos muitas vezes mais. Só que ele começou a se distanciar de mim, a ponto de nem me ligar mais para saber como eu estava e quando eu tentava combinar algo, ele dizia que tinha muitas coisas pra fazer e que mediante a isso depois combinaria. Combinou? Que nada! Nos encontramos de novo só nas premiações e de lá não o via mais com os mesmos olhos, muito diferente dele, que sempre permanecia do meu lado e queria minha companhia, me abraçava e ainda ai dizia que combinaria algo para fazermos juntos e nunca o fez.”

Não sei, mas senti de escrever isso no meu caderno de anotações que estava dentro da gaveta e que do nada me deu vontade de pegar. Quando percebi que escrevi tudo isso, pensei logo na Lety. Adoro a Lety, mas ela já é passado pra mim assim como meu amor pelo Jaime. Vou por isso na minha cabeça até quando eu puder, até o final.

Rapidamente arranco aquela folha do caderninho, amasso e jogo na gaveta da mesinha.

Angelica: Mais uma de suas bobagens né Angelica? Para! – penso alto gesticulando com as mãos.

Talvez minha mãe esteja certa. Acho que nunca consegui tirar ele daqui de dentro do coração e que esse amor ficou oculto, até minha ela vir com essa de contracenar com ele. Não seria tanta coincidência assim, não seria possível. Pelo menos era o que eu achava, mas minha mãe era alguém tão sábia que me dava medo. Vou esperar afinal eu nem sei se vou aceitar esse papel, primeiro teria que ver como ficaria o teatro sem mim, e se eles teriam como me substituir. Eu também não podia agir irresponsavelmente com essa galera que sempre esteve comigo me ajudando em tudo. Falaria com o diretor, produtores, com todos sobre o fato, e também pedir a ajuda deles, quem sabe eles me dão uma luz quanto a minha decisão. Além disso, onde eu moraria, porque atualmente estou aqui em Los Angeles e de um certo modo não posso deixar minha casa sozinha e muito menos sair tirando a privacidade da minha mãe indo morar em sua casa no méxico, mesmo sendo sua filha. Enfim...  Com tantos pensamentos acabei dormindo.

Meu telefone celular desperta. E como sempre eu levo um susto com o forte toque dele. Corro com a minha mão fora da cama para alcançar e desligá-lo. Uff! Que som chato. Passo brevemente as mãos pelo meu cabelo. Na mesinha um copo de suco como todos os dias. Ai essa Cris! Antes de colocar os pés no chão tomo o suco. Dou uma rapida olhada na hora e vejo que está mais que na hora de eu me ajeitar para mais um dia de gravação no teatro. Vou para o meu closet escolher um roupa leve. Acho que hoje está bom para outro vestido. Pego meus produtos roupão e me direciono para o banho. De lá escuto meu celular tocando no quarto. Aff sempre na hora errada! Fico curiosa para saber quem é mas nem interrompo meu banho. Escovo meus dentes e termino minhas higienes, coloco meu roupão e nem coloco a toalha no meu cabelo. Vou direto em meu celular, imaginei que seria a Vilma, mas não. Seu nome não estava na tela. Não tinha nome de ninguém apenas um número que eu nunca tinha visto na vida. Fiquei pensando em ligar pra ver quem era, mas pensando bem, esperaria a pessoa me ligar novamente, se fosse algo importante de fato voltaria a ligar. O que eu teria que me importar é no fato de ter que ir no teatro e ainda estar errolada num roupão com os minutos passando. Me sequei, passei meu creme pelo corpo e me vesti rapidamente. Não passei nenhuma maqueagem porque lá eu tinha a maqueagem própria do meu papel. Liguei o secador para secar meu cabelo e fazer uma breve escova neles. Felizmente meu cabelo era quase na altura dos meus ombros e não demorou muito pra terminar de secá-los.

Desço as escadas olhando para o meu celular e segurando no corrimão me direcionando para a cozinha. Logo que entro na cozinha vejo a Cris terminando de colocar as coisas do café da manhã sobre a mesa.

