Fanfic: Peças de um quebra cabeça perfeito | Tema: ValeCamil

Coloco rapidamente e de novo o meu celular sobre minha orelha e escuto aquela voz um tanto conhecida.

Angélica: Pois não, quem é? – pergunto bem curiosa.

Jaime: Sério mesmo que você não sabe quem é? – era um homem e sabia meu nome, então claro que era conhecido. Ele dá um riso e logo fico surpresa em saber que era o Jaime.

Angélica: Jaime? – ainda pergunto a fim de saber se era ele mesmo.

Jaime: O próprio! – ele fala de modo brincalhão dando em seguida uma risada gostosa e eu não pude deixar de rir com isso.

Angélica: Jaime, que surpresa! – sorrio boba sem mostrar os dentes.

Jaime: Surpresa? Nããa que nada, a única surpresa boa do dia foi eu ter conseguido falar com você. Pensei até que não queria me atender. – ele brinca, mas vem com essa de eu não querer atender ele.

Angélica: Eu estava no banho, se não eu teria atendido. Lógico! Mas também não liguei de volta porque o Senhor mudou o número de telefone, e sabe, você foi tão atencioso, que fiquei surpresa até... Mudou e não me disse nada. – ironizei. Logo apoiei meu celular no ombro junto da orelha, deixando minhas mãos livres para apoiá-las no volante do carro e conduzi-lo até a vaga do estacionamento do teatro. 

Jaime: Sei, no banho... - ele brinca e continua: Jura que eu não te passei meu novo número, jura que eu fui capaz de ser tão desatento a esse ponto? Você me perdoa Angie? – ele me pede perdão um tanto sem jeito e eu dou de ombros. 

Angélica: Ta, ta, mas qual o motivo da sua ligação? – peguei minha bolsa já saindo do carro.

Jaime: Nossa Angie! Só liguei pra saber como você está e... – ele não conclui o pensamento e como sou a pessoa mais curiosa do mundo, eu acabo ficando.

Angélica: E...? – pergunto sem responder seu primeiro pensamento.

Jaime: Você já aceitou o papel de protagonista da novela da Rosy? – Oi? Eu simplesmente parei de seguir andando e não o respondi de imediato. Ele como sempre tão direto nas coisas. Ele sabia, mas como? Não queria concluir nada antes de perguntar.

Angélica: Como você sabe que a Rosy me pediu pra ser protagonista da novela? – arregalo um pouco os olhos e dou mais alguns poucos passos até chegar perto do elevador que logo em seguida aperto o botão.

Jaime: Como por quê? Se você não sabe eu também vou ser o protagonista e queria saber se você também aceitou o papel que ela ficou de propor a você? – Eu simplesmente não posso acreditar! As suposições da minha mãe estavam certas o tempo todo. Jaime seria também o protagonista da novela em que a Rosy me chamou. Respirei fundo. Eu simplesmente perdi o rumo. Não sabia o que responder.

Angélica: Eu não sei Jaime... Eu não sei se vou aceitar. – ele me interroga logo em seguida que digo isso.

Jaime: E porque não Angélica? É algo muito promissor, porque não aceitar? E seria um enorme prazer contracenar com você de novo, eu não pude nem acreditar quando me disseram que poderia ser você a escolhida para esse papel. – ele diz um tanto entusiasmado, no entanto com uma tristeza em sua voz pela minha possível não aceitação a esse papel.

Angélica: Não sei Jaime, seria um enorme prazer também estar contigo de novo, mas eu preciso pensar muito, além do que eu tenho a peça de teatro em que eu trabalho e não posso abandonar tudo assim, sem mais nem menos, me entende? A Vilma me contou sobre algumas coisas e eu disse pra ela que assim de imediato eu não iria aceitar e que realmente precisaria de um tempo pra rever muitas coisas. – mexia no meu cabelo por me deixar sem ação essa conversa com o Jaime. Eu sabia que ele haveria de ficar desapontado por isso, mas eu realmente precisava de um tempo, e mesmo, não sei se pra mim seria uma boa ideia contracenar com ele de novo. Não sei... 

Jaime: Sim eu te entendo Angie! – ele fala com uma voz de completo desapontamento.

Angélica: Jaime preciso desligar agora, estou aqui no teatro e tenho cinco sessões da peça pra apresentar. Nos falamos depois? – passo por uns corredores até chegar no camarim. Jogo minha bolsa no canto e logo acenei pra Denise minha produtora que de longe também acena e já manda agilizar na conversa no celular.

Jaime: Eu te entendo, não vou te atrapalhar mais. Depois eu te ligo, não esteja pensando você que eu vou te esquecer dessa vez... Você vai ter que me aturar de agora em diante – ele solta essa, dando uma risada igual um bobo idiota. Adorava esse jeito brincalhão dele.

Angélica: Seu besta! Tchau vou desligar – digo sorrindo mais boba ainda e me despedindo dele.

Jaime: Mucha mierda! Besos mi Angie! (A palavra “Mierda” no teatro quer dizer Boa sorte) – “mi Angie” porque ele faz isso? Desligo o celular e ao fazê-lo dou um suspiro que não sei... Era simplesmente maravilhoso ouvir sua voz, mas chega! Foco Angélica! Você tem cinco sessões de uma mesma peça para apresentar em cinco turnos diferentes! Eu teria de fato muito trabalho pela frente e por isso FOCO é extremamente importante.

Desligo meu celular por completo e coloco dentro da bolsa. De longe já escuto a Denise, quase que gritando com os atores para correr para se arrumar. Estávamos a um tempo considerável da hora de começar a peça ainda, mas ela era neurótica com essas coisas de tempo então nos fazia se aprontar antecipadamente. E foi assim... Fiz maquiagem, vesti aquele vestido super apertado da “Laura” que era o papel que eu fazia, coloquei uns sapatos tão desconfortáveis quanto aquele vestido. Ele era rodado e pesado, cor rosa claro, na cintura tinha um “corcelê” branco que era o que de fato o fazia ser apertado. Os sapatos eram num tom de rosa claro também, de bico fino e salto. Acho que a única coisa que me agradava nesse papel era a personalidade da “Laura” e o contexto da história em que ela se passa. Em partes ela se parecia muito comigo, e por ironia do destino, também havia passado por um divórcio, enfim...  Estava pronta! Os minutos passaram voando quando me vi vestida e já pronta para contracenar para aquela enorme plateia que se dissiparia na grandiosidade daquele teatro de Los Angeles.

Denise: Todos(as) prontos? – pronta de roupa, maquiagem e cabelo eu estava, mas de emocional não. Eu sempre ficava nervosa, por sorte isso nunca me atrapalhou nas encenações. Eu e minhas companheiras e companheiros de trabalhos respondemos com um rápido sim: Ótimo! Vocês entram em alguns instantes. – Denise completou.