Cris: Bom dia Dona Angelica? Como dormiu? - assim que percebe minha presença já me sauda com um delicioso bom dia, cheio de energia e sem tirar o sorriso do rosto. Me faz tão bem essa boa vibração dela.

Angelica: Bom dia Cris! Graças a Deus dormi muito bem! E você como passou? - cumprimento ela com um beijo no rosto.

Cris: Bem também dona Angelica! Sente-se para tomar seu café. Só estou terminando de coar, já coloco em cima da mesa. - sempre muito agiu ela para de me olhar e já se move pela cozinha mexendo nas portas dos armários pra pegar copo, xicara e tudo que eu adorava comer de manhã. - Prontinho dona Angelica! Bom apetite! Ah uma coisa, você tomou seu suco que deixei na mesinha?

Angelica: Puts Cris, tomei sim mas esqueci de trazer o copo! - estava tão mais atenta no meu celular e nasquelas chamadas perdidas que acabei esquecendo o copo no meu quarto.

Cris: Não, não, fica tranquila dona Angelica, eu busco! - ela como sempre muito atenciosa e exatamente por essa forma de ser dela que eu odiava esquecer as coisas e ter que deixar ela fazer por mim. Um tremendo abuso, pra quem já fazia mais do que eu pedia, mas enfim... Vejo ela se direcionando pra fora da cozinha e antes que isso acontecesse eu a barro com minhas palavras.

Angelica: Ei, ei Cris! Busca depois. Me acompanha? - eu odiava ficar sozinha e quando ela estava no dia de fazer coisas monótulas como por exemplo pegar uma copo no meu quarto que eu havia esquecido, eu pedia pra ela tomar café da manhã comigo.

Cris: Não, magina dona Angelica, tome seu café, eu já tomei em casa! - ela como sempre sem jeito, depois de tanto tempo comigo. 

Angelica: Para de frescura Cris, toma café comigo. Não me deixa aqui sozinha! - faço uma carinha de triste e ela não se contém.

Cris: Ai dona Angelica, tudo bem, mas você sabe que eu não gosto de... - eu a corto

Angelica; Cris, para, para! É um prazer tê-la comigo! - ela se senta e antes que ela mesma se servisse eu o faço.

Cris: Só você dona Angelica! - ela da um risinho e eu correspondo

Já estava meio atrasada. Escovo meus dentes e logo corro para o meu quarto pra pegar minha bolsa, dou uma última olhada no espelho ajeito meus cabelos com ajuda de uma escova, pego as chaves do carro, um batom quarquer que encontrei em cima da penteadeira e desço.

Angelica: Cris, já estou indo! - elevo o tom da minha voz por não saber em qual cômodo que a Cris está. - Não venho pra almoçar! - digo em seguida.

Cris: Sim dona Angelica! Vai com Deus! - ela fala alto também pra eu escutá-la

Saio de casa e pego o acesso de escadas onde ficava a parte da frente do meu jardim até a garagem subterrânea da minha casa. Ando com presa.

No carro jogo a bolsa no banco de trás, coloco e cinto e abro com o controle o portão da garagem. Saio meio que rápido. O sol estava queimando lá fora. Acho que era o ano mais quente em Los Angeles e mesmo odiando ar condicionado tive que ligar.

Estava quase na metade do caminho até chegar no teatro e meu telefone celular toca. Droga! Eu estava dirigindo, mas não podia deixar de atender. Felizmente estava chegando em um farol, dei meio que uma corridinha com o carro pra chegar no mesmo antes que abrisse e consegui. Estiquei meu corpo pra trás do carro pra pegar minha bolsa. Eu e essa mania de colocar o celular dentro da bolsa e a bolsa no banco de trás do carro. Vejo a tela do celular e era aquele número estranho.

Angelica: Bueno! - atendo rapidamente com os olhos pouco arregalados. - Quem é? Ei? Alô! - ninguém respondia, mas ouvia sons. - Caramba, se liga pelo menos fale algo. - reclamo e quando ia desligar ouço uma voz.

*****: Ei Angelica. Angie...